O surrealismo na formação do conceito de real em Lacan

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Cardinali, Ramaiana Freire
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-11112019-103527/
Resumo: O surrealismo foi vivido por sujeitos descontentes com a situação enfrentada pela sociedade no pós-guerra, que passaram a se exprimir através da poesia, da pintura, do ensaio e da conduta particular de suas vidas, através da critica ao realismo e uma nova visão da realidade, o surreal. Na psicanálise, Freud foi levado a superar a dicotomia entre interno/externo, assim como entre normal/patológico, para responder sobre os fenômenos que estavam sendo observados, mas que não eram apreensíveis dentro da cientificidade objetiva de sua época, implicando, com isso, uma nova concepção de realidade, que posteriormente foi reformulada por Lacan sob o conceito de real. Breton, líder do surrealismo, a partir de sua experiência clínica e das leituras de Freud, desenvolveu a escrita automática, primeiro método utilizado pelos surrealistas. Lacan teve conhecimento dos textos de Salvador Dalí e este, alguns anos depois, leu a tese de doutorado de Lacan, momento em que estava desenvolvendo a atividade crítico-paranoica, método utilizado pelos surrealistas a partir da publicação do Segundo manifesto do surrealismo. A hipótese que se coloca é que o surrealismo teve uma importância fundamental na formação do conceito de real em Lacan e que o real e o surreal possuem pontos de concordância. Assim, essa pesquisa percorreu alguns textos surrealistas, em especial de André Breton e Salvador Dalí, e de Jacques Lacan até 1964, ano em que este define o real enquanto impossível, ponto considerado relevante para a análise proposta aqui. Outro ponto subjacente, porém não menos importante, refere-se às consequências do entendimento do real para uma nova concepção da ética, para a clínica psicanalítica e para a arte surrealista. Assim como a psicanálise, o surrealismo é ato, regido por uma ética, e ambos pressupõem a autonomia do sujeito
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