Direito astral: Astrologia na aurora do Direito Romano

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Paes, Leticia Mourão
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2139/tde-22082023-155556/
Resumo: O Direito Romano, ancestral de sistemas jurídicos do mundo todo, surgiu na Roma Antiga, período em que a mitologia, através de seu sistema arquetípico astrológico, fornecia a base ontológica para a compreensão dos fenômenos, alcançando seu apogeu como narrativa de legitimação do poder político no Império Romano. Esta dissertação tem como propósito, primeiramente, em seu capítulo Astrologia e Ciência, distinguir as visões contemporâneas sobre Astrologia, notadamente a popular (de inofensiva superstição pop), a de Adorno (de discurso irracional potencialmente autoritário) e a de Jung (de sistema de arquétipos como ferramenta psicanalítica transcientífica), das antigas, desde os mesopotâmios e egípcios, passando pelos gregos até chegar na concepção astrológica romana. Em seguida, no capítulo Cosmogonia greco-romana na aurora do Direito Romano, analisaremos as narrativas astromitológicas sobre a origem celestial e divina das leis, através dos textos clássicos dos poetas gregos (em especial Hesíodo e Ovídio) em contraste com a perspectiva dos autores romanos (em especial Virgílio), a respeito particularmente de Crono-Saturno, essa entidade paradoxal: por um lado, ele é um filho caçula que, instigado pela revolta de sua mãe oprimida, se insurge contra a injustiça tirânica de seu pai; por outro, ele é também um pai tirânico que, com medo de ter o mesmo destino de seu pai, devora seus filhos, precipitando assim justamente a insurreição de seu filho caçula (em conluio com a mãe) contra si. Daremos especial foco na narrativa da Idade de Ouro de Crono-Saturno, a época de suprema harmonia entre os humanos que encontra correspondência no mito cosmogônico hebraico e 9 hindu (Jardim do Éden e Satya Yuga, respectivamente), comparando seu caráter na narrativa grega, em que aparece como anterior ao advento da civilização, agricultura e leis, quando Crono reinava no céu, com a concepção romana de que foi o período justamente resultante do processo civilizatório empreendido por Saturno quando se refugiou no Lácio depois de ser expulso do céu por seu filho. Por fim, no capítulo Direito Romano: vindo do céu, dado pelos deuses, e cultivado na Terra, pela prática humana, relacionaremos a inovação romana diante da narrativa original grega sobre a Idade de Ouro, a Justiça e o advento das leis, com a perspectiva pragmática dos romanos sobre o Direito Natural, e sua influência sobre o Ius Civile e o Ius Gentium: por isso Direito Astral, relativo ao plano intermediário entre o mundo físico e o espiritual, entre céu e a terra.
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Esta dissertação tem como propósito, primeiramente, em seu capítulo Astrologia e Ciência, distinguir as visões contemporâneas sobre Astrologia, notadamente a popular (de inofensiva superstição pop), a de Adorno (de discurso irracional potencialmente autoritário) e a de Jung (de sistema de arquétipos como ferramenta psicanalítica transcientífica), das antigas, desde os mesopotâmios e egípcios, passando pelos gregos até chegar na concepção astrológica romana. Em seguida, no capítulo Cosmogonia greco-romana na aurora do Direito Romano, analisaremos as narrativas astromitológicas sobre a origem celestial e divina das leis, através dos textos clássicos dos poetas gregos (em especial Hesíodo e Ovídio) em contraste com a perspectiva dos autores romanos (em especial Virgílio), a respeito particularmente de Crono-Saturno, essa entidade paradoxal: por um lado, ele é um filho caçula que, instigado pela revolta de sua mãe oprimida, se insurge contra a injustiça tirânica de seu pai; por outro, ele é também um pai tirânico que, com medo de ter o mesmo destino de seu pai, devora seus filhos, precipitando assim justamente a insurreição de seu filho caçula (em conluio com a mãe) contra si. Daremos especial foco na narrativa da Idade de Ouro de Crono-Saturno, a época de suprema harmonia entre os humanos que encontra correspondência no mito cosmogônico hebraico e 9 hindu (Jardim do Éden e Satya Yuga, respectivamente), comparando seu caráter na narrativa grega, em que aparece como anterior ao advento da civilização, agricultura e leis, quando Crono reinava no céu, com a concepção romana de que foi o período justamente resultante do processo civilizatório empreendido por Saturno quando se refugiou no Lácio depois de ser expulso do céu por seu filho. Por fim, no capítulo Direito Romano: vindo do céu, dado pelos deuses, e cultivado na Terra, pela prática humana, relacionaremos a inovação romana diante da narrativa original grega sobre a Idade de Ouro, a Justiça e o advento das leis, com a perspectiva pragmática dos romanos sobre o Direito Natural, e sua influência sobre o Ius Civile e o Ius Gentium: por isso Direito Astral, relativo ao plano intermediário entre o mundo físico e o espiritual, entre céu e a terra.Roman Law, the ancestor of legal systems around the world, emerged in Ancient Rome, a period in which mythology, through its astrological archetypal system, provided the ontological basis for understanding phenomena, reaching its apogee as a narrative of legitimization of the political power in the Roman Empire. This dissertation aims, firstly, in its chapter Astrology and Science, to distinguish the contemporary views on Astrology, notably the popular one (of harmless pop superstition), that of Adorno (of potentially authoritarian irrational discourse) and of Jung (of a system of archetypes as a transcientific psychoanalytic tool), from the ancient ones, since the Mesopotamians and Egyptians, passing through the Greeks until reaching the Roman astrological conception. Then, in the chapter Greco-Roman Cosmogony at the dawn of Roman Law, we will analyze the Astro-Mythological narratives about the celestial and divine origin of laws, through the classic texts of Greek poets (especially Hesiod and Ovid) in contrast with the perspective of Roman authors (especially Virgil), with particular regard to Chronos-Saturn, this paradoxical entity: on the one hand, he is a youngest son who, spurred on by his oppressed mother\'s revolt, rebels against the tyrannical injustice of his father; on the other hand, he is also a tyrannical father who, afraid of suffering the same fate as his father, devours his children, thus precipitating precisely the insurrection of his youngest son (in collusion with the mother) against him. Special focus will be given to the narrative of the Golden Age of Chronos-Saturn, the epoch of supreme harmony among humans that finds correspondence in 11 the Hebrew and Hindu cosmogonic myth (Garden of Eden and Satya Yuga, respectively), comparing its character in the Greek narrative, in which appears as prior to the advent of civilization, agriculture and laws, when Cronus reigned in heaven, with the Roman conception that it was the period precisely resulting from the civilizing process undertaken by Saturn when he took refuge in Latium after being expelled from heaven by his son. Finally, in the chapter Roman Law: coming from heaven, given by the gods, and cultivated on Earth, by human practice, we will relate the Roman innovation in the face of the original Greek narrative about the Golden Age, Justice and the advent of laws, with the pragmatic perspective of the Romans on Natural Law, and its influence on the Ius Civile and the Ius Gentium: hence Astral Law, relating to the intermediate plane between the physical and the spiritual world, between heaven and earth.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPSolon, Ari MarceloPaes, Leticia Mourão2023-04-20info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2139/tde-22082023-155556/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2024-08-02T18:52:02Zoai:teses.usp.br:tde-22082023-155556Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212024-08-02T18:52:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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