Aspectos semânticos, conceituais e morfo-sintáticos das categorias nominais

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Oliveira, Anna Maria Russo Patricio de
Data de Publicação: 2009
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-05022010-155317/
Resumo: Esta dissertação discute o estatuto morfossintático, semântico e conceitual das categorias nominais, a partir das denominações encontradas em textos didáticos e em trabalhos acadêmicos. O objetivo principal é esclarecer alguns aspectos que ainda permanecem obscuros na literatura, principalmente no que diz respeito às extensões de determinadas categorias nominais. As categorias discutidas neste trabalho são os nomes próprios, os nomes concretos e abstratos, os nomes de eventos e os nomes coletivos. Investigam-se especialmente as particularidades ligadas à interpretação das diferentes categorias nominais enquanto possíveis desencadeadoras de diferentes modos de denotação. Tendo como ponto de partida a semântica formal, este trabalho recebe contribuições também de outras sub-áreas da lingüística, assim como da filosofia da linguagem. Devido à escassez de embasamento teórico recente, foram buscados argumentos tanto em autores oriundos do campo filosófico tais como Russell, Wittgenstein e Varzi como lingüistas relativamente pouco freqüentados em nossos dias, como Jespersen e Pichon. O desenvolvimento desta pesquisa, que priorizou como objeto de análise, a língua portuguesa do Brasil, parece apontar alguns aspectos relevantes na diferenciação e na delimitação das classes nominais supra citadas. No caso dos nomes próprios, foi possível observar que as duas principais teorias que tratam deles, a descritivista e a referencialista, não são necessariamente excludentes. Do estudo dos vários autores que, de uma forma ou de outra, aderiram a essas teorias, evidenciou-se que cada uma delas, isoladamente tomada, apresenta deficiências que poderiam ser preenchidas pela outra e que ambas poderiam ser beneficiadas pelo acréscimo do fator contextual. Embora haja consenso quanto ao fato de que, do ponto de vista sintático, os nomes próprios ocupam o lugar do sujeito em sentenças afirmativas e que, do ponto de vista lógico, nomes próprios são todas as expressões nominais definidas, não é suficientemente salientado que, nesse aspecto, os nomes próprios são uma subclasse dos nomes concretos, assim como, de acordo com Ockham, coincidem com os nomes concretos os adjetivos empregados na predicação. Quanto à classe dos nomes abstratos, esta mostrou-se muito mais ampla do que se possa imaginar, abarcando além dos nomes abstratos de qualidades, derivados de adjetivos, também os nomes de ação e de estados, de derivação verbal, e os nomes quantificados (pela aposição de sufixos como edo, al, ama) ou massificados (pela aposição de sufixos como ada), de derivação substantival. No que diz respeito aos nomes coletivos, a pesquisa mostrou que, por exemplo, quando são examinados em sua forma desenvolvida (grupo de flores, no lugar de buquê), estes formam uma classe conspícua e de vasta aplicação. Além disso, o estudo dessa categoria abriu um interessante questionamento no que diz respeito à denotação dos nomes de espécies, pois os nomes coletivos teriam, apesar do atributo, uma extensão menor daquela dos nomes comuns. Os nomes de eventos constituíram também um assunto que não pode ser examinado apenas do ponto de vista semântico. No decorrer da pesquisa, este assunto levantou importantes aspectos morfológicos e sintáticos, pois, contrariamente ao que é consenso na literatura, os nomes de evento não parecem ser necessariamente de derivação verbal. No português, por exemplo, foram detectados vários nomes não deverbais que denotam eventos (festa, desastre, neblina, etc.), que são selecionados pelos mesmos verbos que selecionam os nomes de eventos derivados.
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Tendo como ponto de partida a semântica formal, este trabalho recebe contribuições também de outras sub-áreas da lingüística, assim como da filosofia da linguagem. Devido à escassez de embasamento teórico recente, foram buscados argumentos tanto em autores oriundos do campo filosófico tais como Russell, Wittgenstein e Varzi como lingüistas relativamente pouco freqüentados em nossos dias, como Jespersen e Pichon. O desenvolvimento desta pesquisa, que priorizou como objeto de análise, a língua portuguesa do Brasil, parece apontar alguns aspectos relevantes na diferenciação e na delimitação das classes nominais supra citadas. No caso dos nomes próprios, foi possível observar que as duas principais teorias que tratam deles, a descritivista e a referencialista, não são necessariamente excludentes. Do estudo dos vários autores que, de uma forma ou de outra, aderiram a essas teorias, evidenciou-se que cada uma delas, isoladamente tomada, apresenta deficiências que poderiam ser preenchidas pela outra e que ambas poderiam ser beneficiadas pelo acréscimo do fator contextual. Embora haja consenso quanto ao fato de que, do ponto de vista sintático, os nomes próprios ocupam o lugar do sujeito em sentenças afirmativas e que, do ponto de vista lógico, nomes próprios são todas as expressões nominais definidas, não é suficientemente salientado que, nesse aspecto, os nomes próprios são uma subclasse dos nomes concretos, assim como, de acordo com Ockham, coincidem com os nomes concretos os adjetivos empregados na predicação. Quanto à classe dos nomes abstratos, esta mostrou-se muito mais ampla do que se possa imaginar, abarcando além dos nomes abstratos de qualidades, derivados de adjetivos, também os nomes de ação e de estados, de derivação verbal, e os nomes quantificados (pela aposição de sufixos como edo, al, ama) ou massificados (pela aposição de sufixos como ada), de derivação substantival. No que diz respeito aos nomes coletivos, a pesquisa mostrou que, por exemplo, quando são examinados em sua forma desenvolvida (grupo de flores, no lugar de buquê), estes formam uma classe conspícua e de vasta aplicação. Além disso, o estudo dessa categoria abriu um interessante questionamento no que diz respeito à denotação dos nomes de espécies, pois os nomes coletivos teriam, apesar do atributo, uma extensão menor daquela dos nomes comuns. Os nomes de eventos constituíram também um assunto que não pode ser examinado apenas do ponto de vista semântico. No decorrer da pesquisa, este assunto levantou importantes aspectos morfológicos e sintáticos, pois, contrariamente ao que é consenso na literatura, os nomes de evento não parecem ser necessariamente de derivação verbal. No português, por exemplo, foram detectados vários nomes não deverbais que denotam eventos (festa, desastre, neblina, etc.), que são selecionados pelos mesmos verbos que selecionam os nomes de eventos derivados.This work discusses the morphosyntatic, semantic and conceptual statute of nominal categories from the denominations found in textbooks and academic writings. The main purpose is to clarify some aspects which remain obscure in the literature, mainly in regard to extensions of particular nominal categories. The categories discussed are the proper names, the concrete and abstract names, the event nouns and collective nouns. Particularities related to interpretations of different nominal categories are investigated as possible triggers of different denotation modes. Formal Semantics is the starting point of this work, which also has contributions from other subareas of Linguistics and from Philosophy of Language as well. Due to the lack of recent theoretical framework, arguments have been searched either in authors deriving from the philosophical area such as Russell, Wittgenstein and Varzi, or in not frequently studied nowadays linguists, like Jespersen and Pichon. The development of this research, which prioritized as its main analysis object Brazilian Portuguese, seems to point out some relevant aspects in the differentiation and delimitation of the nominal classes supra cited. Regarding proper names, it was possible to observe that the two main theories that deal with them, the descriptivist and referentialist ones, are not necessarily excludent. Considering the authors who somehow adhered to these theories, it became evident that each of them presents deficiencies that could be filled by the other and that both would benefit from the addition of the contextual factor. Despite of the consensus about the fact that, according to the syntactic point of view, proper names occupy the subject position in affirmative sentences and that, according to the logical point of view, proper names are all the definite nominal expressions, it is not enough highlighted that, in respect to that, proper names are a subclass of concrete names, likewise, to Ockham, III coincide with concrete nouns the adjectives used in predication. Concerning the abstract names class, it turned out to be much larger than could be expected, including not only the abstract names of qualities, but also nouns of actions and states, of verbal derivation, and the nouns quantified (by the adposition of suffixes like -edo, -al, -ama) or massified (by the adposition of suffixes like -ada), of nominal derivation. With respect to collective nouns, the research revealed that, for instance, when examined in their developed form grupo de flores (group of flowers) instead of buquê (bouquet), they represent a conspicuous class of large application. Additionally, the study of this category led to an interesting questioning of the species names denotation because the collective nouns seem to have, besides the attribute, a smaller extension than that of common names. Similarly, event nouns cant be analyzed only on a semantic basis. As the research advanced, this issue raised important morphological and syntactic aspects, because in spite of the consensus found in the literature, event nouns dont seem to be necessarily derived from verbs. In Portuguese, for example, there are non-deverbal event nouns like festa (party), desastre (disaster), neblina (fog), etc., which are selected by the same verbs that select the derived event nouns.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPLopes, Marcos FernandoOliveira, Anna Maria Russo Patricio de2009-07-02info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-05022010-155317/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:10:01Zoai:teses.usp.br:tde-05022010-155317Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:10:01Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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