Avaliação e controle do trabalho educativo: contradições entre meios e fins no monitoramento da qualidade da educação

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Abelardo Bento Araujo
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://doi.org/10.11606/T.48.2017.tde-15022017-150649
Resumo: Esta tese apresenta uma pesquisa que teve como objetivo geral analisar em que medida o monitoramento da qualidade da educação básica favorece o alcance dos fins da educação, compreendida essa como ação pedagógica e como processo de trabalho. A partir de um referencial analítico sobre a natureza do trabalho educativo e sobre os fins da educação, questionou-se o monitoramento como meio eleito pelo Estado para elevar a qualidade da educação. O foco específico foi o ensino fundamental, etapa da educação básica que se identifica plenamente com o conceito de educação adotado, ou seja, educação como apropriação da cultura humana, que visa à humanização plena do homem. Para compreender o fenômeno no âmbito da cotidianidade escolar, a pesquisa qualitativa buscou compreender as complexas relações que o envolvem, priorizando os acontecimentos, antes da busca de causas. Utilizou-se de pesquisas bibliográficas e documentais, assim como de perspectivas da etnografia para interrogar os sujeitos (professores, coordenadores pedagógicos e diretora da escola) na pesquisa de campo. A partir disso, foi possível verificar que o caminho adotado na política educacional brasileira de monitoramento da qualidade e, particularmente, em Minas Gerais vale-se de mecanismos da gerência tal como concebida por Harry Braverman (1987), ou seja, como controle do trabalho alheio. Nos moldes em que essa política foi formulada ao longo dos primeiros quinze anos do século XXI, ela foi apoiada num conceito distorcido do que seja a produtividade da escola, que a leva a identificar como produto do trabalho educativo um conhecimento supostamente tangível por meio de testes. A política intensifica o trabalho na escola, sem conseguir oferecer mais e melhor educação de fato. O monitoramento da qualidade da educação mineira negligencia que o fim da educação é o próprio homem e que esse fato é que deveria determinar a escolha dos meios, das estratégias. Isso conduz, ainda, à negligência de que aluno e professor são os trabalhadores que despendem sua força de trabalho na realização do produto do trabalho educativo e de que, portanto, eles não podem ter sua condição de sujeito negada. Leva, também, à confusão entre testagem de objetos e avaliação de sujeitos, bem como à distorção dos próprios fins da educação, na medida em que impele as escolas à redução curricular, por meio do treinamento dos alunos para a realização de testes. As interferências sobre a escola encerram a determinação do conteúdo e da forma do trabalho educativo. Ainda que a escola preserve espaços de autonomia, o monitoramento tem burocratizado a atividade educativa, porque aplica a esta uma lógica e uma forma extraídas de outros processos (como a produção de mercadorias).
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spelling info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis Avaliação e controle do trabalho educativo: contradições entre meios e fins no monitoramento da qualidade da educação Evaluation and control of educative work: contradictions between ways and purposes in the monitoring of the education\'s quality 2016-11-11Vitor Henrique ParoRubens Barbosa de CamargoLuiz Carlos de FreitasMarcia Aparecida JacominiMiguel Henrique RussoAbelardo Bento AraujoUniversidade de São PauloEducaçãoUSPBR Bureaucratization of the educational work Burocratização do trabalho educativo Education quality monitoring Educational work Monitoramento da qualidade da educação Política educacional em Minas Gerais Trabalho educativo Esta tese apresenta uma pesquisa que teve como objetivo geral analisar em que medida o monitoramento da qualidade da educação básica favorece o alcance dos fins da educação, compreendida essa como ação pedagógica e como processo de trabalho. A partir de um referencial analítico sobre a natureza do trabalho educativo e sobre os fins da educação, questionou-se o monitoramento como meio eleito pelo Estado para elevar a qualidade da educação. O foco específico foi o ensino fundamental, etapa da educação básica que se identifica plenamente com o conceito de educação adotado, ou seja, educação como apropriação da cultura humana, que visa à humanização plena do homem. Para compreender o fenômeno no âmbito da cotidianidade escolar, a pesquisa qualitativa buscou compreender as complexas relações que o envolvem, priorizando os acontecimentos, antes da busca de causas. Utilizou-se de pesquisas bibliográficas e documentais, assim como de perspectivas da etnografia para interrogar os sujeitos (professores, coordenadores pedagógicos e diretora da escola) na pesquisa de campo. A partir disso, foi possível verificar que o caminho adotado na política educacional brasileira de monitoramento da qualidade e, particularmente, em Minas Gerais vale-se de mecanismos da gerência tal como concebida por Harry Braverman (1987), ou seja, como controle do trabalho alheio. Nos moldes em que essa política foi formulada ao longo dos primeiros quinze anos do século XXI, ela foi apoiada num conceito distorcido do que seja a produtividade da escola, que a leva a identificar como produto do trabalho educativo um conhecimento supostamente tangível por meio de testes. A política intensifica o trabalho na escola, sem conseguir oferecer mais e melhor educação de fato. O monitoramento da qualidade da educação mineira negligencia que o fim da educação é o próprio homem e que esse fato é que deveria determinar a escolha dos meios, das estratégias. Isso conduz, ainda, à negligência de que aluno e professor são os trabalhadores que despendem sua força de trabalho na realização do produto do trabalho educativo e de que, portanto, eles não podem ter sua condição de sujeito negada. Leva, também, à confusão entre testagem de objetos e avaliação de sujeitos, bem como à distorção dos próprios fins da educação, na medida em que impele as escolas à redução curricular, por meio do treinamento dos alunos para a realização de testes. As interferências sobre a escola encerram a determinação do conteúdo e da forma do trabalho educativo. Ainda que a escola preserve espaços de autonomia, o monitoramento tem burocratizado a atividade educativa, porque aplica a esta uma lógica e uma forma extraídas de outros processos (como a produção de mercadorias). This thesis presents a study that aimed to examine to what extent the monitoring of the quality of basic education promotes the achievement of educational purposes, including education as a pedagogical action and as a working process. From an analytical framework on the nature of the educational work and about the purposes of education, this work called into question the monitoring as a means chosen by the state to improve the quality of education. The specific focus was the primary school stage of education that fully identifies with the concept of education adopted, i.e. education as the appropriation of human culture, which aims at man\'s full humanization. To understand the phenomenon within the school daily life, qualitative research aimed at understanding the complex relationships that involve prioritizing the events before the search for causes. Bibliographic and documentary research were used, as well as perspectives of ethnography to examine the subject (teachers, pedagogical coordinators and school director) in the field research. From this, it was possible to verify that the path adopted in the Brazilian educational policy of quality monitoring-and particularly in Minas Gerais valley-betakes mechanisms of management as conceived by Harry Braverman (1987), this is as a control of other peoples labor. The way in which this policy was formulated over the first fifteen years of the century was supported by a distorted concept of school productivity, which leads to identify the knowledge supposedly measurable by testing as a educational work product. The policy intensifies work in school, unable to offer more and better education fact. The quality monitoring of education in Minas Gerais neglects the fact that the purposes of education is the human being itself and that this is what should determine the choice of means, strategies. This leads also to the negligence of that student and teacher are the workers who spend their workforce in the realization of the educational work product and that therefore they can not have denied their subjecthood. It also leads to the confusion between testing objects and evaluation of subjects as well as to the distortion of the own purposes of education in that schools are compelled to reduce curricula by means of training of students for exams. Interference in schools encloses determining the content and form of educational work. Although schools still preserves spaces of autonomy, monitoring has bureaucratized educational activity, since it applies to the latter the rationale and the form extracted from other processes (such as the production of goods). https://doi.org/10.11606/T.48.2017.tde-15022017-150649info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USP2023-12-21T19:00:01Zoai:teses.usp.br:tde-15022017-150649Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-12-22T12:41:13.040445Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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