Avaliação qualitativa de uma intervenção psicossocial de cuidado e apoio à adesão ao tratamento em um serviço especializado em HIV/Aids
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2014 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5137/tde-28042014-151308/ |
Resumo: | A adesão do paciente ao tratamento é crucial para a efetividade dos programas de aids. O Programa Brasileiro recomenda monitorar a adesão e incorporar ao cuidado atividades de promoção, tais como atendimentos individuais com foco em adesão. Revisões sistemáticas apontam maior efetividade das intervenções complexas, que incluem sessões de conversas entre profissional-paciente: informativas, educativas e aconselhamentos motivacionais. Criticam: insuficiente explicitação das bases teóricometodológicas das intervenções; enfoque excessivo no nível individual com baixa incorporação do contexto sociocultural; insuficiência de informação acerca da fidelidade aos protocolos. Poucos estudos descrevem a \"intimidade\" das sessões. Planejada para o cuidado individual, uma modalidade de intervenção psicossocial de apoio à adesão teve seu protocolo implementado em ensaio clínico com pacientes adultos, com carga viral detectável, em serviço especializado do SUS, em São Paulo- Brasil. Suas bases teórico-metodológicas: Quadro da Vulnerabilidade e Direitos Humanos na dimensão psicossocial do Cuidado, filiados a uma perspectiva construcionista de psicologia social na saúde. Focada na noção de sucesso prático, a intervenção objetivou contribuir para que as pessoas construíssem formas de conviver melhor com o tratamento que lhes fossem mais convenientes. Baseada na interação profissional-paciente buscou intensificar a dialogia mediante a exploração dos sentidos intersubjetivos que as \"tomadas\" das medicações adquirem em diferentes cenas/cenários. Para avaliar qualitativamente a implementação selecionaram-se 12 casos (4 de cada uma das profissionais que conduziram a intervenção) entre os 44 pacientes do grupo experimental. A análise contemplou dois eixos interdependentes: a) fidelidade da implementação ao protocolo; b) qualidade dialógica das conversações. Apresentamse os resultados em três artigos. A variação nas modalidades e enfoques comunicacionais implementados permitiu a classificação em quatro níveis crescentes de fidelidade ao protocolo: nível 1 (3 casos), nível 2 (6), nível 3 (1), nível 4 (2). A inflexão na direção da dialogia não ocorreu plenamente. Princípios relacionais como solidariedade, não repreensão, foram bem desenvolvidos. As conversas valorizaram experiências singulares de dificuldades com o tratamento e produziram coentendimentos sobre o que acontecia cotidianamente. Entretanto, a decodificação de sentidos na compreensão \"dos problemas\" e criação de \"soluções\" priorizou o nível individual cognitivo-comportamental. Por exemplo, ao invés de dialogar sobre atrasos/perdas de doses em situações sociais relacionadas ao estigma/discriminação, o sentido \"problemas de memória\" prevaleceu na decodificação das falhas no tratamento. Foi incipiente a incorporação de dimensões socioculturais e programáticas ao entendimento das situações e construção/imaginação de estratégias para lidar com \"impasses\" que implicavam prejuízos à adesão. Mesclados à comunicação de enfoque cognitivo-comportamental ocorreram momentos dialógicos que se mostraram mais promissores à construção pelos participantes de enunciados de satisfação, bem-estar, intenções e mudanças práticas benéficas à adesão. Situações psicossociais dos pacientes influíram sobre a comunicação. Quanto mais complexas, desafiam \"o como dialogar\" sobre aspectos graves, sinérgicos e multidimensionais que prejudicam a saúde. São necessárias, mas insuficientes, estratégias que aprimorem a qualidade comunicacional e o enfoque psicossocial das intervenções em adesão nos serviços. Devem complementálas: a coordenação do Cuidado em equipe e ações clínicas e sociais, imediatas e objetivas, para mitigar situações que implicam graves vulnerabilidades, prejudiciais tanto à adesão ao tratamento da aids como à saúde integral |
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Avaliação qualitativa de uma intervenção psicossocial de cuidado e apoio à adesão ao tratamento em um serviço especializado em HIV/AidsQualitative evaluation of a psychosocial intervention for care and support adherence to treatment in a specialized service in HIV/AIDSAdesão à medicaçãoAIDSAIDSAssistência à saúdeAtitute frente a saúdeAttitude to healthComunicação em saúdeEstudos de intervençãoHealth careHealth communicationHealth psychologyHIVHIVIntervention studiesMedication adherencePesquisa qualitativaPsicologia em saúdeQualitative researchA adesão do paciente ao tratamento é crucial para a efetividade dos programas de aids. O Programa Brasileiro recomenda monitorar a adesão e incorporar ao cuidado atividades de promoção, tais como atendimentos individuais com foco em adesão. Revisões sistemáticas apontam maior efetividade das intervenções complexas, que incluem sessões de conversas entre profissional-paciente: informativas, educativas e aconselhamentos motivacionais. Criticam: insuficiente explicitação das bases teóricometodológicas das intervenções; enfoque excessivo no nível individual com baixa incorporação do contexto sociocultural; insuficiência de informação acerca da fidelidade aos protocolos. Poucos estudos descrevem a \"intimidade\" das sessões. Planejada para o cuidado individual, uma modalidade de intervenção psicossocial de apoio à adesão teve seu protocolo implementado em ensaio clínico com pacientes adultos, com carga viral detectável, em serviço especializado do SUS, em São Paulo- Brasil. Suas bases teórico-metodológicas: Quadro da Vulnerabilidade e Direitos Humanos na dimensão psicossocial do Cuidado, filiados a uma perspectiva construcionista de psicologia social na saúde. Focada na noção de sucesso prático, a intervenção objetivou contribuir para que as pessoas construíssem formas de conviver melhor com o tratamento que lhes fossem mais convenientes. Baseada na interação profissional-paciente buscou intensificar a dialogia mediante a exploração dos sentidos intersubjetivos que as \"tomadas\" das medicações adquirem em diferentes cenas/cenários. Para avaliar qualitativamente a implementação selecionaram-se 12 casos (4 de cada uma das profissionais que conduziram a intervenção) entre os 44 pacientes do grupo experimental. A análise contemplou dois eixos interdependentes: a) fidelidade da implementação ao protocolo; b) qualidade dialógica das conversações. Apresentamse os resultados em três artigos. A variação nas modalidades e enfoques comunicacionais implementados permitiu a classificação em quatro níveis crescentes de fidelidade ao protocolo: nível 1 (3 casos), nível 2 (6), nível 3 (1), nível 4 (2). A inflexão na direção da dialogia não ocorreu plenamente. Princípios relacionais como solidariedade, não repreensão, foram bem desenvolvidos. As conversas valorizaram experiências singulares de dificuldades com o tratamento e produziram coentendimentos sobre o que acontecia cotidianamente. Entretanto, a decodificação de sentidos na compreensão \"dos problemas\" e criação de \"soluções\" priorizou o nível individual cognitivo-comportamental. Por exemplo, ao invés de dialogar sobre atrasos/perdas de doses em situações sociais relacionadas ao estigma/discriminação, o sentido \"problemas de memória\" prevaleceu na decodificação das falhas no tratamento. Foi incipiente a incorporação de dimensões socioculturais e programáticas ao entendimento das situações e construção/imaginação de estratégias para lidar com \"impasses\" que implicavam prejuízos à adesão. Mesclados à comunicação de enfoque cognitivo-comportamental ocorreram momentos dialógicos que se mostraram mais promissores à construção pelos participantes de enunciados de satisfação, bem-estar, intenções e mudanças práticas benéficas à adesão. Situações psicossociais dos pacientes influíram sobre a comunicação. Quanto mais complexas, desafiam \"o como dialogar\" sobre aspectos graves, sinérgicos e multidimensionais que prejudicam a saúde. São necessárias, mas insuficientes, estratégias que aprimorem a qualidade comunicacional e o enfoque psicossocial das intervenções em adesão nos serviços. Devem complementálas: a coordenação do Cuidado em equipe e ações clínicas e sociais, imediatas e objetivas, para mitigar situações que implicam graves vulnerabilidades, prejudiciais tanto à adesão ao tratamento da aids como à saúde integralPatient\'s adherence to treatment is essential to the effectiveness of AIDS programs. The Brazilian Program recommends monitoring adherence and incorporating activities to care that promote adherence, such as individual care focusing adherence. Systematic reviews point towards greater effectiveness of complex interventions, which include conversation sessions - educational, informative, motivational counseling - between the health professional and the patient. They criticize: incomplete explanation of the theoretical-methodological bases of interventions; excessive focus on the individual level, with low incorporation of the sociocultural context; insufficient information on the fidelity to protocols. Few studies describe the \"intimacy\" of the conversation sessions. Planned for the individual care, a modality of psychosocial intervention supporting adherence had its protocol implemented in a clinical trial with adult patients with detectable viral load in a specialized care service of the Brazilian Unified Health System (SUS), in São Paulo. The following theoretical-methodological bases were adopted: the Framework of Vulnerability and Human Rights in the psychosocial dimension of Care, affiliated to a social psychology constructionist perspective in health. Focused on the notion of practical success, the intervention aimed at contributing so that people would build ways of coping better with the treatment which was the most convenient for them. Based on the health professional-patient interaction, it sought to intensify dialogic in exploring intersubjective meanings that the medication intake acquires in different scenes/scenarios. In order to qualitatively evaluate implementation, 12 cases (4 cases of each one of the health professionals who conducted the intervention) were selected among 44 cases of the experimental group. The analysis comprised two interdependent axes: a) implementation fidelity to protocol; and b) dialogic quality of conversations. The findings are presented in three papers. Variation in the implemented modalities and communicational approaches allowed the classification in four levels of increasing fidelity to protocol: level 1 (3 cases), level 2 (6 cases), level 3 (1 case), and level 4 (2 cases). Inflection towards dialogic has not completely occurred. Relational principles, such as solidarity and no reprimand, were well developed. The conversations valued singular experiences of difficulties with the treatment. Furthermore, they produced co-understandings on what happened in the daily routine. Nevertheless, the decoding of meanings in understanding \"problems\" and creating \"solutions\" prioritized the cognitive-behavioral individual level. For example, rather than dialoguing on delays/abolishing doses of medication intake in social situations concerning stigma/discrimination, it prevailed the sense of \"memory problems\" in decoding treatment failures. Programmatic and sociocultural dimensions were incipiently incorporated to the understanding of contexts and construction/imagination of strategies to cope with \"impasses\" which implied adherence losses. Mingled with the communication of cognitive-behavioral approach, there were more dialogic moments which showed to be more promising to the construction by the participants of utterances regarding satisfaction, well-being, intentions, and beneficial and practical changes to adherence. The psychosocial situations of patients influenced communication. The more complex, the more they challenge \"how to have a conversation\" about multidimensional, synergistic, serious issues which harm health. It is necessary, but insufficient, to have strategies which enhance the communication quality and psychosocial approach of adherence interventions in care. The coordination of Care as a team and social and clinical actions, both immediate and objective, should complement them in order to mitigate situations which imply serious vulnerabilities that impair AIDS treatment adherence as well as the overall healthBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPNemes, Maria Ines BaptistellaPaiva, Vera Silvia FacciollaBellenzani, Renata2014-03-07info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5137/tde-28042014-151308/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2024-08-07T17:17:02Zoai:teses.usp.br:tde-28042014-151308Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212024-08-07T17:17:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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A adesão do paciente ao tratamento é crucial para a efetividade dos programas de aids. O Programa Brasileiro recomenda monitorar a adesão e incorporar ao cuidado atividades de promoção, tais como atendimentos individuais com foco em adesão. Revisões sistemáticas apontam maior efetividade das intervenções complexas, que incluem sessões de conversas entre profissional-paciente: informativas, educativas e aconselhamentos motivacionais. Criticam: insuficiente explicitação das bases teóricometodológicas das intervenções; enfoque excessivo no nível individual com baixa incorporação do contexto sociocultural; insuficiência de informação acerca da fidelidade aos protocolos. Poucos estudos descrevem a \"intimidade\" das sessões. Planejada para o cuidado individual, uma modalidade de intervenção psicossocial de apoio à adesão teve seu protocolo implementado em ensaio clínico com pacientes adultos, com carga viral detectável, em serviço especializado do SUS, em São Paulo- Brasil. Suas bases teórico-metodológicas: Quadro da Vulnerabilidade e Direitos Humanos na dimensão psicossocial do Cuidado, filiados a uma perspectiva construcionista de psicologia social na saúde. Focada na noção de sucesso prático, a intervenção objetivou contribuir para que as pessoas construíssem formas de conviver melhor com o tratamento que lhes fossem mais convenientes. Baseada na interação profissional-paciente buscou intensificar a dialogia mediante a exploração dos sentidos intersubjetivos que as \"tomadas\" das medicações adquirem em diferentes cenas/cenários. Para avaliar qualitativamente a implementação selecionaram-se 12 casos (4 de cada uma das profissionais que conduziram a intervenção) entre os 44 pacientes do grupo experimental. A análise contemplou dois eixos interdependentes: a) fidelidade da implementação ao protocolo; b) qualidade dialógica das conversações. Apresentamse os resultados em três artigos. A variação nas modalidades e enfoques comunicacionais implementados permitiu a classificação em quatro níveis crescentes de fidelidade ao protocolo: nível 1 (3 casos), nível 2 (6), nível 3 (1), nível 4 (2). A inflexão na direção da dialogia não ocorreu plenamente. Princípios relacionais como solidariedade, não repreensão, foram bem desenvolvidos. As conversas valorizaram experiências singulares de dificuldades com o tratamento e produziram coentendimentos sobre o que acontecia cotidianamente. Entretanto, a decodificação de sentidos na compreensão \"dos problemas\" e criação de \"soluções\" priorizou o nível individual cognitivo-comportamental. Por exemplo, ao invés de dialogar sobre atrasos/perdas de doses em situações sociais relacionadas ao estigma/discriminação, o sentido \"problemas de memória\" prevaleceu na decodificação das falhas no tratamento. Foi incipiente a incorporação de dimensões socioculturais e programáticas ao entendimento das situações e construção/imaginação de estratégias para lidar com \"impasses\" que implicavam prejuízos à adesão. Mesclados à comunicação de enfoque cognitivo-comportamental ocorreram momentos dialógicos que se mostraram mais promissores à construção pelos participantes de enunciados de satisfação, bem-estar, intenções e mudanças práticas benéficas à adesão. Situações psicossociais dos pacientes influíram sobre a comunicação. Quanto mais complexas, desafiam \"o como dialogar\" sobre aspectos graves, sinérgicos e multidimensionais que prejudicam a saúde. São necessárias, mas insuficientes, estratégias que aprimorem a qualidade comunicacional e o enfoque psicossocial das intervenções em adesão nos serviços. Devem complementálas: a coordenação do Cuidado em equipe e ações clínicas e sociais, imediatas e objetivas, para mitigar situações que implicam graves vulnerabilidades, prejudiciais tanto à adesão ao tratamento da aids como à saúde integral |
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