Luto e jardim: (re)construindo vínculos no espaço cemiterial
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2024 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16135/tde-13052024-154355/ |
Resumo: | Pode-se dizer que a relação entre os jardins e os espaços voltados aos mortos não é recente, sendo encontrada em distintos povos e épocas. Observa-se que, na conjuntura Ocidental em uma perspectiva ampla, incluso o Brasil diferentes espaços cemiteriais são conformados por jardins com os mais diversos aspectos, sendo que alguns constituem-se relevantes exemplos no campo do paisagismo. No caso da metrópole brasileira de São Paulo, o crematório e a maioria dos cemitérios municipais voltados às camadas populares, apesar de não possuírem projetos paisagísticos consistentes, possuem significativas extensões ajardinadas, de modo que, no caso dos cemitérios, estes podem ser denominados do tipo parque/jardim. Neles, quando não há jazigos edificados, é permitida a constituição de jardins sobre a área tumular. E, no crematório, a despeito de proibição existente, enlutados confeccionam jardins em meio aos espaços livres verdejados, para disposição das cinzas de seus entes queridos, os quais foram denominados nesta tese de jardins de memória. Observando-se esses diversos jardins, nota- se que se constituem como espaços de comunicação com o morto que ali está disposto. Seja nos elementos colocados ou nos cuidados empreendidos com a vegetação ou demais objetos, são lugares que revelam o vínculo entre enlutado- falecido, o qual não se extingue, mas se transforma a partir da ressignificação da relação com a pessoa que morreu. Assim, a partir do pressuposto de que os jardins construídos pelos enlutados no espaço cemiterial podem mediar o vínculo contínuo que mantêm com seus entes queridos falecidos, a presente tese se propôs a investigar como se expressam esses jardins e o seu papel no processo de luto de quem o constitui. Para tanto, além da pesquisa bibliográfica e documental, ancorou-se no trabalho etnográfico e entrevistas sob orientação fenomenológica. O campo foi estabelecido no Crematório Municipal Dr. Jayme Augusto Lopes e no cemitério São Pedro, situados na cidade de São Paulo e pertencentes à municipalidade. São espaços vizinhos, cujas proximidade e diferença em suas conformações permitiram uma investigação que não se constituiu comparativa, mas reveladora das expressões de jardins de enlutados em espaços cemiteriais com caráter distintos. A partir da pesquisa empreendida, observou-se que o trabalho de cuidado no jardim cemiterial e o trabalho de luto se cruzam e, assim como o jardim é lugar de constante transformação, o vínculo se transforma na sua continuidade. Desse modo, pode-se dizer que luto e jardim se entrelaçam em um processo que não é linear e denotam constante mudança e transformação. |
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Luto e jardim: (re)construindo vínculos no espaço cemiterialBereavement and garden: (re)constructing bonds in cemetery and crematorium spacesBereavementCemeteryCemitériosCrematóriosCrematoriumDeathGardenGriefJardinsLandscapeLutoMortePaisagemPode-se dizer que a relação entre os jardins e os espaços voltados aos mortos não é recente, sendo encontrada em distintos povos e épocas. Observa-se que, na conjuntura Ocidental em uma perspectiva ampla, incluso o Brasil diferentes espaços cemiteriais são conformados por jardins com os mais diversos aspectos, sendo que alguns constituem-se relevantes exemplos no campo do paisagismo. No caso da metrópole brasileira de São Paulo, o crematório e a maioria dos cemitérios municipais voltados às camadas populares, apesar de não possuírem projetos paisagísticos consistentes, possuem significativas extensões ajardinadas, de modo que, no caso dos cemitérios, estes podem ser denominados do tipo parque/jardim. Neles, quando não há jazigos edificados, é permitida a constituição de jardins sobre a área tumular. E, no crematório, a despeito de proibição existente, enlutados confeccionam jardins em meio aos espaços livres verdejados, para disposição das cinzas de seus entes queridos, os quais foram denominados nesta tese de jardins de memória. Observando-se esses diversos jardins, nota- se que se constituem como espaços de comunicação com o morto que ali está disposto. Seja nos elementos colocados ou nos cuidados empreendidos com a vegetação ou demais objetos, são lugares que revelam o vínculo entre enlutado- falecido, o qual não se extingue, mas se transforma a partir da ressignificação da relação com a pessoa que morreu. Assim, a partir do pressuposto de que os jardins construídos pelos enlutados no espaço cemiterial podem mediar o vínculo contínuo que mantêm com seus entes queridos falecidos, a presente tese se propôs a investigar como se expressam esses jardins e o seu papel no processo de luto de quem o constitui. Para tanto, além da pesquisa bibliográfica e documental, ancorou-se no trabalho etnográfico e entrevistas sob orientação fenomenológica. O campo foi estabelecido no Crematório Municipal Dr. Jayme Augusto Lopes e no cemitério São Pedro, situados na cidade de São Paulo e pertencentes à municipalidade. São espaços vizinhos, cujas proximidade e diferença em suas conformações permitiram uma investigação que não se constituiu comparativa, mas reveladora das expressões de jardins de enlutados em espaços cemiteriais com caráter distintos. A partir da pesquisa empreendida, observou-se que o trabalho de cuidado no jardim cemiterial e o trabalho de luto se cruzam e, assim como o jardim é lugar de constante transformação, o vínculo se transforma na sua continuidade. Desse modo, pode-se dizer que luto e jardim se entrelaçam em um processo que não é linear e denotam constante mudança e transformação.It can be said that the association between gardens and spaces for the deceased is not a recent phenomenon; instead, it transcends various cultures and historical periods. In the broader context of the West, encompassing regions like Brazil, numerous cemeteries and crematoria spaces exhibit diverse garden configurations, some of which stand as notable examples within the field of landscaping. In the case of the Brazilian metropolis of São Paulo, the municipal crematorium and most of the public cemeteries aimed at the laboring classes display substantial expanses of gardens despite not having consistent landscaping projects. So, in the case of cemeteries, it can be called the park/garden type. At that location, the creation of gardens over the grave area is permitted because there are no tombs. Regarding the crematorium, despite an existing ban, mourners create gardens within open green spaces to dispose of the ashes of their loved ones, which are referred to as memory gardens in this thesis. Looking at several of these memory gardens and grave gardens, one can see that they are spaces for communicating with the deceased. Whether in the elements placed or the care taken with the vegetation or objects, they are places that reveal the bond between the bereaved and the deceased, which is not extinguished but is transformed through the resignification of the relationship with the person who died. Thus, based on the assumption that the gardens built by the bereaved in the cemeteries and crematoria spaces can mediate the continuous bond they maintain with their deceased loved ones, this thesis set out to investigate how these gardens are expressed and their role in the bereavement process of those who make them up. To achieve this goal, in addition to bibliographical and documentary research, ethnography was conducted as well as phenomenologically oriented interviews. The fieldwork was carried out in the Dr. Jayme Augusto Lopes Municipal Crematorium and the São Pedro Cemetery, located in the city of São Paulo and belonging to the municipality. These are adjacent spaces, and their proximity, along with variations in their conformations, promoted an investigation that was not comparative but instead revealed distinct expressions of gardens of bereaved within these spaces. From the research undertaken, it was observed that the work of caring for the memory and the grave gardens and the work of mourning intersect. So, just as the garden is a place of constant transformation, the bond is transformed in its continuity. In this way, it can be said that bereavement and gardens are intertwined in a process that is not linear and denotes constant change and transformation.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPLima, Catharina Pinheiro Cordeiro dos SantosSantos, Aline Silva2024-02-08info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16135/tde-13052024-154355/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2024-05-15T14:57:02Zoai:teses.usp.br:tde-13052024-154355Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212024-05-15T14:57:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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Pode-se dizer que a relação entre os jardins e os espaços voltados aos mortos não é recente, sendo encontrada em distintos povos e épocas. Observa-se que, na conjuntura Ocidental em uma perspectiva ampla, incluso o Brasil diferentes espaços cemiteriais são conformados por jardins com os mais diversos aspectos, sendo que alguns constituem-se relevantes exemplos no campo do paisagismo. No caso da metrópole brasileira de São Paulo, o crematório e a maioria dos cemitérios municipais voltados às camadas populares, apesar de não possuírem projetos paisagísticos consistentes, possuem significativas extensões ajardinadas, de modo que, no caso dos cemitérios, estes podem ser denominados do tipo parque/jardim. Neles, quando não há jazigos edificados, é permitida a constituição de jardins sobre a área tumular. E, no crematório, a despeito de proibição existente, enlutados confeccionam jardins em meio aos espaços livres verdejados, para disposição das cinzas de seus entes queridos, os quais foram denominados nesta tese de jardins de memória. Observando-se esses diversos jardins, nota- se que se constituem como espaços de comunicação com o morto que ali está disposto. Seja nos elementos colocados ou nos cuidados empreendidos com a vegetação ou demais objetos, são lugares que revelam o vínculo entre enlutado- falecido, o qual não se extingue, mas se transforma a partir da ressignificação da relação com a pessoa que morreu. Assim, a partir do pressuposto de que os jardins construídos pelos enlutados no espaço cemiterial podem mediar o vínculo contínuo que mantêm com seus entes queridos falecidos, a presente tese se propôs a investigar como se expressam esses jardins e o seu papel no processo de luto de quem o constitui. Para tanto, além da pesquisa bibliográfica e documental, ancorou-se no trabalho etnográfico e entrevistas sob orientação fenomenológica. O campo foi estabelecido no Crematório Municipal Dr. Jayme Augusto Lopes e no cemitério São Pedro, situados na cidade de São Paulo e pertencentes à municipalidade. São espaços vizinhos, cujas proximidade e diferença em suas conformações permitiram uma investigação que não se constituiu comparativa, mas reveladora das expressões de jardins de enlutados em espaços cemiteriais com caráter distintos. A partir da pesquisa empreendida, observou-se que o trabalho de cuidado no jardim cemiterial e o trabalho de luto se cruzam e, assim como o jardim é lugar de constante transformação, o vínculo se transforma na sua continuidade. Desse modo, pode-se dizer que luto e jardim se entrelaçam em um processo que não é linear e denotam constante mudança e transformação. |
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