Morte e paisagem: os jardins de memória do Crematório Municipal de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Aline Silva Santos
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://doi.org/10.11606/D.16.2015.tde-08092015-143806
Resumo: A despeito de ser considerado o único animal consciente de sua própria finitude, sendo capaz de raciocinar e elaborar ritos para lidar com esta realidade, o ser humano, principalmente a partir da modernidade, nega cada vez mais sua mortalidade. Apesar da superexposição decorrente da violência dos grandes centros e da mídia, a morte, no contexto atual, geralmente é pensada como um fato abstrato, colocada de forma longínqua, do outro. Dentro deste quadro, diversos autores relacionam este \"tabu\" em relação ao tema com o desenvolvimento de novas formas de lidar com os mortos. A cremação, prática relativamente recente nos meios urbanos ocidentais, foi considerada como um método que possivelmente poderia reforçar esta mentalidade de interdição: dispensaria os túmulos e locais para homenagem, sendo uma maneira racional de lidar com o cadáver e sua decadência após o falecimento. Diante do exposto, a presente dissertação busca uma crítica a esta visão a partir das atitudes encontradas no Crematório Municipal de São Paulo. Constituído por um edifício locado em meio a um jardim que se assemelha a uma configuração de parque, seus espaços livres possuem as mais diversas apropriações, dentre as quais chamam a atenção as delimitações constituídas pelos enlutados para a disposição de cinzas de seus entes queridos. Locais de homenagem e retorno para visitação, delineados à moda de pequenos jardins dentro de um grande jardim, são muitas vezes cercados e personalizados, de maneira a se constituírem como únicos e identitários de seus mortos. Assim, estes lugares, por suas características e papel evocativo de lembrança, foram denominados pela pesquisa de \"jardins de memória\". Entendendo-se paisagem como uma categoria sensível e ligada a natureza, poder-se-ia estabelecer um diálogo com esta forma de lidar com a morte no Crematório expressa pelos jardins. Assim, procurou-se um embasamento nos estudos da filósofa Adriana Serrão, que muito se apoia em Rosário Assunto, filósofo que entende o sentimento de paisagem ligado a um tempo circular, ligado à natureza, onde a apreensão estética humana, com um sentimento de pertença, seria fundamental. Desta forma, assumindo a existência de um sentido de paisagem no local, buscou-se entender em que medidas este poderia se relacionar com tais expressões nos espaços livres do Crematório, estabelecendo-se um diálogo entre a morte, símbolo da finitude, com a vida, em uma dialética revelada pela paisagem.
id USP_e9c23707bfd0ebff686a30c8f4e6f40e
oai_identifier_str oai:teses.usp.br:tde-08092015-143806
network_acronym_str USP
network_name_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
repository_id_str 2721
spelling info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesis Morte e paisagem: os jardins de memória do Crematório Municipal de São Paulo Death and Landscape: the memory gardens Municipal Crematorium of Sao Paulo 2015-04-27Catharina Pinheiro Cordeiro dos Santos LimaRenato CymbalistaRaul Isidoro PereiraAline Silva SantosUniversidade de São PauloArquitetura e UrbanismoUSPBR Cremação Cremation Crematório Municipal Death Garden Jardim Landscape Morte Municipal Crematory Paisagem A despeito de ser considerado o único animal consciente de sua própria finitude, sendo capaz de raciocinar e elaborar ritos para lidar com esta realidade, o ser humano, principalmente a partir da modernidade, nega cada vez mais sua mortalidade. Apesar da superexposição decorrente da violência dos grandes centros e da mídia, a morte, no contexto atual, geralmente é pensada como um fato abstrato, colocada de forma longínqua, do outro. Dentro deste quadro, diversos autores relacionam este \"tabu\" em relação ao tema com o desenvolvimento de novas formas de lidar com os mortos. A cremação, prática relativamente recente nos meios urbanos ocidentais, foi considerada como um método que possivelmente poderia reforçar esta mentalidade de interdição: dispensaria os túmulos e locais para homenagem, sendo uma maneira racional de lidar com o cadáver e sua decadência após o falecimento. Diante do exposto, a presente dissertação busca uma crítica a esta visão a partir das atitudes encontradas no Crematório Municipal de São Paulo. Constituído por um edifício locado em meio a um jardim que se assemelha a uma configuração de parque, seus espaços livres possuem as mais diversas apropriações, dentre as quais chamam a atenção as delimitações constituídas pelos enlutados para a disposição de cinzas de seus entes queridos. Locais de homenagem e retorno para visitação, delineados à moda de pequenos jardins dentro de um grande jardim, são muitas vezes cercados e personalizados, de maneira a se constituírem como únicos e identitários de seus mortos. Assim, estes lugares, por suas características e papel evocativo de lembrança, foram denominados pela pesquisa de \"jardins de memória\". Entendendo-se paisagem como uma categoria sensível e ligada a natureza, poder-se-ia estabelecer um diálogo com esta forma de lidar com a morte no Crematório expressa pelos jardins. Assim, procurou-se um embasamento nos estudos da filósofa Adriana Serrão, que muito se apoia em Rosário Assunto, filósofo que entende o sentimento de paisagem ligado a um tempo circular, ligado à natureza, onde a apreensão estética humana, com um sentimento de pertença, seria fundamental. Desta forma, assumindo a existência de um sentido de paisagem no local, buscou-se entender em que medidas este poderia se relacionar com tais expressões nos espaços livres do Crematório, estabelecendo-se um diálogo entre a morte, símbolo da finitude, com a vida, em uma dialética revelada pela paisagem. In spite of be considered the only animal conscious of his own finitude, being able to reason and elaborate rituals to deal with this reality, the human being, especially from modernity, increasingly deny their mortality. Although the overexposure due to the violence of the urban centers and the media, death, in the current context, it is generally thought as an abstract fact, placed distantly on the other. In this framework, several authors relate this \"death taboo\" with the development of new ways of dealing with the dead. Cremation, relatively recent practice in Western urban areas, was considered as a method that could strengthen this mentality: dispense the tombs and places to honor, being a rational way to deal with the body and its decay after death. Therefore, this research seeks a critique of this view from the attitudes found in the São Paulo Municipal Crematorium. Formed by a building within a garden that resembles a park, its open spaces have the most diverse appropriations, of which draw attention the places established by the mourners for the disposal of their loved ones ashes. Sites for reverence and visit, like little gardens in a big garden, most of them are surrounded and presents individual objects in reference to the dead. Therefore, by reason of this characteristics, this places were named \"memory gardens\". Considering Landscape as a sensitive category and connected to the nature, it can establish a dialogue with the way of dealing with death expressed by the memory gardens. Thus, were studied texts of the philosopher Adriana Serrão, that much is based in philosopher Rosario Assunto: he consider the sense of landscape related to a circular time, connected to the nature, where the human aesthetic apprehension, with a sense of belonging , be essential. Therefore, assuming the existence of a landscape sense on site, it looked for to understand how could to relate this with the memory garden in Crematorium spaces, establishing a dialogue between death and life in a dialectic revealed by the Landscape. https://doi.org/10.11606/D.16.2015.tde-08092015-143806info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USP2023-12-21T18:29:00Zoai:teses.usp.br:tde-08092015-143806Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-12-22T12:20:45.744851Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
dc.title.pt.fl_str_mv Morte e paisagem: os jardins de memória do Crematório Municipal de São Paulo
dc.title.alternative.en.fl_str_mv Death and Landscape: the memory gardens Municipal Crematorium of Sao Paulo
title Morte e paisagem: os jardins de memória do Crematório Municipal de São Paulo
spellingShingle Morte e paisagem: os jardins de memória do Crematório Municipal de São Paulo
Aline Silva Santos
title_short Morte e paisagem: os jardins de memória do Crematório Municipal de São Paulo
title_full Morte e paisagem: os jardins de memória do Crematório Municipal de São Paulo
title_fullStr Morte e paisagem: os jardins de memória do Crematório Municipal de São Paulo
title_full_unstemmed Morte e paisagem: os jardins de memória do Crematório Municipal de São Paulo
title_sort Morte e paisagem: os jardins de memória do Crematório Municipal de São Paulo
author Aline Silva Santos
author_facet Aline Silva Santos
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Catharina Pinheiro Cordeiro dos Santos Lima
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Renato Cymbalista
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Raul Isidoro Pereira
dc.contributor.author.fl_str_mv Aline Silva Santos
contributor_str_mv Catharina Pinheiro Cordeiro dos Santos Lima
Renato Cymbalista
Raul Isidoro Pereira
description A despeito de ser considerado o único animal consciente de sua própria finitude, sendo capaz de raciocinar e elaborar ritos para lidar com esta realidade, o ser humano, principalmente a partir da modernidade, nega cada vez mais sua mortalidade. Apesar da superexposição decorrente da violência dos grandes centros e da mídia, a morte, no contexto atual, geralmente é pensada como um fato abstrato, colocada de forma longínqua, do outro. Dentro deste quadro, diversos autores relacionam este \"tabu\" em relação ao tema com o desenvolvimento de novas formas de lidar com os mortos. A cremação, prática relativamente recente nos meios urbanos ocidentais, foi considerada como um método que possivelmente poderia reforçar esta mentalidade de interdição: dispensaria os túmulos e locais para homenagem, sendo uma maneira racional de lidar com o cadáver e sua decadência após o falecimento. Diante do exposto, a presente dissertação busca uma crítica a esta visão a partir das atitudes encontradas no Crematório Municipal de São Paulo. Constituído por um edifício locado em meio a um jardim que se assemelha a uma configuração de parque, seus espaços livres possuem as mais diversas apropriações, dentre as quais chamam a atenção as delimitações constituídas pelos enlutados para a disposição de cinzas de seus entes queridos. Locais de homenagem e retorno para visitação, delineados à moda de pequenos jardins dentro de um grande jardim, são muitas vezes cercados e personalizados, de maneira a se constituírem como únicos e identitários de seus mortos. Assim, estes lugares, por suas características e papel evocativo de lembrança, foram denominados pela pesquisa de \"jardins de memória\". Entendendo-se paisagem como uma categoria sensível e ligada a natureza, poder-se-ia estabelecer um diálogo com esta forma de lidar com a morte no Crematório expressa pelos jardins. Assim, procurou-se um embasamento nos estudos da filósofa Adriana Serrão, que muito se apoia em Rosário Assunto, filósofo que entende o sentimento de paisagem ligado a um tempo circular, ligado à natureza, onde a apreensão estética humana, com um sentimento de pertença, seria fundamental. Desta forma, assumindo a existência de um sentido de paisagem no local, buscou-se entender em que medidas este poderia se relacionar com tais expressões nos espaços livres do Crematório, estabelecendo-se um diálogo entre a morte, símbolo da finitude, com a vida, em uma dialética revelada pela paisagem.
publishDate 2015
dc.date.issued.fl_str_mv 2015-04-27
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://doi.org/10.11606/D.16.2015.tde-08092015-143806
url https://doi.org/10.11606/D.16.2015.tde-08092015-143806
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade de São Paulo
dc.publisher.program.fl_str_mv Arquitetura e Urbanismo
dc.publisher.initials.fl_str_mv USP
dc.publisher.country.fl_str_mv BR
publisher.none.fl_str_mv Universidade de São Paulo
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
instname:Universidade de São Paulo (USP)
instacron:USP
instname_str Universidade de São Paulo (USP)
instacron_str USP
institution USP
reponame_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
collection Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
repository.name.fl_str_mv Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)
repository.mail.fl_str_mv virginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.br
_version_ 1794502575613018112