Polarização urbana, identidade territorial e futebol: a Zona da Mata e Juiz de Fora/MG entre o Rio de Janeiro e Belo Horizonte
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2016 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-10042017-115858/ |
Resumo: | A pesquisa partiu da observação de uma diminuição da polarização urbana do Rio de Janeiro sobre a Zona da Mata/Juiz de Fora (seu principal núcleo) em detrimento de Belo Horizonte. O objetivo deste estudo foi dimensionar essa gangorra da polarização metropolitana exercida na região por meio do futebol, a fute-polarização. A influência urbana sobre a Mata foi dimensionada. Partimos da presença do futebol no Brasil como fato socioespacial para chegarmos à Mata, onde elencamos o futebol como uma modernidade articulada com as redes de transportes e de cidades, e com seus divulgadores proeminentes (escolas, jornais e rádios). Ao contato com a novidade futebol, grupos sociais passaram a criar times e identificações por meio das sedes sociais, campos e estádios, formação de torcidas e de uma futeiconografia (insígnias, cores e mascotes) utilizada pelos clubes de futebol. Nas cidades matenses, o futebol foi favorecido pela ideologia do higienismo, pela destinação de espaços públicos defronte das igrejas (onde se jogava futebol) e pela divulgação exercida por imigrantes (italianos), estudantes repatriados do exterior ou internamente (comumente do Rio), além dos jornais e rádios. Em escala nacional e regional, traçamos a trajetória da mídia (dos impressos à TV) como meio de apreensão de torcedores, pois as cidades-sedes dos grupos de comunicação Rio e São Paulo obtiveram um extenso território sob domínio de suas agremiações de futebol. Assim, levantamos historicamente como o maior contato da Zona da Mata com o Rio de Janeiro fez dela uma região de influência carioca: caminhos e estradas seculares, além da penetração de emissoras de rádios e de televisão fizeram dos matenses torcedores dos times cariocas. Para tal, usamos fontes primárias (jornais, arquivos públicos, sites dos times). Além disso, a disputa entre Juiz de Fora e Belo Horizonte para sediar a nova capital de Minas (final do século XIX), aliada a uma posterior decadência econômica regional e da tardia conexão viária (meados do XX) e econômica com Belo Horizonte atrasaram a influência da capital mineira na Mata, refletida apenas nas últimas décadas. A partir de todo esse panorama passamos a dimensionar a polarização urbana via futebol. Analisamos e cartografamos as preferências clubísticas nos 142 municípios da Mata Mineira, que ficou cingida por uma diagonal NE-SW: a leste dela, domínio do Rio de Janeiro, e a oeste domínio de Belo Horizonte, além de São Paulo se postar na contenda em ambos os lados. Cotejamos os territórios das torcidas com as transmissões de jogos de futebol pelas rádios e pelas TVs (afiliadas da Globo) da região, que reforçam uma ou outra metrópole. Como senda analítica, utilizamos as noções de redes e de redes urbanas. Por fim, relacionamos a fute-polarização com a fute-iconografia a fim de discutir as identidades territoriais da região, que é comumente taxada na literatura de ter pouca mineiridade. Encontramos verdades, mas também exageros e omissões diante de uma suposta não/pouca vinculação Mata-Minas. Via futebol, concluímos que a polarização carioca é maior no S-SE da Zona da Mata, enquanto Belo Horizonte domina o N-NW, confirmando a hipótese inicial. |
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Polarização urbana, identidade territorial e futebol: a Zona da Mata e Juiz de Fora/MG entre o Rio de Janeiro e Belo HorizonteUrban bias, regional and soccer territorial identity: Zona da Mata and Juiz de Fora/MG between Rio de Janeiro and Belo HorizonteFutebolIdentidade territorial regionalInfluência midiáticaMedia influencePolarização urbanaRegional territorial identitySoccerUrban PolarizationZona da Mata/Juiz de ForaZona da Mata/Juiz de ForaA pesquisa partiu da observação de uma diminuição da polarização urbana do Rio de Janeiro sobre a Zona da Mata/Juiz de Fora (seu principal núcleo) em detrimento de Belo Horizonte. O objetivo deste estudo foi dimensionar essa gangorra da polarização metropolitana exercida na região por meio do futebol, a fute-polarização. A influência urbana sobre a Mata foi dimensionada. Partimos da presença do futebol no Brasil como fato socioespacial para chegarmos à Mata, onde elencamos o futebol como uma modernidade articulada com as redes de transportes e de cidades, e com seus divulgadores proeminentes (escolas, jornais e rádios). Ao contato com a novidade futebol, grupos sociais passaram a criar times e identificações por meio das sedes sociais, campos e estádios, formação de torcidas e de uma futeiconografia (insígnias, cores e mascotes) utilizada pelos clubes de futebol. Nas cidades matenses, o futebol foi favorecido pela ideologia do higienismo, pela destinação de espaços públicos defronte das igrejas (onde se jogava futebol) e pela divulgação exercida por imigrantes (italianos), estudantes repatriados do exterior ou internamente (comumente do Rio), além dos jornais e rádios. Em escala nacional e regional, traçamos a trajetória da mídia (dos impressos à TV) como meio de apreensão de torcedores, pois as cidades-sedes dos grupos de comunicação Rio e São Paulo obtiveram um extenso território sob domínio de suas agremiações de futebol. Assim, levantamos historicamente como o maior contato da Zona da Mata com o Rio de Janeiro fez dela uma região de influência carioca: caminhos e estradas seculares, além da penetração de emissoras de rádios e de televisão fizeram dos matenses torcedores dos times cariocas. Para tal, usamos fontes primárias (jornais, arquivos públicos, sites dos times). Além disso, a disputa entre Juiz de Fora e Belo Horizonte para sediar a nova capital de Minas (final do século XIX), aliada a uma posterior decadência econômica regional e da tardia conexão viária (meados do XX) e econômica com Belo Horizonte atrasaram a influência da capital mineira na Mata, refletida apenas nas últimas décadas. A partir de todo esse panorama passamos a dimensionar a polarização urbana via futebol. Analisamos e cartografamos as preferências clubísticas nos 142 municípios da Mata Mineira, que ficou cingida por uma diagonal NE-SW: a leste dela, domínio do Rio de Janeiro, e a oeste domínio de Belo Horizonte, além de São Paulo se postar na contenda em ambos os lados. Cotejamos os territórios das torcidas com as transmissões de jogos de futebol pelas rádios e pelas TVs (afiliadas da Globo) da região, que reforçam uma ou outra metrópole. Como senda analítica, utilizamos as noções de redes e de redes urbanas. Por fim, relacionamos a fute-polarização com a fute-iconografia a fim de discutir as identidades territoriais da região, que é comumente taxada na literatura de ter pouca mineiridade. Encontramos verdades, mas também exageros e omissões diante de uma suposta não/pouca vinculação Mata-Minas. Via futebol, concluímos que a polarização carioca é maior no S-SE da Zona da Mata, enquanto Belo Horizonte domina o N-NW, confirmando a hipótese inicial.The research started from the observation of a decrease in the urban bias of Rio de Janeiro on the Zona da Mata/Juiz de Fora (its core) over Belo Horizonte. The aim of this study was to scale this seesaw of metropolitan bias exerted in the region through soccer, \"Soccerpolarization\". Urban influence on Zona da Mata was scaled. We start from the soccer presence in Brazil as socio-fact to come to the Zona da Mata region, where we list soccer as an articulated modernity with transport networks and cities, and their prominent advisers (schools, newspapers and radios). The contact with the new \"soccer\", social groups started to create teams and identifications through the head offices, fields and stadiums, training cheering and a \"Soccer-iconography\" (insignia, colors and mascots) used by soccer clubs. In Zona da Mata cities, soccer was favored by hygienism ideology, the allocation of public spaces in front of the church (where it was played) and the dissemination carried out by immigrants (Italian), returnees students from abroad or internally (commonly Rio), and newspapers and radio. At the national and regional level, we draw the media path (from printed form to TV) as a means of seizure of fans as the host cities of communication groups - Rio and São Paulo - obtained an extensive territory under the control of their soccer associations. Thus, historically we raised as the largest contact Zona da Mata region with the Rio de Janeiro made it a region of Rio influence: paths and secular roads as well as penetration of radio stations and television made the people of Zona da Mata region fans of Cariocas teams. To reach this we use primary sources (newspapers, public archives, sites of the teams). In addition, the dispute between Juiz de Fora and Belo Horizonte to host the new capital of Minas Gerais (late nineteenth century), together with a further regional economic decline and late road connection (mid-XX) and economic in Belo Horizonte delayed influence of the state capital in Mata reflected only in recent decades. From all this panorama we size the urban bias through soccer. We analyze and map soccer clubs preferences in 142 municipalities in the Mata Mineira, which was girded by a NE-SW diagonal: east her area of Rio de Janeiro, and the western area of Belo Horizonte, and São Paulo to stand in the strife in both sides. Comparing the territories of the fans with the transmission of soccer matches by radio and by TV (affiliated with Globo TV) in the area which reinforce one or another metropolis. As an analytical path we use the notions of networks and urban networks. Finally we list the \"Soccer-bias\" with the \"Soccer-iconography\" in order to discuss the territorial identities of the region, which is commonly taxed in the literature to have little \"mineiridade\" the peculiar characteristics of the inhabitants of Minas Gerais state. We find truths but also exaggerations and omissions in the face of an alleged no / little Mata-Minas Gerais state binding. Through soccer we conclude that the Rio polarization is greater in S-SE of the Zona da Mata, while Belo Horizonte dominates the N-NW, confirming the initial hypothesis.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPLemos, Amalia Ines Geraiges deCampos, Hélcio Ribeiro2016-12-15info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-10042017-115858/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2018-07-19T15:44:41Zoai:teses.usp.br:tde-10042017-115858Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212018-07-19T15:44:41Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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