Amizade e psicanálise: o cuidado de si no encontro com a alteridade

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Oliveira, Ana Paula Vedovato Marques de
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-13112017-111930/
Resumo: O encontro com a alteridade na clínica psicanalítica é o motor dos processos de ressignificação do sofrimento psíquico. A presença do outro disponível engendra as trocas significativas, que permitem ao sujeito reordenações de sentido nos caminhos de sua existência, sentidos mais caros à sua experiência de pessoalidade. Nesse sentido, partirmos de amizades paradigmáticas, na psicanálise e na filosofia, para abrir o campo de reflexão para a condição premente no humano a necessidade do outro para encontrar e criar os sentidos da experiência singular. O psicanalista Freud e o pastor e psicanalista Oskar Pfister inauguram a reflexão, e ilustram a possibilidade de convivência e de estima da diferença. Abordamos, em seguida, o tema da agressividade constitutiva do humano. Em Freud, enaltecemos o caráter disruptivo da agressividade; adiante, pensamos na possibilidade de integrá-la de forma mais fluida à economia psíquica, remetendo-nos, para tanto, aos pressupostos de Winnicott. Refletimos sobre o laço social pautado pela solidariedade e sobre o entusiasmo promovido pelo humor junto à alteridade, e marcamos que ambos apontam e inspiram as novas versões de si mesmo. Na filosofia, partimos da amizade de Montaigne e La Boétie para falar da experiência de liberdade natural do humano, condição, inclusive, para a experiência de amor, insígnia da amizade. Resgatamos, junto à ética aristotélica, as noções caras à amizade na antiguidade, que apontam para uma disposição estabelecida e um senso de comunidade, afinados a construção e ao compartilhamento de sentido da experiência individual. Junto à Arendt, enaltecemos a condição primordial da humanidade - o convívio, a interação entre os pares - que atesta para determinado ser a sua própria realidade. Em Foucault, resgatamos a historicização do cuidado de si, vinculado, necessariamente, à presença do outro, o amigo e/ou o mestre. Finalizamos nossa pesquisa articulando a amizade à psicanálise, sobretudo através do fenômeno da transferência. Para tanto, percorremos o desenvolvimento teórico de Ferenczi sobre a técnica analítica. Ilustramos brevemente o círculo de amizades de Freud que, ainda que marcado por diversas rupturas, trilharam o caminho de expansão e de reconhecimento da psicanálise. Recorremos à metapsicologia freudiana para pensar a direção do tratamento proposta pelo autor, afinando a cura aos contornos da amizade trabalhados até então. Esmiuçamos os aspectos que poderiam se opor à cura no tratamento analítico, e localizamos o desejo do analista nesse contexto. Dialogamos com psicanalistas contemporâneos que refletem sobre a amizade e o tratamento analítico, desde o nível micro, a transferência analisando/analista, até a dimensão mais ampla do laço social. Apontamos, a partir dos aspectos aludidos, um horizonte social marcado pela amizade, construído e sustentado pela ética da psicanálise
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Abordamos, em seguida, o tema da agressividade constitutiva do humano. Em Freud, enaltecemos o caráter disruptivo da agressividade; adiante, pensamos na possibilidade de integrá-la de forma mais fluida à economia psíquica, remetendo-nos, para tanto, aos pressupostos de Winnicott. Refletimos sobre o laço social pautado pela solidariedade e sobre o entusiasmo promovido pelo humor junto à alteridade, e marcamos que ambos apontam e inspiram as novas versões de si mesmo. Na filosofia, partimos da amizade de Montaigne e La Boétie para falar da experiência de liberdade natural do humano, condição, inclusive, para a experiência de amor, insígnia da amizade. Resgatamos, junto à ética aristotélica, as noções caras à amizade na antiguidade, que apontam para uma disposição estabelecida e um senso de comunidade, afinados a construção e ao compartilhamento de sentido da experiência individual. Junto à Arendt, enaltecemos a condição primordial da humanidade - o convívio, a interação entre os pares - que atesta para determinado ser a sua própria realidade. Em Foucault, resgatamos a historicização do cuidado de si, vinculado, necessariamente, à presença do outro, o amigo e/ou o mestre. Finalizamos nossa pesquisa articulando a amizade à psicanálise, sobretudo através do fenômeno da transferência. Para tanto, percorremos o desenvolvimento teórico de Ferenczi sobre a técnica analítica. Ilustramos brevemente o círculo de amizades de Freud que, ainda que marcado por diversas rupturas, trilharam o caminho de expansão e de reconhecimento da psicanálise. Recorremos à metapsicologia freudiana para pensar a direção do tratamento proposta pelo autor, afinando a cura aos contornos da amizade trabalhados até então. Esmiuçamos os aspectos que poderiam se opor à cura no tratamento analítico, e localizamos o desejo do analista nesse contexto. Dialogamos com psicanalistas contemporâneos que refletem sobre a amizade e o tratamento analítico, desde o nível micro, a transferência analisando/analista, até a dimensão mais ampla do laço social. Apontamos, a partir dos aspectos aludidos, um horizonte social marcado pela amizade, construído e sustentado pela ética da psicanáliseMeeting with alterity in the psychoanalytic clinic is the motor of the resignification process of psychic suffering. The presence of the other available generates meaningful exchanges, which allow the subject to rearrange sense in ways of his existence, more expensive senses to the experience of personality. In this sense, starting from paradigmatic friendships, in psychoanalysis and philosophy, to open the field of reflection to the pressing condition in the human - the need of the other to find and create the senses of the singular experience. The psychoanalyst Freud and the pastor and psychoanalyst Oskar Pfister inaugurate the reflection, and illustrate the possibility of cohabitation and esteem of difference. We then approach the theme of the constitutive aggressiveness of the human. In Freud, we extol the disruptive character of aggressiveness. We are thinking of the possibility of integrating it more fluidly into the psychic economy, thus referring to Winnicott\'s assumptions. We reflect on the social bond based on solidarity and on the enthusiasm promoted by humor alongside alterity, and we note that both point and inspire the new versions of itself. In philosophy, we start with the friendship of Montaigne and La Boétie to talk about the experience of the natural freedom of the human being, condition, also, for the experience of love, emblem of friendship. We have rescued, along with Aristotelian ethics, notions dear to friendship in antiquity, which point to an established disposition and a sense of community, attuned to the construction and sharing of meaning of individual experience. Together with Arendt, we extol the primordial condition of humanity - conviviality, the interaction between peers - which attests to its being its own reality. In Foucault, we rescued the historicization of care of oneself, necessarily linked to the presence of the other, the friend and / or the master. We finish our research articulating the friendship to the psychoanalysis, mainly through the phenomenon of the transference. For this, we go through the theoretical development of Ferenczi on analytical technique. We briefly illustrate Freud\'s circle of friendships, which, although marked by various ruptures, have traced the path of expansion and recognition of psychoanalysis. We have recourse to Freudian metapsychology to think the direction of the treatment proposed by the author, attuning the healing to the contours of the friendship worked up until then. We scrutinize the aspects that could oppose healing in analytic treatment, and we locate the analyst\'s desire in that context. We spoke with contemporary psychoanalysts who reflect on friendship and analytic treatment, from the micro level, the analyzed / analyst transfer, to the broader dimension of the social bond. From the aspects mentioned, we point out a social horizon marked by friendship, built and sustained by the ethics of psychoanalysisBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPKupermann, DanielOliveira, Ana Paula Vedovato Marques de2017-06-23info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-13112017-111930/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2018-07-17T16:38:18Zoai:teses.usp.br:tde-13112017-111930Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212018-07-17T16:38:18Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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