Ação comunicativa no cuidado à saúde da família: encontros e desencontros entre profissionais de saúde e usuários
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2006 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22133/tde-27112006-155728/ |
Resumo: | Na atualidade vivenciamos, nacional e internacionalmente, uma crescente revalorização do tema família com priorização e expansão de serviços de Atenção Primária à Saúde, como estratégia de reorganização do setor saúde e de mudança do modelo assistencial. Novas propostas em discussão e aplicação têm ocupado um lugar de destaque na reconstrução das práticas de saúde no Brasil. Neste cenário, ressalta-se a dimensão comunicacional do encontro entre profissionais de saúde e usuários, como um processo de diálogo, que garanta e estimule uma crescente integração entre as finalidades técnicas do trabalho e os projetos de vida dos usuários. Este estudo teve por objetivo compreender as comunicações e ações dos sujeitos (profissionais de saúde e usuários) envolvidos no cuidado à saúde da família e interpretar as possibilidades e dificuldades da ação comunicativa neste cuidado. A Teoria da Ação Comunicativa defendida por Habermas (1987) é a referência teórica fundamental. A esta foram acrescidas a conceituação de Dialógica do Cuidado proposta por Ayres (2002) e a categoria do trabalho vivo em ato proposta por Merhy (2000). Utilizamos a abordagem qualitativa de pesquisa, com a observação participante e a entrevista semi-estruturada como métodos de coleta de dados. A pesquisa foi desenvolvida em uma Unidade de Atenção à Saúde da Família do município de Ribeirão Preto, Estado de São Paulo. A interpretação dos dados teve como eixo norteador os horizontes normativos dos profissionais de saúde e dos usuários, basicamente com relação aos ideais de: vida, saúde, trabalho, família, assistência à saúde (cuidado) e relacionamento. A discussão da temática teve como preocupação central a necessidade de reorganização das práticas de saúde, apostando no cuidado como categoria central e na comunicação como elemento transformador na construção de novos modos de cuidar, mais humanos e acolhedores, na saúde e na enfermagem e em especial na saúde da família. Destacamos as dimensões da ação comunicativa e da linguagem nos movimentos ora de aproximações (encontros), ora de distanciamentos (desencontros) entre os profissionais de saúde e os usuários. Uma categoria empírica central que emergiu do material empírico foi os encontros e desencontros dos sujeitos em interação. Foi possível identificar que os desencontros entre o saber popular e o saber técnico-científico geraram importantes assimetrias comunicacionais. A linguagem codificada, as invasões, controles e cobranças no espaço das visitas domiciliares e os diferentes horizontes normativos, onde o ?campo da amizade? e o ?campo do tratamento? presentes no ato de cuidar, muitas vezes se mesclam e se confundem, revelaram-se como barreiras na comunicação, que clamam por cuidados. A hierarquia e a falta de solidariedade entre os profissionais da equipe de saúde geraram, também, significativos entraves no diálogo e ?esbarrões? de espaços, tempos, ritmos e saberes. A classificação das famílias em vermelha, amarela e verde, mostrou-se como um veio que questionava se estávamos ainda sob o paradigma do risco ou se deslocamos os horizontes normativos para o conceito de vulnerabilidade. Já, a atitude cuidadora de ?escutar/ouvir? e estar sensível aos sofrimentos e dores do outro surgiu como um valor importante compartilhado por ambos os sujeitos em interação. Entre os encontros visualizados na comunicação destacamos o encontro de sentimentos e a emergência do ?Cuidado Afetuoso/Amoroso?, onde o afeto e a espiritualidade foram valorizados no ato de cuidar. O encontro de valores humanos e éticos, onde o alfabeto do bom cuidado foi composto por quatro atitudes- calor humano, respeito, confiança e envolvimento. O encontro de sujeitos, onde o grupo de artesanato surgiu como uma opção por uma melhor qualidade de vida e de saúde. E o encontro de alegrias e risos, onde o ritual festivo e a descontração surgiram deslizando para o espaço do cuidado. Concluímos que o amadurecimento do diálogo entre os sujeitos transita pela construção de pontes lingüísticas e pelo compartilhamento de horizontes normativos entre os técnicos (profissionais de saúde, os que querem ser cuidadores) e os não-técnicos (usuários, famílias, as que necessitam de cuidados). |
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Ação comunicativa no cuidado à saúde da família: encontros e desencontros entre profissionais de saúde e usuáriosCommunicative Action Toward The Health care of the Family: Meetings and failure in meetings among professionals of health and users.CareCommunicationComunicaçãoCuidadoFamily HealthSaúde da FamíliaNa atualidade vivenciamos, nacional e internacionalmente, uma crescente revalorização do tema família com priorização e expansão de serviços de Atenção Primária à Saúde, como estratégia de reorganização do setor saúde e de mudança do modelo assistencial. Novas propostas em discussão e aplicação têm ocupado um lugar de destaque na reconstrução das práticas de saúde no Brasil. Neste cenário, ressalta-se a dimensão comunicacional do encontro entre profissionais de saúde e usuários, como um processo de diálogo, que garanta e estimule uma crescente integração entre as finalidades técnicas do trabalho e os projetos de vida dos usuários. Este estudo teve por objetivo compreender as comunicações e ações dos sujeitos (profissionais de saúde e usuários) envolvidos no cuidado à saúde da família e interpretar as possibilidades e dificuldades da ação comunicativa neste cuidado. A Teoria da Ação Comunicativa defendida por Habermas (1987) é a referência teórica fundamental. A esta foram acrescidas a conceituação de Dialógica do Cuidado proposta por Ayres (2002) e a categoria do trabalho vivo em ato proposta por Merhy (2000). Utilizamos a abordagem qualitativa de pesquisa, com a observação participante e a entrevista semi-estruturada como métodos de coleta de dados. A pesquisa foi desenvolvida em uma Unidade de Atenção à Saúde da Família do município de Ribeirão Preto, Estado de São Paulo. A interpretação dos dados teve como eixo norteador os horizontes normativos dos profissionais de saúde e dos usuários, basicamente com relação aos ideais de: vida, saúde, trabalho, família, assistência à saúde (cuidado) e relacionamento. A discussão da temática teve como preocupação central a necessidade de reorganização das práticas de saúde, apostando no cuidado como categoria central e na comunicação como elemento transformador na construção de novos modos de cuidar, mais humanos e acolhedores, na saúde e na enfermagem e em especial na saúde da família. Destacamos as dimensões da ação comunicativa e da linguagem nos movimentos ora de aproximações (encontros), ora de distanciamentos (desencontros) entre os profissionais de saúde e os usuários. Uma categoria empírica central que emergiu do material empírico foi os encontros e desencontros dos sujeitos em interação. Foi possível identificar que os desencontros entre o saber popular e o saber técnico-científico geraram importantes assimetrias comunicacionais. A linguagem codificada, as invasões, controles e cobranças no espaço das visitas domiciliares e os diferentes horizontes normativos, onde o ?campo da amizade? e o ?campo do tratamento? presentes no ato de cuidar, muitas vezes se mesclam e se confundem, revelaram-se como barreiras na comunicação, que clamam por cuidados. A hierarquia e a falta de solidariedade entre os profissionais da equipe de saúde geraram, também, significativos entraves no diálogo e ?esbarrões? de espaços, tempos, ritmos e saberes. A classificação das famílias em vermelha, amarela e verde, mostrou-se como um veio que questionava se estávamos ainda sob o paradigma do risco ou se deslocamos os horizontes normativos para o conceito de vulnerabilidade. Já, a atitude cuidadora de ?escutar/ouvir? e estar sensível aos sofrimentos e dores do outro surgiu como um valor importante compartilhado por ambos os sujeitos em interação. Entre os encontros visualizados na comunicação destacamos o encontro de sentimentos e a emergência do ?Cuidado Afetuoso/Amoroso?, onde o afeto e a espiritualidade foram valorizados no ato de cuidar. O encontro de valores humanos e éticos, onde o alfabeto do bom cuidado foi composto por quatro atitudes- calor humano, respeito, confiança e envolvimento. O encontro de sujeitos, onde o grupo de artesanato surgiu como uma opção por uma melhor qualidade de vida e de saúde. E o encontro de alegrias e risos, onde o ritual festivo e a descontração surgiram deslizando para o espaço do cuidado. Concluímos que o amadurecimento do diálogo entre os sujeitos transita pela construção de pontes lingüísticas e pelo compartilhamento de horizontes normativos entre os técnicos (profissionais de saúde, os que querem ser cuidadores) e os não-técnicos (usuários, famílias, as que necessitam de cuidados).Nowadays we, nationally and internationally, experience a growing re-valuation of the theme family with priorization and spreading of services of Primary Attention to Health, with re-organizational strategy in the health sector and changing the assistential pattern. New proposals being discussed and application has taken a prominent position in the reconstruction of health practice in Brazil. In this scenery, we point out the communicational dimension of the meeting among the health professionals and users, as dialogue process, which guarantees and stimulates a growing integration into the technical purposes of work and the projects of users? lives. This study aimed to understand the communications and actions of the subjects (health professionals and families) engaged in the care of family health and to interpret the possibilities and the difficulties of communicative action in this care. The Communicative Action Theory defended by Habermas (1987) is the fundamental theoretical reference. To this, the concept of Dialogic of care proposed by Ayres (2002) and the category of the live work in the act proposed by Merhy (2000) were added. It was used a qualitative approach of research, with close observation and semi-structured interview as a method of data collecting. The research was developed at a Unit of Attention to Family Health of the Public Health service in the city of Ribeirão Preto, São Paulo. The interpretation of the data followed the leading standard horizon of the health professionals and users, basically with relation to the ideals: life, health, work, family, health assistance(care), and relationship. The thematic of the discussion had as main concern the needs of reorganization of health practices, betting on the care as central category and communication as a changing element in the construction of new ways of caring, more human and welcoming in the health and nursing specially in family?s health. We pointed out the dimensions of the communicative action and of language in the movements sometimes of approach (meetings), sometimes of distance (failure in meeting) among health professionals and users. A central empirical category which rose from the empirical material was the meeting and failure in meeting of the subjects in the interaction. It was possible to identify that the failure in meeting between the popular knowledge and the scientific-technical knowledge brought about important communicational asymmetry. The codified language, the invasions, control and demand in the space of the home visits and the different patterned horizons, where the ?friendship field? and the treatment field present in the act of caring are many times mixed and confused, they showed up as barriers in communication which asks for care. The hierarchy, the lack of solidarity among professionals of the health team, also generated meaningful hindrance in dialogue and ?bumps? of space, time, growth an knowledge. The classification of families into red yellow and green, showed as a remark which questioned if we were still under the paradigm of the risk or if we moved the patterned horizons toward the concept of vulnerability. Now, the caring attitude of \'listening /hearing\' and being sensitive to the suffering and pain of the other appeared as an important value shared by both subjects in the interaction. Among the meetings seen in the communication we pointed out the meeting of feelings and the emergency of affective /loving care, where love and spirituality were valued in the act of taking care. The meeting of human and ethical values, where the alphabet of good care were made up of four attitudes- human warmth, respect, confidence and engagement. The meeting of the subjects, where a group of craftsmanship appeared as an option for a better quality of life and health. And the meeting of joy and smiles, where the festive ritual and the relation appeared sliding to the space of care. We concluded that the a maturing of dialogue among the subjects moves along the building of linguistic bridges and by sharing standard horizons among technicians (health professionals, the ones who want to be minders) and the non-technicians (users, families, the ones who need care).Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPAlmeida, Maria Cecilia Puntel deAyres, Jose Ricardo de Carvalho MesquitaCraco, Priscila Frederico2006-02-07info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22133/tde-27112006-155728/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:09:50Zoai:teses.usp.br:tde-27112006-155728Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:09:50Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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