Participação em atividades e funcionamento cognitivo: estudo de coorte com idosos residentes em área de baixa renda no município de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Rienzo, Vanessa Diana di
Data de Publicação: 2009
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5142/tde-29092009-173403/
Resumo: INTRODUÇÃO: Com o rápido envelhecimento populacional e o aumento no número absoluto de pessoas com demência, a identificação de fatores protetores que retardem o início do quadro clínico da doença é essencial para o planejamento de medidas preventivas efetivas. Estudos observacionais longitudinais com idosos em países desenvolvidos sugerem que a participação em atividades de lazer preserva a capacidade cognitiva, reduzindo o risco de demência e declínio cognitivo. No Brasil não existem estudos epidemiológicos que investigam a associação entre participação em atividades e cognição. OBJETIVO: Avaliar de forma padronizada a participação em atividades entre idosos; investigar a associação entre participação em atividades e funcionamento cognitivo; investigar a associação entre participação em atividades e incidência de comprometimento cognitivo leve amnésico e demência; e examinar a associação entre participação em diferentes tipos de atividade (social, física, cognitiva e cotidiana) e funcionamento cognitivo, comprometimento cognitivo leve amnésico e demência. MÉTODO: O presente estudo é parte do estudo epidemiológico Sao Paulo Ageing & Health Study (SPAH), uma coorte prospectiva de idosos, com 65 anos e mais, moradores de áreas pobres do Distrito do Butantã, São Paulo. Participantes do presente estudo não tinham demência na inclusão da coorte e foram reavaliados após 24 meses da avaliação inicial. A participação em atividades foi avaliada na inclusão da coorte com um questionário desenvolvido para um estudo transcultural, o Indianapolis-Ibadan Dementia Project. O registro da participação em atividades foi realizado com uma escala de 7 pontos do tipo Likert, com extremos entre 0 (nunca) e 6 (mais de 6 vezes por semana). As atividades foram agrupadas em quatro categorias (social, física, cognitiva e cotidiana). Um escore total de participação em atividades foi obtido por meio da soma das pontuações para cada uma das 42 atividades avaliadas. Um escore parcial também foi obtido para cada categoria de atividade. O funcionamento cognitivo foi avaliado com o Community Screening Instrument for Dementia (CSID). O diagnóstico de comprometimento cognitivo leve amnésico seguiu o critério estabelecido pela Academia Americana de Neurologia para comprometimento objetivo de memória. O diagnóstico de demência seguiu os critérios da quarta edição revisada do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-IV) e utilizou informações do protocolo padronizado para o diagnóstico de demência, desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa em Demência 10/66. Regressão linear múltipla foi utilizada para estimar mudanças no escore do funcionamento cognitivo, com intervalo de 95% de confiança e controle dos possíveis efeitos de confusão para estado cognitivo, características sociodemográficas e estado funcional. Regressão logística foi utilizada para estimar o risco de comprometimento cognitivo leve amnésico e demência, com intervalo de 95% de confiança e controle dos possíveis efeitos de confusão para estado cognitivo, características sociodemográficas e estado funcional. RESULTADOS: 1.520 participantes foram incluídos na coorte e 1.243 foram reavaliados no seguimento. Participação em atividades sociais foi a mais frequente, relatada por 99,0% dos idosos, seguida por participação em atividades cotidianas (95,0%), cognitivas (63,0%) e físicas (49,0%). Foram encontradas associações positivas entre participação em atividades e funcionamento cognitivo (1,0; IC95% 0,4-1,5) e entre participação em atividades cognitivas e funcionamento cognitivo (3,1; IC95% 1,4-4,7). Participação em atividades cotidianas esteve associada com redução do risco de comprometimento cognitivo leve amnésico (OR 0,9; IC95% 0,84-0,99). Participação em atividades esteve associada com redução do risco de demência (OR 0,9; IC95% 0,92-0,99) e participação em atividades cotidianas também se mostrou associada com redução do risco de demência (OR 0,9; IC95% 0,83-0,98). CONCLUSÃO: Participação em atividades possivelmente preserva a capacidade cognitiva e reduz o risco de comprometimento cognitivo leve amnésico e demência em idosos brasileiros. Diferentemente dos países desenvolvidos, na população idosa brasileira as atividades mais frequentes são aquelas que não requerem escolaridade e poder aquisitivo. Apesar disso, foram encontradas associações positivas entre participação em atividades e cognição. Políticas públicas devem enfatizar a participação em atividades como medida preventiva para comprometimento cognitivo e demência
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OBJETIVO: Avaliar de forma padronizada a participação em atividades entre idosos; investigar a associação entre participação em atividades e funcionamento cognitivo; investigar a associação entre participação em atividades e incidência de comprometimento cognitivo leve amnésico e demência; e examinar a associação entre participação em diferentes tipos de atividade (social, física, cognitiva e cotidiana) e funcionamento cognitivo, comprometimento cognitivo leve amnésico e demência. MÉTODO: O presente estudo é parte do estudo epidemiológico Sao Paulo Ageing & Health Study (SPAH), uma coorte prospectiva de idosos, com 65 anos e mais, moradores de áreas pobres do Distrito do Butantã, São Paulo. Participantes do presente estudo não tinham demência na inclusão da coorte e foram reavaliados após 24 meses da avaliação inicial. A participação em atividades foi avaliada na inclusão da coorte com um questionário desenvolvido para um estudo transcultural, o Indianapolis-Ibadan Dementia Project. O registro da participação em atividades foi realizado com uma escala de 7 pontos do tipo Likert, com extremos entre 0 (nunca) e 6 (mais de 6 vezes por semana). As atividades foram agrupadas em quatro categorias (social, física, cognitiva e cotidiana). Um escore total de participação em atividades foi obtido por meio da soma das pontuações para cada uma das 42 atividades avaliadas. Um escore parcial também foi obtido para cada categoria de atividade. O funcionamento cognitivo foi avaliado com o Community Screening Instrument for Dementia (CSID). O diagnóstico de comprometimento cognitivo leve amnésico seguiu o critério estabelecido pela Academia Americana de Neurologia para comprometimento objetivo de memória. O diagnóstico de demência seguiu os critérios da quarta edição revisada do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-IV) e utilizou informações do protocolo padronizado para o diagnóstico de demência, desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa em Demência 10/66. Regressão linear múltipla foi utilizada para estimar mudanças no escore do funcionamento cognitivo, com intervalo de 95% de confiança e controle dos possíveis efeitos de confusão para estado cognitivo, características sociodemográficas e estado funcional. Regressão logística foi utilizada para estimar o risco de comprometimento cognitivo leve amnésico e demência, com intervalo de 95% de confiança e controle dos possíveis efeitos de confusão para estado cognitivo, características sociodemográficas e estado funcional. RESULTADOS: 1.520 participantes foram incluídos na coorte e 1.243 foram reavaliados no seguimento. Participação em atividades sociais foi a mais frequente, relatada por 99,0% dos idosos, seguida por participação em atividades cotidianas (95,0%), cognitivas (63,0%) e físicas (49,0%). Foram encontradas associações positivas entre participação em atividades e funcionamento cognitivo (1,0; IC95% 0,4-1,5) e entre participação em atividades cognitivas e funcionamento cognitivo (3,1; IC95% 1,4-4,7). Participação em atividades cotidianas esteve associada com redução do risco de comprometimento cognitivo leve amnésico (OR 0,9; IC95% 0,84-0,99). Participação em atividades esteve associada com redução do risco de demência (OR 0,9; IC95% 0,92-0,99) e participação em atividades cotidianas também se mostrou associada com redução do risco de demência (OR 0,9; IC95% 0,83-0,98). CONCLUSÃO: Participação em atividades possivelmente preserva a capacidade cognitiva e reduz o risco de comprometimento cognitivo leve amnésico e demência em idosos brasileiros. Diferentemente dos países desenvolvidos, na população idosa brasileira as atividades mais frequentes são aquelas que não requerem escolaridade e poder aquisitivo. Apesar disso, foram encontradas associações positivas entre participação em atividades e cognição. Políticas públicas devem enfatizar a participação em atividades como medida preventiva para comprometimento cognitivo e demênciaParticipation in activities and cognitive functioning: a cohort study with older adults residents in low income area in Sao Paulo functioning, with 95% confidence interval and controlling possible confounding effects of cognitive status, sociodemographic characteristics and functional status. Logistic regression was used to estimate the risk of amnesic mild cognitive impairment and dementia, with 95% confidence interval and controlling possible confounding effects of cognitive status, sociodemographic characteristics and functional status. RESULTS: 1520 participants were included in the cohort and 1243 were reassessed in follow up assessment. Participation in social activities was the most frequent, reported by 99.0% of the elderly, followed by participation in daily activities (95.0%), cognitive activities (63.0%) and physical activities (49.0%). We found positive associations between participation in activities and cognitive functioning ( 1.0; 95% CI 0.4-1.5) and between participation in cognitive activities and cognitive functioning ( 3.1; 95% CI 1.4-4.7). Participation in daily activities was associated with reduced risk of amnesic mild cognitive impairment (OR 0.9; CI 95% 0.84-0.99). Participation in activities was associated with reduced risk of dementia (OR 0.9; 95% CI 0.92-0.99) and participation in daily activities also shown to be associated with reduced risk of dementia (OR 0.9; 95% CI 0.83-0.98). CONCLUSIONS: Participation in activities possibly preserves the cognitive capacity and reduces the risk of amnesic mild cognitive impairment and dementia in Brazilian older adults. Unlike developed countries, Brazilian elderly population the most frequent activities are those that do not require education and purchasing power. Nevertheless, we found positive associations between participation in activities and cognition. We suggest that public policies should emphasize the participation in such activities as a preventive measure for cognitive impairment and dementia .Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPScazufca, MarciaRienzo, Vanessa Diana di2009-07-27info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5142/tde-29092009-173403/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:10:00Zoai:teses.usp.br:tde-29092009-173403Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:10Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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