Os nós da arqueologia: leituras da paisagem e memória na igreja de Nossa Senhora da Saúde, Rio de Janeiro - RJ
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2011 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/71/71131/tde-14102011-161217/ |
Resumo: | A capela foi construída em 1742, pelo comerciante de escravos Manoel da Costa Negreiros em devoção a Nossa Senhora da Saúde, no alto de um morro junto à faixa litorânea com destaque na paisagem da região atuando como ponto de referência para viajantes e navegadores da baía da Guanabara. O nome Saúde passou a nominar o morro e depois o bairro, e a capela a agir como um vetor na expansão urbana da cidade do Rio de Janeiro juntamente com o novo porto. A partir do século XVIII, a paisagem da região sofreu um processo radical de transformação: de área alagada, de rocio da cidade o qual apresentava um litoral recortado por várias baías e ilhas, transformou-se em área seca, composta por sucessivos aterros e faixa litorânea retilínea, uma área totalmente introduzida no núcleo urbano. Passando por várias transformações e proprietários estes vestígios nos chegaram ao século XXI quando encontramos com uma igreja abandonada, descaracterizada, inserida em uma área degradada, \"sufocada\" pela malha urbana atual, necessitando de restauro e de revitalização. O projeto de restauração da igreja contou com uma equipe multidisciplinar composta por historiadores, restauradores, arquitetos e arqueólogos. Através da análise dos resultados destas pesquisas foi possível a construção de diferentes \"passados\" os quais que se interpenetram e permanecem nesta que foi declarada patrimônio nacional a partir do seu tombamento (Processo nº 0036-T-38 de 02 de agosto de 1938). A partir da análise de uma massa de evidências e informações sobre a igreja, os arredores e sobre a cidade do Rio de Janeiro e seus habitantes, levantamos alguns indícios da presença e perpetuação de uma tradição judaica e da participação de múltiplos agentes, dentre eles, o judeu na formação de nossa sociedade. Utilizamos os conceitos teórico-metodológicos da \"arqueologia simétrica\", a partir dos quais a materialidade compreende uma \"rede\" encadeada por múltiplos agentes, o que possibilita mapear suas conexões no tempo e no espaço, ao invés de encerrá-la apenas em cronologias vazias e homogêneas. Estas conexões permitiram visualizar as redes de relações necessárias na formação e transformação do sítio, identificando os múltiplos agentes envolvidos na construção e manutenção do mesmo, percebendo ampliação destas redes de relações e comércio a partir das \"coisas\" recuperadas pela pesquisa. O vestígio produzido pelo ator ao ser abordado pelo arqueólogo passa a representar o ,,nó\" ideal para compreender as conexões que formam a rede e, a partir de uma análise simétrica ser capaz de (re) caracterizar nossa relação com a materialidade que sobreviveu ao passado e a materialidade contemporânea. Ao se associarem a uma rede de ações duradouras, todas as \"coisas\" se transformam em atores e estas \"coisas\" representam o \"nó\" ideal para \"receber\" e \"distribuir\" as conexões que formam a rede (OLSEN, 2003, p.98). O nosso \"nó\" ideal é a materialidade recuperada pela pesquisa arqueológica dentro da qual destacamos a própria edificação e os azulejos que revestem suas paredes trazendo-nos indícios de uma memória \"escondida\". |
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Os nós da arqueologia: leituras da paisagem e memória na igreja de Nossa Senhora da Saúde, Rio de Janeiro - RJThe ties of archaelogy: readings of landscape and memory in the church of Our Lady of Health, Rio de Janeiro - RJArqueologia históricaArqueologia simétricaCristãos-NovosCultura materialHistorical ArchaeologyMarranismMarranismoMaterial CultureNew- ChristiansSymmetric ArchaeologyA capela foi construída em 1742, pelo comerciante de escravos Manoel da Costa Negreiros em devoção a Nossa Senhora da Saúde, no alto de um morro junto à faixa litorânea com destaque na paisagem da região atuando como ponto de referência para viajantes e navegadores da baía da Guanabara. O nome Saúde passou a nominar o morro e depois o bairro, e a capela a agir como um vetor na expansão urbana da cidade do Rio de Janeiro juntamente com o novo porto. A partir do século XVIII, a paisagem da região sofreu um processo radical de transformação: de área alagada, de rocio da cidade o qual apresentava um litoral recortado por várias baías e ilhas, transformou-se em área seca, composta por sucessivos aterros e faixa litorânea retilínea, uma área totalmente introduzida no núcleo urbano. Passando por várias transformações e proprietários estes vestígios nos chegaram ao século XXI quando encontramos com uma igreja abandonada, descaracterizada, inserida em uma área degradada, \"sufocada\" pela malha urbana atual, necessitando de restauro e de revitalização. O projeto de restauração da igreja contou com uma equipe multidisciplinar composta por historiadores, restauradores, arquitetos e arqueólogos. Através da análise dos resultados destas pesquisas foi possível a construção de diferentes \"passados\" os quais que se interpenetram e permanecem nesta que foi declarada patrimônio nacional a partir do seu tombamento (Processo nº 0036-T-38 de 02 de agosto de 1938). A partir da análise de uma massa de evidências e informações sobre a igreja, os arredores e sobre a cidade do Rio de Janeiro e seus habitantes, levantamos alguns indícios da presença e perpetuação de uma tradição judaica e da participação de múltiplos agentes, dentre eles, o judeu na formação de nossa sociedade. Utilizamos os conceitos teórico-metodológicos da \"arqueologia simétrica\", a partir dos quais a materialidade compreende uma \"rede\" encadeada por múltiplos agentes, o que possibilita mapear suas conexões no tempo e no espaço, ao invés de encerrá-la apenas em cronologias vazias e homogêneas. Estas conexões permitiram visualizar as redes de relações necessárias na formação e transformação do sítio, identificando os múltiplos agentes envolvidos na construção e manutenção do mesmo, percebendo ampliação destas redes de relações e comércio a partir das \"coisas\" recuperadas pela pesquisa. O vestígio produzido pelo ator ao ser abordado pelo arqueólogo passa a representar o ,,nó\" ideal para compreender as conexões que formam a rede e, a partir de uma análise simétrica ser capaz de (re) caracterizar nossa relação com a materialidade que sobreviveu ao passado e a materialidade contemporânea. Ao se associarem a uma rede de ações duradouras, todas as \"coisas\" se transformam em atores e estas \"coisas\" representam o \"nó\" ideal para \"receber\" e \"distribuir\" as conexões que formam a rede (OLSEN, 2003, p.98). O nosso \"nó\" ideal é a materialidade recuperada pela pesquisa arqueológica dentro da qual destacamos a própria edificação e os azulejos que revestem suas paredes trazendo-nos indícios de uma memória \"escondida\".The chapel was built in 1742 by the slaves dealer Manoel da Costa Negreiros in devotion to Our Lady of Health, situated on a high hill together to the sea with prominence to the landscape of the region acting as a reference point for travellers and navegadores of bay of Guanabara.The Health\"s name became to nominate the hill, than the neighbourhood, and the chapel to act as a vector in urban expansion of the city of Rio de Janeiro together with the new port. From the XVIII century, the landscape of the region has suffered a radical process of transformation: from a soaked area, area peripheral of city, that represented a littoral zone with many bays and islands, becoming a dry area with successive earthwork and, a rectilinear sea zone, completely introduced in the urban zone. After many modifications and different owners the vestiges that got on the XXI century resulted in an abandoned church that urgently needs repair and reinvigoration.The church\"s reinvigoration project counted with a multi-disciplinary crew composed by historians, restorers, architectures and archaeologists. Through the researches analysis results was possible to build different \"pasts\" that represents the national patrimony since its recording as a historical site (Process nº 0036-T-38 August, 02 of 1938). Since all the churche\"s evidences and informations, surroundings of the city of Rio de Janeiro and their habitants, it shows indiction of a jewish tradition and the participation of multiples agents, between them, the jewish in the beginning of our society. We use the theorical-methodology concept\"s of a \"symmetric archaeology\", that includes a chain \"net\" with multiples agents, that maps the connection on time and space, instead of ending in an empty and homogenous chronologies. These connections permit to identify the relation nets necessary to build and transform the archaeological site, identifying the multiples agents involved to build and to maintain it, these nets contribute to the extension and business since the recovered \"stuff\" by the researches. The produced vestige by the actor and issued by the archaeologist represents the great \"tie\" to understand the connections that make the net and, a symmetrical analysis capable to make our relation with the materiality that left from the past and the contemporaneous materiality. Gathering in a supportable action, all the \"stuff\" become in actors and this \"stuff\" represent the ideal \"tie\" to \"receive\" and \"distribute\" the connections that make the net (OLSEN, 2003, p.98). The great \"tie\" and the recovered materiality by the archaeological research within point the own edification and the tiles that fill their walls bring the vestiges of a \"secret\" memory.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPAndreatta, Margarida DavinaMacedo, Jackeline de2011-04-18info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/71/71131/tde-14102011-161217/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:10:30Zoai:teses.usp.br:tde-14102011-161217Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:10:30Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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A capela foi construída em 1742, pelo comerciante de escravos Manoel da Costa Negreiros em devoção a Nossa Senhora da Saúde, no alto de um morro junto à faixa litorânea com destaque na paisagem da região atuando como ponto de referência para viajantes e navegadores da baía da Guanabara. O nome Saúde passou a nominar o morro e depois o bairro, e a capela a agir como um vetor na expansão urbana da cidade do Rio de Janeiro juntamente com o novo porto. A partir do século XVIII, a paisagem da região sofreu um processo radical de transformação: de área alagada, de rocio da cidade o qual apresentava um litoral recortado por várias baías e ilhas, transformou-se em área seca, composta por sucessivos aterros e faixa litorânea retilínea, uma área totalmente introduzida no núcleo urbano. Passando por várias transformações e proprietários estes vestígios nos chegaram ao século XXI quando encontramos com uma igreja abandonada, descaracterizada, inserida em uma área degradada, \"sufocada\" pela malha urbana atual, necessitando de restauro e de revitalização. O projeto de restauração da igreja contou com uma equipe multidisciplinar composta por historiadores, restauradores, arquitetos e arqueólogos. Através da análise dos resultados destas pesquisas foi possível a construção de diferentes \"passados\" os quais que se interpenetram e permanecem nesta que foi declarada patrimônio nacional a partir do seu tombamento (Processo nº 0036-T-38 de 02 de agosto de 1938). A partir da análise de uma massa de evidências e informações sobre a igreja, os arredores e sobre a cidade do Rio de Janeiro e seus habitantes, levantamos alguns indícios da presença e perpetuação de uma tradição judaica e da participação de múltiplos agentes, dentre eles, o judeu na formação de nossa sociedade. Utilizamos os conceitos teórico-metodológicos da \"arqueologia simétrica\", a partir dos quais a materialidade compreende uma \"rede\" encadeada por múltiplos agentes, o que possibilita mapear suas conexões no tempo e no espaço, ao invés de encerrá-la apenas em cronologias vazias e homogêneas. Estas conexões permitiram visualizar as redes de relações necessárias na formação e transformação do sítio, identificando os múltiplos agentes envolvidos na construção e manutenção do mesmo, percebendo ampliação destas redes de relações e comércio a partir das \"coisas\" recuperadas pela pesquisa. O vestígio produzido pelo ator ao ser abordado pelo arqueólogo passa a representar o ,,nó\" ideal para compreender as conexões que formam a rede e, a partir de uma análise simétrica ser capaz de (re) caracterizar nossa relação com a materialidade que sobreviveu ao passado e a materialidade contemporânea. Ao se associarem a uma rede de ações duradouras, todas as \"coisas\" se transformam em atores e estas \"coisas\" representam o \"nó\" ideal para \"receber\" e \"distribuir\" as conexões que formam a rede (OLSEN, 2003, p.98). O nosso \"nó\" ideal é a materialidade recuperada pela pesquisa arqueológica dentro da qual destacamos a própria edificação e os azulejos que revestem suas paredes trazendo-nos indícios de uma memória \"escondida\". |
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