O apetite da antropologia, o sabor atropofágico do saber antropológico: alteridade e identidade no caso Tupinambá
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 1998 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8132/tde-19082022-174238/ |
Resumo: | Este trabalho é uma proposta de análise da antropofagia no \"Novo Mundo\"nos séculos XVI e XVII, em relação a uma perspectiva - a abordagem antropológica -, problematica da através de uma metodologia de indagação - a História das Religiões. Partindo do reconhecimento de que a alimentação do homem é um dado cultural que tem uma importância pelo menos igual àquele pura e simplesmente alimentar, esse percurso de indagação pretende reservar uma atenção particular à relação que encontraremos, em diferentes momentos, entre dado cultural e dado alimentar/\"natural\". Tendo bem presente esses pressupostos, devemos levar em consideração, porém, o fato de que, nesse trabalho, estamos falando de um alimento muito particular: trata-se do homem que se torna, dentro de uma estrutura altamente ritualizada, alimento para outro homem, o qual, por sua vez, vive na perspectiva, altamente significativa para sua cultura, de se tornar, um dia ele mesmo alimento para os outros. Não podendo esquecer que existem duas \"formas de antropofagia\"- uma ritual e outra devida à carência alimentar -, vale ressaltar que a primeira prática é aquela ao redor da qual se desenvolverá nosso que, contudo, não deixara de tratar da segunda, todas as vezes que isso se revelar importante para esclarecer sobreposições e confusões tanto na terminologia quanto nas práticas. A distinção entre uma antropofagia caracterizada por sua prática ritual, contraposta a outra determinada por carência alimentar nos permite, ao mesmo tempo, escapar da inconsistência da contraposição sacro/profano, encontrando um fundamento distintivo que nos permite implementar de forma clara nossa abordagem de estudo. Pelo fato de reconhecer a importância do dado cultural no que diz respeito à alimentação do homem, a Antropologia se apresenta como perspectiva de análise imprescindível. Por outro lado, ela constituirá o esboço de um estudo crítico sobre sua própria característica de compreensão/digestão da alteridade cultural. Além do mais, a colocação da antropofagia ritual (\"sagrada\") no centro de nosso trabalho nos impõe o ponto de vista de uma metodologia de estudo histórico-religiosa. A utilidade dessa perspectiva de estudos está toda contida na adjetivação \"ritual\", que acompanha esta específica forma de antropofagia Trata-se, consequentemente, de esclarecer esses termos/conceitos, muitas vezes assumidos de forma acrítica, aos quais a escola histórico-religiosa tem dedicado tanta atenção, oferecendo uma significativa contribuição/problematização aos estudos históricos e antropológicos contemporâneos. Está além do nosso alcance e fora do nosso objetivo revelar a história da Antropologia ou da alimentação e seus rituais, entre os quais se encontraria o canibalismo. Trata-se, pelo contrario, de um percurso de e nos confins/margens na dimensão de uma espaço comum à Antropologia e à alimentação - tendo o canibalismo como fio condutor - e, com elas, à História das Religiões |
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