De braços para a lavoura a proprietários rurais?: imigrantes e o acesso à terra em São Paulo, 1886-1920
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2021 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8137/tde-01072021-182813/ |
Resumo: | O objetivo do presente trabalho é estudar a mobilidade econômica de imigrantes europeus via acesso à terra no estado de São Paulo no início do século XX. De 1886 a 1920, mais de 1,5 milhão de imigrantes europeus entraram no estado de São Paulo para trabalhar nas plantações de café ao lado de escravos e depois da abolição. Mais da metade desses imigrantes utilizou o programa de subsídios do governo provincial, posteriormente estadual, que previa passagens para cruzar o Atlântico, hospedagem na Hospedaria de Imigrantes na cidade de São Paulo após a chegada e contrato de trabalho em uma fazenda de café no interior. Os imigrantes eram normalmente pessoas pobres que, sem os subsídios, não teriam meios nem teriam escolhido São Paulo para migrar. O sonho de se tornarem proprietários de terras foi provavelmente o principal fator de atração para a maioria desses imigrantes. Apesar das leis fundiárias formuladas pelas elites agrárias e de uma política de imigração para atrair os europeus mais pobres para as fazendas, muitos estrangeiros realmente obtiveram terras, se assentaram e se integraram à sociedade brasileira e paulista. Inicialmente, esta tese reconstitui o processo de elaboração da legislação paulista de terras a partir dos debates na Assembleia Legislativa de São Paulo, jornais e em outras esferas para analisar as possibilidades e restrições enfrentadas pelos imigrantes no acesso à terra em São Paulo. Em seguida, utilizando dados de registros de matrícula de 1,5 milhão de imigrantes em trânsito pela Hospedaria de Imigrantes entre 1886 e 1920, analisou-se a distribuição dos estrangeiros pelos municípios e regiões de São Paulo entre os períodos de 1886 a 1900 e 1901 a 1920. Na sequência, foram utilizados dados individuais dos proprietários rurais listados na Estatística Agrícola e Zootécnica do Estado de São Paulo para o ano agrícola de 1904-5 e dados do censo agrícola para São Paulo do Recenseamento Geral de 1920 para traçar um panorama das propriedades rurais de estrangeiros e sua participação na agricultura paulista no início do século XX. Por fim, usando técnicas de análise de dados em Python, os nomes dos europeus listados como proprietários de terras na Estatística Agrícola de 1905 foram cruzados com os nomes dos imigrantes registrados na Hospedaria de Imigrantes entre 1886 e 1904. Esse cruzamento dos dados permitiu identificar quem eram e o número dos imigrantes da Hospedaria que conseguiram adquirir terras em São Paulo. O presente trabalho contribui não só para o estudo da imigração no Brasil e em São Paulo, ajudando a resolver um debate clássico na historiografia sobre se os imigrantes que foram trabalhar nas fazendas de café conseguiram ascender à condição de proprietários, mas também é útil para futuros trabalhos sobre integração e assimilação de estrangeiros em sociedades receptoras e estudos comparativos sobre o assunto. |
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De braços para a lavoura a proprietários rurais?: imigrantes e o acesso à terra em São Paulo, 1886-1920From hands to the farm to rural property owners?: immigrants and access to the land in São Paulo, 1886-1920Economic mobilityImigraçãoImmigrationLandLand legislationMobilidade econômicaPolítica fundiáriaSão PauloSão PauloTerrasO objetivo do presente trabalho é estudar a mobilidade econômica de imigrantes europeus via acesso à terra no estado de São Paulo no início do século XX. De 1886 a 1920, mais de 1,5 milhão de imigrantes europeus entraram no estado de São Paulo para trabalhar nas plantações de café ao lado de escravos e depois da abolição. Mais da metade desses imigrantes utilizou o programa de subsídios do governo provincial, posteriormente estadual, que previa passagens para cruzar o Atlântico, hospedagem na Hospedaria de Imigrantes na cidade de São Paulo após a chegada e contrato de trabalho em uma fazenda de café no interior. Os imigrantes eram normalmente pessoas pobres que, sem os subsídios, não teriam meios nem teriam escolhido São Paulo para migrar. O sonho de se tornarem proprietários de terras foi provavelmente o principal fator de atração para a maioria desses imigrantes. Apesar das leis fundiárias formuladas pelas elites agrárias e de uma política de imigração para atrair os europeus mais pobres para as fazendas, muitos estrangeiros realmente obtiveram terras, se assentaram e se integraram à sociedade brasileira e paulista. Inicialmente, esta tese reconstitui o processo de elaboração da legislação paulista de terras a partir dos debates na Assembleia Legislativa de São Paulo, jornais e em outras esferas para analisar as possibilidades e restrições enfrentadas pelos imigrantes no acesso à terra em São Paulo. Em seguida, utilizando dados de registros de matrícula de 1,5 milhão de imigrantes em trânsito pela Hospedaria de Imigrantes entre 1886 e 1920, analisou-se a distribuição dos estrangeiros pelos municípios e regiões de São Paulo entre os períodos de 1886 a 1900 e 1901 a 1920. Na sequência, foram utilizados dados individuais dos proprietários rurais listados na Estatística Agrícola e Zootécnica do Estado de São Paulo para o ano agrícola de 1904-5 e dados do censo agrícola para São Paulo do Recenseamento Geral de 1920 para traçar um panorama das propriedades rurais de estrangeiros e sua participação na agricultura paulista no início do século XX. Por fim, usando técnicas de análise de dados em Python, os nomes dos europeus listados como proprietários de terras na Estatística Agrícola de 1905 foram cruzados com os nomes dos imigrantes registrados na Hospedaria de Imigrantes entre 1886 e 1904. Esse cruzamento dos dados permitiu identificar quem eram e o número dos imigrantes da Hospedaria que conseguiram adquirir terras em São Paulo. O presente trabalho contribui não só para o estudo da imigração no Brasil e em São Paulo, ajudando a resolver um debate clássico na historiografia sobre se os imigrantes que foram trabalhar nas fazendas de café conseguiram ascender à condição de proprietários, mas também é útil para futuros trabalhos sobre integração e assimilação de estrangeiros em sociedades receptoras e estudos comparativos sobre o assunto.The present work aims to study the social and economic mobility of European immigrants via access to land in the state of São Paulo at the beginning of the 20th century. From 1886 to 1920, more than 1.5 million European immigrants entered the state of São Paulo to work on coffee plantations side by side with slaves and on the post-abolition. More than half of them came to the state through the provincial, later state, government\'s subsidy program, which provided for transatlantic tickets, accommodation in the Immigrant\'s Hostel at São Paulo city (Hopedaria de Imigrantes) after arrival and a work contract at a coffee farm in the countryside. These immigrants were normally poor people who, without subsidies, would have neither the means nor would choose São Paulo to migrate. The dream of becoming landowners was probably the main attraction factors for most of these immigrants. Despite land laws designed to protect existing agrarian elites and an immigration policy to attract the poorest Europeans, many have actually obtained land, settled and integrated themselves into Brazilian and São Paulo society. Initially, this thesis reconstructed the process of drafting São Paulo land legislation based on debates in the São Paulo Legislative Assembly and in São Paulo society to analyze the possibilities and restrictions faced by immigrants in accessing land in São Paulo. Then, using registration data from 1.5 million immigrants passed by the Immigrants\' Hostel between 1886 and 1920, the distribution of foreigners by the municipalities and regions of São Paulo between the periods from 1886 to 1900 and 1901 to 1920 was analyzed. In the sequence, individual data on rural landowners listed at the Agricultural and Zootechnical Statistics of the State of São Paulo for the 1904-5 agricultural year and aggregated data from the agricultural census for São Paulo from the 1920 General Census were used to provide an overview of foreigners\' rural properties and their participation in São Paulo agriculture in the early 20th century. Finally, using data analysis techniques in Python, the names of Europeans listed as landowners in the 1905 Agricultural Statistics were crossed with the names of immigrants registered at the Immigrants\' Hostel between 1886 and 1904. This data crossing allowed me to identify who were and how many of the immigrants from the Hostel managed to acquire land in São Paulo. The present work contributes not only to the study of immigration in Brazil and São Paulo, helping to resolve a classic historiographical debate about whether immigrants who came to work on coffee farms managed to rise to the status of landowners, but it is also useful for future work on integration and assimilation of foreigners in receiving societies and comparative studies on the subject.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPColistete, Renato PerimLanza, André Luiz2021-04-30info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8137/tde-01072021-182813/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2021-07-02T00:45:02Zoai:teses.usp.br:tde-01072021-182813Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212021-07-02T00:45:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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