Sobre avaliação em Psicanálise: em busca de um espelho que não deforme

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santos, Marina Gonçalves Gonzaga dos
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-15082022-134259/
Resumo: A questão da avaliação de psicoterapias parece ser inevitável, principalmente num contexto de políticas públicas e instituições de saúde. Tanto no âmbito público quanto no privado, as decisões de gestão precisam de insumos que possam ser compreendidos por pessoas externas às práticas clínicas para a tomada de decisões. Nesse cenário, a psicologia clínica foi convocada a se desenvolver, sobretudo no âmbito da produção científica, após contestações que questionavam se as intervenções em psicoterapia realmente facilitariam a recuperação dos pacientes atendidos, e o cenário não foi diferente com as psicoterapias orientadas psicanaliticamente. O crescimento de avaliações e pesquisas que desqualificam o lugar da psicanálise na área da saúde contribuiu para uma reação particularmente interessante de um grupo de pesquisadores franceses, que, num livro organizado por Brun, Roussillon e Attigui, propuseram metodologias de avaliação de psicoterapias psicanalíticas coerentes com a epistemologia da psicanálise. A partir de tais propostas, objetivamos discutir condições de possibilidade de uma avaliação da psicoterapia psicanalítica ou em psicanálise que seja coerente com a epistemologia psicanalítica. O presente trabalho é uma pesquisa teórica que intenciona ampliar a discussão acerca da questão da avaliação de psicoterapias orientadas psicanaliticamente. Num primeiro momento, utilizamos o método de revisão narrativa, que é caracterizada por não aplicar critérios sistemáticos na busca de literatura, e, posteriormente, propomos uma revisão integrativa, com o objetivo de averiguar quais métodos estão sendo utilizados para a avaliação de psicoterapias referenciadas na psicanálise. Nós nos inspiramos na leitura das propostas de avaliação apresentadas no livro de Brun, Roussillon e Attigui para propor como critérios de inclusão da revisão integrativa poderiam ser relacionados com a questão da transferência, da contratransferência e da simbolização. Encontramos uma predominância de metodologias quantitativas de pesquisa e o uso de instrumentos padronizados, como o método mais utilizado para averiguação dos processos de transformação dos sujeitos estudados. Concluímos propondo que a avaliação pode vir a desempenhar duas funções distintas em uma epistemologia psicanalítica: a primeira seria análoga a uma função de espelho, que possibilite uma maior apropriação da experiência decorrente da psicoterapia psicanalítica, tanto para o paciente quanto para o analista; a segunda função apoia-se nas noções de alteridade e de castração, abordando a necessidade de poder dialogar com outras áreas do conhecimento
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spelling Sobre avaliação em Psicanálise: em busca de um espelho que não deformeOn evaluation in Psychoanalysis: in search of a mirror that does not deformAvaliação TerapêuticaPsicanálisePsicoterapia PsicanalíticaPsychoanalysisPsychoanalytic PsychotherapyRevisão IntegrativaTherapeutic Evaluation, Integrative ReviewA questão da avaliação de psicoterapias parece ser inevitável, principalmente num contexto de políticas públicas e instituições de saúde. Tanto no âmbito público quanto no privado, as decisões de gestão precisam de insumos que possam ser compreendidos por pessoas externas às práticas clínicas para a tomada de decisões. Nesse cenário, a psicologia clínica foi convocada a se desenvolver, sobretudo no âmbito da produção científica, após contestações que questionavam se as intervenções em psicoterapia realmente facilitariam a recuperação dos pacientes atendidos, e o cenário não foi diferente com as psicoterapias orientadas psicanaliticamente. O crescimento de avaliações e pesquisas que desqualificam o lugar da psicanálise na área da saúde contribuiu para uma reação particularmente interessante de um grupo de pesquisadores franceses, que, num livro organizado por Brun, Roussillon e Attigui, propuseram metodologias de avaliação de psicoterapias psicanalíticas coerentes com a epistemologia da psicanálise. A partir de tais propostas, objetivamos discutir condições de possibilidade de uma avaliação da psicoterapia psicanalítica ou em psicanálise que seja coerente com a epistemologia psicanalítica. O presente trabalho é uma pesquisa teórica que intenciona ampliar a discussão acerca da questão da avaliação de psicoterapias orientadas psicanaliticamente. Num primeiro momento, utilizamos o método de revisão narrativa, que é caracterizada por não aplicar critérios sistemáticos na busca de literatura, e, posteriormente, propomos uma revisão integrativa, com o objetivo de averiguar quais métodos estão sendo utilizados para a avaliação de psicoterapias referenciadas na psicanálise. Nós nos inspiramos na leitura das propostas de avaliação apresentadas no livro de Brun, Roussillon e Attigui para propor como critérios de inclusão da revisão integrativa poderiam ser relacionados com a questão da transferência, da contratransferência e da simbolização. Encontramos uma predominância de metodologias quantitativas de pesquisa e o uso de instrumentos padronizados, como o método mais utilizado para averiguação dos processos de transformação dos sujeitos estudados. Concluímos propondo que a avaliação pode vir a desempenhar duas funções distintas em uma epistemologia psicanalítica: a primeira seria análoga a uma função de espelho, que possibilite uma maior apropriação da experiência decorrente da psicoterapia psicanalítica, tanto para o paciente quanto para o analista; a segunda função apoia-se nas noções de alteridade e de castração, abordando a necessidade de poder dialogar com outras áreas do conhecimentoThe matter of evaluating psychotherapies seems to be inevitable, especially in a context of public policies and health institutions. In both public and private spheres, management decisions need data that can be understood by people that are external from the clinical practice for decision-making. In this scenario, clinical psychology was called upon to develop, especially in the scope of scientific production, after claims that questioned if psychotherapy interventions would really enable the recovery of patients, and this was not different for psychoanalytic psychotherapies. The increase of evaluations and researches that disqualified the place of psychoanalysis in the health field contributed to a particularly interesting reaction from a group of French researchers, that, in a book organized by Brun, Roussillon and Attigui, proposed evaluation methodologies that are consistent with psychoanalysis epistemology. From those proposals, we aim to discuss conditions of possibilities for an evaluation in psychoanalytic psychotherapies or psychoanalysis that can be consistent with the psychoanalytic epistemology. The present work is a theoretical research, and the intention is to enlarge the discussion about the issue of evaluating psychoanalytic psychotherapies. In the first part, we used the method of narrative review, that is characterized by not applying systematic criteria in the literature research, then, we have proposed an integrative review that aims to ascertain which methods are being used to evaluate psychoanalytic psychotherapies. Inspired by the evaluation proposals presented in the book by Brun, Roussillon and Attigui, we have proposed inclusion criteria in the integrative review that can be related to the matter of transference, countertransference and symbolization. A predominance of quantitative methodologies has been found, and the use of standardized instruments was the most used method to verify the transformation processes in the subjects studied. We conclude by proposing that evaluations can perform two distinct roles in a psychoanalytic epistemology: the first would be analogous to a mirror function that allows a greater appropriation of the experience resulting from psychoanalytic psychotherapy, both for the patient and for the analyst; the second function is based on the notions of alterity and castration, addressing the need of being able to dialogue with other fields of knowledgeBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPCastanho, Pablo de Carvalho GodoyClemente, Claudia Kami Bastos OshiroSantos, Marina Gonçalves Gonzaga dos2022-06-24info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-15082022-134259/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2022-08-16T16:40:24Zoai:teses.usp.br:tde-15082022-134259Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212022-08-16T16:40:24Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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