Esquizo-experimentações com o currículo cultural de educação física

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Bonetto, Pedro Xavier Russo
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48137/tde-14122021-163620/
Resumo: A pesquisa buscou investigar as potencialidades do que se convencionou chamar de currículo cultural da Educação Física. Baseando-se no estudo da vida-trabalho de um professor, procurou produzir um memorando das linhas de força e das relações de poder que se engendram nas experiências curriculares pautadas pela vertente de ensino. Enquanto intervenção, ela se dá a partir de um engajamento teórico-pragmático visando a uma concepção educacional mais vibrátil, aberta e potente. Tomou como referencial empírico dez experiências pedagógicas em três anos de docência em uma Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) de São Paulo. Os enunciados pedagógicos do currículo cultural entram na qualidade de testagem, numa condição de esgarçamento e sob constante suspeita, dado que o currículo cultural não é um pressuposto, algo bem definido por uma teorização pronta e homogênea. Dúvidas, incertezas, dores, desconfianças e aflições foram alguns componentes da massa da obra do labor pedagógico empreendido. Intentou-se, a partir dos relatos, valorizar os modos de vida que lá se produzem, atribuindo prestígio e legitimidade ao trabalho pedagógico e aos conhecimentos educacionais elaborados. Como alvo, tivemos a produção das subjetividades, compreendidas então por processos em que as pessoas assumem determinadas posições, características, adotam formas de pensamento e ação, a partir dos inúmeros contextos, social, cultural, político e econômico, aos quais estão sujeitas. Nessa perspectiva, produzimos um cursum metodológico absolutamente original, inspirado na cartografia, na esquizoanálise e na pesquisa-intervenção. De perfil absolutamente qualitativo e inspirado nos conceitos de acontecimento e experimentação, alinhamo-nos à(s) filosofia(s) da diferença. Trata-se de uma perspectiva filosófica de forte oposição à ideia de totalidade e universalidade. A filosofia da diferença se interessa pela singularidade, multiplicidade, imanência e pelo devir, não pelas semelhanças, representações e identidades entre as coisas. A partir das esquizoexperimentações, produzimos vinte e uma virtualidades relacionadas com: a) as práticas de governamento e controle; b) os conhecimentos veiculados; e c) os sujeitos almejados. Os dados apontam que as experiências com a perspectiva cultural da Educação Física não eliminam práticas de governamento, regulação e controle, no máximo, tentam criar outras estratégias, potencialmente, menos autoritárias, burocráticas e coercitivas. As experiências também promoveram a veiculação de um tipo de conhecimento resultante da tematização e problematização absolutamente distinto da transmissão de um pensamento representacional. Por fim, as experiências pedagógicas inclinam-se para um projeto educacional que radicaliza a subjetivação a ponto de direcionar-se para um grande telos, que é a produção de subjetividades não fascistas. Em suma, as virtualidades indicam que as experiências curriculares com a teorização cultural de Educação Física diretamente relacionadas com o conceito de diferença (em sua concepção mais ampla), de acontecimento, multiplicidade e dos processos de singularização, agem como dispositivos sabots, ao empreenderem pequenas sabotagens na maquinaria escolar produtora das subjetividades dominantes relacionadas com a axiomática capitalística.
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Os enunciados pedagógicos do currículo cultural entram na qualidade de testagem, numa condição de esgarçamento e sob constante suspeita, dado que o currículo cultural não é um pressuposto, algo bem definido por uma teorização pronta e homogênea. Dúvidas, incertezas, dores, desconfianças e aflições foram alguns componentes da massa da obra do labor pedagógico empreendido. Intentou-se, a partir dos relatos, valorizar os modos de vida que lá se produzem, atribuindo prestígio e legitimidade ao trabalho pedagógico e aos conhecimentos educacionais elaborados. Como alvo, tivemos a produção das subjetividades, compreendidas então por processos em que as pessoas assumem determinadas posições, características, adotam formas de pensamento e ação, a partir dos inúmeros contextos, social, cultural, político e econômico, aos quais estão sujeitas. Nessa perspectiva, produzimos um cursum metodológico absolutamente original, inspirado na cartografia, na esquizoanálise e na pesquisa-intervenção. De perfil absolutamente qualitativo e inspirado nos conceitos de acontecimento e experimentação, alinhamo-nos à(s) filosofia(s) da diferença. Trata-se de uma perspectiva filosófica de forte oposição à ideia de totalidade e universalidade. A filosofia da diferença se interessa pela singularidade, multiplicidade, imanência e pelo devir, não pelas semelhanças, representações e identidades entre as coisas. A partir das esquizoexperimentações, produzimos vinte e uma virtualidades relacionadas com: a) as práticas de governamento e controle; b) os conhecimentos veiculados; e c) os sujeitos almejados. Os dados apontam que as experiências com a perspectiva cultural da Educação Física não eliminam práticas de governamento, regulação e controle, no máximo, tentam criar outras estratégias, potencialmente, menos autoritárias, burocráticas e coercitivas. As experiências também promoveram a veiculação de um tipo de conhecimento resultante da tematização e problematização absolutamente distinto da transmissão de um pensamento representacional. Por fim, as experiências pedagógicas inclinam-se para um projeto educacional que radicaliza a subjetivação a ponto de direcionar-se para um grande telos, que é a produção de subjetividades não fascistas. Em suma, as virtualidades indicam que as experiências curriculares com a teorização cultural de Educação Física diretamente relacionadas com o conceito de diferença (em sua concepção mais ampla), de acontecimento, multiplicidade e dos processos de singularização, agem como dispositivos sabots, ao empreenderem pequenas sabotagens na maquinaria escolar produtora das subjetividades dominantes relacionadas com a axiomática capitalística.The research sought to investigate the potentialities of what is called the cultural curriculum of Physical Education. Based on the study of the life-work of a teacher, it sought to produce a memorandum of the lines of force and power relations that are engendered in the curricular experiences guided by this teaching approach. As an intervention, it is based on a theoretical-pragmatic engagement aiming at a more vibrant, open, and powerful educational conception. It took as an empirical reference ten pedagogical experiences in three years of teaching in a Municipal Elementary School (EMEF) in São Paulo. The pedagogical enunciations of the cultural curriculum enter in the quality of testing, in a condition of fraying and under constant suspicion, since the cultural curriculum is not an assumption, something well defined by a ready and homogeneous theorization. Doubts, uncertainties, pains, mistrust, and afflictions were some of the components of the \"mass of work\" of the pedagogical work undertaken. The intention was, from the reports, to value the ways of life that are produced there, attributing prestige and legitimacy to the pedagogical work and the educational knowledge produced. As a target, we had the production of subjectivities, understood as processes in which people assume certain positions, characteristics, and adopt ways of thinking and acting, based on the countless social, cultural, political, and economic contexts to which they are subjected. In this perspective, we produced an absolutely original methodological cursum, inspired by cartography, schizoanalysis and research-intervention. With an absolutely qualitative profile and inspired by the concepts of happening and experimentation, we align ourselves to the philosophy(s) of difference. This is a philosophical perspective strongly opposed to the idea of totality and universality. The philosophy of difference is interested in singularity, multiplicity, immanence, and the becoming, not in the similarities, representations, and identities between things. From the schizoexperiments, we produced twenty-one virtualities related to: a) the practices of governance and control; b) the conveyed knowledge; and c) the desired subjects. The data indicate that the experiences with the cultural perspective of Physical Education do not eliminate practices of governance, regulation, and control; at most, they try to create other strategies, potentially, less authoritarian, bureaucratic, and coercive. The experiences also promoted the transmission of a type of knowledge resulting from thematization and problematization absolutely distinct from the transmission of a representational thought. Finally, the pedagogical experiments incline toward an educational project that radicalizes subjectivation to the point of directing itself toward a great telos, which is the production of non-fascist subjectivities. In short, the virtualities indicate that the curricular experiences with the cultural theorization of Physical Education directly related to the concept of difference (in its broadest conception), of happening, multiplicity and the processes of singularization, act as sabotage devices, by undertaking small sabotages in the school machinery producing dominant subjectivities related to the capitalist axiomatics.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPNeira, Marcos GarciaBonetto, Pedro Xavier Russo2021-10-15info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48137/tde-14122021-163620/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2021-12-17T13:17:03Zoai:teses.usp.br:tde-14122021-163620Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212021-12-17T13:17:03Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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