Seis sonatas e partias para violino solo de J. S. Bach ao violão: fundamentos para adaptação do ciclo

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Costa, Gustavo Silveira
Data de Publicação: 2012
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27157/tde-08032013-133951/
Resumo: Os Sei solo â Violino senza Baßo accompagnato de Johann Sebastian Bach (BWV 1001-1006) têm sido transcritos para violão em movimentos isolados desde o final do século XIX e a transcrição (1934) da grandiosa Ciaccona pelo espanhol Andrés Segovia (1893-1987) tornou-se uma peça central no repertório para violão, sobretudo porque que a escrita para violino sofreu um redimensionamento na adaptação do violonista. Por outro lado, as abordagens do ciclo completo no violão têm se aproximado cada vez mais da escrita original para violino. Kazuhito Yamashita (1989), autor da primeira gravação do ciclo completo no violão, se mostra ainda influenciado pela prática segoviana de transcrição, mas Frank Bungarten (1988 - Sonatas/2000 - Partitas) chega a rechaçar a transcrição BWV 1006a, em que o próprio compositor adiciona baixos e preenchimentos harmônicos; Elliot Fisk (2001) segue o exemplo de Bungarten, realizando linhas de baixo apenas ocasionalmente e Timo Korhonen (2009- 2010) leva esse tipo de abordagem ao ápice, não fazendo adição alguma. Contrariando a tendência atual, a única referência coeva que temos de J. S. Bach tocando seus solos de violino é ao clavicórdio, adicionando quanta harmonia ele julgasse necessário, segundo seu aluno Johann Friedrich Agricola. Transcrições dele e de seus contemporâneos nos mostram que a prática de transcrição sempre envolvia a modificação da escrita original para violino tendendo uma maior elaboração polifônica da obra segundo os recursos da nova instrumentação (normalmente teclado ou alaúde). Ao se transcrever os Sei solo para o violão, a prática da época revela que uma pretensa fidelidade ao texto original é tão equivocada do ponto de vista estilístico quanto seria a versão de Segovia se essa fosse julgada fora dos padrões de sua época. Por outro lado, há gravações parciais dos Sei solo ao violão que seguem em maior ou menor grau as práticas de transcrição e de execução barrocas, além de várias gravações do ciclo completo por alaudistas e cravistas que não hesitam em transfigurar a textura original da escrita para violino, para a adequação da escrita aos seus instrumentos. O presente estudo visa estabelecer os fundamentos de uma prática de transcrição para violão dos Sei solo com base nas técnicas de transcrição e de execução do período da composição sem a pretensão de autenticidade ou fidelidade, mas como fonte de recursos de instrumentação (pela reelaboração da textura polifônica com adições de linhas de baixo e preenchimentos harmônicos) e de expressão (pela adaptação de recursos estilísticos essenciais como as articulações e os ornamentos). Em segunda instância, o estudo apresenta uma nova transcrição para violão dos Sei solo como exemplo de aplicação dos fundamentos de adaptação dessas obras.
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Kazuhito Yamashita (1989), autor da primeira gravação do ciclo completo no violão, se mostra ainda influenciado pela prática segoviana de transcrição, mas Frank Bungarten (1988 - Sonatas/2000 - Partitas) chega a rechaçar a transcrição BWV 1006a, em que o próprio compositor adiciona baixos e preenchimentos harmônicos; Elliot Fisk (2001) segue o exemplo de Bungarten, realizando linhas de baixo apenas ocasionalmente e Timo Korhonen (2009- 2010) leva esse tipo de abordagem ao ápice, não fazendo adição alguma. Contrariando a tendência atual, a única referência coeva que temos de J. S. Bach tocando seus solos de violino é ao clavicórdio, adicionando quanta harmonia ele julgasse necessário, segundo seu aluno Johann Friedrich Agricola. Transcrições dele e de seus contemporâneos nos mostram que a prática de transcrição sempre envolvia a modificação da escrita original para violino tendendo uma maior elaboração polifônica da obra segundo os recursos da nova instrumentação (normalmente teclado ou alaúde). Ao se transcrever os Sei solo para o violão, a prática da época revela que uma pretensa fidelidade ao texto original é tão equivocada do ponto de vista estilístico quanto seria a versão de Segovia se essa fosse julgada fora dos padrões de sua época. Por outro lado, há gravações parciais dos Sei solo ao violão que seguem em maior ou menor grau as práticas de transcrição e de execução barrocas, além de várias gravações do ciclo completo por alaudistas e cravistas que não hesitam em transfigurar a textura original da escrita para violino, para a adequação da escrita aos seus instrumentos. O presente estudo visa estabelecer os fundamentos de uma prática de transcrição para violão dos Sei solo com base nas técnicas de transcrição e de execução do período da composição sem a pretensão de autenticidade ou fidelidade, mas como fonte de recursos de instrumentação (pela reelaboração da textura polifônica com adições de linhas de baixo e preenchimentos harmônicos) e de expressão (pela adaptação de recursos estilísticos essenciais como as articulações e os ornamentos). Em segunda instância, o estudo apresenta uma nova transcrição para violão dos Sei solo como exemplo de aplicação dos fundamentos de adaptação dessas obras.The Sei solo â Violino senza Baßo accompagnato by Johann Sebastian Bach (BWV 1001-1006) have been arranged for guitar as isolated movements since the end of the 19th century and the transcription (1934) of the great Ciaccona made by the Spaniard Andrés Segovia (1893-1987) became a central work on the repertory, mainly for he remodeled the violin writing when adapting it for guitar. In the other hand, more recent approaches of the cycle have been became progressively simpler and closer to the original writing for violin. The first recording of the cycle on guitar, made by Kazuhito Yamashita (1989), still shows influences of Segovia, but Frank Bungarten (1988 - Sonatas/2000 - Partitas) rejects even Bach\'s own transcription of the 3rd Partia, BWV 1006a, where the composer adds bass lines and harmonies; Elliot Fisk (2001) follows Bungarten\'s example, with few bass additions; Timo Korhonen (2009-2010) goes further and does not add any notes, relying just on the violin score. In opposition to today\'s tendency on guitar, the only reference we to Bach himself playing the violin Solos is on the clavichord, adding as much harmony as he considered necessary, as reports his student Johann Friedrich Agricola. Bach\'s and his contemporaries\' arrangements clearly show us that the change of the medium in a composition (usually violin or cello) always involved the modification of the original writing, generally having more polyphonic elaboration after the resources of the new instrument (normally keyboard or lute). The period\'s practice reveals that an intentioned fidelity to the original musical text in a guitar arrangement is as misplaced as it would be the Segovia\'s version when judged by today\'s standards. In the other hand, there are partial recordings of the Sei solo on the guitar that seek to follow the baroque\'s arrangement and performance practices. There are also several recordings of the whole cycle made by lute and harpsichord players that do not hesitated about changing the original writing for violin in order to adequate the works for their instruments. The present study aims to establish the adaptation principles of the Sei solo for guitar based on period\'s arrangement and performance practices with no pretention of reaching neither authenticity nor fidelity, but simply as instrumentation resources (when rewriting of polyphonic texture with additions of bass lines and harmonies) and expression resources (when adapting stylistic essentials like articulations and ornaments). The secondary purpose of this research is to exemplify an application of the adaptation principles by presenting a new arrangement of the Sei solo for guitar.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPRicciardi, Rubens RussomanoCosta, Gustavo Silveira2012-03-30info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27157/tde-08032013-133951/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:10:35Zoai:teses.usp.br:tde-08032013-133951Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:10:35Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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