José Veríssimo (1857-1916), intelectual amazônico: geração 1870 e a educação no Grão-Pará (1877-1891)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Moraes, Felipe Tavares de
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-17122018-124006/
Resumo: José Veríssimo foi uma figura-chave no campo intelectual paraense e brasileiro, destacandose como pensador social da história, cultura, antropologia, literatura e educação. O objetivo é investigar o fazer-se intelectual de José Veríssimo por meio das experiências literárias, políticas e educacionais, das redes de sociabilidade e da circulação em eventos internacionais, que possibilitaram o reconhecimento e a autorização do seu pensamento social e educacional sobre a sociedade e cultura amazônica; ou seja, considerar estas dimensões do fazer-se como um lugar de produção que constituiu o intelectual amazônico. A pesquisa seleciona na vasta produção do intelectual paraense, os trabalhos e a atuação em periódicos (jornais e revistas); a participação em eventos acadêmicos internacionais; como professor e diretor do Colégio Americano (1884-1890); e, na Diretoria da Instrução Pública (1889-1890), no período em que viveu no Pará (1877-1891). Este recorte justifica-se pelo silêncio bibliográfico entorno das obras históricas, etnográficas e educacionais de José Veríssimo produzidas no Pará, que estabeleceu a distinção entre a fase provincial (obras produzidas no Pará) e fase nacional (obras produzidas no Rio de Janeiro). Pelos trabalhos escritos no Rio de Janeiro foi reconhecido como um intelectual maduro, como crítico e historiador da literatura, obscurecendo etnógrafo, antropólogo e educador da realidade amazônica. O processo de modernização da Amazônica no século XIX ocorreu por uma integração nacional e uma inserção internacional. A abertura do rio Amazonas à navegação foi uma das medidas de integração do Extremo Norte do Império ao conjunto da nação, visando à garantia da sua integridade territorial e fluvial. É neste contexto que José Veríssimo produziu os seus estudos histórico-etnográficos e educacionais pautados nos postulados da política científica e na proposição de uma civilização laica e federativa conforme os cânones contestatórios e reformistas da Geração 1870. A experiência periódica na Revista Amazônica constituiu uma rede de sociabilidade com Franklin Távora, na Revista Brazileira, e Vicente e Ernesto Quesada, na Nueva Revista de Buenos Aires, e o compartilhamento de um projeto editorial que almejava a integração cultural e profissionalização do escritor latino-americano. A participação no Congresso Literário Internacional (1881), em Lisboa, agenciou os conhecimentos literários de José Veríssimo em defesa dos escritores brasileiros contra a acusação de pirataria literária (não pagamento de direitos autorais). No Congresso de Antropologia e Arqueologia Pré-Histórica (1889), em Paris, Veríssimo expôs um trabalho sobre a existência de uma antiga civilização indígena na Amazônia, socializando suas pesquisas sobre arqueologia e antropologia amazônica. A experiência educacional ocorreu em dois movimentos. Da difusão/propaganda da educação moderna na Sociedade Paraense Promotora da Instrução (1883-1884) à prática educativa no Colégio Americano (1884-1890). Da teorização sobre a prática educativa no A Educação Nacional (1890) à sua transformação em política pública na gestão como diretor da Instrução Pública no Governo Provisório Republicano (1889-1890). Estes foram os lugares do fazer-se intelectual amazônico de José Veríssimo no Pará.
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spelling José Veríssimo (1857-1916), intelectual amazônico: geração 1870 e a educação no Grão-Pará (1877-1891)José Veríssimo (1857-1916), an Amazonian intellectual: the generation 1870 and education in the Grão-Pará (1877-1891)Amazonian IntellectualCirculaçãoCirculationEducaçãoEducationIntelectual amazônicoJosé VeríssimoJosé VeríssimoSociabilidadeSociabilityJosé Veríssimo foi uma figura-chave no campo intelectual paraense e brasileiro, destacandose como pensador social da história, cultura, antropologia, literatura e educação. O objetivo é investigar o fazer-se intelectual de José Veríssimo por meio das experiências literárias, políticas e educacionais, das redes de sociabilidade e da circulação em eventos internacionais, que possibilitaram o reconhecimento e a autorização do seu pensamento social e educacional sobre a sociedade e cultura amazônica; ou seja, considerar estas dimensões do fazer-se como um lugar de produção que constituiu o intelectual amazônico. A pesquisa seleciona na vasta produção do intelectual paraense, os trabalhos e a atuação em periódicos (jornais e revistas); a participação em eventos acadêmicos internacionais; como professor e diretor do Colégio Americano (1884-1890); e, na Diretoria da Instrução Pública (1889-1890), no período em que viveu no Pará (1877-1891). Este recorte justifica-se pelo silêncio bibliográfico entorno das obras históricas, etnográficas e educacionais de José Veríssimo produzidas no Pará, que estabeleceu a distinção entre a fase provincial (obras produzidas no Pará) e fase nacional (obras produzidas no Rio de Janeiro). Pelos trabalhos escritos no Rio de Janeiro foi reconhecido como um intelectual maduro, como crítico e historiador da literatura, obscurecendo etnógrafo, antropólogo e educador da realidade amazônica. O processo de modernização da Amazônica no século XIX ocorreu por uma integração nacional e uma inserção internacional. A abertura do rio Amazonas à navegação foi uma das medidas de integração do Extremo Norte do Império ao conjunto da nação, visando à garantia da sua integridade territorial e fluvial. É neste contexto que José Veríssimo produziu os seus estudos histórico-etnográficos e educacionais pautados nos postulados da política científica e na proposição de uma civilização laica e federativa conforme os cânones contestatórios e reformistas da Geração 1870. A experiência periódica na Revista Amazônica constituiu uma rede de sociabilidade com Franklin Távora, na Revista Brazileira, e Vicente e Ernesto Quesada, na Nueva Revista de Buenos Aires, e o compartilhamento de um projeto editorial que almejava a integração cultural e profissionalização do escritor latino-americano. A participação no Congresso Literário Internacional (1881), em Lisboa, agenciou os conhecimentos literários de José Veríssimo em defesa dos escritores brasileiros contra a acusação de pirataria literária (não pagamento de direitos autorais). No Congresso de Antropologia e Arqueologia Pré-Histórica (1889), em Paris, Veríssimo expôs um trabalho sobre a existência de uma antiga civilização indígena na Amazônia, socializando suas pesquisas sobre arqueologia e antropologia amazônica. A experiência educacional ocorreu em dois movimentos. Da difusão/propaganda da educação moderna na Sociedade Paraense Promotora da Instrução (1883-1884) à prática educativa no Colégio Americano (1884-1890). Da teorização sobre a prática educativa no A Educação Nacional (1890) à sua transformação em política pública na gestão como diretor da Instrução Pública no Governo Provisório Republicano (1889-1890). Estes foram os lugares do fazer-se intelectual amazônico de José Veríssimo no Pará.José Veríssimo was a key figure in the Paraense and Brazilian intellectual field, highlighting himself as a social thinker of history, culture, anthropology, literature and education. The objective is to investigate the intellectual becoming of José Veríssimo through literary, political and educational experiences, networks of sociability and circulation in international events, which enabled the recognition and authorization of his social and educational thinking about society and Amazonian culture; that is to say, to consider these dimensions of becoming a place of production that constituted the Amazonian intellectual. The research selects in the vast production of the intellectual paraense, the works and the action in periodicals (newspapers and magazines); participation in international academic events; as professor and director of the American College (1884-1890); and in the Board of Public Instruction (18891890), during the period in which he lived in Pará (1877-1891). This clipping is justified by the bibliographic silence surrounding the historical, ethnographic and educational works of José Veríssimo produced in Pará, which established the distinction between the provincial phase (works produced in Pará) and national phase (works produced in Rio de Janeiro). For the works written in Rio de Janeiro was recognized as a \"mature\" intellectual, as a critic and historian of literature, obscuring ethnographer, anthropologist and educator of the Amazonian reality. The process of modernization of the Amazon in the nineteenth century occurred through national integration and an international insertion. The opening of the Amazon River to the navigation was one of the measures of integration of the Extreme North of the Empire to the whole of the nation, aiming at the guarantee of its territorial and fluvial integrity. It is in this context that José Veríssimo produced his historical-ethnographic and educational studies based on the postulates of scientific politics and the proposition of a laic and federative civilization according to the contestatory and reformist canons of the Generation 1870. The periodic experience in the Amazon Magazine constituted a network of sociability with Franklin Távora, in the Revista Brazileira, and Vicente and Ernesto Quesada, in the New Magazine of Buenos Aires, and the sharing of an editorial project that aimed at the cultural integration and professionalization of the Latin American writer. Participation in the International Literary Congress (1881), in Lisbon, acted the literary knowledge of José Veríssimo in defense of Brazilian writers against the charge of literary piracy (non-payment of copyright). At the Congress of Anthropology and Prehistoric Archeology (1889) in Paris, Verissimo presented a work on the existence of an ancient indigenous civilization in the Amazon, socializing his research on archeology and Amazonian anthropology. The educational experience occurred in two movements. From the diffusion / propaganda of modern education in the Society of Paraense Promoting Instruction (1883-1884) to educational practice in the American College (1884-1890). From theorizing about the educational practice in National Education (1890) to his transformation into public policy in the management as director of Public Instruction in the Republican Provisional Government (1889-1890). These were the places of becoming the Amazonian intellectual of José Veríssimo in Pará.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPBiccas, Maurilane de SouzaMoraes, Felipe Tavares de2018-09-18info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-17122018-124006/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2019-04-09T23:21:59Zoai:teses.usp.br:tde-17122018-124006Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212019-04-09T23:21:59Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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