Educação física cultural e africanidades: entre decolonialidades, Exu e encruzilhadas
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2021 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48137/tde-29062021-160358/ |
Resumo: | A presente pesquisa teve como objetivo compreender como as/os estudantes significam as práticas corporais de matriz afro-brasileira, quando tematizadas nas aulas de Educação Física, culturalmente orientadas, partindo-se do pressuposto de que tal teoria curricular se apresenta como alternativa contra-hegemônica, pois afirma as diferenças e se compromete com a formação de sujeitos solidários. O trabalho de campo consistiu na tematização de danças de matrizes culturais afro-brasileiras junto a duas turmas do Ensino Fundamental II de uma escola pública paulista. As experiências foram documentadas em caderno de registros, fotos, vídeos, áudios e diário de campo. Todo esse material empírico foi submetido à análise cultural. A partir das análises, podemos afirmar que o currículo cultural produz efeitos nas significações acerca das práticas corporais, confirmando estudos anteriores sobre o tema no contexto desta pesquisa, inicialmente, emergiram significações de recusa pelo não reconhecimento de algumas danças de matriz afro-brasileira, bem como pelo desconhecimento dos motivos de sua ausência nas aulas de Educação Física dos anos anteriores. Num segundo momento, a indignação, causada pelos conhecimentos acessados no decorrer da ampliação e aprofundamento, como também na problematização dos marcadores sociais, a saber, classe, gênero e raça, ocasionou que as turmas produzissem as danças estudadas com o engajamento de todas/os, apropriando-se da linguagem metafórica da prática corporal. Observou-se que o processo de significação efetivou-se ao longo da tematização, fazendo emergir encruzilhadas, mobilizadas no entrecruzamento dos pressupostos do currículo cultural de Educação Física, dos saberes dos estudos decoloniais e do pensamento de fronteira, materializado na rejeição de uma maneira única de ler a realidade, uma vez que, ao acessarem os diferentes conhecimentos das danças, além de questionarem sua ocorrência social, produziram outras possibilidades de dançar, veiculando os saberes discentes, a desobediência epistêmica, a recusa do cânone acadêmico, sistematizado pelos sujeitos universais eurocentrados. Isso tudo foi anunciado por uma perspectiva pluriversal, visto que se constatou, no reforço da performatividade das danças e nos diálogos estabelecidos entre as/os estudantes, a produção de conhecimentos; por fim, da Pedagogia das Encruzilhadas, anunciada em seus cruzos, rolês e ebós epistemológicos, houve a potencialização de uma epistemologia exuística, mobilizada a partir das africanidades, constatada na ressignificação da gestualidade, a partir dos diálogos estabelecidos nas vivências organizadas pelos representantes das danças, o que se evidenciou nas frestas ocupadas pelos saberes das/os estudantes. |
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As experiências foram documentadas em caderno de registros, fotos, vídeos, áudios e diário de campo. Todo esse material empírico foi submetido à análise cultural. A partir das análises, podemos afirmar que o currículo cultural produz efeitos nas significações acerca das práticas corporais, confirmando estudos anteriores sobre o tema no contexto desta pesquisa, inicialmente, emergiram significações de recusa pelo não reconhecimento de algumas danças de matriz afro-brasileira, bem como pelo desconhecimento dos motivos de sua ausência nas aulas de Educação Física dos anos anteriores. Num segundo momento, a indignação, causada pelos conhecimentos acessados no decorrer da ampliação e aprofundamento, como também na problematização dos marcadores sociais, a saber, classe, gênero e raça, ocasionou que as turmas produzissem as danças estudadas com o engajamento de todas/os, apropriando-se da linguagem metafórica da prática corporal. Observou-se que o processo de significação efetivou-se ao longo da tematização, fazendo emergir encruzilhadas, mobilizadas no entrecruzamento dos pressupostos do currículo cultural de Educação Física, dos saberes dos estudos decoloniais e do pensamento de fronteira, materializado na rejeição de uma maneira única de ler a realidade, uma vez que, ao acessarem os diferentes conhecimentos das danças, além de questionarem sua ocorrência social, produziram outras possibilidades de dançar, veiculando os saberes discentes, a desobediência epistêmica, a recusa do cânone acadêmico, sistematizado pelos sujeitos universais eurocentrados. Isso tudo foi anunciado por uma perspectiva pluriversal, visto que se constatou, no reforço da performatividade das danças e nos diálogos estabelecidos entre as/os estudantes, a produção de conhecimentos; por fim, da Pedagogia das Encruzilhadas, anunciada em seus cruzos, rolês e ebós epistemológicos, houve a potencialização de uma epistemologia exuística, mobilizada a partir das africanidades, constatada na ressignificação da gestualidade, a partir dos diálogos estabelecidos nas vivências organizadas pelos representantes das danças, o que se evidenciou nas frestas ocupadas pelos saberes das/os estudantes.This research aims to comprehend how students signify body practices of Afro-Brazilian matrix during physical education classes that are culturally oriented to a counter hegemonic curriculum, an alternative that asserts differences and commits to a formation of empathetic and supportive people. The field work consisted of two classes of Elementary students in a public school in São Paulo, Brazil. The theme of the classes was Afro-Brazilian dances. The experiences were documented on records, field journals, photographs, audio and videos. This empirical material was submitted to cultural analysis and it confirmed previous studies on cultural curriculum effect in constructing meanings of body practices. In the beginning of the research students would deny accepting the proposal due to the non-recognition of some Afro-Brazilian dances, as well as the ignorance of the reasons why they were never studied before, in earlier years of physical education classes. However, in a second moment, the indignation caused by the new amplified knowledge and the reflection of social markers (class, gender and race) made the students engage in dancing with true appropriation of the metaphorical language of body practice. The signification process was put into practice throughout the theme studies, marking crossroads emerge, mobilized in the intersection of the assumptions of the cultural curriculum of Physical Education, decolonial studies and frontier thinking, materialized in the rejection of a one-way vision of reading reality, once, after accessing different types of dances and questioning their social occurrence, they produced other possibilities conveying student knowledge, epistemic disobedience, refusal of academic canon, once before systematized by Eurocentered universal subjects. This was all announced by a pluriversal perspective and the production of knowledge verified in dancing performance and in students conversation. Finally, from the Pedagogy of the Crossroads, with its crosses, rolés and epistemological ebós, the potentiation of an exu-istic epistemology, mobilized from the africanities, perceived in the reframing of gestures, from the dialogues established in experiences organized by the representatives of the dance performances, which was evident in the cracks occupied by the students\' knowledge.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPNeira, Marcos GarciaReis, Ronaldo dos2021-04-16info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48137/tde-29062021-160358/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2021-07-02T18:35:02Zoai:teses.usp.br:tde-29062021-160358Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212021-07-02T18:35:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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