Francisco Prestes Maia e o projeto urbano para Panorama, 1945-1949

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Magdiel
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16139/tde-28042021-145619/
Resumo: A expansão do ramal de Agudos da Estrada de Ferro Paulista da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, ao longo do espigão entre os rios do Peixe e Aguapeí, determinou o processo de urbanização da Alta Paulista no Estado de São Paulo entre as décadas de 1940 e 1950. Sabendo do futuro prolongamento dos trilhos da ferrovia em direção ao rio Paraná, empresas imobiliárias colonizadoras fundaram patrimônios laicos na região, erguendo cidades novas como medida especulativa inserida numa estrutura agrária. Nesse processo, estradas de rodagem foram abertas integrando as regiões mais distantes, assim como atividades comerciais na exploração de madeira, no incentivo à agricultura de pequena propriedade e no loteamento urbano e rural. No mesmo contexto, verificamos que o poder público, Governo Federal e o Estado de São Paulo, desde o início do século XX à década de 1950, articularam ações planejadoras que buscavam impulsionar o desenvolvimento econômico, a integração regional e a ocupação do extremo oeste paulista, incluindo a Alta Paulista e o Vale do rio Paraná, por meio de levantamentos cartográficos, desenvolvimento da navegação e das atividades comerciais ao longo da bacia do rio Paraná, bem como pelas concessões para a expansão dos trilhos das ferrovias paulistas até sua margem e a abertura de estradas; tais ações se acentuam no Estado Novo e ganham novos contornos com a criação da CIBPU - Comissão Interestadual da Bacia Paraná-Uruguai no início da década de 1950. Em 1945, uma empresa imobiliária de Campinas, a Sociedade Imobiliária Panorama Ltda., ligada aos capitais de latifundiários e de políticos do interior paulista, adquiriu a gleba na fronteira da Alta Paulista com o rio Paraná, a fazenda São Marcos Evangelista, e propôs sobre ela a fundação de uma cidade nova intermodal que integrasse o porto fluvial existente no rio Paraná \"Porto das Marrecas\" com os futuros trilhos e terminal da ferrovia Paulista. Entre 1946 e 1947, o engenheiro arquiteto Francisco Prestes Maia, ex-prefeito de São Paulo e urbanista consagrado pelo \"Plano de Avenidas\", \"Plano de Melhoramentos Urbanos para Campinas\" e simpatizante naquele contexto do Estado Novo, será o responsável pelo desenvolvimento do projeto urbano dessa cidade, que já tinha nome, Panorama, sendo para esse urbanista, a sua primeira e única experiência de cidade nova. Nesse período, além de Panorama, 26 cidades novas, a maioria delas fruto da ação empreendedora de empresas imobiliárias colonizadoras surgem na Alta Paulista. Essa dissertação de mestrado tem por objeto o projeto urbano para a cidade nova intermodal de Panorama. Apresentaremos este projeto destacando suas plantas urbanísticas, o \"Relatório de Estudo e Projeto\", \"Memorial Descritivo\" e croquis, ambos manuscritos de Francisco Prestes Maia e documentos primários. Veremos que ao mesmo tempo em que temos um processo de urbanização de uma região, no surgimento de uma rede de cidades novas e de infraestruturas de comunicação e transportes, nós temos também o desenvolvimento do Urbanismo enquanto campo disciplinar e prática profissional com a participação de Francisco Prestes Maia projetando uma cidade nova, uma fato histórico exclusivo na trajetória do urbanista, bem como do processo de urbanização daquela região, visto que o projeto para Panorama, em diálogo com as principais correntes internacionais do urbanismo daquele período, estava à frente, técnica e teoricamente, das outras experiências urbanas contemporâneas na Alta Paulista. Nosso recorte histórico vai de 1941, ano em que os trilhos da ferrovia Paulista atingem a cidade de Tupã à 1949, quando verificamos as primeiras alterações no projeto original de Francisco Prestes Maia empreendidas pela diretoria da sociedade imobiliária. Nosso recorte geográfico é a Alta Paulista, especificamente a cidade de Panorama. Destacamos em todo esse processo o diálogo da Urbanização na formação de uma rede de cidades, e do Urbanismo, como campo de conhecimento e prática profissional, com a ação conjugada de três principais protagonistas: O poder público por meio de decretos, planos e concessões que viabilizaram a ocupação do extremo oeste paulista e da Alta Paulista; a ação das empresas imobiliárias colonizadoras que enxergaram no loteamento daquelas terras uma alternativa para levantar lucros, e a participação de Francisco Prestes Maia como urbanista no projeto urbano para Panorama.
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Nesse processo, estradas de rodagem foram abertas integrando as regiões mais distantes, assim como atividades comerciais na exploração de madeira, no incentivo à agricultura de pequena propriedade e no loteamento urbano e rural. No mesmo contexto, verificamos que o poder público, Governo Federal e o Estado de São Paulo, desde o início do século XX à década de 1950, articularam ações planejadoras que buscavam impulsionar o desenvolvimento econômico, a integração regional e a ocupação do extremo oeste paulista, incluindo a Alta Paulista e o Vale do rio Paraná, por meio de levantamentos cartográficos, desenvolvimento da navegação e das atividades comerciais ao longo da bacia do rio Paraná, bem como pelas concessões para a expansão dos trilhos das ferrovias paulistas até sua margem e a abertura de estradas; tais ações se acentuam no Estado Novo e ganham novos contornos com a criação da CIBPU - Comissão Interestadual da Bacia Paraná-Uruguai no início da década de 1950. Em 1945, uma empresa imobiliária de Campinas, a Sociedade Imobiliária Panorama Ltda., ligada aos capitais de latifundiários e de políticos do interior paulista, adquiriu a gleba na fronteira da Alta Paulista com o rio Paraná, a fazenda São Marcos Evangelista, e propôs sobre ela a fundação de uma cidade nova intermodal que integrasse o porto fluvial existente no rio Paraná \"Porto das Marrecas\" com os futuros trilhos e terminal da ferrovia Paulista. Entre 1946 e 1947, o engenheiro arquiteto Francisco Prestes Maia, ex-prefeito de São Paulo e urbanista consagrado pelo \"Plano de Avenidas\", \"Plano de Melhoramentos Urbanos para Campinas\" e simpatizante naquele contexto do Estado Novo, será o responsável pelo desenvolvimento do projeto urbano dessa cidade, que já tinha nome, Panorama, sendo para esse urbanista, a sua primeira e única experiência de cidade nova. Nesse período, além de Panorama, 26 cidades novas, a maioria delas fruto da ação empreendedora de empresas imobiliárias colonizadoras surgem na Alta Paulista. Essa dissertação de mestrado tem por objeto o projeto urbano para a cidade nova intermodal de Panorama. Apresentaremos este projeto destacando suas plantas urbanísticas, o \"Relatório de Estudo e Projeto\", \"Memorial Descritivo\" e croquis, ambos manuscritos de Francisco Prestes Maia e documentos primários. Veremos que ao mesmo tempo em que temos um processo de urbanização de uma região, no surgimento de uma rede de cidades novas e de infraestruturas de comunicação e transportes, nós temos também o desenvolvimento do Urbanismo enquanto campo disciplinar e prática profissional com a participação de Francisco Prestes Maia projetando uma cidade nova, uma fato histórico exclusivo na trajetória do urbanista, bem como do processo de urbanização daquela região, visto que o projeto para Panorama, em diálogo com as principais correntes internacionais do urbanismo daquele período, estava à frente, técnica e teoricamente, das outras experiências urbanas contemporâneas na Alta Paulista. Nosso recorte histórico vai de 1941, ano em que os trilhos da ferrovia Paulista atingem a cidade de Tupã à 1949, quando verificamos as primeiras alterações no projeto original de Francisco Prestes Maia empreendidas pela diretoria da sociedade imobiliária. Nosso recorte geográfico é a Alta Paulista, especificamente a cidade de Panorama. Destacamos em todo esse processo o diálogo da Urbanização na formação de uma rede de cidades, e do Urbanismo, como campo de conhecimento e prática profissional, com a ação conjugada de três principais protagonistas: O poder público por meio de decretos, planos e concessões que viabilizaram a ocupação do extremo oeste paulista e da Alta Paulista; a ação das empresas imobiliárias colonizadoras que enxergaram no loteamento daquelas terras uma alternativa para levantar lucros, e a participação de Francisco Prestes Maia como urbanista no projeto urbano para Panorama.The expansion of the Agudos branch of the Estrada de Ferro Paulista of Companhia Paulista de Estradas de Ferro, along the ridge between Peixe and Aguapeí rivers, have been determined the urbanization process of the Alta Paulista in the state of São Paulo between the 1940s and 1950s. Knowing the future extension of the railroad tracks towards the rio Paraná, real estate colonizing companies founded and built new towns in the region as a speculative measure inserted in an agrarian structure. In this process, roads were opened integrating the most distant regions; as well as commercial activities in wood exploitation, encouraging smallholder agriculture, and urban and rural allotment. In the same context, we found that the public power, the Federal Government and the State of São Paulo, from the beginning of the 20th century to the 1950s, articulated planning actions that sought to boost economic development, regional integration and occupation of the extreme west of São Paulo, including the Alta Paulista and the rio Paraná Valley, through cartographic surveys, development of navigation and commercial activities along the rio Paraná basin, as well as concessions for the expansion of railroad tracks to its margin and the opening of roads; Such actions are accentuated in the Estado Novo and gain new contours with the creation of the CIBPU - Comissão Interestadual da Bacia Paraná-Uruguai, in the early 1950s. In 1945, a real estate company in Campinas, Sociedade Imobiliária Panorama Ltda., linked to the capitals of landowners and politicians of the inland of São Paulo, acquired the land on the border of Alta Paulista with the rio Paraná, the São Marcos Evangelista farm, and proposed on it the foundation of a new intermodal city that would integrate the existing river port on the rio Paraná \"Porto das Marrecas\" with the future railroad tracks and terminal of ferrovia Paulista. Between 1946 and 1947, the engineer and architect Francisco Prestes Maia, former mayor of São Paulo and urban planner consecrated by the \"Plano de Avenidas\", \"Plano de Melhoramentos Urbanos para Campinas\", and sympathizer in that context of the Estado Novo, will be responsible for the development of the urban project of that city, which already had a name, Panorama, being for this urban planner his first and only experience of a new city. In this period, besides Panorama, 26 new towns, most of them the result of the entrepreneurial action of real estate companies that settled in Alta Paulista. This master\'s thesis is about the urban project for the new Panorama\'s intermodal city. We will present this project highlighting its urban plans, the \"Relatório de Estudo e Projeto\" (Study and Project Report), \"Memorial Descritivo\" (descriptive memorial), and sketches, both manuscripts by Francisco Prestes Maia and primary documents. We will see that while we have a process of urbanization of a region, in the emergence of a network of new towns and communication and transportation infrastructures, we also have the development of Urbanism as a disciplinary field and professional practice with the participation of Francisco Prestes Maia designing a new city, an exclusive historical fact in the trajectory of the urbanist, as well as the process of urbanization of that region, since the project for Panorama, in dialogue with the main international urbanism currents of that period, was technically and theoretically ahead of the other contemporary urban experiences in Alta Paulista. Our historical delimitation goes back to 1941, the year in which the railroad tracks of the São Paulo\'s Railway reached the city of Tupã in 1949, when we verified the first alterations in the original project of Francisco Prestes Maia undertaken by the board of the real estate company. Our geographical cut-off is Alta Paulista, specifically the city of Panorama. We highlight in all this process the dialogue of Urbanization in the formation of a network of towns, and Urbanism, as a field of knowledge and professional practice, with the combined action of three main protagonists: The public power through decrees, plans and concessions that made possible the occupation of the extreme west of São Paulo and the Alta Paulista; the action of companies and real estate companies that saw in the subdivision of those lands an alternative to raise profits, and the participation of Francisco Prestes Maia as urbanist in the urban project for Panorama.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPBassani, JorgeSilva, Magdiel2020-07-13info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16139/tde-28042021-145619/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2021-06-08T19:45:02Zoai:teses.usp.br:tde-28042021-145619Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212021-06-08T19:45:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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