Fatores prognósticos para evolução grave na infecção pelo vírus da febre amarela e recorrência de lesão hepática durante a epidemia brasileira de 2018-2019
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2023 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5168/tde-09052023-165444/ |
Resumo: | Introdução: A febre amarela (FA) é uma doença endêmica de regiões tropicais e subtropicais do continente sul-americano e africano. É causada pelo vírus da febre amarela, flavivírus transmitido através da picada de mosquitos. A infecção é prevenível por vacina com alta eficácia disponível desde o início do século XX, mas ainda é causa de surtos em regiões com cobertura vacinal inadequada. Este estudo avaliou os fatores de risco para óbito em pacientes com FA grave internados em leitos de terapia intensiva e a evolução dos casos sobreviventes em um período de 6 meses após a infecção inicial. Métodos: Sessenta e dois casos de FA grave internados em unidade de terapia intensiva no ano de 2018 foram avaliados quanto a variáveis clínicas e laboratoriais e sua relação com o óbito ou sobrevivência. Os casos sobreviventes de FA em 2018 e 2019 foram acompanhados clínica e laboratorialmente após a alta hospitalar. Resultados: Os casos de FA grave internados em unidade de terapia intensiva no ano de 2018 exibiram apresentação clínica diferente de descrições clássicas da doença pois a icterícia não foi percebida inicialmente, bem como o RNA viral pode ser detectado por semanas em sangue e urina. Já na análise de alterações laboratoriais, a regressão logística mostrou que a dosagem de fator V abaixo de 56,5% e da lipase acima de 147,5 U/L associaram-se diretamente ao óbito, enquanto a média de carga viral quando relacionada com o desfecho não foi estatisticamente significante. Entre os casos que não faleceram e puderam ser acompanhados após a alta, em 26 deles foi caracterizada uma nova inflamação no parênquima hepática, confirmada pelo incremento nas aminotransferases e estudo histopatológico compatível com inflamação tecidual e a presença antígenos virais imunomarcados no interior de macrófagos hepáticos, mesmo que fora do período de fase aguda da doença. Conclusões: A FA apresentou-se de maneira diferente do exposto previamente, tanto na sua forma clínica quanto na detecção viral prolongada em sangue e urina. Ainda é uma doença de potencial letalidade nos casos graves que necessitam de suporte intensivo. A dosagem da lipase e fator V discrimina os casos com maior probabilidade de óbito onde medidas terapêuticas podem ser instituídas precocemente. Encontramos um novo aumento de aminotransferases após a recuperação inicial de FA, denominada hepatite tardia associada à febre amarela (HT-FA) com alterações histopatológicas inflamatórias e presença de antígenos virais com aparente evolução benigna e sem fibrose hepática posterior até o momento. Os pacientes que sobrevivem à FA inicial necessitam de monitoramento de aminotransferases e bilirrubinas posteriormente à fase aguda inicial |
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Fatores prognósticos para evolução grave na infecção pelo vírus da febre amarela e recorrência de lesão hepática durante a epidemia brasileira de 2018-2019Prognostic factors for the severe evolution in yellow fever virus infection and recurrence of a new liver injury named late-onset relapsing hepatitis associated with yellow fever during the 2018-2019 Brazilian epidemicBiópsiaBiopsyFatores de riscoFebre amarelaFebres hemorrágicas viraisHemorrhagic fevers viralHepatiteHepatitisRecidivaRecurrenceRisk factorsYellow feverIntrodução: A febre amarela (FA) é uma doença endêmica de regiões tropicais e subtropicais do continente sul-americano e africano. É causada pelo vírus da febre amarela, flavivírus transmitido através da picada de mosquitos. A infecção é prevenível por vacina com alta eficácia disponível desde o início do século XX, mas ainda é causa de surtos em regiões com cobertura vacinal inadequada. Este estudo avaliou os fatores de risco para óbito em pacientes com FA grave internados em leitos de terapia intensiva e a evolução dos casos sobreviventes em um período de 6 meses após a infecção inicial. Métodos: Sessenta e dois casos de FA grave internados em unidade de terapia intensiva no ano de 2018 foram avaliados quanto a variáveis clínicas e laboratoriais e sua relação com o óbito ou sobrevivência. Os casos sobreviventes de FA em 2018 e 2019 foram acompanhados clínica e laboratorialmente após a alta hospitalar. Resultados: Os casos de FA grave internados em unidade de terapia intensiva no ano de 2018 exibiram apresentação clínica diferente de descrições clássicas da doença pois a icterícia não foi percebida inicialmente, bem como o RNA viral pode ser detectado por semanas em sangue e urina. Já na análise de alterações laboratoriais, a regressão logística mostrou que a dosagem de fator V abaixo de 56,5% e da lipase acima de 147,5 U/L associaram-se diretamente ao óbito, enquanto a média de carga viral quando relacionada com o desfecho não foi estatisticamente significante. Entre os casos que não faleceram e puderam ser acompanhados após a alta, em 26 deles foi caracterizada uma nova inflamação no parênquima hepática, confirmada pelo incremento nas aminotransferases e estudo histopatológico compatível com inflamação tecidual e a presença antígenos virais imunomarcados no interior de macrófagos hepáticos, mesmo que fora do período de fase aguda da doença. Conclusões: A FA apresentou-se de maneira diferente do exposto previamente, tanto na sua forma clínica quanto na detecção viral prolongada em sangue e urina. Ainda é uma doença de potencial letalidade nos casos graves que necessitam de suporte intensivo. A dosagem da lipase e fator V discrimina os casos com maior probabilidade de óbito onde medidas terapêuticas podem ser instituídas precocemente. Encontramos um novo aumento de aminotransferases após a recuperação inicial de FA, denominada hepatite tardia associada à febre amarela (HT-FA) com alterações histopatológicas inflamatórias e presença de antígenos virais com aparente evolução benigna e sem fibrose hepática posterior até o momento. Os pacientes que sobrevivem à FA inicial necessitam de monitoramento de aminotransferases e bilirrubinas posteriormente à fase aguda inicialIntroduction: Yellow fever (YF) is an endemic disease in tropical and subtropical regions of South America and Africa. It is caused by the yellow fever virus, a flavivirus transmitted through the bite of mosquitoes. The infection has been preventable by a highly effective vaccine available since the beginning of the 20th century, but it is still the cause of outbreaks in regions with inadequate vaccine coverage. This study evaluated risk factors for death in patients with severe YF admitted to intensive care beds and the outpatient evolution of surviving cases after the initial infection. Methods: Sixty-two cases of severe YF were admitted to the intensive care unit in 2018. The cases were evaluated for clinical and laboratory variables and their relationship with outcomes of death or survival. YF surviving cases in 2018 and 2019 were clinically and laboratory followed up after hospital discharge. Results: Cases of severe YF admitted to the intensive care unit in 2018 exhibited a clinical presentation distinct from classic descriptions of the disease. The jaundice was not initially witnessed, and viral RNA could be detected in blood and urine samples for several weeks. The logistic regression made with laboratory tests findings at the YF acute phase indicates that the dosage of factor V below 56.5% and lipase above 147.5 U/L were directly associated with death. However, the mean viral load did not show statistical significance related to the lethal outcome. Among the surviving cases that could be followed up after hospital discharge, 26 showed a new inflammation in the liver parenchyma, confirmed by the increase in aminotransferases and liver biopsy analysis. The histopathological study on liver samples exhibits tissue inflammation. The presence of immunolabeled viral antigens inside hepatic macrophages was registered, even after the acute phase of the disease. Conclusions: YF presented unusually from previously described, both in clinical form and in the prolonged viral RNA detection in blood and urine samples. Furthermore, YF is still a potentially lethal disease in severe cases that require intensive care. For these cases, lipase and factor V measures could discriminate the cases with a greater probability of death, and therapeutic measures should be defined early. After the initial acute phase, survival subjects require monitoring of aminotransferases and bilirubin. We found a new rebound in aminotransferases after the recovery from the initial YF, named late-onset relapsing hepatitis associated with yellow fever, with inflammatory histopathological changes and the presence of viral antigens. However, this second injury has an apparent benign evolution and no subsequent hepatic fibrosis detected to dateBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPPinho, João Renato RebelloCasadio, Luciana Vilas Boas2023-01-26info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5168/tde-09052023-165444/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2023-05-10T16:42:57Zoai:teses.usp.br:tde-09052023-165444Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-05-10T16:42:57Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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