A musicalidade como arcabouço da cena: caminhos para uma educação musical do teatro

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Cintra, Fabio Cardozo de Mello
Data de Publicação: 2006
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27139/tde-04082009-222601/
Resumo: Neste trabalho, proponho caminhos para uma educação musical no teatro, partindo da crença de que a cena pode ser compreendida como um evento regido e estruturado sobre bases musicais, a partir da similaridade existente nos modos de percepção do tempo na música e no teatro. É possível entender a cena a partir do conceito de mousiké, compreendido como a organização de som, silêncio, movimento e palavra no tempo-espaço. A mousiké funciona assim como o princípio organizador da obra artística como um todo. Tomo o conceito de cronotopo artístico, tal como utilizado por Patrice Pavis, como instrumento para a análise e elaboração da musicalidade cênica. Nesse contexto, torna-se essencial a questão do tempo, o que demanda do ator meios para sua percepção, apreensão e controle. Esta foi uma preocupação marcante na obra de diversos encenadores do século XX, examinados neste trabalho. A prática da música pode ser o ponto de partida ideal para encontrar esses meios e elaborar outros, os quais, por sua vez, podem ser encontrados em novas propostas - presentes na produção musical do século XX, e também examinadas aqui -, que transformaram os paradigmas de escuta vigentes. Proponho então uma educação do ator para a musicalidade da cena, a partir de uma pedagogia da escuta, necessariamente ligada à consciência e ao uso do corpo como centro da ação musical. Dessa forma, o ator deve tornar-se o ordenador da temporalidade cênica. Isto pode ser alcançado através da improvisação e do jogo, recursos presentes nas pedagogias do teatro e da música desde o início do século XX. Esses recursos proporcionam um tipo de aprendizado em rede, no qual tanto o conhecimento específico quanto as próprias metodologias de elaboração de aprendizagem são construídos coletivamente. A fim de apoiar meu pensamento pedagógico, elaborei um modelo, baseado no trinômio Escuta-Escrita-Execução. A improvisação e o jogo são aí trabalhados de forma simultânea, estabelecendo uma rede de ações que propicia o exercício conjunto da criação, da pesquisa e do aprendizado técnico. A formação musical para o teatro aqui proposta deve, portanto, contemplar as necessidades específicas da cena e proporcionar ao ator autonomia de criação e de construção de conhecimento nesse campo.
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Nesse contexto, torna-se essencial a questão do tempo, o que demanda do ator meios para sua percepção, apreensão e controle. Esta foi uma preocupação marcante na obra de diversos encenadores do século XX, examinados neste trabalho. A prática da música pode ser o ponto de partida ideal para encontrar esses meios e elaborar outros, os quais, por sua vez, podem ser encontrados em novas propostas - presentes na produção musical do século XX, e também examinadas aqui -, que transformaram os paradigmas de escuta vigentes. Proponho então uma educação do ator para a musicalidade da cena, a partir de uma pedagogia da escuta, necessariamente ligada à consciência e ao uso do corpo como centro da ação musical. Dessa forma, o ator deve tornar-se o ordenador da temporalidade cênica. Isto pode ser alcançado através da improvisação e do jogo, recursos presentes nas pedagogias do teatro e da música desde o início do século XX. Esses recursos proporcionam um tipo de aprendizado em rede, no qual tanto o conhecimento específico quanto as próprias metodologias de elaboração de aprendizagem são construídos coletivamente. A fim de apoiar meu pensamento pedagógico, elaborei um modelo, baseado no trinômio Escuta-Escrita-Execução. A improvisação e o jogo são aí trabalhados de forma simultânea, estabelecendo uma rede de ações que propicia o exercício conjunto da criação, da pesquisa e do aprendizado técnico. A formação musical para o teatro aqui proposta deve, portanto, contemplar as necessidades específicas da cena e proporcionar ao ator autonomia de criação e de construção de conhecimento nesse campo.On this thesis, I propose new ways for musical education in the theater, based on the belief that the scene can be understood as an event guided and structured on musical foundations, supported by the similarity that exists in the ways of perception of time in music and drama. It is possible to understand the scene on the grounds of the concept of mousiké, understood as the organization of sound, silence, movement and the spoken word in time and space. The mousiké becomes an organizing principle of the artistic work as a whole. I use the definition of artistic chronotope, as presented by Patrice Pavis, as an instrument for the analysis and elaboration of scenic musicality. On that context, the matter of time becomes essential, and that forces the actor to develop his perception, apprehension and control. That has been a constant concern in the work of many metteurs en scène of the 20th century investigated in this research. The practice of music can be the starting point to find these means and elaborate others, which may be found in new proposals existing in musical production of the 20th century and analyzed here - that have changed existing paradigms on hearing. I propose the education of the actor for the musicality of the scene, based on hearing pedagogy, strictly connected to the conscience and the use of the body as center of musical action. In that way, the actor must become the organizer of scenic temporality. That can be reached through improvisation and games, resources that are present in theater and music pedagogies since the beginning of the 20th century. These concepts provide a kind of net learning in which specific knowledge as well as personal methodology elaboration are built collectively. As means of support for my pedagogical thought, I worked on a model based on the triangle Hearing-Writing-Performing. Improvisation and game in that circumstance are developed simultaneously, establishing a net of actions that benefits collective learning, research and technical learning. The music formation for the theater proposed in here must contemplate the specific needs of the scene and fulfill the actor with autonomy of creation and the building of knowledge in that field.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPVendramini, José EduardoCintra, Fabio Cardozo de Mello2006-11-10info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27139/tde-04082009-222601/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:10:00Zoai:teses.usp.br:tde-04082009-222601Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:10Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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