Transcendência imanente: por uma estilística tensiva e intersemiótica

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Basso, Danyllo Ferreira Leite
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-24082022-121547/
Resumo: No território de uma Estilística Discursiva, de viés semiótico, essa proposta de pesquisa se lançou ao conceito de Intersemioticidade no cotejo com a noção de Estilo. A tese se firmou no fato de que em cada semioticidade, expõe-se um determinado estilo, visto como encarnação semântica do homem em/pelo seus textos, o que implica que a intersemioticidade desvela uma gama de \"vetores estilísticos\" (DISCINI, 2013): a maneira pela qual o sujeito transmuta uma semiose em outra radica seu estilo como presença no mundo. O objeto de análise convocado pela tese é o álbum de canção Admirável Chip Novo (2003), de Pitty, no diálogo com o romance Admirável Mundo Novo (1932), de Aldous Huxley. É também tese nossa a ideia de que o conceito de intersemioticidade apareça vinculado ao conceito de Sinestesia, que acaba por recuperar, de igual modo, as noções de estesia, estética e ética. Porque em cada sentido (perceptivo) há uma estesia. No entrecruzamento de sentidos, a sinestesia. Por isso, a intersemioticidade só pode estar a prevê uma \"interestesias\" que nada mais é, na verdade, do que uma sinestesia. Convocam-se, daí, no cerne de nosso pensamento as questões que encerram as noções de \"corpo\" e \"percepção\" no escopo teórico da Semiótica greimasiana e seus desdobramentos tensivos. Os desdobramentos da intersecção entre tais conceitos se fizeram necessárias por conta do gênero álbum de canção, inaugurado como objeto sincrético ao tangenciar diferentes substâncias e formas de expressão, para as quais se convoca o enunciatário enquanto percepção sinestésica, já que composta pelo cruzamento de sentidos - no sentido amplo que a carga semântica de \"sentido\" pode reverberar. A tese permaneceu no diálogo estabelecido entre a Semiótica de linha francesa e o arcabouço filosófico-linguageiro do Círculo de Bakhtin. O trabalho se beneficiou, ainda, da noção de \"estrutura aberta\" de Discini (2015), cotejada com o conceito de \"signo ideológico\" (BAKHTIN, 1992). A presente pesquisa, então, examinou o álbum enquanto gênero discursivo, ao articular uma temática (aquilo de que se diz), uma composição (na maneira em que se diz), ambas fundadoras, e fundadas, do/pelo estilo (um modo próprio e recorrente de dizer da maneira pela qual se diz). Da recorrência do dizer se depreende uma recorrência no modo de ser: o modo de se fazer presente. O estilo é o homem, diria Buffon. O estilo é duas pessoas, diria Bakhtin. A partir daí, concebeu-se o estilo como imanente e diferencial. Imanente se ancora na língua como estrutura, e por isso, fechada. Diferencial se inaugura na \"transcendência\": a abertura da estrutura. O caráter imanente instaurou uma análise que se baseou no formal, de onde se referenciou a semiótica enquanto teoria e método imanentes. O teor transcendente só foi integrado a partir do formal, quando a pesquisa se beneficiou do pensamento de Bakhtin. Tais noções firmaram o que se chama nesse trabalho de \"transcendência imanente\", apoiado nos estudos de uma Estilística Discursiva, de caráter semiótico, para que se desse conta do intra e do interlinguistico, do fechamento da estrutura e simultaneamente de sua abertura ao \"mundo percebido\" (MERLEAU-PONTY, 2015) e ao \"outro\" (BAKHTIN, 1992), de seus limites e limiares (DISCINI, 2014), para que então se possa operar na análise do funcionamento discursivo tal qual de sua inscrição histórica (FIORIN, 2012). O trabalho examinou da imanência à transcendência, pela aparência, no âmbito de uma estilística discursiva, um álbum de canção no que diz respeito à sua intersemioticidade estilística constitutiva, ainda mais robustecida no cotejo com um romance futurista.
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É também tese nossa a ideia de que o conceito de intersemioticidade apareça vinculado ao conceito de Sinestesia, que acaba por recuperar, de igual modo, as noções de estesia, estética e ética. Porque em cada sentido (perceptivo) há uma estesia. No entrecruzamento de sentidos, a sinestesia. Por isso, a intersemioticidade só pode estar a prevê uma \"interestesias\" que nada mais é, na verdade, do que uma sinestesia. Convocam-se, daí, no cerne de nosso pensamento as questões que encerram as noções de \"corpo\" e \"percepção\" no escopo teórico da Semiótica greimasiana e seus desdobramentos tensivos. Os desdobramentos da intersecção entre tais conceitos se fizeram necessárias por conta do gênero álbum de canção, inaugurado como objeto sincrético ao tangenciar diferentes substâncias e formas de expressão, para as quais se convoca o enunciatário enquanto percepção sinestésica, já que composta pelo cruzamento de sentidos - no sentido amplo que a carga semântica de \"sentido\" pode reverberar. A tese permaneceu no diálogo estabelecido entre a Semiótica de linha francesa e o arcabouço filosófico-linguageiro do Círculo de Bakhtin. O trabalho se beneficiou, ainda, da noção de \"estrutura aberta\" de Discini (2015), cotejada com o conceito de \"signo ideológico\" (BAKHTIN, 1992). A presente pesquisa, então, examinou o álbum enquanto gênero discursivo, ao articular uma temática (aquilo de que se diz), uma composição (na maneira em que se diz), ambas fundadoras, e fundadas, do/pelo estilo (um modo próprio e recorrente de dizer da maneira pela qual se diz). Da recorrência do dizer se depreende uma recorrência no modo de ser: o modo de se fazer presente. O estilo é o homem, diria Buffon. O estilo é duas pessoas, diria Bakhtin. A partir daí, concebeu-se o estilo como imanente e diferencial. Imanente se ancora na língua como estrutura, e por isso, fechada. Diferencial se inaugura na \"transcendência\": a abertura da estrutura. O caráter imanente instaurou uma análise que se baseou no formal, de onde se referenciou a semiótica enquanto teoria e método imanentes. O teor transcendente só foi integrado a partir do formal, quando a pesquisa se beneficiou do pensamento de Bakhtin. Tais noções firmaram o que se chama nesse trabalho de \"transcendência imanente\", apoiado nos estudos de uma Estilística Discursiva, de caráter semiótico, para que se desse conta do intra e do interlinguistico, do fechamento da estrutura e simultaneamente de sua abertura ao \"mundo percebido\" (MERLEAU-PONTY, 2015) e ao \"outro\" (BAKHTIN, 1992), de seus limites e limiares (DISCINI, 2014), para que então se possa operar na análise do funcionamento discursivo tal qual de sua inscrição histórica (FIORIN, 2012). O trabalho examinou da imanência à transcendência, pela aparência, no âmbito de uma estilística discursiva, um álbum de canção no que diz respeito à sua intersemioticidade estilística constitutiva, ainda mais robustecida no cotejo com um romance futurista.In the territory of Discursive Stylistics, with a semiotic bias, this research proposal discussed the concept of Intersemioticity in comparison with the notion of Style. The thesis was based on the fact that in each semioticity a certain style is exposed, seen as the semantic incarnation of man in/through his texts, which implies that intersemioticity reveals a range of \"stylistic vectors\'\' (DISCINI, 2013): the way in which the subject transmutes one semiosis into another is rooted in his style as a presence in the world. The object of analysis brought by the thesis is the album \"Admirável Chip Novo\" (2003) by Pitty in dialogue with the novel Brave New World (1932) by Aldous Huxley. It is also our thesis that the concept of intersemioticity appears linked to that of Synesthesia, which ends up recovering, in the same way, the notions of aesthesia, aesthetics and ethics, because in each (perceptive) sense there is an esthesia. In the intersection of senses, synesthesia. Therefore, intersemioticity can only be predicting an \"interesthesia\" that is, in fact, nothing more than a synesthesia. Then, at the heart of our thinking, the questions that enclose the notions of \"body\" and \"perception\" in the theoretical scope of Greimasian Semiotics and its tensive unfoldings are summoned. The unfolding of the intersection in the midst of such concepts was necessary due to the music album genre, inaugurated as a syncretic object when touching different substances and forms of expression, for which the enunciatee is summoned as a synesthetic perception, since it is composed by the intersection of senses - in the broad sense that the semantic charge of \"sense\" can reverberate. The thesis remained in the dialogue established between French Semiotics and the philosophical-language framework of the Bakhtin Circle. The work also benefited from the notion of an \"open structure\" by Discini (2015), compared with the concept of \"ideological sign\" (BAKHTIN, 1992). Then, the present research examined the album as a discursive genre by articulating a theme (what is said), a composition (in the way in which it is said), both founding and founded of/by the style (a proper and recurrent way to say the way it is said). From the recurrence of saying, a recurrence in the way of being emerges: the way of being present. Style is the man, Buffon would say. Style is two people, Bakhtin would say. From there, style was conceived as immanent and differential. Immanent is anchored in language as a structure, and therefore, closed. Differential is inaugurated in \"transcendence\": the opening of the structure. The immanent character established an analysis that was based on the formal, from which semiotics was referenced as immanent theory and method. The transcendent content was only integrated from the formal, when the research benefited from Bakhtin\'s thinking. Such notions established what is called in this work \"immanent transcendence\", supported by studies of a Discursive Stylistics, with a semiotic character, in order to realize the intra and interlinguistic, the closure of the structure and simultaneously its opening to the \"perceived world\" (MERLEAU-PONTY, 2015) and to the \"other\" (BAKHTIN, 1992), from its limits and thresholds (DISCINI, 2014), so that one can operate in the analysis of the discursive functioning as in its historical inscription (FIORIN, 2012). The work examined from immanence to transcendence, through appearance, within the scope of a discursive stylistics, an album with regard to its constitutive stylistic intersemioticity, even more robust in the comparison with a futuristic novel.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPCampos, Norma Discini deBasso, Danyllo Ferreira Leite2022-02-17info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-24082022-121547/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2022-08-24T15:34:17Zoai:teses.usp.br:tde-24082022-121547Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212022-08-24T15:34:17Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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