Gestão colegiada: um desafio para equipe multiprofissional

• Autor(a) principal: Andrea Bernardes
• Data de Publicação: 2005
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
• Texto Completo: https://doi.org/10.11606/T.22.2005.tde-19092008-141912

O presente estudo surgiu do desejo de analisar as transformações ocorridas no cotidiano de trabalho de diferentes profissionais, decorrentes da implantação de um modelo de gestão inovador em um hospital público do município de Volta Redonda - RJ. O referencial teórico adotado trata-se da Gestão Colegiada ou Participativa que foi amplamente estudada por Luiz Carlos de Oliveira Cecílio e Gastão W. S. Campos, além de outros.Tem como objetivos compreender a estrutura organizacional da instituição, identificar as alterações ocorridas na comunicação, tomada de decisão e poder, identificar e analisar as dificuldades encontradas no processo de mudança do estilo gerencial, bem como compreender como as mudanças interferem no cotidiano da equipe multiprofissional. A pesquisa qualitativa, através da abordagem do Estudo de Caso, proporcionou uma análise ampla e profunda do processo de implantação deste estilo gerencial participativo e descentralizado. As técnicas empregadas para a Coleta de Dados foram a análise documental e entrevista semi-estrututrada. Dentre as várias técnicas propostas para análise dos dados, optamos pela utilização da Análise Temática de Conteúdo descrita por Bardin. Os resultados do estudo revelam facilitação no processo de comunicação dentro das unidades assistenciais. Entretanto, a comunicação interunidades ainda é incipiente. Embora o hospital tenha baixa governabilidade para assuntos relacionados a Recursos Humanos, já que é uma autarquia da Prefeitura Municipal, a tomada de decisão e o poder aumentaram no que se refere às questões internas. Um outro aspecto que vem prejudicar a concretização do modelo de gestão, é que grande parte dos funcionários de nível elementar não está completamente engajada neste processo, especialmente no que tange aos profissionais que atuam no período noturno. Por outro lado, cabe ressaltar que, apesar dessa desarticulação dos técnicos e auxiliares de enfermagem, estes conseguem visualizar que houve relativização do poder e da autonomia para decidir no âmbito da unidade de trabalho. Acreditamos que o enfermeiro é o profissional mais qualificado para assumir cargos gerenciais, no entanto, a hegemonia e o poder médicos ainda se mantêm fortes na instituição. Ressaltamos que a maioria dos profissionais médicos permanece por tempo reduzido na instituição, se dedica pouco às atribuições gerenciais, além de ter dificuldades em flexibilizar as decisões e o poder. Estes fatos impedem a completa integração e interação com os demais elementos da equipe, o que prejudica expressivamente a efetivação do modelo de gestão adotado. Na tentativa de minimizar essas ocorrências, são realizadas reuniões mensais onde são levantados e discutidos problemas inerentes às unidades. Embora não haja a adesão completa dos profissionais e, apesar dos entraves que ofuscam a implantação plena e mais eficaz do modelo de Gestão Colegiada, evidenciamos que há maior adequação e qualidade no atendimento prestado ao usuário, fato que se constitui na principal missão desta organização. Há que se ressaltar que a grande maioria dos profissionais considera que houve uma repercussão positiva sobre a instituição, na medida em que se vislumbra a duplicação da área física, aumento do número de leitos, a incorporação de tecnologias avançadas e uma quantidade muito maior de serviços oferecidos à população, sendo atualmente considerada como referência da rede básica de saúde de Volta Redonda e dos municípios da região.