Atividades extracurriculares: percepções e vivências durante a formação médica

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Peres, Cristiane Martins
Data de Publicação: 2006
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-15032007-145459/
Resumo: Estudos recentes apontam para a importância de investigações mais abrangentes sobre o universo da formação médica, ressaltando que essa não é constituída somente de habilidades e procedimentos, mas, principalmente, por um complexo quadro de atitudes. Percebe-se que a carga horária do curso é extenuante e, mesmo assim, muitos estudantes se envolvem com uma infinidade de atividades extras durante a sua formação, construindo vasto currículo paralelo. Este estudo objetivou investigar as concepções dos estudantes de uma Faculdade de Medicina sobre as vivências, peculiaridades e papéis das atividades extracurriculares durante a formação médica. A investigação foi orientada pela abordagem qualitativa e estruturada em três etapas: pré-inquérito por meio da aplicação de questionário aos estudantes do 1º ao 6º ano de Medicina (n=423); entrevistas individuais, segundo roteiro semi-estruturado (n=24) e entrevistas em dois grupos focais constituídos por três encontros (n=14). Na 1ª etapa do estudo, os resultados apontaram que 90% dos participantes do 2º ano até o 4º ano do curso participam de atividades extracurriculares que estão vinculadas ao contexto universitário e despendem, em média, mais de 8h semanais. A participação em ligas acadêmicas foi a atividade mais freqüentemente relatada pelos estudantes do 1º ao 4º ano, sendo que “aproximar da prática médica" foi o principal motivo apontado nesse quesito. Em relação ao 5º e ao 6º ano, as participações em atividades de iniciação científica e monitorias foram as mais relatadas e motivadas pela “contribuição para o currículo". A Atlética, entidade estudantil que objetiva a participação em competições desportivas, obteve o envolvimento constante dos estudantes durante todos os anos do curso. Os dados advindos das entrevistas individuais revelaram que os estudantes de medicina identificam seu envolvimento com atividades extracurriculares como tentativa de preencher lacunas curriculares, suplementar o curso, integrar-se com os colegas de diferentes anos, atenderem indagações profissionais futuras e/ou proporcionar o distanciamento do cotidiano médico. A utilização da estratégia em grupo focal, alicerçada na abordagem do Sociodrama Educacional, possibilitou que conflitos e contradições, relativos ao cotidiano da formação médica, acabassem por emergir. Apesar dos benefícios apontados pelos estudantes, os dados levantados evidenciam sentimentos de insegurança e conflitos decorrentes da dificuldade deles em conciliar as atividades extracurriculares, o lazer e o curso. Além disso, as percepções dos estudantes sugerem a necessidade premente de ocupação do tempo livre, manifestando um antagonismo diante das insatisfações advindas do vulnerável período do curso médico.
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spelling Atividades extracurriculares: percepções e vivências durante a formação médicaExtracurricular activities: perceptions and experiences during the medical formationatividades extracurricularescurrículo paraleloeducação médicaestudante de medicinaextracurricular activitiesmedical educationmedicine studentparallel curriculumEstudos recentes apontam para a importância de investigações mais abrangentes sobre o universo da formação médica, ressaltando que essa não é constituída somente de habilidades e procedimentos, mas, principalmente, por um complexo quadro de atitudes. Percebe-se que a carga horária do curso é extenuante e, mesmo assim, muitos estudantes se envolvem com uma infinidade de atividades extras durante a sua formação, construindo vasto currículo paralelo. Este estudo objetivou investigar as concepções dos estudantes de uma Faculdade de Medicina sobre as vivências, peculiaridades e papéis das atividades extracurriculares durante a formação médica. A investigação foi orientada pela abordagem qualitativa e estruturada em três etapas: pré-inquérito por meio da aplicação de questionário aos estudantes do 1º ao 6º ano de Medicina (n=423); entrevistas individuais, segundo roteiro semi-estruturado (n=24) e entrevistas em dois grupos focais constituídos por três encontros (n=14). Na 1ª etapa do estudo, os resultados apontaram que 90% dos participantes do 2º ano até o 4º ano do curso participam de atividades extracurriculares que estão vinculadas ao contexto universitário e despendem, em média, mais de 8h semanais. A participação em ligas acadêmicas foi a atividade mais freqüentemente relatada pelos estudantes do 1º ao 4º ano, sendo que “aproximar da prática médica" foi o principal motivo apontado nesse quesito. Em relação ao 5º e ao 6º ano, as participações em atividades de iniciação científica e monitorias foram as mais relatadas e motivadas pela “contribuição para o currículo". A Atlética, entidade estudantil que objetiva a participação em competições desportivas, obteve o envolvimento constante dos estudantes durante todos os anos do curso. Os dados advindos das entrevistas individuais revelaram que os estudantes de medicina identificam seu envolvimento com atividades extracurriculares como tentativa de preencher lacunas curriculares, suplementar o curso, integrar-se com os colegas de diferentes anos, atenderem indagações profissionais futuras e/ou proporcionar o distanciamento do cotidiano médico. A utilização da estratégia em grupo focal, alicerçada na abordagem do Sociodrama Educacional, possibilitou que conflitos e contradições, relativos ao cotidiano da formação médica, acabassem por emergir. Apesar dos benefícios apontados pelos estudantes, os dados levantados evidenciam sentimentos de insegurança e conflitos decorrentes da dificuldade deles em conciliar as atividades extracurriculares, o lazer e o curso. Além disso, as percepções dos estudantes sugerem a necessidade premente de ocupação do tempo livre, manifestando um antagonismo diante das insatisfações advindas do vulnerável período do curso médico.Recent studies show the importance of more including inquiries on the universe of the medical formation, standing out that this is not only constituted of abilities and procedures, but, mainly, for a complex group of attitudes. The schedule of the course is exhausting, thus, many students involve themselves with an infinity of extra activities during their formation, constructing a vast parallel curriculum. This study aimed at inquiring the perceptions of students at a Medical School about their experiences and peculiarities, as well as the role of extracurricular activities during the medical formation. The inquiry was guided by the qualitative and structuralized boarding in three stages: pre-inquiry through the questionnaire application from 1st to 6th year of Medicine students (n=423); individual interviews, according to semi-structuralized script (n=24) and interviews in two focal groups consisting by three meetings (n=14). In the 1st stage of the study, the results had pointed that 90% of the participants of 2nd to 4th year of the course participate of extracurricular activities that are tied with the university context and expend, on average, 8h weekly. The participation in academic leagues was the activity more frequently told by the 1st to 4th year students, where “to approach to the medical practice" was the main reason pointed in this question. Regarding the 5th and 6th year, the participation in activities of scientific initiation and monitorized had been told and motivated by the “contribution for the curriculum". The “Atlética", an entity for students that objective the participation in sporting competitions, got the constant envolvement of the students during every year of the course. The resulting data of the individual interviews had disclosed that the medicine students identify their envolvement with extracurricular activities as an attempt to fill curricular gaps, to suplement the course, to combine themselves with the colleagues of different years, to take care of future professional investigations and/or to keep away from the medical routine. The use of the strategy in focal group, based on the approach of the Educational Sociodrama, made possible the appearance of conflicts and contradictions, related to the daily routine of the medical formation. Although the benefits students pointed, data evidence feelings of unreliability and decurrent conflicts because of their difficulty in conciliating the extracurricular activities, the leisure and the course. Moreover, the perceptions of the students suggest the necessity of free time occupation which serves as possible “counterpart" from the contradictions and dissatisfactions of the vulnerable period of the medical course.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPAndrade, Antonio dos SantosPeres, Cristiane Martins2006-07-28info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-15032007-145459/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2019-04-16T20:48:23Zoai:teses.usp.br:tde-15032007-145459Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212019-04-16T20:48:23Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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