De Quem são eles? a O que ofertamos nós?: produção de uma política de educação especial como experiência formativa

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Brandstätter, Renata Montrezol
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48137/tde-02072021-144445/
Resumo: Esta dissertação sobre a política pública de educação especial parte da discussão sobre a ética da nomeação, que tem organizado a definição e o trabalho com o público-alvo da educação especial no Brasil, para desenvolver a narrativa de um conjunto de atividades laborais-formativas sobre educação especial em um município da grande São Paulo. Nosso objetivo foi apreender as significações produzidas por educadores/as que construíram um processo de entrada de estudantes na educação especial, com base em investigação pedagógica. A pesquisa foi qualitativa, com estudo das interações cotidianas e observação participante em que a pesquisadora acompanhou e colaborou com um processo formativo desenvolvido pela equipe de educação especial. Designamos por laboral- formativo o conjunto de atividades acompanhadas, em que o objeto de estudo era o fazer cotidiano dos/as profissionais da educação no tangente à educação especial. A revisão da literatura sobre terminologias com as quais se têm caracterizado o referido público redundou em nove estudos analisados em profundidade. Não foram encontradas discussões sobre critérios pedagógicos possivelmente utilizados ao longo do processo de identificação do público-alvo. Também não foram encontradas discussões sobre a identificação de barreiras como elemento inicial desse processo. Foi mantido diário de campo ao longo de toda a pesquisa de campo. Para análise do material, resgatamos quais as palavras e seus contextos que insistiam em se repetir, sistematizando-os a fim de depreender e analisar cinco núcleos de significação. Foi narrada a experiência de uma rede que iniciou tardiamente seus processos inclusivos a partir da reformulação do atendimento, que se dava em instituições segregadas. Durante oito anos, com formação continuada em serviço, profissionais da educação que lidam direta ou indiretamente com os sujeitos da educação especial sistematizaram uma série de saberes e procedimentos que possibilitou o avanço dos/as estudantes em seu processo educacional em escolas comuns e lhes ampliou o acesso ao currículo escolar. Tais avanços redundaram em discussões sobre aprendizagem, políticas públicas, diferentes possibilidades de ser e estar no mundo para toda a comunidade escolar, comunicando-se, portanto, com o princípio ético da educação inclusiva. Por fim, ressaltamos outra dimensão ética que as narrativas aqui organizadas deixam como legado: se a repolitização da vida é a principal estratégia de enfrentamento à medicalização, a força mais viva que uma rede de ensino tem para lidar com o capacitismo que nos constitui, individual e institucionalmente, é um processo coletivo e contínuo, em que profissionais da educação, especializados/as e generalistas, possam registrar, compartilhar e interrogar seus saberes e fazeres, sob uma gestão que sustente a aposta em cada estudante como sujeito aprendente e em cada profissional como educador/a.
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A pesquisa foi qualitativa, com estudo das interações cotidianas e observação participante em que a pesquisadora acompanhou e colaborou com um processo formativo desenvolvido pela equipe de educação especial. Designamos por laboral- formativo o conjunto de atividades acompanhadas, em que o objeto de estudo era o fazer cotidiano dos/as profissionais da educação no tangente à educação especial. A revisão da literatura sobre terminologias com as quais se têm caracterizado o referido público redundou em nove estudos analisados em profundidade. Não foram encontradas discussões sobre critérios pedagógicos possivelmente utilizados ao longo do processo de identificação do público-alvo. Também não foram encontradas discussões sobre a identificação de barreiras como elemento inicial desse processo. Foi mantido diário de campo ao longo de toda a pesquisa de campo. Para análise do material, resgatamos quais as palavras e seus contextos que insistiam em se repetir, sistematizando-os a fim de depreender e analisar cinco núcleos de significação. Foi narrada a experiência de uma rede que iniciou tardiamente seus processos inclusivos a partir da reformulação do atendimento, que se dava em instituições segregadas. Durante oito anos, com formação continuada em serviço, profissionais da educação que lidam direta ou indiretamente com os sujeitos da educação especial sistematizaram uma série de saberes e procedimentos que possibilitou o avanço dos/as estudantes em seu processo educacional em escolas comuns e lhes ampliou o acesso ao currículo escolar. Tais avanços redundaram em discussões sobre aprendizagem, políticas públicas, diferentes possibilidades de ser e estar no mundo para toda a comunidade escolar, comunicando-se, portanto, com o princípio ético da educação inclusiva. Por fim, ressaltamos outra dimensão ética que as narrativas aqui organizadas deixam como legado: se a repolitização da vida é a principal estratégia de enfrentamento à medicalização, a força mais viva que uma rede de ensino tem para lidar com o capacitismo que nos constitui, individual e institucionalmente, é um processo coletivo e contínuo, em que profissionais da educação, especializados/as e generalistas, possam registrar, compartilhar e interrogar seus saberes e fazeres, sob uma gestão que sustente a aposta em cada estudante como sujeito aprendente e em cada profissional como educador/a.This dissertation on the special education public policy starts from the discussion on the ethics of nomination, which has organized the definition and work with the target audience of special education in Brazil, to develop the narrative of a set of in-service training activities on special education in a city in the greater São Paulo. Our objective was to apprehend the meanings produced by educators who built a process for students placement in special education, based on pedagogical research. The research was qualitative, with a study of everyday interactions and participant observation in which the researcher followed and collaborated with a training process developed by the Special Education team. We designate the set of monitored activities as in-service training, in which the studied object was the daily work of educational professionals in terms of special education. The literature reviewed terminologies used to characterize this public, which resulted in nine studies analyzed in depth. No discussions were found on pedagogical criteria possibly used throughout the process of identifying the target audience. There were also no discussions about the identification of barriers as an initial element of this process. A field diary was kept throughout the fieldwork. For the analysis of the material, we made explicit which words and their contexts insisted on being repeated, systematizing them to understand and analyze five cores of meaning. We narrated the experience of a school system that started its inclusive processes tardy, only after the reformulation of the systems organization and structure, which once took place in segregated institutions. For eight years, with continuing in-service training, Educational professionals who deal directly or indirectly with students assisted by the Special Education systematized their knowledges and procedures which enabled students to advance in their educational process in ordinary schools and expanded their access to the school curriculum. Such advances resulted in discussions about learning, public policies, different subjectivities, and possibilities for people to be themselves and be in the world, that are all around the school community. This comprehension, therefore, deeply rooted in the ethical principle of inclusive education. Finally, we highlight another ethical dimension that the narratives organized here leave as a legacy: if the re-politicization of life is the main strategy to face medicalization, the most vital tool that a school system has to deal with the ableism that constitutes us, individually and institutionally, it is a collective and continuous process, in which education professionals, specialized and generalists, can register, share and interrogate their knowledge and practices, under a management that supports the bet on each student as a learning subject and each professional as an educator.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPAngelucci, Carla BianchaBrandstätter, Renata Montrezol2021-02-03info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48137/tde-02072021-144445/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2021-07-04T18:51:02Zoai:teses.usp.br:tde-02072021-144445Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212021-07-04T18:51:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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