Agnotologia ambiental: as políticas de produção do negacionismo climático como manipulação ideológica da participação política

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Oliveira, Thiago Pires
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/100/100134/tde-03042023-142916/
Resumo: Este trabalho pretende desenvolver uma investigação agnotológica sobre a produção sociocultural da ignorância no domínio socioambiental correspondente ao fenômeno das mudanças climáticas. Defende-se a tese de que o negacionismo climático constituiria um elemento \"sintomático\" da crise civilizatória identificada na relação entre os Sapiens e os seres viventes, sistemas e interações que compõem a Natureza, sendo o Antropo(Capitalo)ceno uma das manifestações \"patológicas\" desta relação conflituosa. Tendo o objeto central de investigar as raízes e expressões do discurso do negacionismo climático para fins de enfrentamento de seus efeitos deletérios, esta tese possui três objetivos delimitados: compreender a agnotologia ambiental como ferramenta de estudo da produção cultural da ignorância no domínio socioambiental; expor uma proposta de explicação dos fatores que contribuíram para a emergência na contemporaneidade das práticas de negacionismo climático; e identificar caminhos e direcionamentos para a superação dos problemas ocasionados pelas práticas do negacionismo climático. A abordagem metodológica adotada neste estudo é a Agnotologia, ou seja, a investigação da produção cultural da ignorância. Porém, faz-se uma releitura crítica dessa abordagem em que se dialoga com a arqueogenealogia foucaultiana, a teoria bourdieusiana dos campos de poder, o conceito mannheimiano de ideologia, além de um conjunto de propostas teóricas decoloniais, proposições cosmopolíticas e de epistemologias do Sul global. Por fim, partindo de um paradigma decolonial e de superação do antropocentrismo extrativista da vida, discutem-se caminhos que orientem o enfrentamento dos mecanismos de agnogênese relacionados aos discursos de negacionismo climático. Neste sentido, além de problematizar sobre o \"desterro\" coletivo dos Sapiens que vêm experimentando crescentes perdas de espaços que contemplem as dimensões da cidadania política e social, identifica-se a necessidade de resgate do pensamento crítico na esfera pública, inclusive no ambiente digital. E, também, busca-se apontar para uma ecologia política que, reconhecendo os valores intrínsecos da Natureza, ofereça arranjos institucionais que permitam uma nova maneira de sobrevivência diante de uma biosfera cada vez mais instável em razão do Antropo(Capitalo)ceno, este palco onde a intrusão de Gaia se dá de maneira triunfante e no qual surge o deus ex machina que toca a trombeta que anuncia as perspectivas do \"nós-sem-mundo\" e/ou do \"mundo-sem-nós\"
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Tendo o objeto central de investigar as raízes e expressões do discurso do negacionismo climático para fins de enfrentamento de seus efeitos deletérios, esta tese possui três objetivos delimitados: compreender a agnotologia ambiental como ferramenta de estudo da produção cultural da ignorância no domínio socioambiental; expor uma proposta de explicação dos fatores que contribuíram para a emergência na contemporaneidade das práticas de negacionismo climático; e identificar caminhos e direcionamentos para a superação dos problemas ocasionados pelas práticas do negacionismo climático. A abordagem metodológica adotada neste estudo é a Agnotologia, ou seja, a investigação da produção cultural da ignorância. Porém, faz-se uma releitura crítica dessa abordagem em que se dialoga com a arqueogenealogia foucaultiana, a teoria bourdieusiana dos campos de poder, o conceito mannheimiano de ideologia, além de um conjunto de propostas teóricas decoloniais, proposições cosmopolíticas e de epistemologias do Sul global. Por fim, partindo de um paradigma decolonial e de superação do antropocentrismo extrativista da vida, discutem-se caminhos que orientem o enfrentamento dos mecanismos de agnogênese relacionados aos discursos de negacionismo climático. Neste sentido, além de problematizar sobre o \"desterro\" coletivo dos Sapiens que vêm experimentando crescentes perdas de espaços que contemplem as dimensões da cidadania política e social, identifica-se a necessidade de resgate do pensamento crítico na esfera pública, inclusive no ambiente digital. E, também, busca-se apontar para uma ecologia política que, reconhecendo os valores intrínsecos da Natureza, ofereça arranjos institucionais que permitam uma nova maneira de sobrevivência diante de uma biosfera cada vez mais instável em razão do Antropo(Capitalo)ceno, este palco onde a intrusão de Gaia se dá de maneira triunfante e no qual surge o deus ex machina que toca a trombeta que anuncia as perspectivas do \"nós-sem-mundo\" e/ou do \"mundo-sem-nós\"This work is intended to develop an agnotological study on cultural production of ignorance in the socio-environmental domain, in relation to the phenomenon of climate change. The thesis defends that climate denialism would constitute a \"symptomatic\" element of the civilizational crisis identified in the relationship between Sapiens and Nature, with Anthropo(Capitalo)cene being one of the \"pathological\" manifestations of this conflicting relationship. Having the central object of investigating the roots and expressions of the discourse of climate denialism in order to face its deleterious effects, this thesis has three delimited objectives: to understand environmental agnotology as a tool for studying the cultural production of ignorance in the socio-environmental domain; expose a proposal to explain the factors that contributed to the emergence of climate change denial practices in contemporary times; and identify ways and directions for overcoming the problems caused by the practices of climate denialism. The methodological approach adopted in this study is Agnotology, that is, the investigation of the cultural production of ignorance. However, a critical re-reading of this approach is carried out, in which it follows the narrative of Foucault\'s archeogenealogy, Bourdieu\'s theory of fields of power, Mannheim\'s concept of ideology, as well as a set of decolonial theoretical proposals, cosmopolitical propositions and epistemologies of the global South. Finally, starting from a decolonial paradigm and overcoming extractivist anthropocentrism of life, paths are discussed that guide the confrontation of agnogenesis mechanisms related to climate denialism discourses. In this sense, in addition to discussing the collective expulsion of Sapiens who have been experiencing increasing losses of spaces that contemplate the dimensions of political and social citizenship, the need to rescue critical thinking in the public sphere, including in the digital environment, is identified. And also, it seeks to point to a political ecology that, recognizing the intrinsic values of Nature, offers institutional arrangements that allow a new way of survival in the face of an increasingly unstable biosphere due to the Anthropo(Capitalo)cene, this stage where Gaia\'s intrusion takes place triumphantly, and in which the deus ex machina appears playing the trumpet that announces the perspectives of the \"we-without-world\" and/or the \"world-without-us\"Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPCarvalho, Marcos Bernardino deOliveira, Thiago Pires2023-02-02info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/100/100134/tde-03042023-142916/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2023-07-06T16:52:18Zoai:teses.usp.br:tde-03042023-142916Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-07-06T16:52:18Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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