A infecção murina pelo Trypanosoma cruzi Sylvio X10/4: A resposta humoral ao parasita na ausência do receptor CD28

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Nascimento, Rogério Silva do
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/42/42133/tde-29042022-143443/
Resumo: A infecção murina pelo T. cruzi Sylvio X10/4, um parasita de baixa virulência, possibilita que camundongos CD28KO infectados sobrevivam por um longo período de tempo. Esta característica permite estudar o impacto da ausência de CD28 sobre vários aspectos da resposta dos linfócitos T e B. No presente trabalho, nosso principal objetivo foi verificar, em camundongos CD28KO e C57BL/6 (WT, utilizado como controle), infectados ou não pelo parasita, quais aspectos da resposta imune são preservados na ausência deste co-receptor. Comparados aos camundongos controle C57BL/6, os camundongos CD28KO se mostraram suscetíveis à infecção pelo T cruzi Sylvio X10/4, resultando na morte dos animais no decorrer de um amplo período, que variou de algumas semanas a quase um ano. Os camundongos CD28KO exibiram taxas mais elevadas de parasitemia subpatente do que os camundongos C57BL/6, bem como infiltrados inflamatórios mais intensos e duradouros no coração (miocárdio e pericárdio). Acompanhando os camundongos CD28KO em diferentes momentos da infecção, encontramos uma expansão inicial do compartimento linfocitário seguida de sua contração com o início da fase crônica, não destacando nenhuma diferença significativa na frequência e número total de linfócitos T e B no baço, se comparadas à dos camundongos C57BL/6 infectados. Além disso, observamos que linfócitos TCD4 e TCD8 de camundongos CD28KO infectados produzem IFNgamma. Por outro lado, apesar de observarmos uma diminuição da produção de IL-2 pelos linfócitos TCD4 e TCD8 de camundongos CD28KO infectados, é inegável que a produção desta citocina ocorre na ausência de CD28. Diferentemente, no dia 16 da infecção pelo T. cruzi Sylvio X10/4, a análise dos linfócitos T auxiliares foliculares, TFH (do inglês Follicular Helper T cells), mostrou que, ao contrário do observado no camundongo C57BL/6, não houve geração destas células nos camundongos CD28KO infectados. Em forma análoga, não observamos nestes animais a presença da população de células B de Centros Germinativos, GC-B (do inglês, Germinal Center B cells). A nível sérico, observamos que na fase aguda da infecção, além de anticorpos parasitaespecíficos da classe IgM, os camundongos CD28KO infectados produzem níveis discretos, embora significativos, de anticorpos IgG2c frente ao T. cruzi , semelhantes aos dos camundongos C57BL/6 neste momento da infecção. Porém, na fase crônica, enquanto o nível de IgG2c frente ao T. cruzi teve um grande aumento no soro do camundongo C57BL/6 infectado, no camundongo CD28KO infectado, o seu nível sérico permaneceu análogo àquele observado na fase aguda. Os resultados do presente estudo levantam a possibilidade de que anticorpos anti-T cruzi da classe IgM, assim como aqueles da classe IgG (produzidos em pequenas quantidades nos camundongos CD28KO infectados devido à ausência dos elementos necessários para a mutação somática), poderiam ser suficientes para determinar o controle parcial das formas circulantes do parasita, permitindo a sobrevivência do camundongo CD28KO por muito tempo. Isto seria possível no caso de infecção pelo T. cruzi Sylvio X10/4 por se tratar de um parasita que determina níveis subpatentes de parasitemia. No presente trabalho discutimos a possível origem desses anticorpos extrafoliculares, procurando desvendar o quadro denominado ativação policlonal do sistema imunológico, presente em diversos processos infecciosos e ainda pouco esclarecido.
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spelling A infecção murina pelo Trypanosoma cruzi Sylvio X10/4: A resposta humoral ao parasita na ausência do receptor CD28Murine infection by Trypanossoma cruzi Sylvio X10/4: The humoral response to the parasite in the absence of the CD28 receptor.T cruz iativação policlonalCD28CD28immune responseresposta imuneT cruziA infecção murina pelo T. cruzi Sylvio X10/4, um parasita de baixa virulência, possibilita que camundongos CD28KO infectados sobrevivam por um longo período de tempo. Esta característica permite estudar o impacto da ausência de CD28 sobre vários aspectos da resposta dos linfócitos T e B. No presente trabalho, nosso principal objetivo foi verificar, em camundongos CD28KO e C57BL/6 (WT, utilizado como controle), infectados ou não pelo parasita, quais aspectos da resposta imune são preservados na ausência deste co-receptor. Comparados aos camundongos controle C57BL/6, os camundongos CD28KO se mostraram suscetíveis à infecção pelo T cruzi Sylvio X10/4, resultando na morte dos animais no decorrer de um amplo período, que variou de algumas semanas a quase um ano. Os camundongos CD28KO exibiram taxas mais elevadas de parasitemia subpatente do que os camundongos C57BL/6, bem como infiltrados inflamatórios mais intensos e duradouros no coração (miocárdio e pericárdio). Acompanhando os camundongos CD28KO em diferentes momentos da infecção, encontramos uma expansão inicial do compartimento linfocitário seguida de sua contração com o início da fase crônica, não destacando nenhuma diferença significativa na frequência e número total de linfócitos T e B no baço, se comparadas à dos camundongos C57BL/6 infectados. Além disso, observamos que linfócitos TCD4 e TCD8 de camundongos CD28KO infectados produzem IFNgamma. Por outro lado, apesar de observarmos uma diminuição da produção de IL-2 pelos linfócitos TCD4 e TCD8 de camundongos CD28KO infectados, é inegável que a produção desta citocina ocorre na ausência de CD28. Diferentemente, no dia 16 da infecção pelo T. cruzi Sylvio X10/4, a análise dos linfócitos T auxiliares foliculares, TFH (do inglês Follicular Helper T cells), mostrou que, ao contrário do observado no camundongo C57BL/6, não houve geração destas células nos camundongos CD28KO infectados. Em forma análoga, não observamos nestes animais a presença da população de células B de Centros Germinativos, GC-B (do inglês, Germinal Center B cells). A nível sérico, observamos que na fase aguda da infecção, além de anticorpos parasitaespecíficos da classe IgM, os camundongos CD28KO infectados produzem níveis discretos, embora significativos, de anticorpos IgG2c frente ao T. cruzi , semelhantes aos dos camundongos C57BL/6 neste momento da infecção. Porém, na fase crônica, enquanto o nível de IgG2c frente ao T. cruzi teve um grande aumento no soro do camundongo C57BL/6 infectado, no camundongo CD28KO infectado, o seu nível sérico permaneceu análogo àquele observado na fase aguda. Os resultados do presente estudo levantam a possibilidade de que anticorpos anti-T cruzi da classe IgM, assim como aqueles da classe IgG (produzidos em pequenas quantidades nos camundongos CD28KO infectados devido à ausência dos elementos necessários para a mutação somática), poderiam ser suficientes para determinar o controle parcial das formas circulantes do parasita, permitindo a sobrevivência do camundongo CD28KO por muito tempo. Isto seria possível no caso de infecção pelo T. cruzi Sylvio X10/4 por se tratar de um parasita que determina níveis subpatentes de parasitemia. No presente trabalho discutimos a possível origem desses anticorpos extrafoliculares, procurando desvendar o quadro denominado ativação policlonal do sistema imunológico, presente em diversos processos infecciosos e ainda pouco esclarecido.The murine infection by T. cruzi Sylvio X10/4, a low virulence parasite, allows infected CD28KOmice to survive for a long period of time. This characteristic permits us to study the impact of the absence of CD28 on various aspects of the T and B lymphocyte response. In the present study, our main objective was to verify, in CD28KO and C57BL/6 (WT, used as control) mice, infected or not by the parasite, which aspects of the immune response are preserved in the absence of CD28. Compared to control C57BL/6 mice, CD28KO mice were susceptible to infection by T. cruzi Sylvio X10/4, resulting in the animals\' death over a wide period, which ranged from a few weeks to almost a year. CD28KO mice exhibited higher rates of subpatent parasitemia than C57BL/6 mice, as well as more intense and lasting inflammatory infiltrates in the heart (myocardium and pericardium). Accompanying the CD28KO mice at different times of the infection, we found an initial expansion of the lymphocyte compartment followed by its contraction with the beginning of the chronic phase, not displaying significative differences in the frequency and the total number of T and B spleen lymphocytes, when compared to those in the infected C57BL/6 mice. In addition, we observed that both TCD4 and TCD8 lymphocytes from infected CD28KO mice produce IFNgamma. Moreover, although we observed a decrease in IL-2 production by TCD4 and TCD8 lymphocytes from infected CD28KO mice, it is undeniable that the production of this cytokine occurs in the absence of CD28. Differently, on day 16 of the infection by T. cruzi Sylvio X10/4, the analysis of follicular auxiliary T lymphocytes, TFH (from the English Follicular Helper T cells) showed, that, unlike that observed in the infected C57BL/6 mouse, there was no formation of these cells in infected CD28KO mice. Similarly, we did not observe in these animals the presence of the Germinal Center B cell population, GC-B (from the English, Germinal Center B cells). At the serum level, we observed that in the acute phase of infection, in addition to parasitespecific antibodies of the IgM class, infected CD28KO mice produce discrete, although significant, levels of IgG2c antibodies to T. cruzi , similar to that of C57BL/6 mice at this time ofinfection. However, in the chronic phase, while the level of IgG2c against T. cruzi displayed alarge increase in the serum of the infected C57BL/6 mouse, in the infected CD28KO mouse, itslevels did not differ from that observed in the acute phase. The results of the present study raise the possibility that anti-T cruzi antibodies of the IgM class, as well as those of the IgG class (produced in small quantities in infected CD28KO mice due to the absence of the necessary elements for the somatic mutation), could be sufficient todetermine the partial control of the circulating forms of the parasite, allowing the survival of the CD28KO mouse for a long time. This would be possible in the case of infection by T. cruzi Sylvio X10/4, as it is a parasite that determines subpatent levels of parasitemia. In the present work, we discussed the possible origin of these extra-follicular antibodies, seeking to unravel the picture called polyclonal activation of the immune system, present in several infectiousprocesses and still poorly clarified.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPMosig, Jose Maria AlvarezNascimento, Rogério Silva do2021-04-27info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/42/42133/tde-29042022-143443/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2022-12-09T12:17:54Zoai:teses.usp.br:tde-29042022-143443Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212022-12-09T12:17:54Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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