Do passado que insiste em persistir: conflitos e possibilidades para um desenvolvimento do turismo de base comunitária na Vila de Barra do Una em Peruíbe (SP) 

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ferreira, Paulo Tacio Aires
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/100/100134/tde-29072015-141146/
Resumo: O histórico de criação e gestão de áreas protegidas brasileiras configurou-se como experiências antidemocráticas, pouco estimuladoras da participação social. O desenvolvimento do turismo no Brasil possui um histórico, a princípio, guiado por modelos centralizadores e, posteriormente, orientado pelas idéias políticas neoliberais que privilegiaram setores privados em detrimento do desenvolvimento de comunidades locais. Seguindo esses modelos, a criação da Estação Ecológica Juréia-Itatins (EEJI), uma unidade de conservação de proteção integral, não permitia moradias e usos de populações, gerando alterações no modo de vida das populações tradicionais inseridas em seu interior. Com as lutas dos povos da região, o local transformou-se em um Mosaico de Unidades de Conservação, englobando áreas protegidas de uso sustentável, categorias mais flexíveis, cujas possibilidades de usos ainda estão sendo discutidas e negociadas pelos atores da região: moradores, ocupantes não tradicionais e a Fundação Florestal, o órgão gestor da área. O objetivo deste trabalho é avaliar as possibilidades de desenvolvimento do turismo de base comunitária na Vila de Barra do Una, localizada no município de Peruíbe, São Paulo, e também inserida na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Barra do Una (RDSBU). Consideram-se os conflitos decorrentes da existência de áreas protegidas no local, bem como os impactos socioculturais ocasionados pelo turismo. A metodologia utilizada foi a etnografia, com foco na descrição densa de Clifford Geertz (2012), partindo da construção de uma narrativa de segunda mão, recurso importante para entendimento das mudanças ocorridas no local estudado e suas perspectivas futuras. Apresenta-se como resultados que a comunidade desenvolveu relativa experiência por meio de suas lutas políticas e vivência com a prática do turismo, onde é perceptível uma organização socioprodutiva da atividade. A comunidade estudada (incluindo todos os grupos sociais implicados na vila) possui alguns aspectos positivos para o desenvolvimento de um turismo de base comunitária: os moradores (tradicionais e ocupantes não tradicionais) possuem larga identificação e enraizamento territorial; apresentam uma organização social relevante; desenvolveram uma larga experiência tanto política e também com a atividade do turismo; e agregaram parceiros, ainda que em alguns momentos tenha havido conflitos com estes. Por outro lado, também possuem alguns desafios a serem transpostos: nas premissas de conservação da unidade de conservação, as instituições públicas como a Fundação Florestal precisam também incluir a sociodiversidade nos processos de tomada de decisões, levando em conta o direito indispensável da participação social; devem, além disso, pautar pela clareza e transparência na gestão da área protegida, para este fato recomenda-se os princípios estabelecidos por Graham, Amos, Plumptre (2003). Conclui-se que a comunidade necessita manter o esforço de buscar e ter consciência da importância da união coletiva, tencionando superar o subaproveitamento da atividade, retomar parcerias que já foram realizadas em outros tempos, para adiante trabalhar um turismo mais planejado.
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spelling Do passado que insiste em persistir: conflitos e possibilidades para um desenvolvimento do turismo de base comunitária na Vila de Barra do Una em Peruíbe (SP) The past that insists on persisting: conflicts and possibilities for development of community-based tourism in Barra do Una village in Peruibe (SP).Áreas protegidas e comunidades locaisCommunity-based tourismProtected areas and local communitiesReserva de desenvolvimento sustentável Barra do UnaSustainable development reserve Barra do UnaTurismo de base comunitáriaO histórico de criação e gestão de áreas protegidas brasileiras configurou-se como experiências antidemocráticas, pouco estimuladoras da participação social. O desenvolvimento do turismo no Brasil possui um histórico, a princípio, guiado por modelos centralizadores e, posteriormente, orientado pelas idéias políticas neoliberais que privilegiaram setores privados em detrimento do desenvolvimento de comunidades locais. Seguindo esses modelos, a criação da Estação Ecológica Juréia-Itatins (EEJI), uma unidade de conservação de proteção integral, não permitia moradias e usos de populações, gerando alterações no modo de vida das populações tradicionais inseridas em seu interior. Com as lutas dos povos da região, o local transformou-se em um Mosaico de Unidades de Conservação, englobando áreas protegidas de uso sustentável, categorias mais flexíveis, cujas possibilidades de usos ainda estão sendo discutidas e negociadas pelos atores da região: moradores, ocupantes não tradicionais e a Fundação Florestal, o órgão gestor da área. O objetivo deste trabalho é avaliar as possibilidades de desenvolvimento do turismo de base comunitária na Vila de Barra do Una, localizada no município de Peruíbe, São Paulo, e também inserida na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Barra do Una (RDSBU). Consideram-se os conflitos decorrentes da existência de áreas protegidas no local, bem como os impactos socioculturais ocasionados pelo turismo. A metodologia utilizada foi a etnografia, com foco na descrição densa de Clifford Geertz (2012), partindo da construção de uma narrativa de segunda mão, recurso importante para entendimento das mudanças ocorridas no local estudado e suas perspectivas futuras. Apresenta-se como resultados que a comunidade desenvolveu relativa experiência por meio de suas lutas políticas e vivência com a prática do turismo, onde é perceptível uma organização socioprodutiva da atividade. A comunidade estudada (incluindo todos os grupos sociais implicados na vila) possui alguns aspectos positivos para o desenvolvimento de um turismo de base comunitária: os moradores (tradicionais e ocupantes não tradicionais) possuem larga identificação e enraizamento territorial; apresentam uma organização social relevante; desenvolveram uma larga experiência tanto política e também com a atividade do turismo; e agregaram parceiros, ainda que em alguns momentos tenha havido conflitos com estes. Por outro lado, também possuem alguns desafios a serem transpostos: nas premissas de conservação da unidade de conservação, as instituições públicas como a Fundação Florestal precisam também incluir a sociodiversidade nos processos de tomada de decisões, levando em conta o direito indispensável da participação social; devem, além disso, pautar pela clareza e transparência na gestão da área protegida, para este fato recomenda-se os princípios estabelecidos por Graham, Amos, Plumptre (2003). Conclui-se que a comunidade necessita manter o esforço de buscar e ter consciência da importância da união coletiva, tencionando superar o subaproveitamento da atividade, retomar parcerias que já foram realizadas em outros tempos, para adiante trabalhar um turismo mais planejado.The historical of establishment and management of protected Brazilian areas was configured as anti-democratic experiences that were marked by having lower stimulation of social participation. The development of tourism in Brazil has a history, at first, guided by centralizing models and subsequently guided by neoliberal political ideas which favored private sectors at the expense of the development of local communities. Following these models, the creation of Juréia-Itatins Ecological Station (EEJI), an integral protection conservation unit, did not allow housing and population uses, by the time generating changes in the lifestyle of the traditional populations, once inserted on their interiors. As a result of the struggles of the regional people, the local became in a Conservation Unit Mosaic, covering protected areas of sustainable use, flexible categories, whose uses possibilities are still being discussed and negotiated by the regional actors: residents, non-traditional occupants and the Forestry Foundation, the management body area. The objective of this study is to evaluate the potential development of community-based tourism in Barra do Una village, located in the municipality of Peruibe, state of Sao Paulo, which is also included in the Sustainable Development Reserve Una Bar (RDSBU). The conflicts are considered due the existence of protected areas in the local, such as social and cultural impacts related to tourism. The methodology used was ethnography, focusing on the \"thick description\" of Clifford Geertz (2012), based on the construction of a narrative of \"second boot\", an important resource for understanding the changes in the studied site and its future prospects. It is presented as results of that, community developed on experience through their political struggles and experience with practice of tourism whose the socio-productive organization is noticeable. The community studied (including all social groups involved in the village) has some positive aspects to the development of a tourism community-based: residents (traditional and non-traditional occupants) have wide identification and traditional roots; have a relevant social organization; developed a wide experience both politically and with the tourism activity; and added partners, although in some instances has been conflict with each other. On the other hand, they also have some challenges to be overcome: in protected premises of the protected unit, public institutions such as the Forestry Foundation also need to include social diversity in decision-making processes, taking into account the essential right of social participation; should also be guided by clarity and transparency in the protected area management, for this fact recommended to the principles set out by Graham, Amos, Plumptre (2003). We conclude that the community needs to maintain efforts to seek and be aware of the importance of collective union intends to overcome the under-utilization of the activity, take back partnerships that have already been carried out at other times, to work on a more planned tourism.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPRaimundo, SidneiFerreira, Paulo Tacio Aires2015-05-27info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/100/100134/tde-29072015-141146/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:11:57Zoai:teses.usp.br:tde-29072015-141146Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:11:57Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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