Não adesão ao seguimento ambulatorial por mulheres que experienciaram a violência sexual: enfoque fenomenológico

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Trigueiro, Tatiane Herreira
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7141/tde-31082016-132518/
Resumo: Introdução: a atenção à mulher que experienciou a violência sexual constitui um desafio para os profissionais que a atendem. Quando essa mulher procura o serviço especializado, frequentemente, não dá continuidade ao seguimento ambulatorial preconizado. Essa evasão do serviço pode trazer consequências negativas para a sua saúde, considerando os riscos relacionados à contaminação por doenças sexualmente transmissíveis, gravidez indesejada e comprometimento da saúde mental. Objetivo: compreender os motivos da não adesão ao seguimento ambulatorial por mulheres que experienciaram a situação de violência sexual. Método: estudo fundamentado na fenomenologia social de Alfred Schütz, realizado com 11 mulheres que experienciaram a violência sexual e foram atendidas em um serviço especializado de Curitiba, Paraná. Para obtenção dos depoimentos, foi utilizado um roteiro de entrevista com as seguintes questões abertas: fale sobre a situação de você ter passado por um episódio de violência, ter iniciado o tratamento e ter faltado às consultas do seguimento ambulatorial. Depois disso tudo que aconteceu, como você está lidando com a situação? Qual a sua expectativa? A organização e análise dos dados foram realizadas com base na fenomenologia social de Alfred Schütz. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos, sob o Parecer nº 795.072, de 16 de setembro de 2014. Resultados: a tipificação do vivido da mulher que experienciou a violência sexual e não aderiu ao seguimento ambulatorial mostrou-se como sendo aquela que, ao procurar os serviços da rede de atendimento, não se sente acolhida pelos profissionais que a atendem, revive a violência sofrida na delegacia e sente-se constrangida diante dos profissionais de saúde. Tem dificuldades para recordar a situação de violência, revelando a frágil corresponsabilização entre ela e os profissionais de saúde e dificuldades para aderir aos medicamentos prescritos, devido aos efeitos colaterais. Busca a superação da violência sofrida, contando para isso com o apoio de familiares e amigos. Espera ressignificar sua vida por meio da volta aos estudos e ao trabalho. Conclusões: as evidências produzidas neste estudo a partir da perspectiva das mulheres que experienciaram a violência sexual e não aderiram ao seguimento ambulatorial mostraram aspectos relevantes para serem discutidos por profissionais de saúde, que incluem a articulação entre os serviços que compõem a rede de atendimento e a melhoria do acolhimento no atendimento a essa mulher, valorizando a relação intersubjetiva entre a mesma e o profissional como um caminho para aumentar a adesão ao seguimento ambulatorial. Compreender tal experiência possibilita que a Enfermagem, inscrita entre os diversos núcleos de saberes necessários para o debate e enfrentamento da violência contra a mulher, possa assumir-se como prática social que se dispõe a exercer uma ação política e ética importante, no sentido de se corresponsabilizar no cuidado à mulher que experienciou a violência sexual, de modo que, acolhida, possa empoderar-se no seguimento ambulatorial preconizado para tais casos.
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spelling Não adesão ao seguimento ambulatorial por mulheres que experienciaram a violência sexual: enfoque fenomenológicoNon-adherence to outpatient follow-up by women who have experienced sexual violence: phenomenological approachEnfermagemEstuproNursingPesquisa QualitativaQualitative researchRapeSaúde da mulherWomens HealthIntrodução: a atenção à mulher que experienciou a violência sexual constitui um desafio para os profissionais que a atendem. Quando essa mulher procura o serviço especializado, frequentemente, não dá continuidade ao seguimento ambulatorial preconizado. Essa evasão do serviço pode trazer consequências negativas para a sua saúde, considerando os riscos relacionados à contaminação por doenças sexualmente transmissíveis, gravidez indesejada e comprometimento da saúde mental. Objetivo: compreender os motivos da não adesão ao seguimento ambulatorial por mulheres que experienciaram a situação de violência sexual. Método: estudo fundamentado na fenomenologia social de Alfred Schütz, realizado com 11 mulheres que experienciaram a violência sexual e foram atendidas em um serviço especializado de Curitiba, Paraná. Para obtenção dos depoimentos, foi utilizado um roteiro de entrevista com as seguintes questões abertas: fale sobre a situação de você ter passado por um episódio de violência, ter iniciado o tratamento e ter faltado às consultas do seguimento ambulatorial. Depois disso tudo que aconteceu, como você está lidando com a situação? Qual a sua expectativa? A organização e análise dos dados foram realizadas com base na fenomenologia social de Alfred Schütz. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos, sob o Parecer nº 795.072, de 16 de setembro de 2014. Resultados: a tipificação do vivido da mulher que experienciou a violência sexual e não aderiu ao seguimento ambulatorial mostrou-se como sendo aquela que, ao procurar os serviços da rede de atendimento, não se sente acolhida pelos profissionais que a atendem, revive a violência sofrida na delegacia e sente-se constrangida diante dos profissionais de saúde. Tem dificuldades para recordar a situação de violência, revelando a frágil corresponsabilização entre ela e os profissionais de saúde e dificuldades para aderir aos medicamentos prescritos, devido aos efeitos colaterais. Busca a superação da violência sofrida, contando para isso com o apoio de familiares e amigos. Espera ressignificar sua vida por meio da volta aos estudos e ao trabalho. Conclusões: as evidências produzidas neste estudo a partir da perspectiva das mulheres que experienciaram a violência sexual e não aderiram ao seguimento ambulatorial mostraram aspectos relevantes para serem discutidos por profissionais de saúde, que incluem a articulação entre os serviços que compõem a rede de atendimento e a melhoria do acolhimento no atendimento a essa mulher, valorizando a relação intersubjetiva entre a mesma e o profissional como um caminho para aumentar a adesão ao seguimento ambulatorial. Compreender tal experiência possibilita que a Enfermagem, inscrita entre os diversos núcleos de saberes necessários para o debate e enfrentamento da violência contra a mulher, possa assumir-se como prática social que se dispõe a exercer uma ação política e ética importante, no sentido de se corresponsabilizar no cuidado à mulher que experienciou a violência sexual, de modo que, acolhida, possa empoderar-se no seguimento ambulatorial preconizado para tais casos.Introduction: Attention to woman who experienced sexual violence is a challenge for professional nursing care. When this woman looks for the specialized service, often she does not follow the recommended outpatient continuation. This avoidance of service can have negative consequences for her health, considering the contamination risks related to sexually transmitted diseases, unwanted pregnancy, and mental health compromising. Objective: This study aims to understand the reasons for non-adherence to outpatient follow-up by women who have experienced situations of sexual violence. Method: This study is based on social phenomenology from Alfred Schütz, carried out with eleven women who have experienced sexual violence and were treated at a specialized service in the city of Curitiba, State of Paraná, Brazil. For obtaining statements, an interview script with the following open questions was used: (1) Talk about the situation you have undergone a violence episode; how you have started treatment; why you have missed the outpatient follow-up appointments; (2) after all that occurred, how are you dealing with the situation?; and (3) what is your expectation? The data organization and analysis were based on the social phenomenology from Alfred Schütz. The project was approved by the Brazilian Ethics Committee in Research with human beings, under Opinion No. 795072 of 16 September 2014. Results: The characterization of the womans experience who has suffered sexual violence and did not join the outpatient follow-up proved to be the person who, when looking for such service network, does not feel welcomed by the professionals, since reviving the violence suffered at the police station, feels ashamed in front of health professionals. She has trouble remembering the violence situation, showing the delicate co-responsibility between her and healthcare professionals and difficulties to adhere to prescribed medications due to side effects. She seeks to overcome the suffered violence, counting on the support from family and friends. She hopes to reframe her life by returning to school and work.\" Conclusions: The produced evidence in this study, based on the perspective of women who have experienced sexual violence and did not join the outpatients follow-up, showed relevant aspects to be discussed by health professionals, including coordination among the services that make up the service network and the improving care in assisting these women, emphasizing the intersubjective relationship between them and the professional as a way to increase adherence to outpatient follow-up. To understanding this experience allows the nursing, present in various centers of necessary knowledge for debating and addressing violence against women, to position itself in a social practice prepared to engaging in an important political and ethical action of sharing responsibility for assisting the women, who has experienced sexual violence, so that, feeling acceptance, can commit themselves in follow-up services to such cases.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPMerighi, Miriam Aparecida BarbosaTrigueiro, Tatiane Herreira2015-12-14info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7141/tde-31082016-132518/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2017-09-04T21:03:47Zoai:teses.usp.br:tde-31082016-132518Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212017-09-04T21:03:47Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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