Um estudo sobre o processamento de informação na ansiedade, através de tarefas de evocação, tomada de decisão e atenção.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Montagnero, Alexandre Vianna
Data de Publicação: 2009
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-19112008-151619/
Resumo: O interesse da psicologia experimental pelo estudo da emoção e sua relação com a cognição foi, até pouco tempo, deixado em segundo plano. Recentemente, com o avanço da neurociência cognitiva, as pesquisas começaram a enfatizar, também, a investigação da relação cognição-emoção, gerando vários modelos explicativos. Mais recentemente, os teóricos voltaram sua atenção para a avaliação cognitiva, em estados de humor negativos como a depressão e ansiedade. Este trabalho investigou, através de experimentos controlados, as três grandes hipóteses que existem sobre o processamento de informação na ansiedade. O estudo foi realizado com 50 estudantes universitários de ambos os sexos. Foi utilizado o software Super Lab®, folhas de registro para avaliação das respostas e a escala Beck para a mensuração do nível de ansiedade. O primeiro experimento avaliou o impacto que estímulos semânticos ambíguos têm no tipo de escolha e na tomada de decisão; os resultados, calculados pela ANOVA, indicaram que os participantes tendem a escolher mais significados negativos, frente a uma escolha ambígua, se comparada às neutras F(1, 49) =107,08, p0,0001. Além disso, os participantes mais ansiosos diferem em média dos menos ansiosos no tempo que levam para se decidirem F(1, 49) =4689, p=0,033. O segundo experimento utilizou uma versão original da tarefa de Stroop emocional; em uma delas, avaliamos o papel que a classe gramatical tinha na focalização atencional dos participantes e, para tanto, utilizamos verbos, adjetivos e substantivos, neutros e ameaçadores, em slides individuais. Uma análise posthoc de Bonferroni indicou que os adjetivos ameaçadores são os que mais elevam a atenção dos participantes com p0,05. Pudemos perceber, também, que a parcela mais ansiosa da amostra leva, em média, mais tempo para nomear as cores das palavras ameaçadoras, de um modo geral F(1, 99) =6,656, p=0,011, o que indica uma grande hiper-vigilância para ameaça em geral. Na segunda tarefa de stroop, queríamos avaliar se palavras abstratas e concretas, neutras e ameaçadoras, eram processadas de um modo diferente. Os resultados indicaram que não, porém os participantes mais ansiosos demonstraram maior seletividade atencional, quando as palavras ameaçadoras foram tomadas como um todo F(1, 99) = 4270, p=0,041, o que pode indicar uma análise primitiva e pouco discriminada. No terceiro experimento, utilizamos listas de palavras com sete itens, onde o item central podia ser neutro ou ameaçador, sendo que, posteriormente, o participante evocava as palavras de que se lembrava. Os resultados indicaram que os participantes se lembraram igualmente bem das palavras iniciais e finais em ambas as listas; contudo, quando a palavra central era negativa, a lembrança foi significativamente mais elevada F(1, 49) = 25, 579, p0,0001, o que pode indicar que temos a tendência a memorizar melhor estímulos negativos. Em conjunto, nossos dados demonstram que os vieses cognitivos são características encontradas em todos os níveis de ansiedade, o que indica que eles devem fazer parte de processamento de informação normal, em situações de perigo. As diferenças encontradas nos participantes mais ansiosos indicam uma maior utilização de recursos executivos, em etapas posteriores de processamento. As implicações clínicas e experimentais são discutidas
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O estudo foi realizado com 50 estudantes universitários de ambos os sexos. Foi utilizado o software Super Lab®, folhas de registro para avaliação das respostas e a escala Beck para a mensuração do nível de ansiedade. O primeiro experimento avaliou o impacto que estímulos semânticos ambíguos têm no tipo de escolha e na tomada de decisão; os resultados, calculados pela ANOVA, indicaram que os participantes tendem a escolher mais significados negativos, frente a uma escolha ambígua, se comparada às neutras F(1, 49) =107,08, p0,0001. Além disso, os participantes mais ansiosos diferem em média dos menos ansiosos no tempo que levam para se decidirem F(1, 49) =4689, p=0,033. O segundo experimento utilizou uma versão original da tarefa de Stroop emocional; em uma delas, avaliamos o papel que a classe gramatical tinha na focalização atencional dos participantes e, para tanto, utilizamos verbos, adjetivos e substantivos, neutros e ameaçadores, em slides individuais. Uma análise posthoc de Bonferroni indicou que os adjetivos ameaçadores são os que mais elevam a atenção dos participantes com p0,05. Pudemos perceber, também, que a parcela mais ansiosa da amostra leva, em média, mais tempo para nomear as cores das palavras ameaçadoras, de um modo geral F(1, 99) =6,656, p=0,011, o que indica uma grande hiper-vigilância para ameaça em geral. Na segunda tarefa de stroop, queríamos avaliar se palavras abstratas e concretas, neutras e ameaçadoras, eram processadas de um modo diferente. Os resultados indicaram que não, porém os participantes mais ansiosos demonstraram maior seletividade atencional, quando as palavras ameaçadoras foram tomadas como um todo F(1, 99) = 4270, p=0,041, o que pode indicar uma análise primitiva e pouco discriminada. No terceiro experimento, utilizamos listas de palavras com sete itens, onde o item central podia ser neutro ou ameaçador, sendo que, posteriormente, o participante evocava as palavras de que se lembrava. Os resultados indicaram que os participantes se lembraram igualmente bem das palavras iniciais e finais em ambas as listas; contudo, quando a palavra central era negativa, a lembrança foi significativamente mais elevada F(1, 49) = 25, 579, p0,0001, o que pode indicar que temos a tendência a memorizar melhor estímulos negativos. Em conjunto, nossos dados demonstram que os vieses cognitivos são características encontradas em todos os níveis de ansiedade, o que indica que eles devem fazer parte de processamento de informação normal, em situações de perigo. As diferenças encontradas nos participantes mais ansiosos indicam uma maior utilização de recursos executivos, em etapas posteriores de processamento. As implicações clínicas e experimentais são discutidasThe interest of experimental psychology for the study of emotions and its relation with the cognition was, until some time ago, left in second plain. Recently, with the advance of the cognitive neuroscience, the research had started to emphasize also the inquiry of the relation cognition-emotion, generating some clarifying models. More recently, the theoreticians had come back their attention toward the cognitive evaluation in negative mood states as depression and anxiety. Through controlled experiments, the three great hypotheses that exist on the processing of information in the anxiety were investigated in this work. The study was realized with 50 university students of both sexes. The software Super Lab® was used, registration sheet for evaluation of the answers and the Beck scale for the mensuration of the anxiety levels. The first experiment evaluated the impact that ambiguous semantic stimulatons have in the type of choice and taking of decision; the results, calculated for the ANOVA, had indicated that the participants tend to choose more negative meanings, front to a ambiguous choice, if compared with the neutral F (1, 49) =107,08, p0,0001. Moreover, the most anxious participants differ on average from less anxious in the time that lead to decide F (1, 49) =4689, p=0,033. The second experiment used an original version of the emotional Stroop task; in one of them, we evaluate the paper that the grammatical category had in the atencional focalization of the participants and, for in such a way, we use verbs, adjectives and substantives, neutral and threatening, in individual slides. An analysis post-hoc of Bonferroni indicated that the threatening adjectives are the ones that more raise the participants attention with p0,05. We could notice, also, that the most anxious parcel of the sample, takes more time, on average, to nominate the colors of the threatening words in a general way F (1, 99) =6,656, p=0,011, what indicates a great hiper-monitoring for threat in general. In the second stroop task, we wanted to evaluate if abstract and concrete words, neutral and threatening, were processed in a different way. The results had indicated that not, however the most anxious participants demonstrated more atencional selectivity, when the threatening words had been taken as a whole F (1, 99) = 4270, p=0,041, what it can indicate a primitive and few discriminated analysis. In the third experiment, we use lists of words with seven itens, where the central item could be neutral or threatening, being that, later the participant evoked the words that remembered. The results had indicated that they had remembered the initial and final words equally well in both the lists; however, when the central word was negative, the recall was significantly more raised F (1, 49) = 25, 579, p0,0001, what can indicate that we have the trend to better memorize negative stimulatons. In joint, our data demonstrate that the cognitive bias are characteristic and found in all anxiety levels, what shows that they must be part of the normal information processing, in danger situations. The differences found in the most anxious participants indicate a bigger use of executive resources, in posterior stages of processing. The clinical and experimental implications are discussedBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPGalera, Cesar AlexisMontagnero, Alexandre Vianna2009-02-16info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-19112008-151619/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:09:58Zoai:teses.usp.br:tde-19112008-151619Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:09:58Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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