Associação entre o perfil audiológico e alterações de linguagem em crianças atendidas no Setor de Fonoaudiologia do Centro de Saúde Escola Samuel Barnsley Pessoa

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pereira, Marilia Barbieri
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5162/tde-22012014-121927/
Resumo: As alterações primárias de linguagem (APL) são alterações fonoaudiológicas de manifestação primária relacionadas às defasagens no desenvolvimento de linguagem em qualquer aspecto: fonológico, sintático, morfológico, semântico e/ou pragmático; são muito prevalentes na população infantil, entre 2 e 19%, ao redor do mundo. As alterações auditivas também são bastante prevalentes em crianças, especialmente as perdas auditivas temporárias, causadas por alterações de orelha média, resultando em prejuízos ao desenvolvimento infantil. Não há concordância na literatura quanto ao impacto das perdas auditivas transitórias no desenvolvimento da linguagem. Neste estudo pretendeu-se: caracterizar as crianças atendidas no Setor de Fonoaudiologia do Centro de Saúde Escola Samuel Barnsley Pessoa, entre 1985 e 2009, quanto às alterações primárias de linguagem (APL) - alteração no desenvolvimento de linguagem (ADL), transtorno fonológico (TF) e alteração de leitura e escrita (ALE), bem como seu perfil demográfico e perfil audiológico; verificar a existência de associação entre as APLs e as variáveis demográficas; verificar a existência de associação entre as APLs e as alterações audiológicas. Para tanto, realizou-se levantamento de prontuários e registros do Setor de Fonoaudiologia do CSE Samuel Barnsley Pessoa, coletando-se os dados de diagnóstico fonoaudiológico e audiológico de todos os pacientes, que realizaram avaliação fonoaudiológica completa, totalizando 2424 indivíduos. Destes, 1524 (62,87%) apresentaram APL, sendo que 1047 (68,70%) tinham dados de avaliação audiológica. Inicialmente, os resultados obtidos por variável estudada foram submetidos à análise descritiva. Para verificação da existência de associação entre audição e linguagem, foi criada uma variável que representasse o perfil audiológico, formada pela junção das variáveis que compuseram a avaliação audiológica (audiometria tonal, curva timpanométrica e pesquisa de reflexos acústicos). Esta variável foi dicotomizada em: sim (normal para todos os testes) e não (alterada em pelo menos um teste). Para a análise das variáveis estudadas, usou-se o teste de comparação intergrupos, o teste chi-quadrado de Pearson e medidas de associação (para cálculo do risco e das razões de prevalência). Para todas as análises, foi adotado o nível de significância de 5%. Quanto às APL, verificou-se as seguintes prevalências: TF - 58,84%, ADL - 30,75% e ALE - 10,41%, com predominância no sexo masculino (64,19%) e da faixa etária até 6 anos (67,15%). A suspeita inicial da alteração de linguagem dividiu-se entre: família (31,23%), instituições de ensino (30,75%) e profissionais de saúde (29,13%). Quanto ao perfil audiológico, para a audiometria tonal, houve predominância de limiares auditivos dentro da normalidade (81,34%), seguido por perdas auditivas condutivas (15,47%). A curva timpanométrica mais prevalente foi do tipo A (56,24%), seguida pelo tipo B e C (21,84% e 18,16%, respectivamente). Os reflexos acústicos estavam presentes na maioria dos sujeitos (51,7%). Foi encontrada associação estatisticamente significativa para o fato de pertencer ao grupo de 7 a 12 anos e apresentar TF, pertencer ao grupo de idade até 6 anos e ter ADL, e pertencer ao grupo de idade mais avançada e apresentar ALE. Houve associação estatisticamente significativa entre sexo masculino e ADL. Na verificação da associação entre APL e alteração no perfil audiológico, não houve significância estatística. Entretanto, os indivíduos com o perfil audiológico alterado apresentaram quatro vezes mais chance de ter APL em relação àqueles que apresentaram perfil audiológico normal. Apesar de não haver resultados estatisticamente significantes que suportem a associação entre alteração do perfil audiológico e APL, na presente pesquisa, eles sugerem que o fato de o indivíduo apresentar algum teste auditivo alterado seria um fator de risco para APL. Desta forma, estes achados caracterizam-se como fundamento para o acompanhamento audiológico e fonoaudiológico de crianças, sendo importante para o planejamento de ações de promoção e prevenção, assim como para o desenvolvimento e aplicação de programas de intervenção
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spelling Associação entre o perfil audiológico e alterações de linguagem em crianças atendidas no Setor de Fonoaudiologia do Centro de Saúde Escola Samuel Barnsley PessoaAssociation between audiological profile and language impairments in children from The Speech-Language Pathology And Audiology Service In Samuel Barnsley Pessoa Health CenterAudiçãoChild LanguageEpidemiologiaEpidemiologyHearingLanguage DisordersLinguagem infantilPrevalencePrevalênciaTranstornos da linguagemAs alterações primárias de linguagem (APL) são alterações fonoaudiológicas de manifestação primária relacionadas às defasagens no desenvolvimento de linguagem em qualquer aspecto: fonológico, sintático, morfológico, semântico e/ou pragmático; são muito prevalentes na população infantil, entre 2 e 19%, ao redor do mundo. As alterações auditivas também são bastante prevalentes em crianças, especialmente as perdas auditivas temporárias, causadas por alterações de orelha média, resultando em prejuízos ao desenvolvimento infantil. Não há concordância na literatura quanto ao impacto das perdas auditivas transitórias no desenvolvimento da linguagem. Neste estudo pretendeu-se: caracterizar as crianças atendidas no Setor de Fonoaudiologia do Centro de Saúde Escola Samuel Barnsley Pessoa, entre 1985 e 2009, quanto às alterações primárias de linguagem (APL) - alteração no desenvolvimento de linguagem (ADL), transtorno fonológico (TF) e alteração de leitura e escrita (ALE), bem como seu perfil demográfico e perfil audiológico; verificar a existência de associação entre as APLs e as variáveis demográficas; verificar a existência de associação entre as APLs e as alterações audiológicas. Para tanto, realizou-se levantamento de prontuários e registros do Setor de Fonoaudiologia do CSE Samuel Barnsley Pessoa, coletando-se os dados de diagnóstico fonoaudiológico e audiológico de todos os pacientes, que realizaram avaliação fonoaudiológica completa, totalizando 2424 indivíduos. Destes, 1524 (62,87%) apresentaram APL, sendo que 1047 (68,70%) tinham dados de avaliação audiológica. Inicialmente, os resultados obtidos por variável estudada foram submetidos à análise descritiva. Para verificação da existência de associação entre audição e linguagem, foi criada uma variável que representasse o perfil audiológico, formada pela junção das variáveis que compuseram a avaliação audiológica (audiometria tonal, curva timpanométrica e pesquisa de reflexos acústicos). Esta variável foi dicotomizada em: sim (normal para todos os testes) e não (alterada em pelo menos um teste). Para a análise das variáveis estudadas, usou-se o teste de comparação intergrupos, o teste chi-quadrado de Pearson e medidas de associação (para cálculo do risco e das razões de prevalência). Para todas as análises, foi adotado o nível de significância de 5%. Quanto às APL, verificou-se as seguintes prevalências: TF - 58,84%, ADL - 30,75% e ALE - 10,41%, com predominância no sexo masculino (64,19%) e da faixa etária até 6 anos (67,15%). A suspeita inicial da alteração de linguagem dividiu-se entre: família (31,23%), instituições de ensino (30,75%) e profissionais de saúde (29,13%). Quanto ao perfil audiológico, para a audiometria tonal, houve predominância de limiares auditivos dentro da normalidade (81,34%), seguido por perdas auditivas condutivas (15,47%). A curva timpanométrica mais prevalente foi do tipo A (56,24%), seguida pelo tipo B e C (21,84% e 18,16%, respectivamente). Os reflexos acústicos estavam presentes na maioria dos sujeitos (51,7%). Foi encontrada associação estatisticamente significativa para o fato de pertencer ao grupo de 7 a 12 anos e apresentar TF, pertencer ao grupo de idade até 6 anos e ter ADL, e pertencer ao grupo de idade mais avançada e apresentar ALE. Houve associação estatisticamente significativa entre sexo masculino e ADL. Na verificação da associação entre APL e alteração no perfil audiológico, não houve significância estatística. Entretanto, os indivíduos com o perfil audiológico alterado apresentaram quatro vezes mais chance de ter APL em relação àqueles que apresentaram perfil audiológico normal. Apesar de não haver resultados estatisticamente significantes que suportem a associação entre alteração do perfil audiológico e APL, na presente pesquisa, eles sugerem que o fato de o indivíduo apresentar algum teste auditivo alterado seria um fator de risco para APL. Desta forma, estes achados caracterizam-se como fundamento para o acompanhamento audiológico e fonoaudiológico de crianças, sendo importante para o planejamento de ações de promoção e prevenção, assim como para o desenvolvimento e aplicação de programas de intervençãoPrimary language impairments (PLI) are primary manifestations of speech-language disorders related to delays in language development in any aspect: phonological, syntactic, morphological, semantic and / or pragmatic; they are very prevalent in children, between 2 and 19% around the world. Hearing disorders are also very prevalent in children, especially temporary hearing losses caused by middle ear diseases, resulting in damage in children development. In literature, there is no agreement on the impact of transient hearing loss on language development. In this study, children seen at the Speech-Language Pathology and Audiology Service in Samuel Barnsley Pessoa Health Center, between 1985 and 2009, were characterized regarding primary language impairments (PLI): language development impairment (LDI), phonological disorder (PD) and reading and writing impairment (RWI); as well as demographic and audiological profile; association between PLI and demographic variables; and association between PLI and hearing disorders. Thus, data from all the patients who undergone comprehensive speech-language and audiological assessment was collected from medical records of the Speech-Language Pathology and Audiology Service in Samuel Barnsley Pessoa, totaling 2424 individuals. 1524 (62.87%) presented PLI, and 1047 (68.70%) had audiological evaluation data. Initially, data obtained on each studied variable was subjected to descriptive analysis. To verify the association between hearing and language, a variable formed by the reunion of the variables that composed the audiological evaluation (pure tone audiometry, tympanometry and acoustic reflexes) was created to represent the audiological profile. This variable was dichotomized into: yes (normal for all tests) and no (abnormal in at least one test). For the analysis of the studied variables, the intergroup comparison test, the Pearson\'s chi-square test and measures of association (for the risk and odds ratio calculation) were used. For all analyzes, a significance level of 5% was used. Concerning the PLI, the following prevalences were observed: PD - 58.84%, LDI - 30.75%, RWI - 10.41 %, with a predominance of males (64.19%) and the group aged up to 6 years (67.15 %). The initial assumption of the language impairment was divided among family (31.23%), educational institutions (30.75%) and health professionals (29.13%). Regarding the audiological profile, audiometric thresholds predominated within the normal range (81.34%), followed by conductive hearing loss (15.47%). The tympanogram type A was more prevalent (56.24%), followed by types B and C (21.84% and 18.16%, respectively). Acoustic reflexes were present in most of the subjects (51.7%). Statistically significant association was found between belonging to the group aged 7-12 years and having PD, belonging to the age group up to 6 years and presenting LDI, and belonging to the older group and presenting RWI. Statistically significant association between male and LDI was found. Verifying the association between PLI and abnormal audiological profile, statistical significance was not observed. However, individuals with abnormal audiological profile were four times more likely to present PLI than those who had normal audiological profile. Although no statistically significant results that support the association between abnormal audiological profile and PLI were found in this study, it is suggested that presenting any abnormal hearing test would be a risk factor for PLI. Hence, these findings can serve as a basis for children hearing and speech-language monitoring, and as an important tool for the planning of health promotion and prevention actions, as well as the development and implementation of intervention programsBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPSamelli, Alessandra GiannellaPereira, Marilia Barbieri2013-11-06info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5162/tde-22012014-121927/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:11:02Zoai:teses.usp.br:tde-22012014-121927Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:11:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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