Intertextualidade e virtualidade na meta-estética do processo composicional de Gilberto Mendes.
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2023 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27157/tde-13072023-144040/ |
Resumo: | Diante da importância da obra de Gilberto Mendes para a música contemporânea, onde a invenção e a lógica conduzem a uma técnica única, numa poética heterodoxa, porém consistente, a presente pesquisa busca compreender a operacionalidade do pensamento criativo do compositor através da análise dos fundamentos estruturais e consequentemente conjugações significativas de obras icônicas selecionadas: Santos Football Music (1969), Vento Noroeste (1982), Ulisses em Copacabana surfando com James Joyce e Dorothy Lamour (1988) e Estudo de Síntese (2004). Para tal fim, os argumentos seguem elaborados em etapas que primeiro examinam as estruturas formais constituintes da música através do uso de ferramentas teóricas e analíticas como a Teoria dos Conjuntos apresentada por Forte (1973) e Straus (2005, 2016;), quando necessário a Teoria dos Contornos como vista em Adams (1976) e Morris (1993), segmentações e análise motívica segundo os fundamentos de Schoenberg (2012), e o aporte das teorias analíticas pós-tonais como nos aponta Kostka e Santa (2018), Roig-Francolí, (2007) e Antokoletz (1990). Tendo a compreensão estrutural da peça, seguir-se-á uma análise relacional onde, a intertextualidade e suas categorias são expostas em consonância com a obra em questão visando obter aprofundamento da proposta composicional do autor e de suas relações com demais obras e autores, o qual propôs presentificar o passado para lançar um futuro, reunir estilos para criar uma linguagem musical própria. Nisso, Mendes constitui elementos paródicos por diferentes modos de transformação, perfazendo diferentes ethos. A proposição analítica nesse ponto é sustentada pelas teorias hipertextuais de Genette (1992, 1997, 2010), as categorizações intertextuais em música referendadas por Straus (1990) e Klein (2005), a teoria do anacronismo metafórico de Hyde (1996), citação, alusão, paródia, ironia e pastiche como modos do ethos musical em Everett (2004) e López-Cano (2020). Segundo a necessidade analítica da obra, questões de narratividade são elencadas visando maior entendimento do enredo sobre a direcionalidade imposta pelo autor. A perspectiva narrativa é trazida pelo uso analítico da retórica em seus termos formais elencados por Bartel (1997), interposto com conceitos de isotopia e transvaloração de Almén (2008), vetores direcionais e tensionais na música segundo Tarasti (1994) e López-Cano (2020). No último grau de análise, os conceitos de virtualidade são aplicados à música conforme os pressupostos filosóficos de Bergson (1999), Deleuze (1998, 2006, 2008), Baudrillard (1991) e Lévy (2011), em que o virtual é o real que deve ser manifesto através do movimento que o atualiza, seguindo após isso uma virtualização que gera um novo ciclo infinito de soluções e diferenciações. Elementos como a memória, a imagem, a ideia, e até mesmo as estruturas são virtuais, necessitam de um movimento criativo para o atual, a invenção é, pois, uma atualização, não uma mera cópia, a virtualização um processo reverso que evoca novas proposições e dialéticas, justo o que faz Gilberto Mendes em sua obra. |
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Intertextualidade e virtualidade na meta-estética do processo composicional de Gilberto Mendes.Intertextuality and virtuality in the meta-aesthetics of Gilberto Mendes\' compositional process.Análise MusicalComposiçãoCompositionCompositional ProcessesGilberto MendesGilberto MendesIntertextualidadeIntertextualityMeta-aestheticsMeta-estéticaMúsica ContemporâneaMusical analysis, Contemporary MusicProcessos ComposicionaisVirtualidadeVirtualityDiante da importância da obra de Gilberto Mendes para a música contemporânea, onde a invenção e a lógica conduzem a uma técnica única, numa poética heterodoxa, porém consistente, a presente pesquisa busca compreender a operacionalidade do pensamento criativo do compositor através da análise dos fundamentos estruturais e consequentemente conjugações significativas de obras icônicas selecionadas: Santos Football Music (1969), Vento Noroeste (1982), Ulisses em Copacabana surfando com James Joyce e Dorothy Lamour (1988) e Estudo de Síntese (2004). Para tal fim, os argumentos seguem elaborados em etapas que primeiro examinam as estruturas formais constituintes da música através do uso de ferramentas teóricas e analíticas como a Teoria dos Conjuntos apresentada por Forte (1973) e Straus (2005, 2016;), quando necessário a Teoria dos Contornos como vista em Adams (1976) e Morris (1993), segmentações e análise motívica segundo os fundamentos de Schoenberg (2012), e o aporte das teorias analíticas pós-tonais como nos aponta Kostka e Santa (2018), Roig-Francolí, (2007) e Antokoletz (1990). Tendo a compreensão estrutural da peça, seguir-se-á uma análise relacional onde, a intertextualidade e suas categorias são expostas em consonância com a obra em questão visando obter aprofundamento da proposta composicional do autor e de suas relações com demais obras e autores, o qual propôs presentificar o passado para lançar um futuro, reunir estilos para criar uma linguagem musical própria. Nisso, Mendes constitui elementos paródicos por diferentes modos de transformação, perfazendo diferentes ethos. A proposição analítica nesse ponto é sustentada pelas teorias hipertextuais de Genette (1992, 1997, 2010), as categorizações intertextuais em música referendadas por Straus (1990) e Klein (2005), a teoria do anacronismo metafórico de Hyde (1996), citação, alusão, paródia, ironia e pastiche como modos do ethos musical em Everett (2004) e López-Cano (2020). Segundo a necessidade analítica da obra, questões de narratividade são elencadas visando maior entendimento do enredo sobre a direcionalidade imposta pelo autor. A perspectiva narrativa é trazida pelo uso analítico da retórica em seus termos formais elencados por Bartel (1997), interposto com conceitos de isotopia e transvaloração de Almén (2008), vetores direcionais e tensionais na música segundo Tarasti (1994) e López-Cano (2020). No último grau de análise, os conceitos de virtualidade são aplicados à música conforme os pressupostos filosóficos de Bergson (1999), Deleuze (1998, 2006, 2008), Baudrillard (1991) e Lévy (2011), em que o virtual é o real que deve ser manifesto através do movimento que o atualiza, seguindo após isso uma virtualização que gera um novo ciclo infinito de soluções e diferenciações. Elementos como a memória, a imagem, a ideia, e até mesmo as estruturas são virtuais, necessitam de um movimento criativo para o atual, a invenção é, pois, uma atualização, não uma mera cópia, a virtualização um processo reverso que evoca novas proposições e dialéticas, justo o que faz Gilberto Mendes em sua obra.In view of the importance of the work of Gilberto Mendes for contemporary music, where invention and logic lead to a unique technique, in a heterodox but consistent poetics, the present research seeks to understand the operationality of the creative thought of the composer through the analysis of the structural foundations and consequently significant conjugations of selected iconic works: Santos Football Music (1969), Vento Noroeste (1982), Ulisses in Copacabana Surfing with James Joyce and Dorothy Lamour (1988) e Estudo de Síntese (2004). For that purpose, the arguments follow elaborated in stages that first examine the constituent formal structures of music through the use of theoretical and analytical tools such as Set Theory presented by Forte (1973) and Straus (2005, 2016;), when necessary the Theory of Contours as presented in Adams (1976) and Morris (1993), segmentations and motivic analysis according to the foundations of Schoenberg (2012), and the contribution of post-tonal analytical theories as pointed out by Kostka and Santa (2018), Roig-Francolí, (2007) and Antokoletz (1990). Having the structural comprehension of the musical piece, a relational analysis will follow where the intertextuality and its categories are exposed in consonance with the work in question, aiming at getting deeper into the author\'s compositional proposal and its relations with other works and authors, who proposed to present the past to launch a future, gathering styles to create a musical language of his own. In this, Mendes constitutes parodic elements by different modes of transformation, making up different ethos. The analytical proposition at this point is supported by the hypertextual theories of Genette (1992, 1997, 2010), the intertextual categorizations in music referenced by Straus (1990) and Klein (2005), Hyde\'s theory of metaphorical anachronism (1996), citation, allusion, parody, irony and pastiche as modes of musical ethos in Everett (2004) and López-Cano (2020). According to the analytical need of the work, issues of narrativity are listed in order to better understand the plot about the directionality imposed by the author. The narrative perspective is brought about by the analytical use of rhetoric in its formal terms listed by Bartel (1997), interposed with concepts of isotopy and transvaluation by Almén (2008), directional and tensional vectors in music according to Tarasti (1994) and López-Cano ( 2020). In the last degree of analysis, the concepts of virtuality are applied to music according to the philosophical assumptions of Bergson (1999), Deleuze (1998, 2006, 2008), Baudrillard (1991) and Lévy (2011), in which the virtual is the real that must be manifested through the movement that updates it, followed by a virtualization that generates a new infinite cycle of solutions and differentiations. Elements such as memory, image, idea and even structures are virtual, they need a creative movement for the actual, invention is therefore an updating, not a mere copy, virtualization a reverse process that evokes new propositions and dialectics, just what Gilberto Mendes does in his work.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPSouza, Rodolfo Nogueira Coelho dePalermo Filho, Silas da Luz2023-04-20info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27157/tde-13072023-144040/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2023-07-13T18:00:13Zoai:teses.usp.br:tde-13072023-144040Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-07-13T18:00:13Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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Diante da importância da obra de Gilberto Mendes para a música contemporânea, onde a invenção e a lógica conduzem a uma técnica única, numa poética heterodoxa, porém consistente, a presente pesquisa busca compreender a operacionalidade do pensamento criativo do compositor através da análise dos fundamentos estruturais e consequentemente conjugações significativas de obras icônicas selecionadas: Santos Football Music (1969), Vento Noroeste (1982), Ulisses em Copacabana surfando com James Joyce e Dorothy Lamour (1988) e Estudo de Síntese (2004). Para tal fim, os argumentos seguem elaborados em etapas que primeiro examinam as estruturas formais constituintes da música através do uso de ferramentas teóricas e analíticas como a Teoria dos Conjuntos apresentada por Forte (1973) e Straus (2005, 2016;), quando necessário a Teoria dos Contornos como vista em Adams (1976) e Morris (1993), segmentações e análise motívica segundo os fundamentos de Schoenberg (2012), e o aporte das teorias analíticas pós-tonais como nos aponta Kostka e Santa (2018), Roig-Francolí, (2007) e Antokoletz (1990). Tendo a compreensão estrutural da peça, seguir-se-á uma análise relacional onde, a intertextualidade e suas categorias são expostas em consonância com a obra em questão visando obter aprofundamento da proposta composicional do autor e de suas relações com demais obras e autores, o qual propôs presentificar o passado para lançar um futuro, reunir estilos para criar uma linguagem musical própria. Nisso, Mendes constitui elementos paródicos por diferentes modos de transformação, perfazendo diferentes ethos. A proposição analítica nesse ponto é sustentada pelas teorias hipertextuais de Genette (1992, 1997, 2010), as categorizações intertextuais em música referendadas por Straus (1990) e Klein (2005), a teoria do anacronismo metafórico de Hyde (1996), citação, alusão, paródia, ironia e pastiche como modos do ethos musical em Everett (2004) e López-Cano (2020). Segundo a necessidade analítica da obra, questões de narratividade são elencadas visando maior entendimento do enredo sobre a direcionalidade imposta pelo autor. A perspectiva narrativa é trazida pelo uso analítico da retórica em seus termos formais elencados por Bartel (1997), interposto com conceitos de isotopia e transvaloração de Almén (2008), vetores direcionais e tensionais na música segundo Tarasti (1994) e López-Cano (2020). No último grau de análise, os conceitos de virtualidade são aplicados à música conforme os pressupostos filosóficos de Bergson (1999), Deleuze (1998, 2006, 2008), Baudrillard (1991) e Lévy (2011), em que o virtual é o real que deve ser manifesto através do movimento que o atualiza, seguindo após isso uma virtualização que gera um novo ciclo infinito de soluções e diferenciações. Elementos como a memória, a imagem, a ideia, e até mesmo as estruturas são virtuais, necessitam de um movimento criativo para o atual, a invenção é, pois, uma atualização, não uma mera cópia, a virtualização um processo reverso que evoca novas proposições e dialéticas, justo o que faz Gilberto Mendes em sua obra. |
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