A formação da nova geografia política das mudanças climáticas: o papel de Estados Unidos e China
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2015 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-08072015-113853/ |
Resumo: | As mudanças climáticas são uma das fronteiras planetárias que garantem o funcionamento seguro do sistema terrestre. O atual modelo de desenvolvimento, baseado principalmente no alto padrão de consumo, é incompatível com a manutenção das fronteiras planetárias. Uma dessas fronteiras, a das mudanças climáticas, já foi ultrapassada e é uma das dimensões da crise civilizacional que vivemos nos tempos atuais, crise esta que caracteriza a transição para uma zona de risco de colapso ambiental sistêmico. Ao mesmo tempo em que o conhecimento científico deste complexo problema evolui rapidamente e as consequências se agravam, essas ameaças não são percebidas como reais e imediatas pela população em geral, o que inibe a ação necessária, a de uma revisão das bases do nosso modo de vida. Em última instância, são os Estados que adotam medidas para regular a ação humana e proteger o sistema terrestre. Tais ações vêm sendo negociadas no nível internacional há mais de vinte anos, em um processo multilateral sob os auspícios das Nações Unidas. O problema é que este processo está caracterizado por um impasse que tem como protagonistas os maiores emissores de gases de efeito estufa e as maiores economias mundiais, Estados Unidos e China. Desde o início do século XXI notam-se duas alterações que foram definitivas para desenhar o escopo deste trabalho e que são a sua grande contribuição: uma mudança na distribuição territorial das emissões de GEE e uma mudança na distribuição de poder no sistema internacional, que giram em torno das duas grandes potências mundiais. Essas duas bases, uma geográfica e outra política, nos permitem analisar a formação da nova geografia política das mudanças climáticas, a partir de um diálogo entre as referências teóricas da Geografia Política e das Relações Internacionais. A nova geografia política das mudanças climáticas está sendo definida pelas posições assumidas por EUA e China neste processo multilateral que caracteriza a ordem ambiental internacional das mudanças climáticas. Dessa forma, este trabalho analisa as posições dos dois países no período de 2005 a 2012, de forma a identificar os interesses defendidos por eles que estão refletidos nos documentos finais das rodadas internacionais de negociações da Convenção do Clima. Ainda em construção, esta nova geografia política será conformada pelo possível novo acordo climático a ser adotado até 2020, que está condicionado pela aparente oposição entre os interesses defendidos por EUA e China e que dificilmente terá os resultados esperados. Essa oposição tem gerado uma cooperação conveniente para os dois países, que exercem as suas soberanias e salvaguardam a defesa dos seus interesses nacionais na ordem ambiental internacional das mudanças climáticas, postura que resulta na paralisia das negociações. Este estudo espera contribuir para o entendimento desta situação, que adia perigosamente as decisões urgentes para tratar de um problema que traz uma complexidade que agrava e é agravada pelas dificuldades desse processo multilateral. |
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A formação da nova geografia política das mudanças climáticas: o papel de Estados Unidos e ChinaFormation of the new political geography of climate change: the role of the United States and ChinaChinaChinaClimate changeEUAGeografia políticaInternational politicsMudanças climáticasPolítica InternacionalPolitical geographyUSAAs mudanças climáticas são uma das fronteiras planetárias que garantem o funcionamento seguro do sistema terrestre. O atual modelo de desenvolvimento, baseado principalmente no alto padrão de consumo, é incompatível com a manutenção das fronteiras planetárias. Uma dessas fronteiras, a das mudanças climáticas, já foi ultrapassada e é uma das dimensões da crise civilizacional que vivemos nos tempos atuais, crise esta que caracteriza a transição para uma zona de risco de colapso ambiental sistêmico. Ao mesmo tempo em que o conhecimento científico deste complexo problema evolui rapidamente e as consequências se agravam, essas ameaças não são percebidas como reais e imediatas pela população em geral, o que inibe a ação necessária, a de uma revisão das bases do nosso modo de vida. Em última instância, são os Estados que adotam medidas para regular a ação humana e proteger o sistema terrestre. Tais ações vêm sendo negociadas no nível internacional há mais de vinte anos, em um processo multilateral sob os auspícios das Nações Unidas. O problema é que este processo está caracterizado por um impasse que tem como protagonistas os maiores emissores de gases de efeito estufa e as maiores economias mundiais, Estados Unidos e China. Desde o início do século XXI notam-se duas alterações que foram definitivas para desenhar o escopo deste trabalho e que são a sua grande contribuição: uma mudança na distribuição territorial das emissões de GEE e uma mudança na distribuição de poder no sistema internacional, que giram em torno das duas grandes potências mundiais. Essas duas bases, uma geográfica e outra política, nos permitem analisar a formação da nova geografia política das mudanças climáticas, a partir de um diálogo entre as referências teóricas da Geografia Política e das Relações Internacionais. A nova geografia política das mudanças climáticas está sendo definida pelas posições assumidas por EUA e China neste processo multilateral que caracteriza a ordem ambiental internacional das mudanças climáticas. Dessa forma, este trabalho analisa as posições dos dois países no período de 2005 a 2012, de forma a identificar os interesses defendidos por eles que estão refletidos nos documentos finais das rodadas internacionais de negociações da Convenção do Clima. Ainda em construção, esta nova geografia política será conformada pelo possível novo acordo climático a ser adotado até 2020, que está condicionado pela aparente oposição entre os interesses defendidos por EUA e China e que dificilmente terá os resultados esperados. Essa oposição tem gerado uma cooperação conveniente para os dois países, que exercem as suas soberanias e salvaguardam a defesa dos seus interesses nacionais na ordem ambiental internacional das mudanças climáticas, postura que resulta na paralisia das negociações. Este estudo espera contribuir para o entendimento desta situação, que adia perigosamente as decisões urgentes para tratar de um problema que traz uma complexidade que agrava e é agravada pelas dificuldades desse processo multilateral.Climate change is one of the planetary boundaries that guarantee the safe operation of the earth system. The current development model, based mainly on the high consumption standards, is incompatible with the conservation of the planetary boundaries. The climate change boundary has already been surpassed and it is one of the dimensions of the civilizational crisis that we live in modern times. This crisis characterizes the transition to a risk of systemic environmental collapse zone. At the same time that the scientific knowledge about this complex problem rapidly evolves, these threats are not realized as reals and immediate by the overall population, which inhibit the necessary revision of our way of living. Ultimately, states are responsible for the adoption of measures to regulate human action and protect the earth system. These actions have been negotiated at the international level for more than twenty years, in a multilateral process under the United Nations auspices. The question is that this process is characterized by a deadlock that has the United States and China as its protagonists, being the biggest greenhouse gases emitters and the major economies worldwide. Since the beginning of the 21st century, two changes were decisive to draw the scope of this research, which are its main contribution: a change in the territorial distribution of GHG emissions and a change in the distribution of power in the international system. Both of them revolve around these two great world powers. The geographical and political basis allow us to analyze the formation of the new political geography of climate change, from a dialogue between theoretical references of Political Geography and International Relations. The new political geography of climate change is being defined by the positions assumed by the US and China in this multilateral process, which characterizes the climate change international environmental order. Thereby, this work analyzes the positions of these two countries in the period 2005-2012 to identify their interests that are reflected in the final documents of the international negotiation rounds of the Climate Change Convention. This new political geography, still under construction, will be designed by the possible new climate agreement to be adopted by 2020. This agreement is conditioned by the apparent opposition between the interests defended by the US and China, and will hardly bring the expected results. Such opposition has generated a convenient cooperation for both countries, which exercise their sovereignty and safeguard the protection of their interests at the climate change international environmental order. This position results in the paralysis of the negotiations. This research aims at contributing to the understanding of this situation, which dangerously postpones the urgent decisions to deal with a problem that brings a complexity that worsens and is worsened by the difficulties of this multilateral process.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPRibeiro, Wagner CostaMoreira, Helena Margarido2015-02-26info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-08072015-113853/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:11:57Zoai:teses.usp.br:tde-08072015-113853Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:11:57Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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As mudanças climáticas são uma das fronteiras planetárias que garantem o funcionamento seguro do sistema terrestre. O atual modelo de desenvolvimento, baseado principalmente no alto padrão de consumo, é incompatível com a manutenção das fronteiras planetárias. Uma dessas fronteiras, a das mudanças climáticas, já foi ultrapassada e é uma das dimensões da crise civilizacional que vivemos nos tempos atuais, crise esta que caracteriza a transição para uma zona de risco de colapso ambiental sistêmico. Ao mesmo tempo em que o conhecimento científico deste complexo problema evolui rapidamente e as consequências se agravam, essas ameaças não são percebidas como reais e imediatas pela população em geral, o que inibe a ação necessária, a de uma revisão das bases do nosso modo de vida. Em última instância, são os Estados que adotam medidas para regular a ação humana e proteger o sistema terrestre. Tais ações vêm sendo negociadas no nível internacional há mais de vinte anos, em um processo multilateral sob os auspícios das Nações Unidas. O problema é que este processo está caracterizado por um impasse que tem como protagonistas os maiores emissores de gases de efeito estufa e as maiores economias mundiais, Estados Unidos e China. Desde o início do século XXI notam-se duas alterações que foram definitivas para desenhar o escopo deste trabalho e que são a sua grande contribuição: uma mudança na distribuição territorial das emissões de GEE e uma mudança na distribuição de poder no sistema internacional, que giram em torno das duas grandes potências mundiais. Essas duas bases, uma geográfica e outra política, nos permitem analisar a formação da nova geografia política das mudanças climáticas, a partir de um diálogo entre as referências teóricas da Geografia Política e das Relações Internacionais. A nova geografia política das mudanças climáticas está sendo definida pelas posições assumidas por EUA e China neste processo multilateral que caracteriza a ordem ambiental internacional das mudanças climáticas. Dessa forma, este trabalho analisa as posições dos dois países no período de 2005 a 2012, de forma a identificar os interesses defendidos por eles que estão refletidos nos documentos finais das rodadas internacionais de negociações da Convenção do Clima. Ainda em construção, esta nova geografia política será conformada pelo possível novo acordo climático a ser adotado até 2020, que está condicionado pela aparente oposição entre os interesses defendidos por EUA e China e que dificilmente terá os resultados esperados. Essa oposição tem gerado uma cooperação conveniente para os dois países, que exercem as suas soberanias e salvaguardam a defesa dos seus interesses nacionais na ordem ambiental internacional das mudanças climáticas, postura que resulta na paralisia das negociações. Este estudo espera contribuir para o entendimento desta situação, que adia perigosamente as decisões urgentes para tratar de um problema que traz uma complexidade que agrava e é agravada pelas dificuldades desse processo multilateral. |
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