Avaliação dos desfechos de infecção in vitro e em modelo experimental no hamster com diferentes isolados clínicos de Leishmania infantum

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Valeriano, Karoline Camila
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17147/tde-08082022-090326/
Resumo: A leishmaniose visceral (LV) é uma doença grave causada pelo protozoário Leishmania infantum, o qual é transmitido, durante o repasto sanguíneo, pelo inseto fêmea flebotomineo contaminado. A doença possui um período de incubação assintomático com duração variável, podendo resultar em doença ativa e, se não tratada, pode ser fatal. A liberação de múltiplas citocinas e moléculas inflamatórias conhecido como \"tempestade de citocinas\" é uma característica comum à LV, no entanto, as alterações no perfil de N-glicana da porção Fc de IgG já foi uma característica relacionada à gravidade da doença. Neste estudo o objetivo foi caracterizar a infecção de diferentes cepas clínicas de Leishmania chamadas 1686, 1851, 515, 1580 oriundas da infecção de humanos diagnosticados com LV, e a cepa de referência NCL IOCL 3241; in vitro com macrófagos de linhagem J774 e in vivo com hamster Mesocricetus auratus. No pico de crescimento de cada cepa macrófagos J774 foram infectados com taxa de infecção avaliada em 24, 48 e 72 horas. In vivo, hamters foram infectados por via intracardíaca e eutanasiados quando apresentaram perda de 20% do peso corporal e/ou sinais clínicos sugestivos de LV. Posteriormente soro, fígado e baço foram coletados para titulação, análise de glicanas em IgG total, carga parasitária por diluição limitante e qPCR, verificação do parasito por cPCR, \"imprint\", quantificação de citocinas por qPCR e alterações anatopatológicas nos órgãos. Nossos resultados mostraram que a maior taxa de infecção in vitro foi com a cepa 1686; já in vivo a cepa 1686, 1580 e 1851 induziram sinais clínicos graves nos animais com alterações histológicas, macroscópicas e alta quantidade de anticorpos, com taxa de sobrevivência de 0%, 25% e 20%, respectivamente. A cepa 1580 induziu os primeiros sinais clínicos nos animais e apresentou maior carga parasitária em diluição limitante, entretanto a cepa 1686 induziu sinais clínicos em todos os animais com aumento da taxa de infecção em qPCR e alteração patológicas em fígado e baço. Já as cepas NCL IOCL 3241 e 80% dos hamsters infectados com a cepa 515 permaneceram assintomáticos; embora em todos infectados com 515 foi possível observar amastigotas em \"imprint\" de fígado e baço, enquanto os infectados com NCL IOCL 3241 mostraram apenas vacúolos parasitóforos vazios. Ambos os grupos tiveram alteração na glicosilação nos anticorpos desses animais. Desta forma, a cepa 1686 levou a um quadro clínico grave com maior infectividade tanto in vitro como in vivo, enquanto a cepa de referência NCL IOCL 3241 apresentou baixa infecção in vitro e apenas casos assintomáticos; e com diminuição na sialilação e fucosilação de IgG total. Além disso a baixa expressão de citocinas IL- 1ß hepática parece estar relacionada com a sintomatologia da LV. Por fim, reafirmamos a utilização do hamster como modelo experimental e a utilização de novas cepas como ferramentas de estudos da patologia da doença. E, para maior aprofundamento do estudo, sugerimos a duplicação do experimento e aplicação de técnicas mais sensíveis para análise das glicanas em IgG.
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A liberação de múltiplas citocinas e moléculas inflamatórias conhecido como \"tempestade de citocinas\" é uma característica comum à LV, no entanto, as alterações no perfil de N-glicana da porção Fc de IgG já foi uma característica relacionada à gravidade da doença. Neste estudo o objetivo foi caracterizar a infecção de diferentes cepas clínicas de Leishmania chamadas 1686, 1851, 515, 1580 oriundas da infecção de humanos diagnosticados com LV, e a cepa de referência NCL IOCL 3241; in vitro com macrófagos de linhagem J774 e in vivo com hamster Mesocricetus auratus. No pico de crescimento de cada cepa macrófagos J774 foram infectados com taxa de infecção avaliada em 24, 48 e 72 horas. In vivo, hamters foram infectados por via intracardíaca e eutanasiados quando apresentaram perda de 20% do peso corporal e/ou sinais clínicos sugestivos de LV. Posteriormente soro, fígado e baço foram coletados para titulação, análise de glicanas em IgG total, carga parasitária por diluição limitante e qPCR, verificação do parasito por cPCR, \"imprint\", quantificação de citocinas por qPCR e alterações anatopatológicas nos órgãos. Nossos resultados mostraram que a maior taxa de infecção in vitro foi com a cepa 1686; já in vivo a cepa 1686, 1580 e 1851 induziram sinais clínicos graves nos animais com alterações histológicas, macroscópicas e alta quantidade de anticorpos, com taxa de sobrevivência de 0%, 25% e 20%, respectivamente. A cepa 1580 induziu os primeiros sinais clínicos nos animais e apresentou maior carga parasitária em diluição limitante, entretanto a cepa 1686 induziu sinais clínicos em todos os animais com aumento da taxa de infecção em qPCR e alteração patológicas em fígado e baço. Já as cepas NCL IOCL 3241 e 80% dos hamsters infectados com a cepa 515 permaneceram assintomáticos; embora em todos infectados com 515 foi possível observar amastigotas em \"imprint\" de fígado e baço, enquanto os infectados com NCL IOCL 3241 mostraram apenas vacúolos parasitóforos vazios. Ambos os grupos tiveram alteração na glicosilação nos anticorpos desses animais. Desta forma, a cepa 1686 levou a um quadro clínico grave com maior infectividade tanto in vitro como in vivo, enquanto a cepa de referência NCL IOCL 3241 apresentou baixa infecção in vitro e apenas casos assintomáticos; e com diminuição na sialilação e fucosilação de IgG total. Além disso a baixa expressão de citocinas IL- 1ß hepática parece estar relacionada com a sintomatologia da LV. Por fim, reafirmamos a utilização do hamster como modelo experimental e a utilização de novas cepas como ferramentas de estudos da patologia da doença. E, para maior aprofundamento do estudo, sugerimos a duplicação do experimento e aplicação de técnicas mais sensíveis para análise das glicanas em IgG.Visceral leishmaniasis (VL) is a serious disease caused by the protozoan Leishmania infantum, which is transmitted, during the blood meal, by the infected female sandfly insect. The disease has an asymptomatic incubation period of variable duration, which can result in active disease and, if untreated, can be fatal. The release of multiple cytokines and inflammatory molecules known as \"cytokine storm\" is a common feature of VL, however, changes in the N-glycan profile of the Fc portion of IgG was once a feature related to the severity of the disease. In this study, the objective was to characterize the infection of different clinical strains of Leishmania called 1686, 1851, 515, 1580 arising from the infection of humans diagnosed with VL, and the reference strain NCL IOCL 3241; in vitro with J774 lineage macrophages and in vivo with the hamster Mesocricetus auratus. At the peak of growth of each strain, J774 macrophages were infected with an infection rate assessed at 24, 48 and 72 hours. In vivo, hamters were infected intracardially and euthanized when they showed a 20% loss of body weight and/or clinical signs suggestive of VL. Subsequently, serum, liver and spleen were collected for titration, analysis of glycans in total IgG, parasite load by limiting dilution and qPCR, verification of the parasite by cPCR, \"imprint\", quantification of cytokines by qPCR and anatopathological changes in the organs. Our results showed that the highest in vitro infection rate was with strain 1686; in vivo strains 1686, 1580 and 1851 induced severe clinical signs in animals with histological and macroscopic alterations and high amount of antibodies, with a survival rate of 0%, 25% and 20%, respectively. Strain 1580 induced the first clinical signs in animals and presented higher parasite load in limiting dilution, however strain 1686 induced clinical signs in all animals with increased infection rate in qPCR and pathological changes in liver and spleen. On the other hand, strains NCL IOCL 3241 and 80% of hamsters infected with strain 515 remained asymptomatic; although in all infected with 515 it was possible to observe amastigotes in liver and spleen imprint, while those infected with NCL IOCL 3241 showed only empty parasitophorous vacuoles. Both groups had alterations in glycosylation in the antibodies of these animals. Thus, strain 1686 led to a severe clinical picture with greater infectivity both in vitro and in vivo, while the reference strain NCL IOCL 3241 showed low infection in vitro and only asymptomatic cases; and with a decrease in sialylation and fucosylation of total IgG. Furthermore, the low expression of hepatic IL-1ß cytokines seems to be related to VL symptoms. Finally, we reaffirm the use of the hamster as an experimental model and the use of new strains as tools for studying the pathology of the disease. And, for further study, we suggest the duplication of the experiment and application of more sensitive techniques for analysis of glycans in IgG.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPPorcino, Gabriane NascimentoSantos, Isabel Kinney Ferreira de MirandaValeriano, Karoline Camila2022-05-13info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17147/tde-08082022-090326/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2022-08-16T15:17:25Zoai:teses.usp.br:tde-08082022-090326Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212022-08-16T15:17:25Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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Valeriano, Karoline Camila
Cepas clínicas
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Glicosilação
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Hamster Mesocricetus auratus
Infecção
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Leishmaniose visceral
Mesocricetus auratus hamster
Visceral leishmaniasis
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