Argumentação em espaço virtual e escolar: sujeito e escrita em diferentes condições de produção

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Carvalho, Maria Aparecida de Souza
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59140/tde-03082020-211425/
Resumo: Esta pesquisa apresenta discussões sobre a influência das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação observadas na produção textual de estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental. Nosso objetivo foi identificar os gestos argumentativos dos sujeitos-alunos em dois espaços materiais distintos: o virtual e a sala de aula. O embasamento teórico se fez a partir da Análise do Discurso de linha francesa pecheuxtiana e nos trabalhos sobre argumentação, buscando compreender os gestos argumentativos, por meio dos discursos produzidos pelos sujeitos em diferentes condições de produção. Mobilizamos os estudos de Pêcheux (1997, 2014), Orlandi (1995, 2012, 2015, 2016), Fernandes (2008) entre outros estudiosos da AD. Sobre a argumentação, fundamentamo-nos, especialmente, nos estudos de Pacífico (2002, 2011, 2012, 2016), Piris (2012, 2016), Amossy (2002, 2016, 2017), entre outros. No que tange à problemática da tecnologia digital, valemo-nos dos estudos de Castells (2003, 2005), Lévy (1993, 2009), Dias (2004, 2012, 2016, 2017), Crystal (2001), Romão (2005), entre outros. Para a Análise do Discurso, o sujeito é uma posição discursiva. Quando o indivíduo, capturado pela ideologia, entra no fluxo do discurso, ele ocupa determinada posição-sujeito e pode exercer, ou não, a prática discursiva da argumentação. Para Pacífico (2012), esse é um ponto relevante, especialmente, se considerarmos a posição sujeito-aluno, visto que a escola nem sempre dá condições para o aluno ter acesso ao que Pêcheux entende por arquivo, campo de documentos que daria condições ao aluno para disputar os sentidos. Para Dias (2004, 2012), as novas tecnologias de comunicação e informação vêm produzindo mudanças na discursividade do mundo, dada sua incursão nas relações históricas, sociais e ideológicas. Dessa forma, nosso trabalho está pautado na análise das interações dos alunos em um blog, por meio dos comentários nele postados, e nas produções textuais escritas dos mesmos alunos, realizadas em sala de aula, em que eles deveriam argumentar sobre o uso ou a proibição do uso de celular na escola. Diante dos dados, fizemos um estudo para interpretar as marcas argumentativas nos diferentes meios de circulação dos textos, uma vez que, para a Análise do Discurso, o trabalho do analista deve ser a construção de um dispositivo de interpretação. Com isso, buscamos traçar um paralelo entre as práticas de leitura e escrita, virtuais ou não, dos sujeitos-alunos, levando em conta o contexto de produção textual. Nossos resultados mostram que a prática da argumentação não depende exclusivamente do espaço material em que ela se dá, já que as condições de produção envolvem muito mais do que o lugar (social ou imaginário) de onde o sujeito fala. No caso desta pesquisa, constatamos que a relação dos interlocutores foi determinante para a produção de sentidos, pois, mesmo escrevendo em um blog, os sujeitos-alunos tinham o sujeito-professor como interlocutor imaginário, e, na sala de aula, como interlocutor de fato. Dessa forma, a contradição foi recorrente e marcou o funcionamento da argumentação, posto que argumentar contra o sentido dominante, no caso da lei que proíbe o uso de celular na escola, nem sempre é possível para o sujeito-aluno que imagina o sujeito-professor como seu leitor.
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Mobilizamos os estudos de Pêcheux (1997, 2014), Orlandi (1995, 2012, 2015, 2016), Fernandes (2008) entre outros estudiosos da AD. Sobre a argumentação, fundamentamo-nos, especialmente, nos estudos de Pacífico (2002, 2011, 2012, 2016), Piris (2012, 2016), Amossy (2002, 2016, 2017), entre outros. No que tange à problemática da tecnologia digital, valemo-nos dos estudos de Castells (2003, 2005), Lévy (1993, 2009), Dias (2004, 2012, 2016, 2017), Crystal (2001), Romão (2005), entre outros. Para a Análise do Discurso, o sujeito é uma posição discursiva. Quando o indivíduo, capturado pela ideologia, entra no fluxo do discurso, ele ocupa determinada posição-sujeito e pode exercer, ou não, a prática discursiva da argumentação. Para Pacífico (2012), esse é um ponto relevante, especialmente, se considerarmos a posição sujeito-aluno, visto que a escola nem sempre dá condições para o aluno ter acesso ao que Pêcheux entende por arquivo, campo de documentos que daria condições ao aluno para disputar os sentidos. Para Dias (2004, 2012), as novas tecnologias de comunicação e informação vêm produzindo mudanças na discursividade do mundo, dada sua incursão nas relações históricas, sociais e ideológicas. Dessa forma, nosso trabalho está pautado na análise das interações dos alunos em um blog, por meio dos comentários nele postados, e nas produções textuais escritas dos mesmos alunos, realizadas em sala de aula, em que eles deveriam argumentar sobre o uso ou a proibição do uso de celular na escola. Diante dos dados, fizemos um estudo para interpretar as marcas argumentativas nos diferentes meios de circulação dos textos, uma vez que, para a Análise do Discurso, o trabalho do analista deve ser a construção de um dispositivo de interpretação. Com isso, buscamos traçar um paralelo entre as práticas de leitura e escrita, virtuais ou não, dos sujeitos-alunos, levando em conta o contexto de produção textual. Nossos resultados mostram que a prática da argumentação não depende exclusivamente do espaço material em que ela se dá, já que as condições de produção envolvem muito mais do que o lugar (social ou imaginário) de onde o sujeito fala. No caso desta pesquisa, constatamos que a relação dos interlocutores foi determinante para a produção de sentidos, pois, mesmo escrevendo em um blog, os sujeitos-alunos tinham o sujeito-professor como interlocutor imaginário, e, na sala de aula, como interlocutor de fato. Dessa forma, a contradição foi recorrente e marcou o funcionamento da argumentação, posto que argumentar contra o sentido dominante, no caso da lei que proíbe o uso de celular na escola, nem sempre é possível para o sujeito-aluno que imagina o sujeito-professor como seu leitor.This research presents discussions about the influence of Digital Iteration and Communication Technologies, observed in the textual production of subject-students of the 9th grade of Elementary School. Our goal was to identify the argumentative gestures of the subject-students in the virtual environment compared to those of the classroom. Our theoretical basis were the pecheuxtian Discourse Analysis and scientific works about argumentation. We sought to understand the argumentative gestures, through the discourses the subject-students produced in different conditions of production, in a virtual environment and in the classroom. We mobilized the studies of Pêcheux (1997, 2014), Orlandi (1995, 2012, 2015, 2016), Fernandes (2008) among other AD scholars. Regarding the argumentation, we focused on Pacífico (2002, 2011, 2012, 2016), Piris (2012, 2016), Amossy (2002, 2016, 2017) studies, among others. As for the digital technology problem, we used the studies of Castells (2003, 2005), Lévy (1993, 2009), Dias (2004, 2012, 2016, 2017), Crystal (2001), Rojo e Moura (2012), among others. In Discourse Analysis, the subject is a discursive position. When the subject enters the flow of discourse he occupies the position of subject and the sustenance of a point of view is only possible if the subject is able to argue, that is, if the subject has access to what Pêcheux called archive. For Dias (2004, 2012), the new technologies of communication and information have produced changes in the discursivity of the world through its incursion into historical, social and ideological relations. Thus, our work is based on the analysis of subject-students\' interactions in a blog, through comments, and their textual productions written in the classroom. Based on the data, we made a study to interpret the argumentative marks in the different means of circulation of the texts, since, for Discourse Analysis, the work of the analyst must be the construction of an interpretation device. With this, we sought to draw a parallel between the reading and writing practices of the subject-students, virtual or not, taking into account the textual production context. Our results show that the argument is only present if there is space for the dispute of the senses in the conduct of classes, regardless of the material space in which the senses circulate.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPPacifico, Soraya Maria RomanoCarvalho, Maria Aparecida de Souza2020-05-29info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59140/tde-03082020-211425/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2020-11-19T21:33:02Zoai:teses.usp.br:tde-03082020-211425Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212020-11-19T21:33:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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