A expansão da fronteira nos limites do capital: a construção habitacional brasileira na primeira década e meia do século XXI
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2023 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-16022024-161046/ |
Resumo: | Na presente pesquisa, proponho compreender as fronteiras abertas à reprodução capitalista no país através da produção de casas e apartamentos durante a primeira década e meia do século XXI, no contexto do Brasil neodesenvolvimentista, não como uma mera repetição de formas sempre iguais em configurações espaciais diferentes, mas contrapondo o que ficou comumente conhecido como boom habitacional à contradição em processo, cujo desdobramento atinge o seu ápice com o colapso da produção de valor. Nessa perspectiva, o capital nas últimas décadas tornou-se incapaz de superar a sua crise de acumulação por meio de ajustes espaciais, ainda que lançando mão de expedientes típicos da assim chamada acumulação primitiva. O desenvolvimento progressivo das forças produtivas, imparável e irrevogável a cada novo ciclo do capital, entra em contradição com o seu próprio fim de valorizar o valor, assim, procuro deslocar a contradição basilar do capital da tendência permanente à superacumulação, em razão dos desequilíbrios potenciais nas metamorfoses do capital, para a contradição entre forma e matéria, riqueza abstrata e riqueza concreta. Toda a reluzente materialidade das paisagens em construção e destruição ao redor das geografias do desenvolvimento desigual mundial, onde encontramos a particularidade brasileira, passa a ser determinada pelas bolhas e circuitos mundiais de capital fictício. No caso em estudo, procurei traçar a mediação desses capitais com as construtoras/incorporadoras de capital aberto, o Estado e seu fundo público/semi-público financiando o Minha Casa, Minha Vida e o consumidor endividado, entrelaçamento esse que teria conformado a fronteira nacional da produção habitacional e seus elevados preços. Frente a atual crise do capital, o horizonte de transformação pela via da construção do Estado de bem estar social nacional, em queda até mesmo nos países que nos servem de modelo, depara-se com uma barreira que não pode ser atribuída somente à luta de classes no interior da política e sim deve ser pensada considerando os limites da valorização do valor, pois é cada vez mais difícil de distribuir o trabalho social em declínio e engendrar crescimento econômico, não obstante o aumento da riqueza material em volumes nunca antes vistos. Cabe então, diante do acirramento das catástrofes, violências, destruições, da dominação e da exploração, levar a cabo uma crítica que, ao reconhecer essas características como imanentes às formas de ser e pensar da modernização capitalista, tem como horizonte a ruptura com essa forma de vida |
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A expansão da fronteira nos limites do capital: a construção habitacional brasileira na primeira década e meia do século XXIThe expansion of the frontier within the limits of capital: Brazilian housing construction in the first decade and a half of the 21st centuryCapital (fictitious) reproductionCapital crisisCrise do capitalHousing productionProdução do espaçoProdução habitacionalProduction of spaceReprodução fictícia do capitalNa presente pesquisa, proponho compreender as fronteiras abertas à reprodução capitalista no país através da produção de casas e apartamentos durante a primeira década e meia do século XXI, no contexto do Brasil neodesenvolvimentista, não como uma mera repetição de formas sempre iguais em configurações espaciais diferentes, mas contrapondo o que ficou comumente conhecido como boom habitacional à contradição em processo, cujo desdobramento atinge o seu ápice com o colapso da produção de valor. Nessa perspectiva, o capital nas últimas décadas tornou-se incapaz de superar a sua crise de acumulação por meio de ajustes espaciais, ainda que lançando mão de expedientes típicos da assim chamada acumulação primitiva. O desenvolvimento progressivo das forças produtivas, imparável e irrevogável a cada novo ciclo do capital, entra em contradição com o seu próprio fim de valorizar o valor, assim, procuro deslocar a contradição basilar do capital da tendência permanente à superacumulação, em razão dos desequilíbrios potenciais nas metamorfoses do capital, para a contradição entre forma e matéria, riqueza abstrata e riqueza concreta. Toda a reluzente materialidade das paisagens em construção e destruição ao redor das geografias do desenvolvimento desigual mundial, onde encontramos a particularidade brasileira, passa a ser determinada pelas bolhas e circuitos mundiais de capital fictício. No caso em estudo, procurei traçar a mediação desses capitais com as construtoras/incorporadoras de capital aberto, o Estado e seu fundo público/semi-público financiando o Minha Casa, Minha Vida e o consumidor endividado, entrelaçamento esse que teria conformado a fronteira nacional da produção habitacional e seus elevados preços. Frente a atual crise do capital, o horizonte de transformação pela via da construção do Estado de bem estar social nacional, em queda até mesmo nos países que nos servem de modelo, depara-se com uma barreira que não pode ser atribuída somente à luta de classes no interior da política e sim deve ser pensada considerando os limites da valorização do valor, pois é cada vez mais difícil de distribuir o trabalho social em declínio e engendrar crescimento econômico, não obstante o aumento da riqueza material em volumes nunca antes vistos. Cabe então, diante do acirramento das catástrofes, violências, destruições, da dominação e da exploração, levar a cabo uma crítica que, ao reconhecer essas características como imanentes às formas de ser e pensar da modernização capitalista, tem como horizonte a ruptura com essa forma de vidaIn this research, I propose to understand the frontiers open to capitalist reproduction in the country through the production of houses and apartments during the first decade and a half of the 21st century, in the context of neo-developmentalist Brazil, not as a mere repetition of always the same forms in different spatial configurations. , but contrasting what became commonly known as the housing boom with the contradiction in process, the unfolding of which reaches its peak with the collapse of value production. From this perspective, capital in recent decades has become incapable of overcoming its accumulation crisis through spatial adjustments, even using devices typical of so-called primitive accumulation. The progressive development of productive forces, unstoppable and irrevocable with each new cycle of capital, comes into contradiction with its own purpose of valuing value, thus, I seek to displace capital\'s basic contradiction of the permanent tendency to overaccumulation, due to potential imbalances in the metamorphoses of capital, for the contradiction between form and matter, abstract wealth and concrete wealth. All the shiny materiality of the landscapes under construction and destruction around the geographies of unequal global development, where we find Brazilian particularity, starts to be determined by the global bubbles and circuits of fictitious capital. In the case under study, I sought to trace the mediation of these capitals with the publicly traded construction companies/developers, the State (and its public/semi-public fund) financing Minha Casa, Minha Vida and the indebted consumer, an intertwining that would have formed the national border housing production and its high prices. Faced with the current crisis of capital, the horizon of transformation through the construction of the national welfare state, in decline even in the countries that serve as our model, is faced with a barrier that cannot be attributed solely to the struggle for classes within politics but must be thought of considering the limits of value appreciation, as it is increasingly difficult to distribute declining social work and engender economic growth, despite the increase in material wealth in volumes never seen before. It is then necessary, in the face of the intensification of catastrophes, violence, destruction, domination and exploitation, to carry out a critique that, by recognizing these characteristics as immanent in the ways of being and thinking of capitalist modernization, has as its horizon the rupture with this form of lifeBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPAlfredo, AnselmoCouto, Luccas Ribeiro do2023-12-08info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-16022024-161046/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2024-02-16T18:18:02Zoai:teses.usp.br:tde-16022024-161046Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212024-02-16T18:18:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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