Ensaio clínico randomizado de interrupção do metotrexato por 2 semanas após cada dose da vacina CoronaVac para SARS-CoV-2 em pacientes com artrite reumatoide

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Araujo, Carlo Scognamiglio Renner
Data de Publicação: 2024
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5140/tde-12092024-123051/
Resumo: Introdução: Pacientes com artrite reumatoide (AR) que usam metotrexato (MTX) apresentam resposta vacinal diminuída. A interrupção temporária do MTX aumentou a imunogenicidade da vacina para influenza em pacientes com AR, porém essa estratégia ainda não foi avaliada em vacinas anti-SARS-CoV-2. Objetivos: Avaliar o efeito na imunogenicidade e a segurança da interrupção temporária do MTX por 2 semanas após cada dose da Sinovac-CoronaVac em pacientes com AR. Métodos: Ensaio clínico unicêntrico, randomizado, cego para os investigadores, desenhado para avaliar a superioridade na imunogenicidade da interrupção temporária do MTX (grupo Parar-MTX) por 2 semanas vs. manutenção do MTX (grupo Manter-MTX) após cada dose da Sinovac-CoronaVac em pacientes com AR bem controlada. Foram incluídos pacientes com AR, 18 anos, CDAI10 e dose de prednisona oral 7,5 mg/dia. Critérios de exclusão: infecção por COVID-19 confirmada por rt-PCR durante o estudo, violação do protocolo e uso de rituximabe no último ano. Pacientes foram randomizados na razão de 1:1 e avaliados em 3 momentos: D0 (primeira dose da vacina), D28 (segunda dose) e D69 (6 semanas após a segunda dose). Os desfechos coprimários foram a soroconversão (SC) definida pela positivação de anticorpos IgG anti-SARS-CoV-2 S1/S2 em pacientes previamente negativos, e a positividade de anticorpos neutralizantes (AcN), ambos no D69. Desfechos secundários: SC e AcN no D28, média geométrica dos títulos (MGT) de anticorpos IgG anti-SARS-CoV-2 S1/S2 e fator incremental da MGT (FI-MGT) desses anticorpos no D28 e D69, frequência de reativação da AR (CDAI>10) no D28 e D69, e segurança vacinal. Para análise de imunogenicidade, foram excluídos pacientes com IgG/AcN positivos no D0 e, por motivo de segurança, pacientes do grupo Parar-MTX que tiveram reativação (CDAI>10) no D28, pois não interromperam o MTX após a segunda dose. Resultados: Um total de 138 pacientes foram randomizados, com 9 exclusões posteriores (5 por COVID-19, 4 por violação de protocolo): 60 pacientes foram alocados no grupo Parar-MTX e 69 pacientes no grupo Manter-MTX. Para a análise de imunogenicidade foram excluídos pacientes positivos para anticorpos IgG ou AcN pré-vacinação (13 [21,7%] vs.14 [20,3%], p=0,848) e 10 pacientes (21,3%) com CDAI>10 no D28 no grupo Parar-MTX. Os grupos eram comparáveis em respeito à idade (mediana [intervalo interquartil]: 61,0 [52,0-70,5] no Parar-MTX vs. 58,0 [49,0-68,0] no Manter-MTX, p=0,395) e sexo feminino (51 [85%] vs. 63 [91%], p=0,265). No D69, o grupo Parar-MTX (n=37) apresentou maior taxa de SC do que o grupo Manter-MTX (n=55) (29 [78,4%] vs. 30 [54,5%], p=0,019), com concomitante maior MGT (34,2 [25,2-46,4] vs. 16,8 [11,9-23,6], p=0,006]. Não houve diferença na positividade de AcN (23 [62,2% vs. 27 [49,1%], p=0,217). As taxas de reativação foram comparáveis no D28 (CDAI>10 em 13 [21,7%] no grupo Parar-MTX vs. 8 [11,6%] no Manter-MTX, p=0,122), mas foram maiores no grupo Parar-MTX no D69 (23 [38,3%] vs. 14 [20,3%], p=0,024). A vacina foi bem tolerada, sem eventos adversos graves. Após a segunda dose da vacina, o grupo Parar-MTX reportou mais mialgias (10 [14,9%] vs. 3 [1,8%], p=0,037) e vertigem (7 [11,7%] vs. 1 [1,5%], p=0,024) que o grupo Manter-MTX. Conclusão: A interrupção do MTX por 2 semanas após cada dose da Sinovac-CoronaVac aumentou a resposta de anticorpos IgG, principalmente em pacientes >60 anos. Entretanto, houve mais reativação da AR ao final do estudo no grupo Parar-MTX, o que pode ser parcialmente devido ao curto intervalo entre as doses vacinais. Essa estratégia requer monitoramento frequente e decisão compartilhada devido ao risco de reativação da AR
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Métodos: Ensaio clínico unicêntrico, randomizado, cego para os investigadores, desenhado para avaliar a superioridade na imunogenicidade da interrupção temporária do MTX (grupo Parar-MTX) por 2 semanas vs. manutenção do MTX (grupo Manter-MTX) após cada dose da Sinovac-CoronaVac em pacientes com AR bem controlada. Foram incluídos pacientes com AR, 18 anos, CDAI10 e dose de prednisona oral 7,5 mg/dia. Critérios de exclusão: infecção por COVID-19 confirmada por rt-PCR durante o estudo, violação do protocolo e uso de rituximabe no último ano. Pacientes foram randomizados na razão de 1:1 e avaliados em 3 momentos: D0 (primeira dose da vacina), D28 (segunda dose) e D69 (6 semanas após a segunda dose). Os desfechos coprimários foram a soroconversão (SC) definida pela positivação de anticorpos IgG anti-SARS-CoV-2 S1/S2 em pacientes previamente negativos, e a positividade de anticorpos neutralizantes (AcN), ambos no D69. Desfechos secundários: SC e AcN no D28, média geométrica dos títulos (MGT) de anticorpos IgG anti-SARS-CoV-2 S1/S2 e fator incremental da MGT (FI-MGT) desses anticorpos no D28 e D69, frequência de reativação da AR (CDAI>10) no D28 e D69, e segurança vacinal. Para análise de imunogenicidade, foram excluídos pacientes com IgG/AcN positivos no D0 e, por motivo de segurança, pacientes do grupo Parar-MTX que tiveram reativação (CDAI>10) no D28, pois não interromperam o MTX após a segunda dose. Resultados: Um total de 138 pacientes foram randomizados, com 9 exclusões posteriores (5 por COVID-19, 4 por violação de protocolo): 60 pacientes foram alocados no grupo Parar-MTX e 69 pacientes no grupo Manter-MTX. Para a análise de imunogenicidade foram excluídos pacientes positivos para anticorpos IgG ou AcN pré-vacinação (13 [21,7%] vs.14 [20,3%], p=0,848) e 10 pacientes (21,3%) com CDAI>10 no D28 no grupo Parar-MTX. Os grupos eram comparáveis em respeito à idade (mediana [intervalo interquartil]: 61,0 [52,0-70,5] no Parar-MTX vs. 58,0 [49,0-68,0] no Manter-MTX, p=0,395) e sexo feminino (51 [85%] vs. 63 [91%], p=0,265). No D69, o grupo Parar-MTX (n=37) apresentou maior taxa de SC do que o grupo Manter-MTX (n=55) (29 [78,4%] vs. 30 [54,5%], p=0,019), com concomitante maior MGT (34,2 [25,2-46,4] vs. 16,8 [11,9-23,6], p=0,006]. Não houve diferença na positividade de AcN (23 [62,2% vs. 27 [49,1%], p=0,217). As taxas de reativação foram comparáveis no D28 (CDAI>10 em 13 [21,7%] no grupo Parar-MTX vs. 8 [11,6%] no Manter-MTX, p=0,122), mas foram maiores no grupo Parar-MTX no D69 (23 [38,3%] vs. 14 [20,3%], p=0,024). A vacina foi bem tolerada, sem eventos adversos graves. Após a segunda dose da vacina, o grupo Parar-MTX reportou mais mialgias (10 [14,9%] vs. 3 [1,8%], p=0,037) e vertigem (7 [11,7%] vs. 1 [1,5%], p=0,024) que o grupo Manter-MTX. Conclusão: A interrupção do MTX por 2 semanas após cada dose da Sinovac-CoronaVac aumentou a resposta de anticorpos IgG, principalmente em pacientes >60 anos. Entretanto, houve mais reativação da AR ao final do estudo no grupo Parar-MTX, o que pode ser parcialmente devido ao curto intervalo entre as doses vacinais. Essa estratégia requer monitoramento frequente e decisão compartilhada devido ao risco de reativação da ARIntroduction: Patients with rheumatoid arthritis (RA) that are on methotrexate (MTX) have an impaired vaccine response. Temporary interruption of MTX has augmented the immunogenicity to the influenza vaccine in RA patients, however this strategy has not been evaluated for anti-SARS-CoV-2 vaccines. Objective: To evaluate the effect on immunogenicity and safety of 2-week MTX discontinuation after each dose of the Sinovac-CoronaVac vaccine. Methods: This was a single-centre, prospective, randomised, investigator-blinded, intervention study, designed to evaluate the superiority in vaccine immunogenicity of withdrawing MTX (MTX-hold group) for 2 weeks vs. maintaining MTX (MTX-maintain group) after each dose of the Sinovac-CoronaVac in patients with well controlled RA. Inclusion criteria were adult patients with RA, 18 years of age, CDAI10 and oral prednisone 7.5 mg/day. Exclusion criteria: COVID-19 infection confirmed by rt-PCR during the study, protocol violation and rituximab use in the last year. Patients were randomized in a 1:1 ratio and evaluated in 3 time points: D0 (first vaccine dose), D28 (second vaccine dose) and D69 (6 weeks after second dose). Coprimary outcomes were anti-SARS-CoV-2 S1/S2 IgG seroconversion (SC), defined by positive anti-SARS-CoV-2 S1/S2 IgG in baseline negative patients, and neutralising antibody (NAb) positivity at D69. Secondary outcomes were SC and NAb at D28, geometric mean titres (GMT) of anti-SARS-CoV-2 S1/S2 IgG and GMT factor increase (GMT-FI) of these antibodies at D28 and D69, flare rates (CDAI>10) at D28 and D69, and vaccine safety. For immunogenicity analyses, patients with positive IgG/NAb at D0 were excluded, and, for safety reasons, those who flared at D28 (CDAI >10) and did not withdraw MTX twice. Results: Randomisation included 138 patients with 9 further exclusions (5 COVID-19 infections, 4 protocol violations): 60 patients were allocated in the MTX-hold and 69 patients in the MTX-maintain group. For immunogenicity analyses, we excluded patients with baseline positive IgG or NAb (13 (21.7%) in the MTX-hold group vs. 14 (20.3%) in the MTX-maintain group, p=0.848) and 10 patients (21.3%) in MTX-hold group with CDAI >10 at D28. Groups were comparable regarding age (median [interquartile interval]: 61.0 [52.0-70.5] in MTX-hold vs. 58.0 [49.0-68.0] in MTX-maintain, p=0.395) and female sex (51 [85%] vs. 63 (93%], p=0.265). At D69, the MTX-hold group (n=37) had a higher rate of SC than the MTX-maintain group (n=55) (29 (78.4%) vs. 30 (54.5%), p=0.019), with parallel augmentation in GMT (34.2 (25.246.4) vs. 16.8 (11.923.6), p=0.006). No differences were observed for NAb positivity (23 (62.2%) vs. 27 (49.1%), p=0.217). Flare rates were comparable at D28 (CDAI>10 in 13 [21.7%] in MTX-hold group vs. 9 [11.6%] in MTX-maintain group, p=0.122) but were higher in MTX-hold group at D69 (23 [38.3%] vs. 14 [20.3%], p=0.024). Vaccine was well tolerated with no severe adverse effects. After the second vaccine dose, the MTX-hold group reported higher rates of myalgia (10 [14.9%] vs. 3 [1.8%], p=0.037) and vertigo (7 [11.7%] vs. 1 [1.5%], p=0.024) than MTX-maintain group. Conclusion: Two-week MTX withdrawal after each dose of the Sinovac-CoronaVac vaccine improves anti-SARS-CoV-2 IgG response. However, higher flare rates were seen at D69 in the MTX-hold group, which may be attributed to the short-term interval between vaccine doses. This strategy requires close surveillance and shared decision making due to the possibility of flaresBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPRibeiro, Ana Cristina de MedeirosAraujo, Carlo Scognamiglio Renner2024-06-26info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5140/tde-12092024-123051/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2024-10-24T16:53:02Zoai:teses.usp.br:tde-12092024-123051Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212024-10-24T16:53:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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