A revisão textual nos anos iniciais da escolaridade: percursos e procedimentos

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Dutra, Érica de Faria
Data de Publicação: 2011
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-17052011-105809/
Resumo: Escrever um texto com sentido, garantindo a compreensão para um destinatário e atendendo a um dado propósito não é tarefa simples, principalmente quando quem escreve são crianças recém-alfabéticas. Revisar o texto, nesta perspectiva, contribui significativamente para uma produção mais ajustada à interlocução posta pela escrita. Por isso, a revisão é uma prática que torna possível a reflexão sobre muitos aspectos da língua escrita, podendo ser vista como um conteúdo essencial para apropriação das habilidades textuais. Os pressupostos que embasam este trabalho estão apoiados na concepção de ensino e aprendizagem sócio-histórica que ressalta a importância da interação e a complexidade do processo redacional. De fato, além da constituição da situação interlocutiva, a escrita pressupõe a familiaridade com o gênero e as possibilidades de planejar, textualizar, revisar e até editar, quando for o caso. Partimos da concepção bakhtiniana de linguagem, que considera a escrita como processo dialógico, e do ensino da escrita centrado nas práticas interlocutivas entre sujeitos ativos e responsivos. A partir deste referencial, pretendemos estudar a prática de revisão como fonte inesgotável de reflexões e aprendizagens. Nosso objetivo é investigar as principais tendências de revisão em crianças do primeiro e segundo ano do Ensino Fundamental, em um intervalo de sete meses, comparando versões feitas individualmente e em duplas. Interessa-nos também analisar os recursos utilizados nas alterações feitas nos textos. Para tanto, foi proposto a alunos de uma escola, situada em São Paulo, a reescrita do conto Diamantes e sapos e a revisão desta produção em dois momentos distintos. Com base nos 54 textos que compõem o corpus da presente pesquisa (18 de reescrita e 36 de revisão), pudemos situar dois relevantes eixos de análise, o discursivo e o notacional, a partir dos quais cinco critérios apareceram como ocorrências significativas: enredo, linguagem, pontuação, segmentação de palavras e ortografia. Os dados coletados permitem constatar que, mesmo sem ter conhecimentos sistemáticos sobre os aspectos revisados, as crianças foram capazes de variadas reflexões acerca da língua, o que nos permite repensar os paradigmas do tradicional cenário pedagógico: mais do que corrigir a ortografia e aprimorar a legibilidade do texto, as crianças recém-alfabéticas são também capazes de lidar com aspectos da linguagem, procedimento este que normalmente é considerado viável apenas a escritores mais experientes. Além disso, a pesquisa evidencia que a própria prática de revisar proporciona a construção de saberes que se processam ao longo da sistemática participação em situações nas quais os alunos são estimulados a aprimorar sua produção textual. Os resultados, entretanto, não são imediatos; as conquistas colhidas nas práticas de revisão são tributárias de um percurso que, para além dos ganhos pontuais (a revisão em cada texto), justificam a longo prazo o desenvolvimento da aprendizagem da língua escrita.
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De fato, além da constituição da situação interlocutiva, a escrita pressupõe a familiaridade com o gênero e as possibilidades de planejar, textualizar, revisar e até editar, quando for o caso. Partimos da concepção bakhtiniana de linguagem, que considera a escrita como processo dialógico, e do ensino da escrita centrado nas práticas interlocutivas entre sujeitos ativos e responsivos. A partir deste referencial, pretendemos estudar a prática de revisão como fonte inesgotável de reflexões e aprendizagens. Nosso objetivo é investigar as principais tendências de revisão em crianças do primeiro e segundo ano do Ensino Fundamental, em um intervalo de sete meses, comparando versões feitas individualmente e em duplas. Interessa-nos também analisar os recursos utilizados nas alterações feitas nos textos. Para tanto, foi proposto a alunos de uma escola, situada em São Paulo, a reescrita do conto Diamantes e sapos e a revisão desta produção em dois momentos distintos. Com base nos 54 textos que compõem o corpus da presente pesquisa (18 de reescrita e 36 de revisão), pudemos situar dois relevantes eixos de análise, o discursivo e o notacional, a partir dos quais cinco critérios apareceram como ocorrências significativas: enredo, linguagem, pontuação, segmentação de palavras e ortografia. Os dados coletados permitem constatar que, mesmo sem ter conhecimentos sistemáticos sobre os aspectos revisados, as crianças foram capazes de variadas reflexões acerca da língua, o que nos permite repensar os paradigmas do tradicional cenário pedagógico: mais do que corrigir a ortografia e aprimorar a legibilidade do texto, as crianças recém-alfabéticas são também capazes de lidar com aspectos da linguagem, procedimento este que normalmente é considerado viável apenas a escritores mais experientes. Além disso, a pesquisa evidencia que a própria prática de revisar proporciona a construção de saberes que se processam ao longo da sistemática participação em situações nas quais os alunos são estimulados a aprimorar sua produção textual. Os resultados, entretanto, não são imediatos; as conquistas colhidas nas práticas de revisão são tributárias de um percurso que, para além dos ganhos pontuais (a revisão em cada texto), justificam a longo prazo o desenvolvimento da aprendizagem da língua escrita.It is not really a simple task to write a text with meaning, in a way that the recipient will understand it, as well as serving a given purpose, mainly when the writers are newly alphabetic children. In such a perspective, revising and correcting the text significantly contributes to a text production which more properly suits the dialogue set by the writing process. Therefore, the practice of revising and correcting a text makes it possible to reflect upon many aspects of the written language and can be considered as an essential content for the appropriation of textual skills. The assumptions on which this work is based are supported on a social and historical teaching and learning conception, which highlights the importance of interaction and the complexity of the writing process. In fact, besides the establishment of the interlocutory situation, writing requires familiarity with the genre and the possibilities of textualization, planning, revising and even editing, if it is the case. We are based on the Bakhtins conception of language which considers writing as a dialogic process, and the teaching of writing focused on interlocutory practices between active and responsive subjects. From this benchmark, we will study the practice of revising a text as an inexhaustible source of reflection and learning. Our goal is to investigate the main trends in revising texts by children attending the first and second grade of elementary school, within a gap of seven months. Individual and in pairs versions were compared. We are also interested in examining the resources used in the amendments performed on the texts. Therefore, students of a school in Sao Paulo were proposed the rewriting of the tale \"Toads and Diamonds\", and then the revising and correcting that text production, which took place at two different moments. Based on 54 papers comprising the corpus of this research (18 on rewriting and 36 on revising and correcting), we were able to establish two important lines of analysis, the discursive and notational ones, from which five criteria emerged as significant events: plot, language, punctuation, spelling and word segmentation. The data collected indicate that, even without systematic knowledge on the issues revised, children were able of developing varied reflections on language, which allows us to reconsider the paradigms of the traditional pedagogical setting: more than correcting spelling and improving the readability in the text, newly alphabetic children are also able to deal with aspects of the language, a procedure which is generally considered suitable only for more experienced writers. Moreover, the research shows that the practice of revising texts provides the building up of acquaintances which take place over the systematic involvement in situations where students are encouraged to improve their textual production. The results, however, are not immediate; achievements gathered in text revising practices are due to a pursue which, in addition to the specific achievements (revising each text), justifies the long-term development of learning how to deal with written language.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPColello, Silvia de Mattos GasparianDutra, Érica de Faria2011-03-28info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-17052011-105809/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:10:29Zoai:teses.usp.br:tde-17052011-105809Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:10:29Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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description Escrever um texto com sentido, garantindo a compreensão para um destinatário e atendendo a um dado propósito não é tarefa simples, principalmente quando quem escreve são crianças recém-alfabéticas. Revisar o texto, nesta perspectiva, contribui significativamente para uma produção mais ajustada à interlocução posta pela escrita. Por isso, a revisão é uma prática que torna possível a reflexão sobre muitos aspectos da língua escrita, podendo ser vista como um conteúdo essencial para apropriação das habilidades textuais. Os pressupostos que embasam este trabalho estão apoiados na concepção de ensino e aprendizagem sócio-histórica que ressalta a importância da interação e a complexidade do processo redacional. De fato, além da constituição da situação interlocutiva, a escrita pressupõe a familiaridade com o gênero e as possibilidades de planejar, textualizar, revisar e até editar, quando for o caso. Partimos da concepção bakhtiniana de linguagem, que considera a escrita como processo dialógico, e do ensino da escrita centrado nas práticas interlocutivas entre sujeitos ativos e responsivos. A partir deste referencial, pretendemos estudar a prática de revisão como fonte inesgotável de reflexões e aprendizagens. Nosso objetivo é investigar as principais tendências de revisão em crianças do primeiro e segundo ano do Ensino Fundamental, em um intervalo de sete meses, comparando versões feitas individualmente e em duplas. Interessa-nos também analisar os recursos utilizados nas alterações feitas nos textos. Para tanto, foi proposto a alunos de uma escola, situada em São Paulo, a reescrita do conto Diamantes e sapos e a revisão desta produção em dois momentos distintos. Com base nos 54 textos que compõem o corpus da presente pesquisa (18 de reescrita e 36 de revisão), pudemos situar dois relevantes eixos de análise, o discursivo e o notacional, a partir dos quais cinco critérios apareceram como ocorrências significativas: enredo, linguagem, pontuação, segmentação de palavras e ortografia. Os dados coletados permitem constatar que, mesmo sem ter conhecimentos sistemáticos sobre os aspectos revisados, as crianças foram capazes de variadas reflexões acerca da língua, o que nos permite repensar os paradigmas do tradicional cenário pedagógico: mais do que corrigir a ortografia e aprimorar a legibilidade do texto, as crianças recém-alfabéticas são também capazes de lidar com aspectos da linguagem, procedimento este que normalmente é considerado viável apenas a escritores mais experientes. Além disso, a pesquisa evidencia que a própria prática de revisar proporciona a construção de saberes que se processam ao longo da sistemática participação em situações nas quais os alunos são estimulados a aprimorar sua produção textual. Os resultados, entretanto, não são imediatos; as conquistas colhidas nas práticas de revisão são tributárias de um percurso que, para além dos ganhos pontuais (a revisão em cada texto), justificam a longo prazo o desenvolvimento da aprendizagem da língua escrita.
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