\'No céu também não havia salvação\': mitos indígenas na trilogia sul-americana Amazonas, de Alfred Döblin, e sua função estética
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2019 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8144/tde-23072019-145124/ |
Resumo: | A proposta do trabalho é analisar a integração e a construção de narrativas míticas indígenas na trilogia sul-americana Amazonas, obra alemã do século XX de Alfred Döblin. Trata-se de um romance ainda pouco conhecido no Brasil, escrito entre os anos de 1935 e 1937, quando o autor esteve exilado em Paris. Naquele período, o médico e intelectual Döblin teve acesso, na Biblioteca Nacional da capital francesa, a obras etnológicas da mitologia indígena latino-americana. O nosso interesse volta-se centralmente ao estudo de como essas narrativas míticas indígenas são incorporadas na trilogia, como nela são desenvolvidas e que significações suscitam. Partindo deste viés específico, consideramos que o autor opera, sobretudo, de duas maneiras: a primeira é a incorporação de certos mitos na representação ficcional da vida dos indígenas e da forma como os mitos funcionam nessas sociedades; a segunda é a adaptação de mitos na construção da trama ficcional. Ou seja, o leitor possui uma participação dupla na narrativa mítica: como observador no nível da realidade ficcional e como receptor no nível da narrativa romanesca. Para compreender esta questão, valer-nos-emos da perspectiva que Jan Assmann (1999; 1992) traz sobre o mito, especialmente das noções de mitomotricidade fundacional e mitomotricidade contrapresente. Quanto à organização do trabalho, dividimo-o em 5 capítulos. Os três primeiros discutem os caminhos já percorridos pela crítica, o delineamento da proposta de trabalho e os pressupostos teóricos norteadores da pesquisa. O quarto capítulo realiza uma análise da integração dos mitos indígenas no primeiro livro do romance A terra sem morte (\"Amazonas\"), com algumas partes do segundo e do terceiro livro desse romance (\"O reino de Cundinamarca\", \"Las Casas e Sukuruja\") e, da parte final da trilogia, os últimos capítulos do romance A nova selva (\"No Amazonas\", \"O Grande Pai\" e o \"Tigre azul\"). A conclusão resume os resultados alcançados, constatando que a mitologia indígena é introduzida no romance de maneira complexa e atua como elemento estético que busca reconfigurar a posição do homem na natureza. O mito, da forma como é utilizado na trilogia, tem efeito \"contrapresente\" sobre os leitores e induz a uma reflexão crítica sobre o desenvolvimento da civilização humana e do seu poder destrutivo, sobretudo na primeira metade do século XX. |
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\'No céu também não havia salvação\': mitos indígenas na trilogia sul-americana Amazonas, de Alfred Döblin, e sua função estética\"There was no salvation in heaven\": indigenous myths in Alfred Döblin\'s South American Amazon trilogy and its aesthetic functionFoundational and counter-present mitomotricityIndigenous mythologyMitologia indígenaMitomotricidade fundacional e contrapresenteSouth American Amazon trilogyTrilogia sul-americana AmazonasA proposta do trabalho é analisar a integração e a construção de narrativas míticas indígenas na trilogia sul-americana Amazonas, obra alemã do século XX de Alfred Döblin. Trata-se de um romance ainda pouco conhecido no Brasil, escrito entre os anos de 1935 e 1937, quando o autor esteve exilado em Paris. Naquele período, o médico e intelectual Döblin teve acesso, na Biblioteca Nacional da capital francesa, a obras etnológicas da mitologia indígena latino-americana. O nosso interesse volta-se centralmente ao estudo de como essas narrativas míticas indígenas são incorporadas na trilogia, como nela são desenvolvidas e que significações suscitam. Partindo deste viés específico, consideramos que o autor opera, sobretudo, de duas maneiras: a primeira é a incorporação de certos mitos na representação ficcional da vida dos indígenas e da forma como os mitos funcionam nessas sociedades; a segunda é a adaptação de mitos na construção da trama ficcional. Ou seja, o leitor possui uma participação dupla na narrativa mítica: como observador no nível da realidade ficcional e como receptor no nível da narrativa romanesca. Para compreender esta questão, valer-nos-emos da perspectiva que Jan Assmann (1999; 1992) traz sobre o mito, especialmente das noções de mitomotricidade fundacional e mitomotricidade contrapresente. Quanto à organização do trabalho, dividimo-o em 5 capítulos. Os três primeiros discutem os caminhos já percorridos pela crítica, o delineamento da proposta de trabalho e os pressupostos teóricos norteadores da pesquisa. O quarto capítulo realiza uma análise da integração dos mitos indígenas no primeiro livro do romance A terra sem morte (\"Amazonas\"), com algumas partes do segundo e do terceiro livro desse romance (\"O reino de Cundinamarca\", \"Las Casas e Sukuruja\") e, da parte final da trilogia, os últimos capítulos do romance A nova selva (\"No Amazonas\", \"O Grande Pai\" e o \"Tigre azul\"). A conclusão resume os resultados alcançados, constatando que a mitologia indígena é introduzida no romance de maneira complexa e atua como elemento estético que busca reconfigurar a posição do homem na natureza. O mito, da forma como é utilizado na trilogia, tem efeito \"contrapresente\" sobre os leitores e induz a uma reflexão crítica sobre o desenvolvimento da civilização humana e do seu poder destrutivo, sobretudo na primeira metade do século XX.The proposal of the work is to analyze the integration and construction of indigenous mythical narratives in a German work of the 20th century, the South American trilogy Amazon, by Alfred Döblin. It is a novel still little known in Brazil, written between the years of 1935 and 1937, when the author was exiled in Paris. In that period, the physician and intellectual Döblin had access, at the National Library of the French capital, to ethnological works of Latin American indigenous mythology. Our interest is centered in the study of how these indigenous mythical narratives are incorporated into the trilogy, how they are developed in it and what significations they arouse. Starting from this specific bias, we consider that the author operates, above all, in two ways: the first is the incorporation of certain myths into the fictional representation of indigenous life and the way myths function in these societies; the second is the adaptation of myths in the construction of the fictional plot. That is, the reader has a dual participation in the mythical narrative: as an observer at the level of fictional reality and as a receiver at the level of the narrative. To understand this question, we will use the perspective that Jan Assmann (1999, 1992) brings about the myth, especially the notions of foundational mitomotricity and counter-present mitomotricity. As for the organization of work, we divide it into 5 chapters. The first three discuss the paths already covered by the critique, the outline of the work proposal and the theoretical assumptions guiding the research. The fourth chapter analyzes the integration of indigenous myths in the first book of the novel A terra sem morte (\"Amazonas\"), with parts of the second and third books of this novel (\"O reino de Cundinamarca\", \"Las Casas e Sukuruja\"), and from the final part of the trilogy, the last chapters of the novel A nova selva (\"No Amazonas\", \"O Grande Pai\" e o \"Tigre azul\"). The conclusion sums up the results achieved, noting that indigenous mythology is introduced in the novel in a complex way and acts as an aesthetic element that seeks to reconfigure the position of man in nature. The myth, as it is used in the trilogy, has a \"counter-present\" effect on readers and induces a critical reflection on the development of human civilization and its destructive power, especially in the first half of the twentieth century.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPGalle, Helmut Paul ErichRedel, Elisângela2019-04-17info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8144/tde-23072019-145124/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2019-07-25T23:20:25Zoai:teses.usp.br:tde-23072019-145124Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212019-07-25T23:20:25Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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A proposta do trabalho é analisar a integração e a construção de narrativas míticas indígenas na trilogia sul-americana Amazonas, obra alemã do século XX de Alfred Döblin. Trata-se de um romance ainda pouco conhecido no Brasil, escrito entre os anos de 1935 e 1937, quando o autor esteve exilado em Paris. Naquele período, o médico e intelectual Döblin teve acesso, na Biblioteca Nacional da capital francesa, a obras etnológicas da mitologia indígena latino-americana. O nosso interesse volta-se centralmente ao estudo de como essas narrativas míticas indígenas são incorporadas na trilogia, como nela são desenvolvidas e que significações suscitam. Partindo deste viés específico, consideramos que o autor opera, sobretudo, de duas maneiras: a primeira é a incorporação de certos mitos na representação ficcional da vida dos indígenas e da forma como os mitos funcionam nessas sociedades; a segunda é a adaptação de mitos na construção da trama ficcional. Ou seja, o leitor possui uma participação dupla na narrativa mítica: como observador no nível da realidade ficcional e como receptor no nível da narrativa romanesca. Para compreender esta questão, valer-nos-emos da perspectiva que Jan Assmann (1999; 1992) traz sobre o mito, especialmente das noções de mitomotricidade fundacional e mitomotricidade contrapresente. Quanto à organização do trabalho, dividimo-o em 5 capítulos. Os três primeiros discutem os caminhos já percorridos pela crítica, o delineamento da proposta de trabalho e os pressupostos teóricos norteadores da pesquisa. O quarto capítulo realiza uma análise da integração dos mitos indígenas no primeiro livro do romance A terra sem morte (\"Amazonas\"), com algumas partes do segundo e do terceiro livro desse romance (\"O reino de Cundinamarca\", \"Las Casas e Sukuruja\") e, da parte final da trilogia, os últimos capítulos do romance A nova selva (\"No Amazonas\", \"O Grande Pai\" e o \"Tigre azul\"). A conclusão resume os resultados alcançados, constatando que a mitologia indígena é introduzida no romance de maneira complexa e atua como elemento estético que busca reconfigurar a posição do homem na natureza. O mito, da forma como é utilizado na trilogia, tem efeito \"contrapresente\" sobre os leitores e induz a uma reflexão crítica sobre o desenvolvimento da civilização humana e do seu poder destrutivo, sobretudo na primeira metade do século XX. |
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