Desempenho da avaliação geriátrica compacta de 10 minutos (AGC-10) na predição de desfechos desfavoráveis em idosos ambulatoriais: estudo de coorte prospectivo

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Saraiva, Marcos Daniel Cabral
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5169/tde-09122021-130017/
Resumo: INTRODUÇÃO: A implementação na prática ambulatorial da Avaliação Geriátrica Ampla, componente central na atenção à saúde do idoso, mostra-se bastante desafiadora, especialmente quando observamos um sistema de saúde constituído por serviços com alto fluxo de atendimentos. A Avaliação Geriátrica Compacta de 10 minutos (AGC-10) é um instrumento multidimensional breve, recém desenvolvido e de fácil aplicação, com o objetivo de rastrear síndromes geriátricas e prever desfechos adversos. No entanto, a AGC-10 foi somente avaliada em pacientes idosos com condições agudas em hospital dia, fazendose necessário avaliar seu poder de predição em outras modalidades de atendimento. OBJETIVOS: Avaliar se a AGC-10 é capaz de predizer sobrevida, declínio funcional e desfechos adversos em 12 meses em idosos ambulatoriais. MÉTODOS: Estudo de coorte prospectivo, no qual foram incluídos pacientes com 60 anos ou mais que passaram em consulta médica de abril a dezembro de 2017 em um ambulatório acadêmico de geriatria em São Paulo, Brasil. A avaliação inicial foi constituída pela AGC-10, dados sociodemográficos e de multimorbidade. Fragilidade, avaliada pelo Frailty Index, foi utilizada para explorar a validade da AGC-10. Após a inclusão, os participantes receberam ligações telefônicas trimestrais por um período de 12 meses para a detecção dos desfechos morte, perda funcional, hospitalização, ida ao pronto socorro (PS) e queda. Regressão logística, modelos de riscos proporcionais de Cox e de riscos competitivos foram utilizados na associação da AGC-10 com os desfechos, após ajuste para fatores sociodemográficos (gênero, idade, cor/etnia, renda familiar per capita) e índice de comorbidades de Charlson. RESULTADOS: 1.336 participantes foram incluídos, com média de idade de 82,2 (±7,6) anos, 70,2% pertencente ao gênero feminino, escolaridade mediana de 4 (1-5) anos, oriundos de todas as regiões da cidade. A amostra apresentou média de 0,4 (±0,2) no índice AGC-10 e distribuiu-se da seguinte forma nas categorias de risco: 12% baixo (0-0,24), 55% médio (0,25-0,49) e 33% alto risco (0,5-1,0). O índice AGC-10 e o Frailty Index apresentaram alta correlação (coeficiente de Pearson: r=0,72; p < 0,001). No seguimento de 12 meses, 9,9% dos participantes morreram, 20,3% perderam funcionalidade para atividade básica de vida diária, 24,1% internaram, 55,6% foram ao PS e 38,7% apresentaram queda. Pacientes classificados como médio e alto risco na AGC- 10, quando comparados aos de baixo risco, tiveram, respectivamente, maior incidência de morte (HR=10,3 IC95%=1,4-74,6 e HR=22,3 IC95%=3,1-161,4), perda funcional (sub-HR=5,3 IC95%=2,2-13,0 e sub-HR=10,2 IC95%=4,1-24,9), hospitalização (HR=1,9 IC95%=1,2-3,2 e HR=2,8 IC95%=1,7-4,6), ida ao PS (OR=2,3 IC95%=1,6-3,3 e OR=4,2 IC95%=2,8-6,3) e queda (OR=1,8 IC95%=1,2-2,7 e OR=3,4 IC95%=2,2-5,2) em um ano. CONCLUSÕES: A AGC- 10 foi preditora de morte, perda funcional, internação hospitalar, ida ao PS e queda em um ano em uma coorte idosos ambulatoriais. A AGC-10 mostrou ainda apresentar alta correlação com o Frailty Index. Os dados do presente estudo favorecem o uso do índice AGC-10 e sua classificação em categorias de risco no ambiente ambulatorial. O reconhecimento de forma simples e breve de síndromes geriátricas e vulnerabilidades pode aprimorar o tratamento de pacientes ambulatoriais e possibilitar o gerenciamento de programas de atenção voltados ao cuidado da pessoa idosa
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spelling Desempenho da avaliação geriátrica compacta de 10 minutos (AGC-10) na predição de desfechos desfavoráveis em idosos ambulatoriais: estudo de coorte prospectivoThe 10-minute targeted geriatric assessment (10-TaGA) predictive validity for adverse outcomes in outpatient older adults: a prospective cohort studyAgedAnálise de sobrevidaAvaliação geriátricaCohort studiesCuidados ambulatoriaisEstudos de coortesFragilidadeGeriatric assessmentHealth of the elderlyIdosoOutpatient care, FrailtyPrognosisPrognósticoSaúde do idosoSurvival analysisINTRODUÇÃO: A implementação na prática ambulatorial da Avaliação Geriátrica Ampla, componente central na atenção à saúde do idoso, mostra-se bastante desafiadora, especialmente quando observamos um sistema de saúde constituído por serviços com alto fluxo de atendimentos. A Avaliação Geriátrica Compacta de 10 minutos (AGC-10) é um instrumento multidimensional breve, recém desenvolvido e de fácil aplicação, com o objetivo de rastrear síndromes geriátricas e prever desfechos adversos. No entanto, a AGC-10 foi somente avaliada em pacientes idosos com condições agudas em hospital dia, fazendose necessário avaliar seu poder de predição em outras modalidades de atendimento. OBJETIVOS: Avaliar se a AGC-10 é capaz de predizer sobrevida, declínio funcional e desfechos adversos em 12 meses em idosos ambulatoriais. MÉTODOS: Estudo de coorte prospectivo, no qual foram incluídos pacientes com 60 anos ou mais que passaram em consulta médica de abril a dezembro de 2017 em um ambulatório acadêmico de geriatria em São Paulo, Brasil. A avaliação inicial foi constituída pela AGC-10, dados sociodemográficos e de multimorbidade. Fragilidade, avaliada pelo Frailty Index, foi utilizada para explorar a validade da AGC-10. Após a inclusão, os participantes receberam ligações telefônicas trimestrais por um período de 12 meses para a detecção dos desfechos morte, perda funcional, hospitalização, ida ao pronto socorro (PS) e queda. Regressão logística, modelos de riscos proporcionais de Cox e de riscos competitivos foram utilizados na associação da AGC-10 com os desfechos, após ajuste para fatores sociodemográficos (gênero, idade, cor/etnia, renda familiar per capita) e índice de comorbidades de Charlson. RESULTADOS: 1.336 participantes foram incluídos, com média de idade de 82,2 (±7,6) anos, 70,2% pertencente ao gênero feminino, escolaridade mediana de 4 (1-5) anos, oriundos de todas as regiões da cidade. A amostra apresentou média de 0,4 (±0,2) no índice AGC-10 e distribuiu-se da seguinte forma nas categorias de risco: 12% baixo (0-0,24), 55% médio (0,25-0,49) e 33% alto risco (0,5-1,0). O índice AGC-10 e o Frailty Index apresentaram alta correlação (coeficiente de Pearson: r=0,72; p < 0,001). No seguimento de 12 meses, 9,9% dos participantes morreram, 20,3% perderam funcionalidade para atividade básica de vida diária, 24,1% internaram, 55,6% foram ao PS e 38,7% apresentaram queda. Pacientes classificados como médio e alto risco na AGC- 10, quando comparados aos de baixo risco, tiveram, respectivamente, maior incidência de morte (HR=10,3 IC95%=1,4-74,6 e HR=22,3 IC95%=3,1-161,4), perda funcional (sub-HR=5,3 IC95%=2,2-13,0 e sub-HR=10,2 IC95%=4,1-24,9), hospitalização (HR=1,9 IC95%=1,2-3,2 e HR=2,8 IC95%=1,7-4,6), ida ao PS (OR=2,3 IC95%=1,6-3,3 e OR=4,2 IC95%=2,8-6,3) e queda (OR=1,8 IC95%=1,2-2,7 e OR=3,4 IC95%=2,2-5,2) em um ano. CONCLUSÕES: A AGC- 10 foi preditora de morte, perda funcional, internação hospitalar, ida ao PS e queda em um ano em uma coorte idosos ambulatoriais. A AGC-10 mostrou ainda apresentar alta correlação com o Frailty Index. Os dados do presente estudo favorecem o uso do índice AGC-10 e sua classificação em categorias de risco no ambiente ambulatorial. O reconhecimento de forma simples e breve de síndromes geriátricas e vulnerabilidades pode aprimorar o tratamento de pacientes ambulatoriais e possibilitar o gerenciamento de programas de atenção voltados ao cuidado da pessoa idosaBACKGROUND: The integration of the Comprehensive Geriatric Assessment, a central component of healthcare for older adults, into outpatient clinical practice is quite challenging, especially in busy healthcare settings of care. The 10-minute targeted geriatric assessment (10-TaGA) is a quick and easy-toadminister multidimensional assessment, newly developed to screen geriatric syndromes and predict adverse outcomes in older adults. However, the 10- TaGA was only evaluated in acutely ill older patients in a day hospital setting, and new studies are needed to evaluate its predictive validity in other settings of care. OBJECTIVES: To examine whether 10-TaGA predicts mortality, disability and adverse outcomes in 12 months in outpatient older adults. METHODS: Prospective cohort study, which included patients aged 60 years and older who had a medical appointment at an academic geriatric outpatient clinic, from April to December 2017, in São Paulo, Brazil. The baseline clinical assessment included: the 10-TaGA, sociodemographic data and multimorbidity evaluation. Frailty, assessed by the Frailty Index, was used to explore 10-TaGAs validity. After recruitment, participants were interviewed by telephone quarterly for a period of 12 months to collect data for the following outcomes: death, functional status, hospital admissions, emergency room (ER) visits and falls. Logistic regression, Cox proportional hazards and competing risks regression models were used for the association of 10-TaGA with the outcomes, adjusted for sociodemographic factors (gender, age, color/ethnicity, family income per capita) and Charlson comorbidity index. RESULTS: 1,336 participants were admitted, with a mean age of 82.2 (±7.6) years, 70.2% female, median schooling duration of 4 (1-5) years, coming from all the different regions of the city. Participants had a mean 10-TaGA score of 0.4 (±0.2) and, according to risk categories, 12% participants were classified as having low-risk (0-0.24), 55% as medium-risk (0.25-0.49) and 33% as high-risk (0.5-1.0). The 10-TaGA score was highly correlated with the Frailty Index (Pearson\'s coefficient: r=0.72; p < 0.001). At follow-up, 9.9% of the participants had died and 20.3% increased dependency in activities of daily living. Hospitalizations, ER visits and falls were reported in 24.1%, 55.6% and 38.7%, respectively. Patients classified as having medium and high-risk, according to 10-TaGA, when compared to those at low-risk, had, respectively, a higher incidence of death (HR=10.3 95%CI=1.4-74.6 and HR=22.3 95%CI=3.1-161.4), disability (sub-HR=5.3 95%CI=2.2-13.0 and sub- HR=10.2 95%CI=4.1-24.9), hospitalization (HR=1.9 95%CI=1.2-3.2 and HR=2.8 95%CI=1.7-4.6), ER visit (OR=2.3 95%CI=1,6-3.3 and OR=4.2 95%CI= 2.8-6.3), and fall (OR=1.8 95%CI=1.2-2.7 and OR=3.4 95%CI=2,2-5,2) during the 1-year follow-up period. CONCLUSIONS: The 10-TaGA predicted death, disability, hospitalizations, visits to the ER and falls among outpatient older adults within one year. Moreover, the 10-TaGA showed a high correlation with the Frailty Index. The results from this study supports the use of the 10-TaGA score and its classification into risk categories for outpatient older adults. The early identification of outpatients with geriatric syndromes or at high risk for adverse outcomes by an easy-to-administer tool can enable tailored treatments and help the management of healthcare programs for older adultsBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPJacob Filho, WilsonSaraiva, Marcos Daniel Cabral2021-09-10info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5169/tde-09122021-130017/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2021-12-14T15:29:02Zoai:teses.usp.br:tde-09122021-130017Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212021-12-14T15:29:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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description INTRODUÇÃO: A implementação na prática ambulatorial da Avaliação Geriátrica Ampla, componente central na atenção à saúde do idoso, mostra-se bastante desafiadora, especialmente quando observamos um sistema de saúde constituído por serviços com alto fluxo de atendimentos. A Avaliação Geriátrica Compacta de 10 minutos (AGC-10) é um instrumento multidimensional breve, recém desenvolvido e de fácil aplicação, com o objetivo de rastrear síndromes geriátricas e prever desfechos adversos. No entanto, a AGC-10 foi somente avaliada em pacientes idosos com condições agudas em hospital dia, fazendose necessário avaliar seu poder de predição em outras modalidades de atendimento. OBJETIVOS: Avaliar se a AGC-10 é capaz de predizer sobrevida, declínio funcional e desfechos adversos em 12 meses em idosos ambulatoriais. MÉTODOS: Estudo de coorte prospectivo, no qual foram incluídos pacientes com 60 anos ou mais que passaram em consulta médica de abril a dezembro de 2017 em um ambulatório acadêmico de geriatria em São Paulo, Brasil. A avaliação inicial foi constituída pela AGC-10, dados sociodemográficos e de multimorbidade. Fragilidade, avaliada pelo Frailty Index, foi utilizada para explorar a validade da AGC-10. Após a inclusão, os participantes receberam ligações telefônicas trimestrais por um período de 12 meses para a detecção dos desfechos morte, perda funcional, hospitalização, ida ao pronto socorro (PS) e queda. Regressão logística, modelos de riscos proporcionais de Cox e de riscos competitivos foram utilizados na associação da AGC-10 com os desfechos, após ajuste para fatores sociodemográficos (gênero, idade, cor/etnia, renda familiar per capita) e índice de comorbidades de Charlson. RESULTADOS: 1.336 participantes foram incluídos, com média de idade de 82,2 (±7,6) anos, 70,2% pertencente ao gênero feminino, escolaridade mediana de 4 (1-5) anos, oriundos de todas as regiões da cidade. A amostra apresentou média de 0,4 (±0,2) no índice AGC-10 e distribuiu-se da seguinte forma nas categorias de risco: 12% baixo (0-0,24), 55% médio (0,25-0,49) e 33% alto risco (0,5-1,0). O índice AGC-10 e o Frailty Index apresentaram alta correlação (coeficiente de Pearson: r=0,72; p < 0,001). No seguimento de 12 meses, 9,9% dos participantes morreram, 20,3% perderam funcionalidade para atividade básica de vida diária, 24,1% internaram, 55,6% foram ao PS e 38,7% apresentaram queda. Pacientes classificados como médio e alto risco na AGC- 10, quando comparados aos de baixo risco, tiveram, respectivamente, maior incidência de morte (HR=10,3 IC95%=1,4-74,6 e HR=22,3 IC95%=3,1-161,4), perda funcional (sub-HR=5,3 IC95%=2,2-13,0 e sub-HR=10,2 IC95%=4,1-24,9), hospitalização (HR=1,9 IC95%=1,2-3,2 e HR=2,8 IC95%=1,7-4,6), ida ao PS (OR=2,3 IC95%=1,6-3,3 e OR=4,2 IC95%=2,8-6,3) e queda (OR=1,8 IC95%=1,2-2,7 e OR=3,4 IC95%=2,2-5,2) em um ano. CONCLUSÕES: A AGC- 10 foi preditora de morte, perda funcional, internação hospitalar, ida ao PS e queda em um ano em uma coorte idosos ambulatoriais. A AGC-10 mostrou ainda apresentar alta correlação com o Frailty Index. Os dados do presente estudo favorecem o uso do índice AGC-10 e sua classificação em categorias de risco no ambiente ambulatorial. O reconhecimento de forma simples e breve de síndromes geriátricas e vulnerabilidades pode aprimorar o tratamento de pacientes ambulatoriais e possibilitar o gerenciamento de programas de atenção voltados ao cuidado da pessoa idosa
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