Depressão como preditor para fragilidade nos idosos: estudo de coorte ambulatorial

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Borges, Marcus Kiiti
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5142/tde-21092021-145359/
Resumo: Introdução: As evidências atuais da literatura relatam uma relação bidirecional entre a depressão geriátrica e a fragilidade. Revisões sistemáticas mostram potencial sobreposição de fatores clínicos e epidemiológicos de ambas condições prevalentes. O objetivo deste estudo foi investigar se a depressão geriátrica está associada à fragilidade incidente ao longo do tempo. Métodos: O presente estudo incluiu dados de uma coorte prospectiva de 315 idosos ( >= 60 anos) atendidos em um ambulatório de geriatria. Análises transversal (no baseline) e longitudinal (após o seguimento de 1 ano) foram realizadas. Os participantes foram avaliados com uma avaliação geriátrica ampla e, responderam a questionários de autorrelato incluindo dados sociodemográficos e clínicos. GDS-15 e PHQ-9 foram aplicados como escalas de rastreamento e gravidade da depressão. A depressão (maior e subsindrômica) foi diagnosticada através dos critérios do DSM-5 e seguindo a entrevista clínica SCID-5-CV. O índice de fragilidade de 36 itens (IF-36) foi utilizado como o principal instrumento para definição da fragilidade. A associação entre as variáveis de interesse foi estimada através de diferentes métodos de regressão logística e linear. Os participantes que eram frágeis no início do estudo foram excluídos das análises de acordo com as medidas de fragilidade (o questionário FRAIL e o IF-36). Estimamos as medidas de razão de chances (RC), razão de riscos ou risco relativo (RR) e diferença de riscos ou risco atribuível (RA) para a fragilidade incidente. Os modelos foram ajustados para covariáveis, tais como: idade, sexo, escolaridade, índice de massa corpórea (IMC), desempenho cognitivo, polifarmácia e multimorbidade. Resultados: Os participantes foram caracterizados por uma média de idade de 72,1 anos, 68,3% de mulheres, 20% com depressão maior, 27% com depressão subsindrômica e 33,3% de frágeis. A prevalência de fragilidade foi diferente entre os idosos deprimidos e os não deprimidos (p < 0,001). Idosos deprimidos apresentaram uma RC de 2,77 para fragilidade no baseline (p = 0,01). O risco para fragilidade foi maior (3,17) quando considerado o diagnóstico de depressão maior (p = 0,006), mas não foi significativo para depressão subsindrômica no baseline (p = 0,777). A gravidade de sintomas depressivos foi associada ao maior risco de fragilidade (p < 0,001). Observamos um risco 2 a 4 vezes maior de fragilidade incidente entre os participantes com depressão ao longo do tempo. A presença de um transtorno depressivo foi significativamente associada ao surgimento da fragilidade (OR ajustado para FRAIL e IF-36: 3,07 [IC 95% = 1,03 - 9,17] e 3,76 [IC 95% = 1,09 - 12,97]), respectivamente. O risco relativo para a fragilidade foi significativamente maior com o IF-36 em comparação ao FRAIL (RR: 3,03 versus 2,23). O RA foi de 17,3% e 12,7% com o FRAIL e o IF-36, respectivamente. Conclusão: A relação entre depressão geriátrica e fragilidade baseia-se em poucos estudos longitudinais. Nossos dados suportam a associação entre a depressão e fragilidade incidente em idosos após um ano de seguimento, reforçando a evidência longitudinal de estudos de base populacional
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Os participantes foram avaliados com uma avaliação geriátrica ampla e, responderam a questionários de autorrelato incluindo dados sociodemográficos e clínicos. GDS-15 e PHQ-9 foram aplicados como escalas de rastreamento e gravidade da depressão. A depressão (maior e subsindrômica) foi diagnosticada através dos critérios do DSM-5 e seguindo a entrevista clínica SCID-5-CV. O índice de fragilidade de 36 itens (IF-36) foi utilizado como o principal instrumento para definição da fragilidade. A associação entre as variáveis de interesse foi estimada através de diferentes métodos de regressão logística e linear. Os participantes que eram frágeis no início do estudo foram excluídos das análises de acordo com as medidas de fragilidade (o questionário FRAIL e o IF-36). Estimamos as medidas de razão de chances (RC), razão de riscos ou risco relativo (RR) e diferença de riscos ou risco atribuível (RA) para a fragilidade incidente. Os modelos foram ajustados para covariáveis, tais como: idade, sexo, escolaridade, índice de massa corpórea (IMC), desempenho cognitivo, polifarmácia e multimorbidade. Resultados: Os participantes foram caracterizados por uma média de idade de 72,1 anos, 68,3% de mulheres, 20% com depressão maior, 27% com depressão subsindrômica e 33,3% de frágeis. A prevalência de fragilidade foi diferente entre os idosos deprimidos e os não deprimidos (p < 0,001). Idosos deprimidos apresentaram uma RC de 2,77 para fragilidade no baseline (p = 0,01). O risco para fragilidade foi maior (3,17) quando considerado o diagnóstico de depressão maior (p = 0,006), mas não foi significativo para depressão subsindrômica no baseline (p = 0,777). A gravidade de sintomas depressivos foi associada ao maior risco de fragilidade (p < 0,001). Observamos um risco 2 a 4 vezes maior de fragilidade incidente entre os participantes com depressão ao longo do tempo. A presença de um transtorno depressivo foi significativamente associada ao surgimento da fragilidade (OR ajustado para FRAIL e IF-36: 3,07 [IC 95% = 1,03 - 9,17] e 3,76 [IC 95% = 1,09 - 12,97]), respectivamente. O risco relativo para a fragilidade foi significativamente maior com o IF-36 em comparação ao FRAIL (RR: 3,03 versus 2,23). O RA foi de 17,3% e 12,7% com o FRAIL e o IF-36, respectivamente. Conclusão: A relação entre depressão geriátrica e fragilidade baseia-se em poucos estudos longitudinais. Nossos dados suportam a associação entre a depressão e fragilidade incidente em idosos após um ano de seguimento, reforçando a evidência longitudinal de estudos de base populacionalIntroduction: Current evidence from the literature reports a bidirectional relationship between late-life depression (LLD) and frailty. Systematic reviews show a potential overlap of clinical and epidemiological factors of both prevalent conditions. The aim of this study was to investigate whether LLD is associated with incident frailty over time. Methods: The present study included data from a prospective cohort study of 315 older adults ( > 60 years) assisted in a geriatric outpatient clinic. Cross-sectional (at baseline) and longitudinal (over a 1-year follow-up) analyses were performed. Participants were assessed with a comprehensive geriatric assessment (CGA) and answered self-report questionnaires including sociodemographic and clinical data. GDS-15 and PHQ-9 were applied as depression screening measure and to quantify the severity of depressive symptoms. Depression (major and subthreshold) was diagnosed according to DSM-5 criteria and following the SCID-5-CV clinical interview. 36-item Frailty Index (FI-36) was used as the main tool related to definition of frailty. The association between the variables of interest was estimated using different methods of logistic and linear regression. Participants who were frail at baseline were excluded from the analyses according to measures of frailty (the FRAIL questionnaire and the FI-36). We estimated the odds ratio (OR), the risk ratio or relative risk (RR) and the risk difference (RD) for incident frailty. The models were adjusted for covariates, such as, age, sex, education, body mass index (BMI), cognitive performance, multimorbidity and polypharmacy. Results: Participants were characterized by mean age of 72.1 years, 68.3% of women, 20% of major depressive disorder, 27% of subthreshold depression and 33.3% of frail. Frailty prevalence was different between depressed older adults and non-depressed ones (p < 0.001). Depressed older adults presented OR of 2.77 for frailty at baseline (p = 0.01). OR for frailty was higher (3.17) when considered the diagnosis of major depression (p = 0.006) but it was not significant for subthreshold depression at baseline (p = 0.777). The severity of depressive symptoms was associated to a greater risk of frailty (p < 0.001). We observed a 2 to 4-fold increased risk for incident frailty among participants with depression over time. The presence of a depressive disorder was significantly associated with the onset of frailty (adjusted OR for FRAIL and FI-36: 3.07 [95% CI = 1.03 - 9.17] and 3.76 [95% CI = 1.09 - 12.97]), respectively. The risk for frailty due to LLD was significantly higher with the FI-36 compared to the FRAIL (RR: 3.03 versus 2.23). RD was of 17.3% and 12.7% with the FRAIL and the FI-36, respectively. Conclusion: The relationship between LLD and frailty is based on few longitudinal studies. Our data support the association between depression and incident frailty among older adults over a one-year follow-up, reinforcing longitudinal evidence from population-based studiesBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPAprahamian, IvanBorges, Marcus Kiiti2021-04-09info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5142/tde-21092021-145359/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2021-09-21T18:19:02Zoai:teses.usp.br:tde-21092021-145359Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212021-09-21T18:19:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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