A tematização e a problematização no currículo cultural da educação física

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ivan Luís dos Santos
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://doi.org/10.11606/T.48.2017.tde-21122016-111514
Resumo: Com as recentes modificações na conjuntura social mundial, a educação brasileira foi chamada a responder a novos desafios. Nesse contexto, o currículo cultural da Educação Física, inspirado nas teorias pós-críticas, emerge como uma alternativa às propostas curriculares totalizantes, mostrando-se disposto a colaborar na formação do cidadão crítico e na construção de uma sociedade mais democrática e sensível às diferenças. Tendo por objetivo analisar junto a um grupo de professores(as) que atuam nessa perspectiva como tecem as ações didáticas de tematização e problematização, bem como as possibilidades de potencialização para novas tessituras, a presente pesquisa de enfoque qualitativo, entrelaçou os seguintes dispositivos de produção de dados: grupos de discussão, observações participantes e entrevistas. As análises realizadas mediante a hermenêutica crítica revelaram que a tematização das práticas corporais constitui-se em importante estratégia de política cultural, criando efeitos contra-hegemônicos no currículo escolar. No currículo cultural da Educação Física, os conteúdos de ensino não são definidos a priori no planejamento uma vez que decorrem da relação dialógica entre os sujeitos participantes do processo pedagógico. A partir de elementos disparadores e elementos provocadores, a problematização tece a tematização, permitindo que o currículo em ação assuma um caráter rizomático. Quanto mais se problematiza, maiores são as chances da tematização manter-se atenta ao processo de fixação simbólica, dada a intensificação da circulação dos discursos sobre as práticas corporais e seus representantes. Sob essas circunstâncias, a ação didática do(a) professor(a) é continuamente (re)centralizada, colocada em devir. Enquanto vetor que intenciona a desconstrução, a problematização permite ampliar as possibilidades de significação; suspender os regimes de verdade com que os significados operam nas diferentes épocas e contextos; atualizar a relação do sujeito consigo próprio e com o mundo, potencializando a produção de novos problemas e conceitos. Entretanto, em determinados momentos, as problematizações não enveredam para exercícios arquegenealógicos das práticas corporais, ou mesmo, chegam a apartar-se dos acontecimentos referentes às manifestações tematizadas e da voz do sujeito subjugado. Reconhecemos que as investidas contra-hegemônicas da proposta cultural da Educação Física não escapam das marcas deixadas pela maquinaria escolar. Nesse contexto, para que as diferenças possam afirmar-se, a artistagem do currículo exige que os(as) professores(as) enfrentem e se posicionem politicamente ante as inúmeras redes de força que se estabelecem nas escolas e na sociedade mais ampla e que, por vezes, tensionam ao fechamento em identidades hegemônicas.
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spelling info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis A tematização e a problematização no currículo cultural da educação física Theming and questioning in the cultural curriculum of physical education 2016-09-29Marcos Garcia NeiraLisete Regina Gomes ArelaroCintya Regina RibeiroAnegleyce Teodoro RodriguesMarcilio Barbosa Mendonça de Souza JuniorIvan Luís dos SantosUniversidade de São PauloEducaçãoUSPBR Cultural curriculum Currículo cultural Didactics Didática Educação Educação física Education Physical education Problematização Questioning Tematização Theming Com as recentes modificações na conjuntura social mundial, a educação brasileira foi chamada a responder a novos desafios. Nesse contexto, o currículo cultural da Educação Física, inspirado nas teorias pós-críticas, emerge como uma alternativa às propostas curriculares totalizantes, mostrando-se disposto a colaborar na formação do cidadão crítico e na construção de uma sociedade mais democrática e sensível às diferenças. Tendo por objetivo analisar junto a um grupo de professores(as) que atuam nessa perspectiva como tecem as ações didáticas de tematização e problematização, bem como as possibilidades de potencialização para novas tessituras, a presente pesquisa de enfoque qualitativo, entrelaçou os seguintes dispositivos de produção de dados: grupos de discussão, observações participantes e entrevistas. As análises realizadas mediante a hermenêutica crítica revelaram que a tematização das práticas corporais constitui-se em importante estratégia de política cultural, criando efeitos contra-hegemônicos no currículo escolar. No currículo cultural da Educação Física, os conteúdos de ensino não são definidos a priori no planejamento uma vez que decorrem da relação dialógica entre os sujeitos participantes do processo pedagógico. A partir de elementos disparadores e elementos provocadores, a problematização tece a tematização, permitindo que o currículo em ação assuma um caráter rizomático. Quanto mais se problematiza, maiores são as chances da tematização manter-se atenta ao processo de fixação simbólica, dada a intensificação da circulação dos discursos sobre as práticas corporais e seus representantes. Sob essas circunstâncias, a ação didática do(a) professor(a) é continuamente (re)centralizada, colocada em devir. Enquanto vetor que intenciona a desconstrução, a problematização permite ampliar as possibilidades de significação; suspender os regimes de verdade com que os significados operam nas diferentes épocas e contextos; atualizar a relação do sujeito consigo próprio e com o mundo, potencializando a produção de novos problemas e conceitos. Entretanto, em determinados momentos, as problematizações não enveredam para exercícios arquegenealógicos das práticas corporais, ou mesmo, chegam a apartar-se dos acontecimentos referentes às manifestações tematizadas e da voz do sujeito subjugado. Reconhecemos que as investidas contra-hegemônicas da proposta cultural da Educação Física não escapam das marcas deixadas pela maquinaria escolar. Nesse contexto, para que as diferenças possam afirmar-se, a artistagem do currículo exige que os(as) professores(as) enfrentem e se posicionem politicamente ante as inúmeras redes de força que se estabelecem nas escolas e na sociedade mais ampla e que, por vezes, tensionam ao fechamento em identidades hegemônicas. With the recent changes in the world social conjuncture, the Brazilian education has been called to answer to new challenges. In this context, the cultural curriculum of physical education, inspired by the post-critical theories, emerges as an alternative to the totalizing curricular proposals, we are willing to collaborate in the formation of critical citizens and to build a more democratic society and responsive to differences. The goal is to analyze with a group of teachers who work in this perspective as they weave the didactic actions of theming and questioning, as well as the possibilities of empowerment for new tessituras. This qualitative approach research twined to the following data output devices: discussion groups, participant observation and interviews. The analyzes carried out by the hermeneutic criticism revealed that the theming of corporal practices constitutes an important cultural policy strategy, creating effects counterhegemonic in the school curriculum. In the cultural curriculum of physical education, the teaching contents are not defined a priori planning as result of dialogical relationship between the subjects participating in the educational process. From \"triggers elements\" and \"provocative elements,\" the questioning weaves theming, allowing the curriculum in action takes on a rhizomatic character. The more you problematize, the greater the chances of theming remain attentive to symbolic setting process, given the intensification of the movement of discourse on bodily practices and their representatives. Under these circumstances, didactic actions of teachers are continually (re)centered, put on becoming. While vector intends deconstruction, the strategy allows us to expand the possibilities of signification; suspends the regimes of truth in which the meanings operate on different times and contexts; update the subject\'s relationship with himself and the world, increasing the production of new problems and concepts. However, at certain times, the problematizations do not follow to arche/genealogical exercises of corporal practices, or even come to be apart from the events related to the themed events and the voice of the subjugated subject. We recognize that counter-hegemonic thrusts of cultural proposal of physical education cannot escape from the marks left by the school machinery. In this context, in order to the differences to be able to assert themselves, the curriculum acting requires facing teachers who position themselves politically against the several power networks that are established in schools and in the wider society and sometimes tensioning to close in hegemonic identities. https://doi.org/10.11606/T.48.2017.tde-21122016-111514info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USP2023-12-21T19:49:50Zoai:teses.usp.br:tde-21122016-111514Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-12-22T13:06:46.315746Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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