O impacto na cognição em pacientes submetidos à cranioplastia

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Coelho, Fernanda
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5138/tde-06072020-180502/
Resumo: INTRODUÇÃO: A craniectomia descompressiva (CD) é uma intervenção de emergência para tratamento da hipertensão intracraniana refratária. Apesar de salvar vidas, há evidencias do alto grau de disfunção entre os pacientes sobreviventes à cirurgia, o que envolve um espectro de sintomas tanto físicos quanto cognitivos, amplamente divulgado na literatura. A cranioplastia (CP) é um procedimento secundário à CD devido à falha óssea, sendo tradicionalmente recomendada pelos benefícios estético e protetivo do encéfalo aos pacientes. Entretanto, na última década, alguns estudos têm mostrado melhora hemodinâmica cerebral e, consequentemente, melhora neurológica após a CP, mas seus efeitos em funções cognitivas ainda não foram totalmente elucidados. O objetivo desta pesquisa é avaliar a cognição de pacientes submetidos à CD por diagnósticos de traumatismo cranioencefálico (TCE) e doença cerebrovascular (DCV) antes e após CP. MÉTODOS: Estudo unicêntrico, longitudinal, prospectivo, com três níveis de medidas repetidas sistematizadas, uma pré-cirúrgica e duas pós-cranioplastia, de um mês e de seis meses, respectivamente. Utilizou-se testes neuropsicológicos para averiguar os processos atencionais, a memória episódica, a habilidade da linguagem, a função executiva e a habilidade visuoconstrutiva. Também serviu-se de inventários para sintomas de depressão e de ansiedade, além de questionário de funcionalidade. A análise teve auxílio do SSPS, os testes foram bicaudados, e valores finais de p < 0,05 foram considerados significativos. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (CAPPESQ-HCFMUSP). Os pacientes foram recrutados e avaliados no ambulatório da neurologia no período entre 2015 e 2017. RESULTADOS: A amostra contou com 34 participantes, um grupo de 20 pacientes com TCE e um grupo de 14 pacientes com DCV. Obteve-se participantes de ambos os sexos, com idade entre 16 e 65 anos, escolaridade entre 3 e 18 anos, predominância manual direita entre 31 de 34 pacientes e tempo médio de 36 meses da lesão encefálica, com variação mínima de 2 e máxima de 240 meses de espera pela cranioplastia. Constatou-se melhora significativa nos processos da atenção auditivo-verbal (p < 0,05), na memória episódica verbal e visual (p < 0,05); na fluência verbal fonêmica e semântica (p < 0,05) e nas habilidades visuoespaciais e visuoconstrutivas (p < 0,05). Não houve correlação de nenhuma das medidas cognitivas com as variáveis idade, escolaridade, dominância manual e tempo de espera para CP. Não foi observada melhora significativa dos sintomas de ansiedade e de depressão, assim como não se evidenciou melhora quanto à funcionalidade. CONCLUSÃO: Os pacientes submetidos à CD com diagnóstico de TCE e DCV podem se beneficiar com a CP, especificamente, em relação à melhora dos domínios da cognição da atenção, da memória, da linguagem e da visuoconstrução. Esses achados se mostraram independentes da idade, escolaridade, lateralidade e do tempo de lesão dos pacientes. Portanto, quanto antes o paciente tiver acesso a CP, mais precocemente poderá se beneficiar da melhora de alguns domínios cognitivos
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spelling O impacto na cognição em pacientes submetidos à cranioplastiaImpact on cognition of patients undergoing cranioplastyAvaliação neuropsicológicaCognição pós-cranioplastiaCraniectomia descompressivaCranioplastiaCranioplastyDecompressive craniectomyDoença cerebrovascularNeuropsychological assessmentPost cranioplasty cognitionTraumatic brain injuryTraumatismo cranioencefálicoVascular Brain diseaseINTRODUÇÃO: A craniectomia descompressiva (CD) é uma intervenção de emergência para tratamento da hipertensão intracraniana refratária. Apesar de salvar vidas, há evidencias do alto grau de disfunção entre os pacientes sobreviventes à cirurgia, o que envolve um espectro de sintomas tanto físicos quanto cognitivos, amplamente divulgado na literatura. A cranioplastia (CP) é um procedimento secundário à CD devido à falha óssea, sendo tradicionalmente recomendada pelos benefícios estético e protetivo do encéfalo aos pacientes. Entretanto, na última década, alguns estudos têm mostrado melhora hemodinâmica cerebral e, consequentemente, melhora neurológica após a CP, mas seus efeitos em funções cognitivas ainda não foram totalmente elucidados. O objetivo desta pesquisa é avaliar a cognição de pacientes submetidos à CD por diagnósticos de traumatismo cranioencefálico (TCE) e doença cerebrovascular (DCV) antes e após CP. MÉTODOS: Estudo unicêntrico, longitudinal, prospectivo, com três níveis de medidas repetidas sistematizadas, uma pré-cirúrgica e duas pós-cranioplastia, de um mês e de seis meses, respectivamente. Utilizou-se testes neuropsicológicos para averiguar os processos atencionais, a memória episódica, a habilidade da linguagem, a função executiva e a habilidade visuoconstrutiva. Também serviu-se de inventários para sintomas de depressão e de ansiedade, além de questionário de funcionalidade. A análise teve auxílio do SSPS, os testes foram bicaudados, e valores finais de p < 0,05 foram considerados significativos. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (CAPPESQ-HCFMUSP). Os pacientes foram recrutados e avaliados no ambulatório da neurologia no período entre 2015 e 2017. RESULTADOS: A amostra contou com 34 participantes, um grupo de 20 pacientes com TCE e um grupo de 14 pacientes com DCV. Obteve-se participantes de ambos os sexos, com idade entre 16 e 65 anos, escolaridade entre 3 e 18 anos, predominância manual direita entre 31 de 34 pacientes e tempo médio de 36 meses da lesão encefálica, com variação mínima de 2 e máxima de 240 meses de espera pela cranioplastia. Constatou-se melhora significativa nos processos da atenção auditivo-verbal (p < 0,05), na memória episódica verbal e visual (p < 0,05); na fluência verbal fonêmica e semântica (p < 0,05) e nas habilidades visuoespaciais e visuoconstrutivas (p < 0,05). Não houve correlação de nenhuma das medidas cognitivas com as variáveis idade, escolaridade, dominância manual e tempo de espera para CP. Não foi observada melhora significativa dos sintomas de ansiedade e de depressão, assim como não se evidenciou melhora quanto à funcionalidade. CONCLUSÃO: Os pacientes submetidos à CD com diagnóstico de TCE e DCV podem se beneficiar com a CP, especificamente, em relação à melhora dos domínios da cognição da atenção, da memória, da linguagem e da visuoconstrução. Esses achados se mostraram independentes da idade, escolaridade, lateralidade e do tempo de lesão dos pacientes. Portanto, quanto antes o paciente tiver acesso a CP, mais precocemente poderá se beneficiar da melhora de alguns domínios cognitivosINTRODUCTION: The Decompressive Craniectomy is an emergency intervention for hypertension treatment. Although it saves lives, there are evidences from high risk of dysfunction among the surviving patients of surgery which involves both cognitive and physical aspects, such as widely disseminated over the literacy. The Cranioplasty is a secondary procedure of DC due to bone failure, being traditionally recommended for aesthetic and protective benefits to brian of patients. Nonetheless, in the last decade, some studies have shown cerebral hemodynamic improvements and, consequently, neurological improvement after CP, but its effects in cognitive functions have not been totally elucidated. The objective of this research was the cognitive evaluation of patients submitted to DC after a Traumatic Brain Injury diagnosis and vascular brain disease before and after DC. METHODS: Unicentric study, Longitudinal, prospective, with three levels of repeated systemathized measurements, one pré-surgical and two post cranioplasty, one month and six months respectively. Neurological tests were used to verify the attentive processes, the episodic memory, language skills, executive function and visual-constructive skills. Inventories for depression and anxiety symptoms were also appropriated, besides a functionality quiz. The analysis was aided by SSPS, the tests were and two-tailed test was applied the final score p < 0,05 was considered significant. The project was approved by the Ethics and Research committee from University of São Paulo School of Medicine Hospital das Clinics (CAPPESQ-HCFMUSP). The patients were recruited and evaluated on the Neurology Ambulatory, between 2015 and 2017. RESULTS: The sample included a group of 34 participants. Which 20 were TBI and 14 were vascular brain disease. The group was formed by both sexes with ages between 16 and 65-year-old, education level between 3 and 18 years, right-handed prevalence between 31 from 34 patients and the average time of 36 months of the Brain injury, with minimum variation of 2 and maximum of 240 months of waiting for the Cranioplasty. It was observed a significant improvement at hearing-verbal attention process (p < 0,05), in the verbal and visual episodic memory (p < 0,05); in the verbal phonemic and semantic fluency (p < 0,05); and in the visuoespatial and visual-constructive abilities (p < 0,05). There was no correlation between none of the cognitive measurements with the age, education, manual dominance and time of wait for the CD variables. It was not verified a significant improvement in anxiety and depression symptoms, and also no improvements regarding functionality. CONCLUSION: The patients submitted to the DC with the TBI and Disease Brain Vascular diagnosis can be benefited by CP, specifically regarding improvements in attentive, memory, language and visual-construction cognition. These results were achieved regardless of age, education, laterality and time of the injury. Therefore, the soon as the patient have the access to CP, the sooner the patient can be benefited over some cognitive improvementsBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPAnghinah, RenatoCoelho, Fernanda2020-01-29info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5138/tde-06072020-180502/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2020-07-09T21:43:02Zoai:teses.usp.br:tde-06072020-180502Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212020-07-09T21:43:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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description INTRODUÇÃO: A craniectomia descompressiva (CD) é uma intervenção de emergência para tratamento da hipertensão intracraniana refratária. Apesar de salvar vidas, há evidencias do alto grau de disfunção entre os pacientes sobreviventes à cirurgia, o que envolve um espectro de sintomas tanto físicos quanto cognitivos, amplamente divulgado na literatura. A cranioplastia (CP) é um procedimento secundário à CD devido à falha óssea, sendo tradicionalmente recomendada pelos benefícios estético e protetivo do encéfalo aos pacientes. Entretanto, na última década, alguns estudos têm mostrado melhora hemodinâmica cerebral e, consequentemente, melhora neurológica após a CP, mas seus efeitos em funções cognitivas ainda não foram totalmente elucidados. O objetivo desta pesquisa é avaliar a cognição de pacientes submetidos à CD por diagnósticos de traumatismo cranioencefálico (TCE) e doença cerebrovascular (DCV) antes e após CP. MÉTODOS: Estudo unicêntrico, longitudinal, prospectivo, com três níveis de medidas repetidas sistematizadas, uma pré-cirúrgica e duas pós-cranioplastia, de um mês e de seis meses, respectivamente. Utilizou-se testes neuropsicológicos para averiguar os processos atencionais, a memória episódica, a habilidade da linguagem, a função executiva e a habilidade visuoconstrutiva. Também serviu-se de inventários para sintomas de depressão e de ansiedade, além de questionário de funcionalidade. A análise teve auxílio do SSPS, os testes foram bicaudados, e valores finais de p < 0,05 foram considerados significativos. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (CAPPESQ-HCFMUSP). Os pacientes foram recrutados e avaliados no ambulatório da neurologia no período entre 2015 e 2017. RESULTADOS: A amostra contou com 34 participantes, um grupo de 20 pacientes com TCE e um grupo de 14 pacientes com DCV. Obteve-se participantes de ambos os sexos, com idade entre 16 e 65 anos, escolaridade entre 3 e 18 anos, predominância manual direita entre 31 de 34 pacientes e tempo médio de 36 meses da lesão encefálica, com variação mínima de 2 e máxima de 240 meses de espera pela cranioplastia. Constatou-se melhora significativa nos processos da atenção auditivo-verbal (p < 0,05), na memória episódica verbal e visual (p < 0,05); na fluência verbal fonêmica e semântica (p < 0,05) e nas habilidades visuoespaciais e visuoconstrutivas (p < 0,05). Não houve correlação de nenhuma das medidas cognitivas com as variáveis idade, escolaridade, dominância manual e tempo de espera para CP. Não foi observada melhora significativa dos sintomas de ansiedade e de depressão, assim como não se evidenciou melhora quanto à funcionalidade. CONCLUSÃO: Os pacientes submetidos à CD com diagnóstico de TCE e DCV podem se beneficiar com a CP, especificamente, em relação à melhora dos domínios da cognição da atenção, da memória, da linguagem e da visuoconstrução. Esses achados se mostraram independentes da idade, escolaridade, lateralidade e do tempo de lesão dos pacientes. Portanto, quanto antes o paciente tiver acesso a CP, mais precocemente poderá se beneficiar da melhora de alguns domínios cognitivos
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