"Representações de professores do ensino fundamental sobre o aluno"
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2006 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-25092006-161206/ |
Resumo: | Nas últimas décadas, várias pesquisas educacionais foram desenvolvidas para verificar os determinantes do insucesso escolar e elucidar questões referentes ao ensino básico. Acreditamos que a sala de aula, por meio da relação professor-aluno, é um ambiente de manifestação de crenças que podem influenciar no desempenho discente. Sendo assim, este estudo teve por objetivo investigar as representações de professores do ensino fundamental (1a a 8a série) sobre o aluno. Os participantes desse estudo foram 15 professoras de uma escola pública estadual da cidade de Ribeirão Preto - SP. A investigação se deu por meio da observação participante e de entrevistas individuais semi-estruturadas com as professoras. As entrevistas aconteceram em duas etapas: 1º etapa: investigação sobre a trajetória profissional e a formação acadêmica; 2o etapa: percepções e crenças sobre o aluno. Os dados, depois de transcritos literalmente, foram submetidos, num primeiro momento, à Análise de Conteúdo, tomando como referência os pressupostos teóricos da pesquisa qualitativa e organizados em três fases: pré - análise; a exploração do material e o tratamento dos resultados obtidos por meio da inferência e da interpretação. Os resultados evidenciaram que a maioria das professoras não se reconhece no sucesso e tampouco no fracasso de seus alunos. Dessa forma, se desvinculam de sua responsabilidade frente ao aprendizado deixando o aluno à deriva. Acreditam que o bom aluno é fruto de um bom suporte familiar e de atributos pessoais como ser "limpinho", "esforçado", "inteligente", "estudioso", "atencioso", "quietinho", "responsável", "interessado", "bem comportado", "dedicado", "otimista". Por outro lado, "o aluno com dificuldades de aprendizagem" é descrito com características opostas aos do "bom aluno". Ele aparece na fala da maioria das professoras como o aluno "indisciplinado", "insuportável", "desatento", com "baixa auto-estima", "preguiçoso", "briguento", "rebelde", "desinteressado", "inquieto", "que não teve suporte familiar", "que não sabe ler e escrever", "que apresenta problemas neurológicos ou psicológicos". Os dados encontrados confirmam a literatura consultada. Estudos apontam que as famílias, geralmente, não podem oferecer aos seus filhos este suporte familiar como esperado pelas professoras. Algumas professoras percebem que as dificuldades de aprendizagem fazem parte de um contexto mais amplo no qual o aluno está inserido e se esforçam para buscar alternativas de intervenção. Denunciam a ineficácia das políticas educacionais vigentes que são criadas sem levar em consideração os seus principais agentes efetivos e a sua prática em sala de aula. Reconhecem o aluno de hoje como vítima do sistema educacional que cria e reformula teorias sem conseguir alcançar o seu cliente principal - o aluno - e atender às suas necessidades mais prementes. |
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"Representações de professores do ensino fundamental sobre o aluno" "Representations of Public Basic Education Teachers about the Student"alunobasic educationensino fundamentalrepresentações de professoresrepresentations of teachersstudentNas últimas décadas, várias pesquisas educacionais foram desenvolvidas para verificar os determinantes do insucesso escolar e elucidar questões referentes ao ensino básico. Acreditamos que a sala de aula, por meio da relação professor-aluno, é um ambiente de manifestação de crenças que podem influenciar no desempenho discente. Sendo assim, este estudo teve por objetivo investigar as representações de professores do ensino fundamental (1a a 8a série) sobre o aluno. Os participantes desse estudo foram 15 professoras de uma escola pública estadual da cidade de Ribeirão Preto - SP. A investigação se deu por meio da observação participante e de entrevistas individuais semi-estruturadas com as professoras. As entrevistas aconteceram em duas etapas: 1º etapa: investigação sobre a trajetória profissional e a formação acadêmica; 2o etapa: percepções e crenças sobre o aluno. Os dados, depois de transcritos literalmente, foram submetidos, num primeiro momento, à Análise de Conteúdo, tomando como referência os pressupostos teóricos da pesquisa qualitativa e organizados em três fases: pré - análise; a exploração do material e o tratamento dos resultados obtidos por meio da inferência e da interpretação. Os resultados evidenciaram que a maioria das professoras não se reconhece no sucesso e tampouco no fracasso de seus alunos. Dessa forma, se desvinculam de sua responsabilidade frente ao aprendizado deixando o aluno à deriva. Acreditam que o bom aluno é fruto de um bom suporte familiar e de atributos pessoais como ser "limpinho", "esforçado", "inteligente", "estudioso", "atencioso", "quietinho", "responsável", "interessado", "bem comportado", "dedicado", "otimista". Por outro lado, "o aluno com dificuldades de aprendizagem" é descrito com características opostas aos do "bom aluno". Ele aparece na fala da maioria das professoras como o aluno "indisciplinado", "insuportável", "desatento", com "baixa auto-estima", "preguiçoso", "briguento", "rebelde", "desinteressado", "inquieto", "que não teve suporte familiar", "que não sabe ler e escrever", "que apresenta problemas neurológicos ou psicológicos". Os dados encontrados confirmam a literatura consultada. Estudos apontam que as famílias, geralmente, não podem oferecer aos seus filhos este suporte familiar como esperado pelas professoras. Algumas professoras percebem que as dificuldades de aprendizagem fazem parte de um contexto mais amplo no qual o aluno está inserido e se esforçam para buscar alternativas de intervenção. Denunciam a ineficácia das políticas educacionais vigentes que são criadas sem levar em consideração os seus principais agentes efetivos e a sua prática em sala de aula. Reconhecem o aluno de hoje como vítima do sistema educacional que cria e reformula teorias sem conseguir alcançar o seu cliente principal - o aluno - e atender às suas necessidades mais prementes.In the last decades, several educational researches were developed in order to verify the determinants of school failure and to clarify questions related to basic education. We believe that the classroom, through the teacher/student relationship, is an evironment for disclosure of beliefs that may influence the teaching performance. Therefore, the aim of this study was to investigate the representations of basic education teachers (1st to 8th grade) about the student. The participants of this study were 15 female teachers of a public state school of the city of Ribeirão Preto-SP. The investigation was made through the participant observation and individual semi-structured interviews with the teachers. The interviews happened in two stages: 1st stage: investigation about the professional trajectory and graduation; 2nd stage: perceptions and beliefs about the student. The data, which were taped and literally transcribed, were submitted, in the first instance, to content analysis and taking as reference the theoretical presuppositions of the qualitative research and organized in three phases: pre-analysis; exploration of the material and the results' treatment by means of inference and interpretation. Results revealed that most of the teachers don't recognize themselves neither in the success nor in the failure of their students. Thus, they detach themselves from their responsibility related to the learning process, leaving the student adrift. They believe that the good student is fruit of a good familiar support and of personal attributes like be "tidy", "diligent", "smart", "studious", "attentive", "quiet", "responsible", "interested", "well-behaved", "dedicated", "optimist". On the other hand, "the student with learning difficulties" is described with characteristics opposite to the "good students". He appears in the talk of most teachers as the "undisciplined", "unbearable", "inattentive student", with "low self-steem", "lazy", "quarrelsome", "rebellious", "disinterested", "anxious", "who did not have familiar support", "unable to read and write", "that has neurological and psychological troubles". The data obtained confirm the literature consulted. Some studies point out that families, generally, cannot offer to their children this familiar support as expected by the teachers. Some teachers perceive that the learning difficulties are part of a broader context into which the student is inserted and endeavor themselves seeking after intervention alternatives. They denounce the inefficacy of the existing educational policies that are created without considering their main real agents and their practice in the classroom. They recognize todays student as a victim of the educational system that creates and reformulates theories without reaching its main client - the student - and looking after his most pressing necessities.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPAndrade, Antonio dos SantosLuciano, Eliana Aparecida de Souza2006-06-30info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-25092006-161206/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2019-04-16T20:48:23Zoai:teses.usp.br:tde-25092006-161206Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212019-04-16T20:48:23Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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