Relações entre a evolução geomorfológica, reconstituição paleoambiental e a formação da turfeira da Campina do Encantado no Vale do Ribeira do Iguape
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Data de Publicação: | 2024 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11140/tde-02082024-100807/ |
Resumo: | As turfeiras, constituídas por Organossolos, apresentam sinais preservados que permitem sua utilização na reconstituição de condições pretéritas. Os solos orgânicos permitem o registro de mudanças ambientais, uma vez que a matéria orgânica configura um arquivo de processos pedogenéticos. No Vale do Ribeira (SP), ocorrem extensas áreas de Organossolos formadas em ambientes estuarino-fluviais e/ou fluviais- continentais. As turfeiras dessa região, de clima tropical quente e úmido e de baixa altitude, são importantes no armazenamento de carbono, destacando-se como ecossistema de interesse, especialmente para a mitigação das mudanças climáticas. Objetiva-se compreender a relação entre a sequência de ambientes deposicionais (marinho, lagunar e fluvial), as formas de relevo, os materiais e processos associados à formação de uma turfeira tropical no sudeste do Brasil. Além disso, busca-se reconstituir as mudanças ocorridas na vegetação, associadas às variações do nível relativo do mar (NRM). Para isso, foram coletados perfis de Organossolos e Cambissolos situados em diferentes compartimentos do relevo no Parque Estadual da Campina do Encantado (PECE), no município de Pariquera-Açu, no estado de São Paulo. Dentre os procedimentos, foram realizadas análises de granulometria e da fração areia, datação por 14C e Luminescência Opticamente Estimulada (LOE), geoquímica elementar e isotópica (δ13C, δ15N, C, N e C/N), análises de palinomorfos polínicos e não polínicos e mapeamento das unidades morfológicas. As variações do NRM que se sucederam durante o Pleistoceno superior e Holoceno contribuíram para a diversidade das unidades morfológicas mapeadas. As unidades fluviais, como Backswamps, Elevações intraterraço, Planície - Nível Principal, Terraço do Encantado, Terraço fluvial baixo e Turfeira, estão distribuídas em várias cotas altimétricas em uma área predominante plana, enquanto as unidades interfluviais, como Colinas e Morrotes do Baixo Ribeira, encontram-se em cotas mais elevadas. A análise dos perfis de Cambissolos (P4 e P5) indicam que a unidade em que estão situados, o Terraço do Encantado, teve sua gênese durante o Pleistoceno, enquanto, o P6, localizado no barranco do rio Pariquera Açu (Planície nível principal), foi formado durante o Holoceno. Já os perfis de Organossolos na unidade de Turfeira também são desse último período. Durante o último período transgressivo pleistocênico, o NRM se elevou submergindo toda a área do PECE. Com a subsequente descida do nível do mar em mais de 100 m, toda a plataforma continental foi exposta que resultou no rebaixamento do nível de base. Em resposta a isso, os rios erodiram e entalharam os sedimentos colúvio-aluvionares, formando vales incisos intraterraços pleistocênicos. Por volta de 7.000 anos AP, a elevação do NRM estabeleceu um ambiente estuarino-lagunar, que submergiu a vegetação ocupante do leito do vale em forma de uma paleolaguna. Esse ambiente favoreceu a instalação da prática de pesca por comunidades construtoras de sambaquis, visto que os recursos eram mais acessíveis quando comparadas às águas abertas do oceano. Entre 5.657-3.771 anos cal AP, foi registrada a subida máxima do NRM e no final desse estágio, a paleolaguna se desconectou com a descida do nível do mar. Esse ambiente progressivamente foi se transformando em uma lagoa devido à menor influência de água marinha. Essa lagoa foi colonizada por plantas que, ao longo do tempo, gradualmente, resultou no preenchimento progressivo da área com matéria orgânica (turfa) dando lugar à paludização da lagoa. Entre 3.771-2.247 anos cal AP, ocorreu a formação da Floresta de Restinga Paludosa permanentemente inundada, formados principalmente por plantas pioneiras, que prepararam o ambiente para a colonização das plantas secundárias correspondentes a floresta paludosa. A partir de 2.247 anos cal AP até o presente, houve a diminuição das ervas e aumento na concentração de árvores e arbusto, indicando a instalação de uma Floresta de Restinga Paludosa periodicamente inundada. Essa Floresta indicou uma elevada variedade de táxons polínicos, sugerindo a sucessão de diferentes ambientes que ocorreram durante o Holoceno médio no PECE. Essa sucessão influenciou a composição e distribuição das comunidades vegetais, levando a uma sucessão ecológica ao longo deste período. |
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Relações entre a evolução geomorfológica, reconstituição paleoambiental e a formação da turfeira da Campina do Encantado no Vale do Ribeira do IguapeRelationships between geomorphological evolution, paleoenvironmental reconstruction, and the formation of the peatland of Campina do Encantado in Vale do Ribeira do IguapeEnvironmental changesFloresta paludosaHistosolsMudanças ambientaisOrganossolosQuaternárioQuaternarySea level variationSwampy forestVariação do nível do marAs turfeiras, constituídas por Organossolos, apresentam sinais preservados que permitem sua utilização na reconstituição de condições pretéritas. Os solos orgânicos permitem o registro de mudanças ambientais, uma vez que a matéria orgânica configura um arquivo de processos pedogenéticos. No Vale do Ribeira (SP), ocorrem extensas áreas de Organossolos formadas em ambientes estuarino-fluviais e/ou fluviais- continentais. As turfeiras dessa região, de clima tropical quente e úmido e de baixa altitude, são importantes no armazenamento de carbono, destacando-se como ecossistema de interesse, especialmente para a mitigação das mudanças climáticas. Objetiva-se compreender a relação entre a sequência de ambientes deposicionais (marinho, lagunar e fluvial), as formas de relevo, os materiais e processos associados à formação de uma turfeira tropical no sudeste do Brasil. Além disso, busca-se reconstituir as mudanças ocorridas na vegetação, associadas às variações do nível relativo do mar (NRM). Para isso, foram coletados perfis de Organossolos e Cambissolos situados em diferentes compartimentos do relevo no Parque Estadual da Campina do Encantado (PECE), no município de Pariquera-Açu, no estado de São Paulo. Dentre os procedimentos, foram realizadas análises de granulometria e da fração areia, datação por 14C e Luminescência Opticamente Estimulada (LOE), geoquímica elementar e isotópica (δ13C, δ15N, C, N e C/N), análises de palinomorfos polínicos e não polínicos e mapeamento das unidades morfológicas. As variações do NRM que se sucederam durante o Pleistoceno superior e Holoceno contribuíram para a diversidade das unidades morfológicas mapeadas. As unidades fluviais, como Backswamps, Elevações intraterraço, Planície - Nível Principal, Terraço do Encantado, Terraço fluvial baixo e Turfeira, estão distribuídas em várias cotas altimétricas em uma área predominante plana, enquanto as unidades interfluviais, como Colinas e Morrotes do Baixo Ribeira, encontram-se em cotas mais elevadas. A análise dos perfis de Cambissolos (P4 e P5) indicam que a unidade em que estão situados, o Terraço do Encantado, teve sua gênese durante o Pleistoceno, enquanto, o P6, localizado no barranco do rio Pariquera Açu (Planície nível principal), foi formado durante o Holoceno. Já os perfis de Organossolos na unidade de Turfeira também são desse último período. Durante o último período transgressivo pleistocênico, o NRM se elevou submergindo toda a área do PECE. Com a subsequente descida do nível do mar em mais de 100 m, toda a plataforma continental foi exposta que resultou no rebaixamento do nível de base. Em resposta a isso, os rios erodiram e entalharam os sedimentos colúvio-aluvionares, formando vales incisos intraterraços pleistocênicos. Por volta de 7.000 anos AP, a elevação do NRM estabeleceu um ambiente estuarino-lagunar, que submergiu a vegetação ocupante do leito do vale em forma de uma paleolaguna. Esse ambiente favoreceu a instalação da prática de pesca por comunidades construtoras de sambaquis, visto que os recursos eram mais acessíveis quando comparadas às águas abertas do oceano. Entre 5.657-3.771 anos cal AP, foi registrada a subida máxima do NRM e no final desse estágio, a paleolaguna se desconectou com a descida do nível do mar. Esse ambiente progressivamente foi se transformando em uma lagoa devido à menor influência de água marinha. Essa lagoa foi colonizada por plantas que, ao longo do tempo, gradualmente, resultou no preenchimento progressivo da área com matéria orgânica (turfa) dando lugar à paludização da lagoa. Entre 3.771-2.247 anos cal AP, ocorreu a formação da Floresta de Restinga Paludosa permanentemente inundada, formados principalmente por plantas pioneiras, que prepararam o ambiente para a colonização das plantas secundárias correspondentes a floresta paludosa. A partir de 2.247 anos cal AP até o presente, houve a diminuição das ervas e aumento na concentração de árvores e arbusto, indicando a instalação de uma Floresta de Restinga Paludosa periodicamente inundada. Essa Floresta indicou uma elevada variedade de táxons polínicos, sugerindo a sucessão de diferentes ambientes que ocorreram durante o Holoceno médio no PECE. Essa sucessão influenciou a composição e distribuição das comunidades vegetais, levando a uma sucessão ecológica ao longo deste período.Peatlands, consisting of Histosols, preserve signals that allow their use in reconstructing past conditions. Organic soils record environmental changes, as organic matter constitutes an archive of pedogenetic processes. In the Ribeira Valley (SP), extensive areas of Histosols occur in estuarine-fluvial and/or fluvial-continental environments. Peatlands in this region, characterized by a hot and humid tropical climate and low altitude, are important for carbon storage, standing out as an ecosystem of interest, especially for climate change mitigation. The aim of the presente study was to understand the relationship between the sequence of depositional environments (marine, lagoon, and fluvial), landforms, materials, and processes associated with the formation of a tropical peatland in southeastern Brazil. Additionally, the objective was to reconstruct vegetation changes associated with variations in sea level. In order to do that, profiles of Histosols and Cambisols located in different landform compartments were collected in the Campina do Encantado State Park (PECE), in the municipality of Pariquera-Açu, in the state of São Paulo. The procedures included grain size and sand fraction analysis, radiocarbon dating and Optically Stimulated Luminescence (OSL), elemental and isotopic geochemistry (δ13C, δ15N, C, N, and C/N), analysis of pollen and non-pollen palynomorphs, and mapping of morphological units. The variations in relative sea level (RSL) that occurred during the Late Pleistocene and Holocene contributed to the diversity of the morphological units mapped. The fluvial units, such as Backswamps, Intraterrace Elevations, Main Level Plain, Encantado Terrace, Low Fluvial Terrace, and Peatland, are distributed across various altimetric levels in a predominantly flat area. In contrast, the interfluvial units, such as the Low Ribeira Hills and Knolls, are found at higher elevations. The analysis of Cambisol profiles (P4 and P5) indicates that the unit in which they are situated, the Encantado Terrace, originated during the Pleistocene. Meanwhile, P6, located on the bank of the Pariquera Açu River (Main Level Plain), was formed during the Holocene. The Histosols profiles in the Peatland unit also date to this latter period. During the last Pleistocene transgressive period, RSL rose, submerging the entire PECE area. With the subsequent sea level drop of over 100 m, the entire continental shelf was exposed, resulting in a base level lowering. In response, rivers eroded and incised colluvial-alluvial sediments, forming incised Pleistocene intraterrace valleys. Around 7,000 years BP, the rise in RSL established an estuarine-lagoon environment, submerging the vegetation occupying the valley floor as a paleolagoon. This environment favored fishing practices by shell mounds building communities, as resources were more accessible compared to open ocean waters. Between 5,657-3,771 cal BP, the maximum rise in RSL was recorded, and by the end of this stage, the paleolagoon disconnected with the sea level drop. This environment progressively transformed into a lagoon due to reduced marine water influence. The lagoon was colonized by plants, gradually resulting in the progressive filling of the area with organic matter (peat), leading to the paludization of the lagoon. Between 3,771-2,247 cal BP, the formation of the Permanently Flooded Paludal Restinga Forest occurred, primarily formed by pioneering plants, which prepared the environment for the colonization of secondary plants corresponding to the paludal forest. From 2,247 cal BP to the present, there has been a decrease in herbs and an increase in tree and shrub concentration, indicating the establishment of a Periodically Flooded Paludal Restinga Forest. This forest indicated a high variety of pollen taxa, suggesting the succession of different environments that occurred during the Northgrippianin the PECE. This succession influenced the composition and distribution of plant communities, leading to ecological succession throughout this period.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPTorrado, Pablo VidalReis, André Luiz Miranda2024-05-17info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11140/tde-02082024-100807/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2024-08-05T12:16:02Zoai:teses.usp.br:tde-02082024-100807Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212024-08-05T12:16:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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As turfeiras, constituídas por Organossolos, apresentam sinais preservados que permitem sua utilização na reconstituição de condições pretéritas. Os solos orgânicos permitem o registro de mudanças ambientais, uma vez que a matéria orgânica configura um arquivo de processos pedogenéticos. No Vale do Ribeira (SP), ocorrem extensas áreas de Organossolos formadas em ambientes estuarino-fluviais e/ou fluviais- continentais. As turfeiras dessa região, de clima tropical quente e úmido e de baixa altitude, são importantes no armazenamento de carbono, destacando-se como ecossistema de interesse, especialmente para a mitigação das mudanças climáticas. Objetiva-se compreender a relação entre a sequência de ambientes deposicionais (marinho, lagunar e fluvial), as formas de relevo, os materiais e processos associados à formação de uma turfeira tropical no sudeste do Brasil. Além disso, busca-se reconstituir as mudanças ocorridas na vegetação, associadas às variações do nível relativo do mar (NRM). Para isso, foram coletados perfis de Organossolos e Cambissolos situados em diferentes compartimentos do relevo no Parque Estadual da Campina do Encantado (PECE), no município de Pariquera-Açu, no estado de São Paulo. Dentre os procedimentos, foram realizadas análises de granulometria e da fração areia, datação por 14C e Luminescência Opticamente Estimulada (LOE), geoquímica elementar e isotópica (δ13C, δ15N, C, N e C/N), análises de palinomorfos polínicos e não polínicos e mapeamento das unidades morfológicas. As variações do NRM que se sucederam durante o Pleistoceno superior e Holoceno contribuíram para a diversidade das unidades morfológicas mapeadas. As unidades fluviais, como Backswamps, Elevações intraterraço, Planície - Nível Principal, Terraço do Encantado, Terraço fluvial baixo e Turfeira, estão distribuídas em várias cotas altimétricas em uma área predominante plana, enquanto as unidades interfluviais, como Colinas e Morrotes do Baixo Ribeira, encontram-se em cotas mais elevadas. A análise dos perfis de Cambissolos (P4 e P5) indicam que a unidade em que estão situados, o Terraço do Encantado, teve sua gênese durante o Pleistoceno, enquanto, o P6, localizado no barranco do rio Pariquera Açu (Planície nível principal), foi formado durante o Holoceno. Já os perfis de Organossolos na unidade de Turfeira também são desse último período. Durante o último período transgressivo pleistocênico, o NRM se elevou submergindo toda a área do PECE. Com a subsequente descida do nível do mar em mais de 100 m, toda a plataforma continental foi exposta que resultou no rebaixamento do nível de base. Em resposta a isso, os rios erodiram e entalharam os sedimentos colúvio-aluvionares, formando vales incisos intraterraços pleistocênicos. Por volta de 7.000 anos AP, a elevação do NRM estabeleceu um ambiente estuarino-lagunar, que submergiu a vegetação ocupante do leito do vale em forma de uma paleolaguna. Esse ambiente favoreceu a instalação da prática de pesca por comunidades construtoras de sambaquis, visto que os recursos eram mais acessíveis quando comparadas às águas abertas do oceano. Entre 5.657-3.771 anos cal AP, foi registrada a subida máxima do NRM e no final desse estágio, a paleolaguna se desconectou com a descida do nível do mar. Esse ambiente progressivamente foi se transformando em uma lagoa devido à menor influência de água marinha. Essa lagoa foi colonizada por plantas que, ao longo do tempo, gradualmente, resultou no preenchimento progressivo da área com matéria orgânica (turfa) dando lugar à paludização da lagoa. Entre 3.771-2.247 anos cal AP, ocorreu a formação da Floresta de Restinga Paludosa permanentemente inundada, formados principalmente por plantas pioneiras, que prepararam o ambiente para a colonização das plantas secundárias correspondentes a floresta paludosa. A partir de 2.247 anos cal AP até o presente, houve a diminuição das ervas e aumento na concentração de árvores e arbusto, indicando a instalação de uma Floresta de Restinga Paludosa periodicamente inundada. Essa Floresta indicou uma elevada variedade de táxons polínicos, sugerindo a sucessão de diferentes ambientes que ocorreram durante o Holoceno médio no PECE. Essa sucessão influenciou a composição e distribuição das comunidades vegetais, levando a uma sucessão ecológica ao longo deste período. |
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