Biologia, manejo e mecanismos de resistência múltipla de biótipos de Amaranthus hybridus L. aos herbicidas inibidores da ALS e EPSPs
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Data de Publicação: | 2024 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11136/tde-12092024-092007/ |
Resumo: | A presença frequente de Amaranthus hybridus nos sistemas de produção agrícola do Brasil destaca a necessidade de compreender a dinâmica dessa planta daninha e de práticas de manejo eficazes para seu controle. Somado a isso, a incidência de biótipos com resistência múltipla a clorimurom e a glifosato trazem complexidade ao manejo. Esse relato de resistência ainda é recente e há poucas informações difundidas entre os produtores e na literatura sobre a biologia e o manejo dessa planta daninha no campo. Diante desta problemática, objetivou-se com o presente trabalho caracterizar a resistência de A. hybridus a glifosato e aos herbicidas inibidores da ALS, avaliar herbicidas alternativos para o controle dessa planta daninha em pré e pós-emergência, comparar o crescimento de biótipos resistentes a EPSPs/ALS e suscetível, e identificar os mecanismos de resistência que conferem resistência aos herbicidas inibidores da ALS e da EPSPs presentes nos biótipos. Para isso, foram realizados experimentos de casa-de-vegetação, de campo e laboratório. A fim de confirmar a resistência, foram realizados experimentos independentes com cada um dos herbicidas: glifosato, clorimurom, cloransulam e imazetapir. Para cada herbicida estudado, os tratamentos foram dispostos em esquema fatorial 2x12, sendo dois biótipos de A. hybridus (R e S) e 11 doses de herbicida (64D, 32D, 16D, 8D, 4D, 2D, D, 1/2D, 1/4D, 1/8D, 1/16D) e testemunha sem aplicação, caracterizando por D a dose comercial recomendada de cada herbicida. Para os ensaios de controle alternativo, foram avaliados oito tratamentos (testemunha sem aplicação, sulfentrazona, flumioxazina, fomesafem, trifluralina, metribuzim, S-metolacloro, piroxasulfona) em condição de pré-emergência no campo. No experimento de pós-emergência, os tratamentos foram organizados em esquema fatorial de 13x3, sendo 13 herbicidas pós-emergentes e três estádios de desenvolvimento da planta daninha no momento da pulverização (de duas a quatro folhas, de quatro a seis folhas e de dez a doze folhas). Os tratamentos avaliados foram (testemunha sem aplicação, glufosinato de amônio, diquat, dicamba, 2,4-D, triclopir, atrazina, [mesotriona + atrazina], tembotriona + atrazina, bentazona, lactofem, saflufenacil, fomesafem). Dois ensaios semelhantes também foram conduzidos em casa-de-vegetação com avaliações de crescimento em cada experimento, espaçadas de sete dias de intervalo com coleta de parte aérea e raízes dos biótipos resistentes e suscetível. Nos ensaios de laboratório, técnicas de PCR, sequenciamento Sanger, RT-qPCR, número de cópias e modelagem de proteínas foram utilizadas. Concluiu-se que os biótipos R1, R2 e R3 possuem resistência múltipla aos herbicidas inibidores da EPSPs e ALS e resistência cruzada entre sulfonilureias, triazolpirimidinas e imidazolinonas. Em relação aos herbicidas alternativos, a sulfentrazona (0,6 L/ha) foi o herbicida pré-emergente com residual mais longo (49 dias) para controle de A. hybridus resistente a EPSPs/ALS. Os herbicidas flumioxazina (0,12 L/ha), fomesafem (1 L/ha) e piroxasulfona (0,2 L/ha) tiveram residual de 33 dias, inferior ao controle com sulfentrazona, mas superior a trifluralina (4 L/ha), S-metolacloro (1,5 L/ha) e metribuzim (1 L/ha). Todos os herbicidas pós-emergentes foram eficazes no manejo de A. hybridus desde que aplicados no estádio de duas a quatro folhas. Em estádio tardio de controle (> 10 folhas) todos os herbicidas tiveram controle insatisfatório, com exceção das misturas [mesotriona + atrazina] (2 L/ha) e tembotriona + atrazina (0,18 + 3,0 L/ha). As análises de crescimento e desenvolvimento evidenciaram que nas condições de primavera/verão e com o aumento do fotoperíodo, o acúmulo de massa de A. hybridus é maior. Em ambientes frios, como no outono/inverno, com fotoperíodo decrescente, A. hybridus ainda é capaz de acumular massa, porém com florescimento precoce e redução do ciclo da planta. Os biótipos resistentes não tiveram desvantagens em relação ao crescimento/desenvolvimento do biótipo suscetível. As análises moleculares experimentais confirmaram a mutação tripla (TAP-IVS: T102I, A103V e P106S) na sequência de aminoácidos da enzima EPSPs, bem como aumento no número de cópias (1,9 a 2,3) do gene EPSPS em todos os biótipos resistentes estudados. Nos estudos teóricos da estrutura enzimática, foram observadas mudanças na posição de alguns aminoácidos que interagem com o glifosato reduzindo assim o tamanho da cavidade do sítio ativo. O mecanismo de resistência dos biótipos de A. hybridus aos herbicidas inibidores da ALS está relacionado as mutações Asp376Glu e Trp574Leu. |
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Biologia, manejo e mecanismos de resistência múltipla de biótipos de Amaranthus hybridus L. aos herbicidas inibidores da ALS e EPSPsBiology, management and mechanisms of multiple resistance of Amaranthus hybridus L. biotypes to ALS and EPSPs inhibitor herbicidesAcetolactate synthaseAcetolactato sintaseAmaranthaceaeAmaranthaceaeChemical controlControle químicoCrescimentoGrowthMutação triplaTriple mutationA presença frequente de Amaranthus hybridus nos sistemas de produção agrícola do Brasil destaca a necessidade de compreender a dinâmica dessa planta daninha e de práticas de manejo eficazes para seu controle. Somado a isso, a incidência de biótipos com resistência múltipla a clorimurom e a glifosato trazem complexidade ao manejo. Esse relato de resistência ainda é recente e há poucas informações difundidas entre os produtores e na literatura sobre a biologia e o manejo dessa planta daninha no campo. Diante desta problemática, objetivou-se com o presente trabalho caracterizar a resistência de A. hybridus a glifosato e aos herbicidas inibidores da ALS, avaliar herbicidas alternativos para o controle dessa planta daninha em pré e pós-emergência, comparar o crescimento de biótipos resistentes a EPSPs/ALS e suscetível, e identificar os mecanismos de resistência que conferem resistência aos herbicidas inibidores da ALS e da EPSPs presentes nos biótipos. Para isso, foram realizados experimentos de casa-de-vegetação, de campo e laboratório. A fim de confirmar a resistência, foram realizados experimentos independentes com cada um dos herbicidas: glifosato, clorimurom, cloransulam e imazetapir. Para cada herbicida estudado, os tratamentos foram dispostos em esquema fatorial 2x12, sendo dois biótipos de A. hybridus (R e S) e 11 doses de herbicida (64D, 32D, 16D, 8D, 4D, 2D, D, 1/2D, 1/4D, 1/8D, 1/16D) e testemunha sem aplicação, caracterizando por D a dose comercial recomendada de cada herbicida. Para os ensaios de controle alternativo, foram avaliados oito tratamentos (testemunha sem aplicação, sulfentrazona, flumioxazina, fomesafem, trifluralina, metribuzim, S-metolacloro, piroxasulfona) em condição de pré-emergência no campo. No experimento de pós-emergência, os tratamentos foram organizados em esquema fatorial de 13x3, sendo 13 herbicidas pós-emergentes e três estádios de desenvolvimento da planta daninha no momento da pulverização (de duas a quatro folhas, de quatro a seis folhas e de dez a doze folhas). Os tratamentos avaliados foram (testemunha sem aplicação, glufosinato de amônio, diquat, dicamba, 2,4-D, triclopir, atrazina, [mesotriona + atrazina], tembotriona + atrazina, bentazona, lactofem, saflufenacil, fomesafem). Dois ensaios semelhantes também foram conduzidos em casa-de-vegetação com avaliações de crescimento em cada experimento, espaçadas de sete dias de intervalo com coleta de parte aérea e raízes dos biótipos resistentes e suscetível. Nos ensaios de laboratório, técnicas de PCR, sequenciamento Sanger, RT-qPCR, número de cópias e modelagem de proteínas foram utilizadas. Concluiu-se que os biótipos R1, R2 e R3 possuem resistência múltipla aos herbicidas inibidores da EPSPs e ALS e resistência cruzada entre sulfonilureias, triazolpirimidinas e imidazolinonas. Em relação aos herbicidas alternativos, a sulfentrazona (0,6 L/ha) foi o herbicida pré-emergente com residual mais longo (49 dias) para controle de A. hybridus resistente a EPSPs/ALS. Os herbicidas flumioxazina (0,12 L/ha), fomesafem (1 L/ha) e piroxasulfona (0,2 L/ha) tiveram residual de 33 dias, inferior ao controle com sulfentrazona, mas superior a trifluralina (4 L/ha), S-metolacloro (1,5 L/ha) e metribuzim (1 L/ha). Todos os herbicidas pós-emergentes foram eficazes no manejo de A. hybridus desde que aplicados no estádio de duas a quatro folhas. Em estádio tardio de controle (> 10 folhas) todos os herbicidas tiveram controle insatisfatório, com exceção das misturas [mesotriona + atrazina] (2 L/ha) e tembotriona + atrazina (0,18 + 3,0 L/ha). As análises de crescimento e desenvolvimento evidenciaram que nas condições de primavera/verão e com o aumento do fotoperíodo, o acúmulo de massa de A. hybridus é maior. Em ambientes frios, como no outono/inverno, com fotoperíodo decrescente, A. hybridus ainda é capaz de acumular massa, porém com florescimento precoce e redução do ciclo da planta. Os biótipos resistentes não tiveram desvantagens em relação ao crescimento/desenvolvimento do biótipo suscetível. As análises moleculares experimentais confirmaram a mutação tripla (TAP-IVS: T102I, A103V e P106S) na sequência de aminoácidos da enzima EPSPs, bem como aumento no número de cópias (1,9 a 2,3) do gene EPSPS em todos os biótipos resistentes estudados. Nos estudos teóricos da estrutura enzimática, foram observadas mudanças na posição de alguns aminoácidos que interagem com o glifosato reduzindo assim o tamanho da cavidade do sítio ativo. O mecanismo de resistência dos biótipos de A. hybridus aos herbicidas inibidores da ALS está relacionado as mutações Asp376Glu e Trp574Leu.The frequent presence of Amaranthus hybridus in agricultural production systems in Brazil highlights the need to understand the dynamics of this weed and effective management practices for its control. Added to this, the incidence of biotypes with multiple resistance to chlorimuron and glyphosate brings complexity to management. This report of resistance is still recent, and there is little information disseminated among producers and in the literature about the biology and management of this weed in the field. In view of this problem, the aim of this study was to characterize the resistance of A. hybridus to glyphosate and ALS-inhibiting herbicides, to evaluate alternative herbicides for controlling this weed in pre- and post-emergence, to compare the growth of EPSPs/ALS-resistant and susceptible biotypes, and to identify the resistance mechanisms that confer resistance to ALS- and EPSPs-inhibiting herbicides present in the biotypes. For this, experiments were carried out in the greenhouse, field and laboratory. In order to confirm resistance, independent experiments were carried out with each of the herbicides: glyphosate, chlorimuron, cloransulam, and imazethapyr. For each herbicide studied, the treatments were arranged in a 2x12 factorial scheme, with two biotypes of A. hybridus (R and S) and 11 doses of herbicide (64D, 32D, 16D, 8D, 4D, 2D, D, 1/2D, 1/4D, 1/8D, 1/16D) and control without application, characterizing by D the recommended commercial dose of each herbicide. For the alternative control trials, eight treatments were evaluated (control without application, sulfentrazone, flumioxazine, fomesafen, trifluralin, metribuzim, S-metolachlor, and pyroxasulfone) in pre-emergence conditions in the field. In the post-emergence experiment, the treatments were organized in a 13x3 factorial scheme, with 13 post-emergence herbicides and three stages of weed development at the time of spraying (two to four leaves, four to six leaves, and ten to twelve sheets). The herbicides evaluated were (control without application, glufosinate-ammonium, diquat, dicamba, 2.4-D, triclopyr, atrazine, [mesotrione + atrazine], tembotrione + atrazine, bentazone, lactofen, saflufenacil, and fomesafen). Two similar trials were also conducted in the greenhouse with growth evaluations in each experiment, spaced seven days apart with the collection of aerial parts and roots of the resistant and susceptible biotypes. In laboratory tests, PCR, Sanger sequencing, RT-qPCR, copy number, and protein modeling techniques were used. It was concluded that biotypes R1, R2, and R3 have multiple resistance to EPSPs and ALS inhibitor herbicides and cross-resistance between sulfonylureas, triazolopyrimidines, and imidazolinones. Regarding alternative herbicides, sulfentrazone (0.6 L/ha) was the preemergent herbicide with the longest residual (49 days) for controlling A. hybridus resistant to EPSPs/ALS. The herbicides flumioxazin (0.12 L/ha), fomesafen (1 L/ha) and pyroxasulfone (0.2 L/ha) had a residual of 33 days, lower than the control with sulfentrazone, but higher than trifluralin (4 L/ha ), S-metolachlor (1.5 L/ha), and metribuzin (1 L/ha). All post-emergent herbicides were effective in managing A. hybridus as long as they were applied at the two to four leaf stage. At a late stage of control (> 10 leaves), all herbicides had unsatisfactory control, except for the mixtures [mesotrione + atrazine] (2 L/ha) and tembotrione + atrazine (0.18 + 3.0). The growth and development analyses showed that in spring/summer conditions and with increasing photoperiod, A. hybridus accumulates more mass. In cold environments, such as autumn/winter, with a decreasing photoperiod, A. hybridus is still able to accumulate mass, but with early flowering and a reduction in the plants cycle. The resistant biotypes had no disadvantages in relation to the growth or development of the susceptible biotype. Experimental molecular analyses confirmed the triple mutation (TAP-IVS: T102I, A103V, and P106S) in the amino acid sequence of the EPSPs enzyme as well as an increase in the number of copies (1.9 to 2.3) of the EPSPS gene in all resistant biotypes studied. In theoretical studies of the enzymatic structure, changes were observed in the position of some amino acids that interact with glyphosate, thus reducing the size of the active site cavity. The resistance mechanism of A. hybridus biotypes to ALS-inhibiting herbicides is related to the Asp376Glu and Trp574Leu mutations.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPChristoffoleti, Pedro JacobResende, Laís Sousa2024-06-06info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11136/tde-12092024-092007/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPReter o conteúdo por motivos de patente, publicação e/ou direitos autoriais.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2024-10-03T12:11:02Zoai:teses.usp.br:tde-12092024-092007Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212024-10-03T12:11:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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A presença frequente de Amaranthus hybridus nos sistemas de produção agrícola do Brasil destaca a necessidade de compreender a dinâmica dessa planta daninha e de práticas de manejo eficazes para seu controle. Somado a isso, a incidência de biótipos com resistência múltipla a clorimurom e a glifosato trazem complexidade ao manejo. Esse relato de resistência ainda é recente e há poucas informações difundidas entre os produtores e na literatura sobre a biologia e o manejo dessa planta daninha no campo. Diante desta problemática, objetivou-se com o presente trabalho caracterizar a resistência de A. hybridus a glifosato e aos herbicidas inibidores da ALS, avaliar herbicidas alternativos para o controle dessa planta daninha em pré e pós-emergência, comparar o crescimento de biótipos resistentes a EPSPs/ALS e suscetível, e identificar os mecanismos de resistência que conferem resistência aos herbicidas inibidores da ALS e da EPSPs presentes nos biótipos. Para isso, foram realizados experimentos de casa-de-vegetação, de campo e laboratório. A fim de confirmar a resistência, foram realizados experimentos independentes com cada um dos herbicidas: glifosato, clorimurom, cloransulam e imazetapir. Para cada herbicida estudado, os tratamentos foram dispostos em esquema fatorial 2x12, sendo dois biótipos de A. hybridus (R e S) e 11 doses de herbicida (64D, 32D, 16D, 8D, 4D, 2D, D, 1/2D, 1/4D, 1/8D, 1/16D) e testemunha sem aplicação, caracterizando por D a dose comercial recomendada de cada herbicida. Para os ensaios de controle alternativo, foram avaliados oito tratamentos (testemunha sem aplicação, sulfentrazona, flumioxazina, fomesafem, trifluralina, metribuzim, S-metolacloro, piroxasulfona) em condição de pré-emergência no campo. No experimento de pós-emergência, os tratamentos foram organizados em esquema fatorial de 13x3, sendo 13 herbicidas pós-emergentes e três estádios de desenvolvimento da planta daninha no momento da pulverização (de duas a quatro folhas, de quatro a seis folhas e de dez a doze folhas). Os tratamentos avaliados foram (testemunha sem aplicação, glufosinato de amônio, diquat, dicamba, 2,4-D, triclopir, atrazina, [mesotriona + atrazina], tembotriona + atrazina, bentazona, lactofem, saflufenacil, fomesafem). Dois ensaios semelhantes também foram conduzidos em casa-de-vegetação com avaliações de crescimento em cada experimento, espaçadas de sete dias de intervalo com coleta de parte aérea e raízes dos biótipos resistentes e suscetível. Nos ensaios de laboratório, técnicas de PCR, sequenciamento Sanger, RT-qPCR, número de cópias e modelagem de proteínas foram utilizadas. Concluiu-se que os biótipos R1, R2 e R3 possuem resistência múltipla aos herbicidas inibidores da EPSPs e ALS e resistência cruzada entre sulfonilureias, triazolpirimidinas e imidazolinonas. Em relação aos herbicidas alternativos, a sulfentrazona (0,6 L/ha) foi o herbicida pré-emergente com residual mais longo (49 dias) para controle de A. hybridus resistente a EPSPs/ALS. Os herbicidas flumioxazina (0,12 L/ha), fomesafem (1 L/ha) e piroxasulfona (0,2 L/ha) tiveram residual de 33 dias, inferior ao controle com sulfentrazona, mas superior a trifluralina (4 L/ha), S-metolacloro (1,5 L/ha) e metribuzim (1 L/ha). Todos os herbicidas pós-emergentes foram eficazes no manejo de A. hybridus desde que aplicados no estádio de duas a quatro folhas. Em estádio tardio de controle (> 10 folhas) todos os herbicidas tiveram controle insatisfatório, com exceção das misturas [mesotriona + atrazina] (2 L/ha) e tembotriona + atrazina (0,18 + 3,0 L/ha). As análises de crescimento e desenvolvimento evidenciaram que nas condições de primavera/verão e com o aumento do fotoperíodo, o acúmulo de massa de A. hybridus é maior. Em ambientes frios, como no outono/inverno, com fotoperíodo decrescente, A. hybridus ainda é capaz de acumular massa, porém com florescimento precoce e redução do ciclo da planta. Os biótipos resistentes não tiveram desvantagens em relação ao crescimento/desenvolvimento do biótipo suscetível. As análises moleculares experimentais confirmaram a mutação tripla (TAP-IVS: T102I, A103V e P106S) na sequência de aminoácidos da enzima EPSPs, bem como aumento no número de cópias (1,9 a 2,3) do gene EPSPS em todos os biótipos resistentes estudados. Nos estudos teóricos da estrutura enzimática, foram observadas mudanças na posição de alguns aminoácidos que interagem com o glifosato reduzindo assim o tamanho da cavidade do sítio ativo. O mecanismo de resistência dos biótipos de A. hybridus aos herbicidas inibidores da ALS está relacionado as mutações Asp376Glu e Trp574Leu. |
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