Bambus nativos: estudo fitoquímico e rastreio de moléculas bioativas com efeito sobre cognição e memória

• Autor(a) principal: Gagliano, Janayne
• Data de Publicação: 2021
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
• Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41132/tde-25052021-100122/
• topic: 1. Compostos fenólicos; 1. Phenolic compounds; 2. Antioxidant; 2. Antioxidante; 3. Anticholinesterase; 3. Anticolinesterase; 4. Zebrafish; 4. Zebrafish

Há séculos os povos asiáticos usam as folhas de algumas espécies de bambus para o tratamento de diversas doenças, principalmente doenças de transtorno mental que são atribuídas ao envelhecimento humano. O Brasil possui a maior diversidade de espécies de bambu das Américas, com alto grau de endemismo, mas nada se sabe sobre o potencial medicinal dessas espécies. Portanto, considerando que espécies asiáticas são utilizadas na medicina tradicional e possuem atividades biológicas atribuídas à presença de substâncias fenólicas, a hipótese deste estudo é que os metabólitos secundários, principalmente compostos fenólicos presentes nos bambus brasileiros também possuem ação contra doenças que afetam a cognição e memória. Este trabalho teve como objetivo a caracterização química e a análise do potencial antioxidante e anticolinesterasico dos extratos foliares de Olyra glaberrima (OG), Parodiolyra micranta (PM), Aulonemia aristulata (AA), Filgueirasia arenicola (FA), Filgueirasia canavieira (FC) e Merostachys pluriflora (MP); além de também testar o efeito toxicológico dos extratos aquosos na morfologia, locomoção e comportamento das larvas de zebrafish (Danio rerio), e analisar o potencial na melhoria das funções cognitivas e de memória em adultos de zebrafish. As espécies brasileiras de bambu apresentaram grande diversidade de constituintes, foram identificados 181 compostos, entre eles flavonoides, terpenoides, alcaloides, fitoesterois, entre outros. Os extratos hidroetanólico e aquoso de todas as espécies estudadas apresentaram alto potencial antioxidante, especialmente P. micranta e F. arenicola. M. pluriflora apresentou potencial moderado como inibidor da ação da enzima acetilcolinesterase. Os ensaios in vivo mostraram que os extratos aquosos a 0.1 mg/mL não são tóxicos para os embriões de zebrafish, bem como não alteram o comportamento exploratório das larvas. Além disso, os extratos aquosos de OG, PM, AA e FA aumentaram a capacidade cognitiva das larvas de zebrafish frente a um estímulo aversivo. Todos os extratos aquosos foram capazes de aumentar a retenção de memória dos adultos de zebrafish. FA parece ser capaz de restaurar a memória dos adultos de zebrafish após a exposição à escopolamina. Embora esses metabólitos já tenham sido relatados em outras espécies vegetais, inclusive em espécies asiáticas de bambu, é a primeira vez que são reportados para essas seis espécies brasileiras de bambu. Além disso, muitas substâncias que foram detectadas neste estudo nunca haviam sido descritas em bambus. Este foi o primeiro estudo com espécies herbáceas de bambu; também foi o primeiro estudo que usou zebrafish como modelo experimental para testar extratos de bambu. F. arenicola mostrou-se uma espécie promissora para estudos futuros, devido ao bom desempenho em todos os bioensaios realizados. No entanto, os estudos sobre o cultivo e a reprodução das espécies brasileiras de bambu ainda são insuficientes, sendo necessários para avaliar se essas espécies são passíveis de cultivo ou se seu manejo sustentável seria viável. Além disso, mais estudos são necessários para entender quais moléculas são responsáveis pelas atividades analisadas, bem como seu mecanismo de ação e biodisponibilidade