Panorama dos acidentes de transporte terrestre no Brasil: das internações às sequelas e ao óbito: uma contribuição para a sua vigilância

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Andrade, Silvânia Suely Caribé de Araújo
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6132/tde-21092015-131123/
Resumo: Introdução: Os acidentes de transporte terrestre (ATT) são responsáveis por milhares de óbitos e lesões em todo o mundo. Muitas dessas lesões resultam em sequelas que comprometem a capacidade funcional das vítimas desses agravos. As internações e as sequelas representam importante impacto nos serviços de saúde e na sociedade. Entretanto, não é conhecida a prevalência das sequelas decorrentes de ATT e nem os fatores associados às mesmas. Em 2010, a Organização das Nações Unidas estabeleceu o período de 2011 a 2020 como a Década de Segurança Viária, com a meta de estabilizar ou reduzir as mortes decorrentes de ATT nos países membros. Objetivo: Descrever um panorama sobre os ATT ocorridos no Brasil, caracterizando as internações, as sequelas e os óbitos por esta causa, com vistas a contribuir para a vigilância destes agravos. Métodos: Foram realizados quatro estudos: a) estimativa do tempo de permanência e dos gastos das internações em 2013 e análise da morbidade hospitalar no triênio 2011-2013; b) uma revisão sistemática nas bases de dados eletrônicas sobre prevalência de sequelas; c) ecológico de série temporal sobre as internações por ATT com diagnóstico sugestivo de sequelas físicas de 2000 a 2013; e d) descritivo sobre mortalidade por ATT em 2013 e estimativa dos anos potenciais de vida perdidos. Resultados: Ocorreram, em 2013, 170.805 internações por ATT, maior no sexo masculino, na faixa etária de 20 a 39 anos, entre os motociclistas e nas regiões Centro-Oeste e Nordeste. Os gastos em 2013 foram de R$ 231.469.333,13, com 1.072.557 dias de permanência e média de 6,3 dias. As taxas de internação por ATT foram 77,8 (2011), 79,9 (2012) e 85,0 (2013) internações/100 mil habitantes. Foram incluídos quatro artigos na revisão sistemática. A prevalência de sequelas decorrentes do ATT variou de 19 por cento em Yorkshire/Inglaterra a 49,5 por cento em Teresina/Piauí. As referências analisadas não apresentaram caracterização do perfil epidemiológico das vítimas com sequelas por ATT. De 2000 a 2013, ocorreram 1.747.191 internações por ATT. Destas 410.448 pessoas (23,5 por cento ) apresentaram diagnóstico sugestivo de sequelas físicas, sendo a maioria do sexo masculino, da faixa etária de 20 a 29 anos, residentes na Região Sudeste, pedestres e motociclistas. A tendência foi de aumento nas internações por ATT com diagnóstico sugestivo de sequela certeza no sexo masculino e nas regiões Norte e Centro-Oeste. A taxa de mortalidade em 2013 foi de 21,0 óbitos por 100 mil habitantes para o país. A região Centro-oeste apresentou a taxa mais elevada (29,9 óbitos por 100 mil habitantes). A maioria dos óbitos por ATT foi observada no sexo masculino, na raça/cor da pele negra, nos adultos jovens, em indivíduos com baixa escolaridade e entre motociclistas. A taxa de mortalidade no triênio 2011 a 2013 reduziu 4,1 por cento , mas aumentou entre os motociclistas. Em todo o país, mais de um milhão de anos potenciais de vida foram perdidos em 2013 devido aos ATT, especialmente na faixa etária de 20 a 29 anos. Conclusão: O Brasil ainda precisa avançar na temática que envolve os ATT, desde a sua prevenção à reabilitação de suas vítimas. Ressalta-se que para o alcance da meta da Década de Ação para Segurança Viária é necessário que as iniciativas deixem de ser pontuais e sigam para além do setor saúde, pois requerem atuações intersetoriais priorizadas no plano de governo e na agenda da sociedade.
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spelling Panorama dos acidentes de transporte terrestre no Brasil: das internações às sequelas e ao óbito: uma contribuição para a sua vigilânciaA perspective on traffic accidents in Brazil: from hospitalizations and sequelae to death a contribution to their surveillanceAcidente de TransporteCausas ExternasExternal CausesMorbidadeMorbidityMortalidadeMortalitySequelaeSequelasTraffic AccidentsIntrodução: Os acidentes de transporte terrestre (ATT) são responsáveis por milhares de óbitos e lesões em todo o mundo. Muitas dessas lesões resultam em sequelas que comprometem a capacidade funcional das vítimas desses agravos. As internações e as sequelas representam importante impacto nos serviços de saúde e na sociedade. Entretanto, não é conhecida a prevalência das sequelas decorrentes de ATT e nem os fatores associados às mesmas. Em 2010, a Organização das Nações Unidas estabeleceu o período de 2011 a 2020 como a Década de Segurança Viária, com a meta de estabilizar ou reduzir as mortes decorrentes de ATT nos países membros. Objetivo: Descrever um panorama sobre os ATT ocorridos no Brasil, caracterizando as internações, as sequelas e os óbitos por esta causa, com vistas a contribuir para a vigilância destes agravos. Métodos: Foram realizados quatro estudos: a) estimativa do tempo de permanência e dos gastos das internações em 2013 e análise da morbidade hospitalar no triênio 2011-2013; b) uma revisão sistemática nas bases de dados eletrônicas sobre prevalência de sequelas; c) ecológico de série temporal sobre as internações por ATT com diagnóstico sugestivo de sequelas físicas de 2000 a 2013; e d) descritivo sobre mortalidade por ATT em 2013 e estimativa dos anos potenciais de vida perdidos. Resultados: Ocorreram, em 2013, 170.805 internações por ATT, maior no sexo masculino, na faixa etária de 20 a 39 anos, entre os motociclistas e nas regiões Centro-Oeste e Nordeste. Os gastos em 2013 foram de R$ 231.469.333,13, com 1.072.557 dias de permanência e média de 6,3 dias. As taxas de internação por ATT foram 77,8 (2011), 79,9 (2012) e 85,0 (2013) internações/100 mil habitantes. Foram incluídos quatro artigos na revisão sistemática. A prevalência de sequelas decorrentes do ATT variou de 19 por cento em Yorkshire/Inglaterra a 49,5 por cento em Teresina/Piauí. As referências analisadas não apresentaram caracterização do perfil epidemiológico das vítimas com sequelas por ATT. De 2000 a 2013, ocorreram 1.747.191 internações por ATT. Destas 410.448 pessoas (23,5 por cento ) apresentaram diagnóstico sugestivo de sequelas físicas, sendo a maioria do sexo masculino, da faixa etária de 20 a 29 anos, residentes na Região Sudeste, pedestres e motociclistas. A tendência foi de aumento nas internações por ATT com diagnóstico sugestivo de sequela certeza no sexo masculino e nas regiões Norte e Centro-Oeste. A taxa de mortalidade em 2013 foi de 21,0 óbitos por 100 mil habitantes para o país. A região Centro-oeste apresentou a taxa mais elevada (29,9 óbitos por 100 mil habitantes). A maioria dos óbitos por ATT foi observada no sexo masculino, na raça/cor da pele negra, nos adultos jovens, em indivíduos com baixa escolaridade e entre motociclistas. A taxa de mortalidade no triênio 2011 a 2013 reduziu 4,1 por cento , mas aumentou entre os motociclistas. Em todo o país, mais de um milhão de anos potenciais de vida foram perdidos em 2013 devido aos ATT, especialmente na faixa etária de 20 a 29 anos. Conclusão: O Brasil ainda precisa avançar na temática que envolve os ATT, desde a sua prevenção à reabilitação de suas vítimas. Ressalta-se que para o alcance da meta da Década de Ação para Segurança Viária é necessário que as iniciativas deixem de ser pontuais e sigam para além do setor saúde, pois requerem atuações intersetoriais priorizadas no plano de governo e na agenda da sociedade.Introduction: Traffic Accidents are responsible for thousands of deaths and injuries in all world. Many these injuries provoke sequelae that compromise the functional capacity of the traffic accidents victims. Hospitalizations and sequelae represent significant impact on health services and society. However, prevalence of sequelae due to traffic accident and his association factors is not known. Objective: Describe a perspective on traffic accidents in Brazil, characterizing hospitalizations, sequelae and deaths due to this event, in order to contribute to traffic accidents surveillance. In 2010, the United Nations established the period 2011-2020 as the \"Decade of Action for Road Safety\" with a goal to stabilize or reduce deaths from traffic accidents in member countries. Methods: Four studies were carried out: a) an estimation of the time and spending on hospitalization in 2013 and an analysis of hospital morbidity during 2011-2013; b) a systematic review of the electronic databases about sequelae prevalence; c) an ecological time series about hospitalizations due to traffic accidents with suggestive diagnostic of physical sequelae, from 2000 to 2013; and d) an descriptive approach about mortality due to traffic accidents and an estimation of years of potential life lost. Results: In 2013, there were 170,805 hospitalizations for traffic accidents, higher in male, 20 to 39 years old, motorcycles and Central-West and Northeast Regions. Direct costs were R$ 231,469,333.13 in 2013, the duration of hospitalization was 1,072,557 days e average permanence in hospital was 6.3 days. Hospitalization rates for traffic accidents were 77.8 (2011), 79.9 (2012) e 85.0 (2013) hospitalization/ 100,000 inhabitants. Four papers were included in this review. The prevalence of physical sequelae among victms of traffic accidents ranged from 19 per cent , in Yorkshire/England, to 49,5 per cent in Teresina/Piauí. The articles studied did not show epidemiological profile of victims with physical sequelae of traffic accident. From 2000 to 2013, there were 1,747,191 hospitalizations due to traffic accidents, whose 410,448 people (23.5 per cent ) showed suggestive diagnostic of physical sequelae, the majority was male, 20 to 29 years old, residents in Southeast Region, pedestrian and motorcyclists. there were significant rising trends in the rates of hospitalizations for confirmed sequel among men and in North and Central-West regions. Mortality rate was 21.0 deaths per 100.000 habitants for the country as a whole. The Central West Region showed the highest rate (29.9 deaths per 100,000 habitants). Most of deaths for traffic accidents were male, black, young adults, low levels of schooling and motorcyclists. Mortality rate in the periods of 2011 to 2013 showed a decrease (- 4.1 per cent ), however this rate increased among motorcyclists. In Brazil, years of potential life lost amounted to 1 million in 2013, mainly in the 20-29 years age group. Conclusion: Brazil needs to make progress in traffic accidents issues, for their prevention and rehabilitation for victims. It is emphasized that to achieve the Decade of Action for Road Safety\'s goal is necessary that initiatives are no transitories and go beyond the health sector, because these strategies require intersectoral actions that are prioritized in the government plan and society agenda.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPJorge, Maria Helena Prado de MelloAndrade, Silvânia Suely Caribé de Araújo2015-09-09info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6132/tde-21092015-131123/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:11:58Zoai:teses.usp.br:tde-21092015-131123Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:11:58Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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