A relação entre os tecidos adiposo e ósseo em indivíduos com lipodistrofia parcial familiar
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2023 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17138/tde-05022024-165642/ |
Resumo: | A lipodistrofia parcial familiar (LPF) pertence a um grupo de doenças heterogêneas quanto à distribuição de gordura, associada a redução periférica do tecido adiposo, resistência insulínica (RI) e surgimento precoce de diabetes mellitus (DM). As doenças metabólicas e cardiovasculares têm atraído atenção de diversos grupos de pesquisa, enquanto existe escassez de dados sobre a doença esquelética nesta situação. O objetivo deste trabalho foi aprimorar a compreensão sobre a distribuição de tecido adiposo dos pacientes com LPF e caracterizar o fenótipo ósseo, bem como avaliar o impacto da RI e da deposição ectópica de gordura, em especial do tecido adiposo de medula óssea (TAMO) e dos lipídios musculares (IMCL e EMCL), sobre o tecido ósseo. Neste estudo transversal, 23 controles foram pareados com 20 pacientes LPF por idade, sexo e peso. Foram realizados exames bioquímicos gerais, e dosagens específicas de adipocinas e marcadores de remodelamento ósseo. A densitometria óssea foi usada para estimar a densidade mineral óssea (DMO), composição corporal e escore trabecular ósseo (TBS). A espectroscopia de 1H por ressonância magnética da coluna lombar, tíbia proximal e músculo sóleo foi empregada para avaliar a deposição de lipídios. Ainda, foi realizada cultura de osteoclastos, a partir de células do sangue periférico, para avaliar o potencial de osteoclastogênese. Os resultados mostram prevalência alta de DM e dislipidemia na LPF, enquanto leptina e osteocalcina séricas foram baixas nesses pacientes. A DMO foi similar entre os grupos em todos os sítios, exceto no rádio 33%, que foi menor na LPF. O TBS também foi reduzido na LPF. O TAMO total e a fração saturada de lipídios na coluna lombar (L3), bem como o IMCL foram mais elevados no grupo LPF que no controle. O mesmo ocorreu em relação à osteoclastogênese, que estava aumentada. Os dados mostram que não houve associação de TAMO, IMCL e diferenciação de osteoclastos com a DMO ou TBS, enquanto a leptina associou-se positivamente com o TBS. Já o índice de resistência insulínica HOMA-IR e EMCL apresentaram relação negativa com TBS, enquanto a osteocalcina e o EMCL tiveram associação negativa com a DMO. Esses dados contribuem para refinar o conhecimento sobre o padrão de distribuição do tecido adiposo na LPF, que é preservado na medula óssea e no tecido muscular. Os dados também são originais quanto ao fenótipo ósseo nesses pacientes, com comprometimento do TBS e da massa óssea no rádio 33%, sítio com predomínio de osso cortical. Os achados desse trabalho reforçam que parâmetros de RI não têm associação negativa com quantidade, mas sim com qualidade óssea. Portanto, diferentemente da obesidade e do DM2, na LPF existe prejuízo de manutenção da massa óssea do rádio 33%. |
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A relação entre os tecidos adiposo e ósseo em indivíduos com lipodistrofia parcial familiarRelationship between bone and adipose tissue in subjects with familial partial lipodystrophyBone marrow adipose tissueBone mineral densityDensidade mineral ósseaInsulin resistanceLipodistrofiaLipodystrophyResistência insulínicaTBSTBSTecido adiposo de medula ósseaA lipodistrofia parcial familiar (LPF) pertence a um grupo de doenças heterogêneas quanto à distribuição de gordura, associada a redução periférica do tecido adiposo, resistência insulínica (RI) e surgimento precoce de diabetes mellitus (DM). As doenças metabólicas e cardiovasculares têm atraído atenção de diversos grupos de pesquisa, enquanto existe escassez de dados sobre a doença esquelética nesta situação. O objetivo deste trabalho foi aprimorar a compreensão sobre a distribuição de tecido adiposo dos pacientes com LPF e caracterizar o fenótipo ósseo, bem como avaliar o impacto da RI e da deposição ectópica de gordura, em especial do tecido adiposo de medula óssea (TAMO) e dos lipídios musculares (IMCL e EMCL), sobre o tecido ósseo. Neste estudo transversal, 23 controles foram pareados com 20 pacientes LPF por idade, sexo e peso. Foram realizados exames bioquímicos gerais, e dosagens específicas de adipocinas e marcadores de remodelamento ósseo. A densitometria óssea foi usada para estimar a densidade mineral óssea (DMO), composição corporal e escore trabecular ósseo (TBS). A espectroscopia de 1H por ressonância magnética da coluna lombar, tíbia proximal e músculo sóleo foi empregada para avaliar a deposição de lipídios. Ainda, foi realizada cultura de osteoclastos, a partir de células do sangue periférico, para avaliar o potencial de osteoclastogênese. Os resultados mostram prevalência alta de DM e dislipidemia na LPF, enquanto leptina e osteocalcina séricas foram baixas nesses pacientes. A DMO foi similar entre os grupos em todos os sítios, exceto no rádio 33%, que foi menor na LPF. O TBS também foi reduzido na LPF. O TAMO total e a fração saturada de lipídios na coluna lombar (L3), bem como o IMCL foram mais elevados no grupo LPF que no controle. O mesmo ocorreu em relação à osteoclastogênese, que estava aumentada. Os dados mostram que não houve associação de TAMO, IMCL e diferenciação de osteoclastos com a DMO ou TBS, enquanto a leptina associou-se positivamente com o TBS. Já o índice de resistência insulínica HOMA-IR e EMCL apresentaram relação negativa com TBS, enquanto a osteocalcina e o EMCL tiveram associação negativa com a DMO. Esses dados contribuem para refinar o conhecimento sobre o padrão de distribuição do tecido adiposo na LPF, que é preservado na medula óssea e no tecido muscular. Os dados também são originais quanto ao fenótipo ósseo nesses pacientes, com comprometimento do TBS e da massa óssea no rádio 33%, sítio com predomínio de osso cortical. Os achados desse trabalho reforçam que parâmetros de RI não têm associação negativa com quantidade, mas sim com qualidade óssea. Portanto, diferentemente da obesidade e do DM2, na LPF existe prejuízo de manutenção da massa óssea do rádio 33%.Familial partial lipodystrophy (FPLD) belongs to a group of diseases which are heterogeneous regarding fat distribution. These patterns of fat distribution are associated with loss of peripheral adipose tissue, insulin resistance (IR) and precocious diabetes mellitus (DM). Metabolic and cardiovascular diseases have drawn the attention of several research groups, since scarce data about skeletal disease in this situation is available. The aim of this study was to deepen the understanding of adipose tissue distribution in FPLD patients and characterize bone phenotype, as well as to evaluate the impact of IR and ectopic fat deposition, particularly bone marrow adipose tissue (BMAT) and muscular lipids (IMCL and EMCL), on bone tissue. In this cross-sectional study, 23 controls and 20 FPLD patients were matched by age, sex and weight. Biochemical exams and specific dosages of adipokines and bone remodeling markers were done. Bone densitometry was used to estimate bone mineral density (BMD), body composition and trabecular bone score (TBS). ¹H-spectroscopy using magnetic resonance of lumbar spine, proximal tibia and soleus muscle was performed to estimate lipid deposition. Lastly, osteoclast culture derived from peripheral blood cells was utilized to assess osteoclastogenesis. The results show high prevalence of DM and dyslipidemia in FPDL, whereas leptin and osteocalcin were reduced in these patients. BMD was similar between groups in all sites, except 1/3 radius, where it was lower in FPLD. TBS was also reduced in FPLD. Total BMAT and saturated lipids fraction in lumbar spine (L3), as well as IMCL were increased in FPLD compared to control. Likewise, osteoclastogenesis was augmented. The present data show no association of BMAT, IMCL and osteoclast differentiation with BMD or TBS, whereas leptin was positively associated with TBS. Nonetheless, insulin resistance indexes HOMA-IR and EMCL exhibited a negative relationship with TBS, while osteocalcin and EMCL were negatively associated with BMD. These data contribute to refine the knowledge on adipose tissue distribution pattern in FPLD, conserved in BMAT and muscle tissue. The data regarding bone phenotype in these patients, with deteriorated microarchitecture and cortical bone in the forearm, is also original. The findings of this study reinforce that IR parameters exhibit no negative association with bone quantity, but quality. Therefore, differently from obesity and T2DM, maintenance of bone mass in 1/3 radius is impaired in FPLD.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPPaula, Francisco Jose Albuquerque deMoreira, Mariana Lima Mascarenhas2023-10-04info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17138/tde-05022024-165642/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2024-03-25T13:53:02Zoai:teses.usp.br:tde-05022024-165642Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212024-03-25T13:53:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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